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Relatório Final de Estágio Profissional

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Academic year: 2021

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Universidade do Porto

Faculdade de Desporto

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de Estágio Profissional apresentado com vista à obtenção do 2º ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de Março e o Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de Fevereiro).

Orientador:

Professor José Virgílio dos Santos Silva

Rui Filipe de Sousa Moura Alves Porto, 23 de Setembro de 2011

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Alves, R. (2011). Relatório de Estágio Profissional. Relatório de Estágio Profissional para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: Educação Física, Modelo de Ensino dos Jogos para a

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I

Agradecimentos

A realização deste Relatório de Estágio representa o culminar de uma nova etapa académica. Felizmente, ao longo desta caminhada, pude contar com a ajuda e o apoio de certas pessoas que foram decisivas para o meu sucesso. Agradeço então:

 Aos meus Pais que me apoiaram em todos os momentos e me

garantiram sempre as melhores condições para que este momento fosse possível.

 Ao Professor Orientador Francisco Magalhães que, mais do que uma excelente pessoa é um excelente profissional e me fez crescer imenso com a sua experiência.

 Aos meus amigos e colegas de estágio, Bruno Dias e Francisco Oliveira,

por contribuírem para que este ano fosse inesquecível. Obrigado por toda a ajuda, companheirismo e amizade!

 Ao Professor Supervisor José Virgílio, que se mostrou sempre disponível

para me ajudar e por ter contribuído para o meu desenvolvimento profissional.

 Ao Professor Amândio Graça por toda a disponibilidade e ajuda prestada

que, com certeza, me ajudou bastante.

 À minha prima Angelina por toda a força e ajuda que me deu!

 A todos os meus Amigos que, de uma ou outra maneira, sempre

estiveram ao meu lado ao longo deste percurso.

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III

Índice Geral

Agradecimentos ………..I Índice de Figuras ………...IV Índice de Quadros ………..V Índice de Abreviaturas ……….VI Índice de Anexos ………..VII Resumo ………IX Abstract ………XI

1. Introdução ………1

1.1. A caracterização geral do estágio e o(s) respetivo(s) objetivo(s) ………1

1.2. Finalidade e processo de realização do relatório ………3

2. Dados Biográficos ………..5

2.1. Identificação e percurso até à atualidade ……….5

2.2. Expectativas iniciais em relação ao Estágio Profissional ………..7

3. Enquadramento da Prática Profissional ………...9

3.1. Contexto legal, institucional e funcional ……….9

3.2. Caracterização do Contexto do Estágio Profissional ……….10

3.2.1. Caracterização do meio envolvente ………...10

3.2.2. Caracterização da Escola Secundária Francisco de Holanda …………..12

3.2.3. Subdepartamento de Educação Física e Núcleo de Estágio ………13

3.2.4. Caracterização da turma do 11º CT6 ……….13

3.2.4.1. Obesidade – um mal a combater………..14

4. Realização da Prática Profissional ………17

4.1 Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem ……….17

4.1.1. Conceção ………18

(6)

IV

4.1.3. Realização ……….24

4.1.4. Avaliação ………...32

4.2. Área 2 – Participação na Escola ………...36

4.3. Área 3 – Relação com a Comunidade ……….51

4.4. Área 4- Desenvolvimento Profissional ……….53

4.5. Projeto de estudo de um problema decorrente do processo de ensino/aprendizagem ……….…56

4.5.1. Introdução ……….56

4.5.2. Revisão da Literatura ………..58

4.5.2.1. Modelo de Ensino dos Jogos para a Compreensão ………...60

4.5.2.2. Modelo de Educação Desportiva ………...62

4.5.3. Objetivos ………...66 4.5.3.1. Objetivo Geral ………66 4.5.3.2. Objetivos Específicos ………...66 4.5.4. Metodologia ………..66 4.5.4.1. Caracterização da Amostra ……….66 4.5.4.2 Tarefas de Instrução ………..67 4.5.4.3 Avaliação ……….70

4.5.5. Apresentação e Discussão dos Resultados ………...73

4.5.6. Conclusões ………...84 4.5.7. Limitações do Estudo ………..85 5. Conclusão ………...87 5.1. Perspetivas Futuras ……….87 6. Bibliografia ………..89 7. Anexos ………..94

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V

Índice de Figuras

Figura 1 - Modelo de ensino dos jogos para a compreensão (TGFU, Bunker e

Thorpe,1982) ………..61

Figura 2 – Características estruturais do MED (Siedentop, 1994) ………64

Figura 3 – Teste Wilcox (PGJ) – 11º CT6 ………..75

Figura 4 – Teste Wilcox (PGJ) – 11º CT2 ………..76

Figura 5 – Medidas de Performance das duas turmas ………77

Figura 6 – Valores da avaliação inicial e final dos grupos femininos …………83

(8)

VI

Índice de Quadros

Quadro 1 – Caracterização da Amostra ……….66 Quadro 2 – Estrutura global dos jogos de invasão ………..68 Quadro 3 – Definições dos problemas e objetivos de aprendizagem ………..69 para a FBJ2

Quadro 4 – Ficha de Observação GPAI ……….70 Quadro 5 – Envolvimento no Jogo ………..72 Quadro 6 – Medidas de Performance no Jogo de Basquetebol ………....72 Quadro 7 – Apresentação dos resultados (inicial e final) do 11º CT6 ………..73 Quadro 8 – Apresentação dos resultados (inicial e final) do 11º CT2 ………..73 Quadro 9 – Análise da Avaliação (Inicial e Final) do 11º CT6 ………75 Quadro 10 – Análise da Avaliação (Inicial e Final) do 11º CT2 ………..76 Quadro 11 – Análise da Avaliação (Inicial e Final) do sexo feminino

– 11º CT6 ……….81 Quadro 12 – Análise da Avaliação (Inicial e Final) do sexo masculino

– 11º CT6 ……….81 Quadro 13 – Análise da Avaliação (Inicial e Final) do sexo feminino

– 11º CT2 ……….82 Quadro 14 – Análise da Avaliação (Inicial e Final) do sexo masculino

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VII

Índice de Abreviaturas

Relatório de Estágio (RE)

Unidade Curricular (UC)

Estágio Profissional (EP)

Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP)

Projeto de Formação Individual (PFI)

Escola Secundária Francisco de Holanda (ESFH)

Núcleo de Estágio (NE)

Ensino dos Jogos para a Compreensão (TGFU)

Modelo de Educação Desportiva (MED)

Instrumento de Avaliação da Performance no Jogo (GPAI)

Jogos Desportivos (JD)

Formas Básicas de Jogo (FBJ)

Formas Parciais de Jogo (FPJ)

Tarefas Baseadas no Jogo (TBJ)

Índice de Tomada de Decisão com Bola (ITDCB)

Execução da Habilidade (EH)

Performance Global do Jogo (PGJ)

Ações de Apoio (AA)

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VIII

Índice de Anexos

Anexo 1 – Plano Individual de Treino ………..……….95 Anexo 2 – Instrumento de Avaliação da Performance no Jogo (GPAI) ……….96 Anexo 3 – Unidade Didática do 11º CT6 (TGFU) ………..97 Anexo 4 – Época Desportiva do 11º CT2 (MED) ………...98

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IX

Resumo

O Relatório de Estágio foi realizado no âmbito da Unidade Curricular de Estágio Profissional do Ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

O meu estágio decorreu na Escola Secundária Francisco de Holanda, em Guimarães, juntamente com os meus colegas Bruno Dias e Francisco Oliveira. Este foi orientado pelo professor da faculdade José Virgílio e pelo professor da escola Francisco Magalhães.

O presente documento, que visa, principalmente, efetuar uma reflexão sobre toda a prática profissional desenvolvida durante este ano letivo, encontra-se estruturado em sete capítulos. O primeiro diz respeito à introdução onde será enquadrado e caracterizado o Estágio Profissional. O segundo faz referência aos meus dados biográficos e descreve, de uma forma geral, todo o meu percurso até à atualidade. No terceiro capítulo, para além de fazer referência ao contexto legal, institucional e funcional do Estágio Profissional é descrito todo o enquadramento que diz respeito à minha prática profissional, caracterizando a Escola Secundária Francisco de Holanda, o meio envolvente, o Subdepartamento de Educação Física e Núcleo de Estágio e a turma que lecionei. É ainda neste capitulo que abordo um tema problemático e que hoje em dia aflige muita gente – a obesidade. Relativamente ao quarto capítulo, pretendo analisar todo o trabalho desenvolvido dentro das quatro áreas de desempenho, salientando as principais experiências e dificuldades vivenciadas. É ainda neste ponto que desenvolvo o meu projeto de estudo que tem como objetivo principal comparar o Modelo dos Jogos para a sua Compreensão com o Modelo de Educação Desportiva no que se refere à evolução da performance global no jogo de basquetebol entre alunos de nível idêntico.

Palavras Chave: Educação Física, Modelo de Ensino dos Jogos para a

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XI

Abstract

The internship written report was developed in the ambit of the curricular unit of the professional internship leading to the Masters degree in Teaching Physical Education for the Sports University of Porto (FADEUP).

My probationary stage was developed in Francisco de Holanda High School, in Guimarães, along with my colleagues Bruno Dias and Francisco Oliveira. This was orientated by Professor José Virgílio from the Sports University and by Professor Francisco Magalhães from the High School.

The present document, which consists, mostly, in making a reflection about the full professional practice during this academic year, is structured in seven chapters. The first refers to the introduction where the professional internship stage will be characterized and matched. The second reports to my biographical data and describes, generally, all my course to date. In the third chapter, besides making mention to the legal context, institutional and functional of the professional probationary period, it is described all of its matching to my professional practice, characterizing Francisco de Holanda High School, its environment, the sub-department of Physical Education and the probationary core and the class that I have lectured. Still in this chapter, I describe a problematic theme that troubles a lot of people still nowadays – the obesity. Relatively to the fourth chapter, I pretend to analyze the full extent of the work done between the four areas of fulfillment, highlighting the main experiences and difficulties lived. It is still in this point that I develop my project of study, which has as its main objective, to compare the Teaching Games for Understanding Model with the Sports Education Model relatively to the evolution of global performance in basketball game between students of identical levels.

Key Words: Physical Education, Teaching Game For Understanding, Sport

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1

1. Introdução

O Relatório de Estágio (RE) é um documento realizado no âmbito da Unidade Curricular (UC) de Estágio Profissional (EP) do Ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP).

Neste documento pretendo refletir sobre o meu desenvolvimento enquanto profissional de Educação Física, educador e pessoa. Este ano de estágio, na Escola Secundária Francisco de Holanda, em Guimarães, constituiu-se como sendo um percurso longo mas muito rico nestas três vertentes. Como profissional através de todas as experiências vividas e dificuldades ultrapassadas nos vários domínios que compõem o processo ensino-aprendizagem; como educador, na medida em que é, fundamental, incutirmos nos alunos os valores que são defendidos pela nossa sociedade, contribuindo assim, de forma decisiva, para a formação dos mesmos enquanto pessoas; e por fim, como pessoa, pois certamente aprendi e cresci com todas estas experiências, obstáculos ultrapassados e relações estabelecidas.

O RE é uma das tarefas obrigatórias do EP e será realizado em função de outra tarefa desenvolvida no início do ano letivo, o Projeto de Formação Individual (PFI). Este documento foi elaborado com o intuito de orientar a minha prática profissional ao longo do ano, onde revelei quais eram as minhas principais expectativas, dificuldades, receios e ambições. Toda esta previsão, digamos assim, poderá agora ser confirmada ou não, dado que já nos encontramos no final do ano letivo.

1.1. A caracterização geral do estágio e o(s) respetivo(s) objetivo(s)

O EP visa a integração no exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, através da prática de ensino supervisionada em contexto real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder

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2 aos desafios e exigências da profissão. Estas competências profissionais, associadas a um ensino da Educação Física e Desporto de qualidade, organizam-se nas seguintes áreas de desempenho:

I. Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem; II. Participação na Escola;

III. Relação com a comunidade; IV. Desenvolvimento profissional.

O EP funciona durante os terceiro e quarto semestres do 2º ciclo de estudos, tendo o professor estagiário que cumprir as seguintes normas:

1. Cumprir todas as tarefas previstas nos documentos orientadores do EP;

2. Elaborar e realizar o PFI;

3. Prestar o serviço docente nas turmas que lhe forem designadas

realizando as tarefas de planificação, realização e avaliação inerentes;

4. Participar nas reuniões dos diferentes órgãos da Escola, destinadas à programação, realização e à avaliação das atividades educativa;

5. Participar nas sessões de natureza científica cultural e pedagógica, realizadas na Escola ou na Faculdade;

6. Elaborar e manter atualizado o portefólio do EP;

7. Observar aulas regidas pelo professor cooperante e pelos colegas estagiários;

8. Assessorar os trabalhos de direção de turma, de coordenação de grupo,

de departamento de modo a percorrer os diferentes cargos e funções do professor de Educação Física;

9. Elaborar e defender publicamente o RE.

Por toda esta complexidade, o EP assume-se como uma etapa fundamental na nossa formação, proporcionando uma panóplia de experiências vastíssima, de maneira a formar um profissional de Ensino de Educação Física e Desporto competente. Um professor capaz de promover um ensino de qualidade e onde a reflexão sobre todo o processo ensino-aprendizagem seja imprescindível. Segundo Brubacher et al.(1994), a autorreflexão é essencial para o professor se libertar de verdades absolutas, crenças e rotinas de forma

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3 a poder inovar, melhorar e evoluir como profissional. Este autor define três características do ensino reflexivo que o tornam um objetivo de formação válido: “a prática reflexiva ajuda os professores a libertarem-se de comportamentos impulsivos e rotineiros; a prática reflexiva permite que os professores ajam de um modo deliberado e intencional; a prática reflexiva distingue os professores enquanto seres humanos instruídos, pois é um marco da ação inteligente.”

1.2. Finalidade e processo de realização do relatório

Este documento pretende refletir sobre todo o processo de formação a que fui sujeito durante o EP. Certamente que hoje sou uma pessoa diferente daquilo que era no início do ano letivo e isso deve-se, sobretudo, a todas as experiências vivenciadas ao longo do estágio. Assim, faz todo o sentido descrever e refletir sobre os momentos que mais me marcaram e contribuíram para o meu desenvolvimento profissional.

A estrutura do presente relatório encontra-se dividida em sete partes. A primeira diz respeito à caracterização geral do EP, salientando quais os seus principais objetivos e a forma como o mesmo se processa. Na segunda parte descrevo os meus dados biográficos e as razões que me levaram a enveredar por este percurso. Relativamente ao ponto três, para além de caracterizar o contexto legal e institucional em que se insere o EP, descrevo todo o contexto em que o mesmo se insere. Realizo uma breve descrição da Escola Secundária Francisco de Holanda (ESFH), do meio em que esta está inserida, do Subdepartamento de Educação Física e Núcleo de Estágio (NE) e da turma que lecionei – 11º CT6. O ponto quatro diz respeito à realização da prática profissional. Aqui pretendo analisar todo o trabalho desenvolvido dentro das quatro áreas de desempenho, salientando as principais experiências e dificuldades vivenciadas. É, também, neste ponto que desenvolvo o meu projeto de estudo de um problema decorrente do processo ensino-aprendizagem. No ponto cinco efetuo um balanço geral do meu ano de estágio destacando quais as minhas perspetivas futuras. Por fim, os pontos seis e sete

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4 estão reservados para as referências bibliográficas que me auxiliaram na elaboração deste documento e os anexos, respetivamente.

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2. Dados Biográficos

2.1. Identificação e percurso até à atualidade

Apresentando-me de uma forma breve, posso dizer que sou o Rui Alves, tenho 22 anos, frequento o 2º ano do 2º ciclo de Ensino de Educação Física e Desporto nos ensinos Básico e Secundário e, que apesar de ter nascido em Famalicão, sempre vivi em Vizela.

Desde muito cedo que estou ligado ao Desporto. Enquanto os jovens de hoje cada vez mais crescem “agarrados” às novas tecnologias, eu cresci realizando múltiplas atividades que necessitassem de um forte dispêndio energético (correr, saltar, trepar…). A minha aptidão para o futebol fez-me ingressar as camadas jovens do F.C.Vizela com 11 anos, onde joguei sempre nos campeonatos nacionais até ao final do escalão de 1º ano de juniores. Nesta altura, como entrei na FADEUP, tornou-se incompatível a minha continuidade neste clube e acabei por terminar o meu 2º ano de júnior no Varzim Sport Clube. Foram anos fantásticos na minha vida pois, para além de me permitirem competir e desenvolver na modalidade que eu mais gosto, proporcionaram-me experiências inesquecíveis. Muito do que eu sou hoje devo aos valores que fui adquirindo ao longo destes 7 anos (espírito de equipa, disciplina, respeito, responsabilidade, fair play, filiação, cooperação, sacrifício…).

Paralelamente com a minha vida desportiva, mantive sempre a minha prioridade na vida académica. Sempre tive consciente que, apesar do futebol ser o que mais prazer me dava era, também, o que menos garantias me dava no futuro. Era fundamental conciliar uma boa formação desportiva sem me desleixar nos estudos. Foi o que fiz, embora invadido com muitas dúvidas e indecisões sobre os meus objetivos relativamente ao ingresso num curso superior. Decidi então, no 10º ano, optar pela área de Cientifico-Natural por me proporcionar um leque mais abrangente de opções no final do 12º ano. Ao longo do secundário, fui-me apercebendo que nenhuma outra disciplina me despertava tanto interesse como Educação Física. Apesar de me ter

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6 especializado no futebol, destacava-me em todas as outras modalidades em relação aos meus colegas. No entanto, a ginástica era exceção por ser uma modalidade que nunca me despertou muito interesse e, posso referir também, que apesar de nunca ter vivenciado a modalidade de natação na escola, sentia grandes dificuldades pois quando era muito novo tive vários problemas de ouvidos que condicionaram, de forma decisiva, o meu desenvolvimento na modalidade. Finalizada mais uma etapa, decidi então seguir a área de Desporto. Tinha perfeita noção das capacidades que eu tinha e das exigências do curso, mas só arriscando, enfrentando estes obstáculos sem medo de fracassar, conseguiria atingir os meus objetivos. Ou seja, mesmo reconhecendo as minhas limitações ao nível da ginástica e da natação, decidi arriscar.

Os dois primeiros anos da licenciatura, foram estruturados seguindo o principio que o Professor para ensinar tem que saber fazer. A parte prática foi dominante e com isso desenvolvi muitas das minhas capacidades e habilidades motoras em diversas áreas. De modo a complementar esta prática, tivemos acesso a uma excelente bagagem a nível teórico que nos permitiu conhecer e compreender melhor o funcionamento do nosso corpo. Aproveito para fazer referência, em modo de desabafo, a uma situação que aconteceu no final destes dois anos e que me senti bastante injustiçado e frustrado. Como já era de esperar, tive de me esforçar imenso para conseguir superar as provas de ginástica e, principalmente, natação. Após muito treino, notei uma grande evolução e foi com muita satisfação e orgulho que finalizei estas unidades curriculares. No entanto, entre todas as modalidades que pratiquei apenas uma não teve avaliação prática e, por coincidência, foi futebol. A nota final consistiu basicamente na realização de um teste teórico.

A transição do 2º para o 3º ano foi marcada com a implementação do Processo de Bolonha. Iniciava-se assim uma reformulação ao nível de todo o plano curricular, objetivos e estratégias a utilizar na formação do futuro profissional (nós alunos). O nosso 1º ano no mestrado de ensino acabou por refletir esta mudança constituindo-se assim num ano onde se notou alguma

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7 desorganização, mas por outro lado foi muito importante para a nossa evolução como futuros docentes pois tivemos a oportunidade de contactar pela primeira vez com a realidade das escolas.

Ao longo destes 4 anos, o meu interesse e curiosidade pelo Desporto aumentou e constituiu-se como uma certeza a minha opção por este curso. Mesmo sabendo que a colocação ao nível dos ensinos básico e secundário está bastante difícil, é dentro desta área que quero continuar a investir e a crescer. Agora em estágio, as minhas expectativas não podiam ser melhores. Ingressei numa escola com excelente reputação e que, apesar de se encontrar em reconstrução, possui excelentes condições para trabalhar. Em relação aos alunos, espero conseguir incutir o gosto pela atividade física e a importância que esta tem na adoção de um estilo de vida saudável, desenvolver as competências específicas da Educação Física mas também transmitir-lhes valores que lhes permitam desenvolverem-se como Homens. Vai ser, sem dúvida, um ano de aprendizagem onde espero utilizar diversas estratégias de ensino, assumir riscos e desenvolver habilidades e competências que me permitam evoluir como professor.

Estou certo que o ambiente de trabalho será o melhor, e que poderei contar com a colaboração dos meus colegas estagiários, professor orientador, supervisor da faculdade, Sub departamento de Educação Física e funcionários. Só assim será possível reunir todas as condições para que o ano se desenrole da melhor maneira possível e para que goste e me sinta bem a exercer esta profissão. O final deste ano dirá, de certo modo, se as opções que tomei no passado foram as mais acertadas ou não.

2.2. Expectativas iniciais em relação ao Estágio Profissional

O EP assume-se como uma etapa fundamental na nossa formação pois representa o culminar de um longo percurso académico, transitando assim, de forma progressiva, do papel de estudante para o papel de docente. Após entrada na FADEUP, sempre aguardei este ano com muita ansiedade e

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8 inquietação por ser a altura em que, finalmente, iria ter o meu primeiro contacto formal com a realidade do ensino de Educação Física. No início deste ano letivo, surge-me então a oportunidade de aplicar todos os conhecimentos que fui assimilando ao longo de toda a minha formação mas mais, concretamente, aqueles que adquiri na FADEUP. Estava plenamente convicto que toda a bagagem didático-pedagógica e experiência que obtive durante estes quatro anos não me resolveriam todos os problemas com que me iria deparar no EP. Eram muitas as dúvidas, os receios e os problemas que tinha e que me iriam ainda surgir, exigindo assim da minha parte um enorme espírito crítico e reflexivo de forma a que fosse capaz de responder aos desafios e exigências da profissão. É, sem dúvida, um ano que exige muito empenho, disponibilidade, determinação e uma constante adaptação às novas situações com que somos confrontados, sendo mesmo necessário, por vezes, aprender a desaprender.

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3.

Enquadramento da Prática Profissional

3.1. Contexto legal, institucional e funcional

O EP encontra-se homologado dentro do Processo de Bolonha (do qual fazem parte 45 países) desde o ano transato, 2009/2010. Segundo o site oficial da Direção Geral de Ensino Superior, a ideia base deste Processo é de, “ (…) salvaguardadas as especificidades nacionais, dever ser possível a um estudante de qualquer estabelecimento de ensino superior, iniciar a sua formação académica, continuar os seus estudos, concluir a sua formação superior e obter um diploma europeu reconhecido em qualquer universidade de qualquer Estado-membro. Tal pressupõe que as instituições de ensino superior passem a funcionar de modo integrado, num espaço aberto antecipadamente delineado, e regido por mecanismos de formação e reconhecimento de graus académicos homogeneizados à partida”.

De maneira a cumprir com estes objetivos globais, torna-se necessário o cumprimento dos seguintes requisitos que, de certo modo, caracterizam o Processo de Bolonha:

 Sistema de graus académicos comparáveis e compatíveis;

 Dois ciclos de estudo de pré-doutoramento;

 Estabelecimento e generalização de um sistema de créditos;

 Suplemento ao diploma.

A estrutura e o funcionamento do EP consideram as normas orientadoras presentes no lei nº 74/2006 de 24 de Março e o Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de Fevereiro e têm em conta o Regulamento geral dos segundos Ciclos da UP, o Regulamento geral dos segundos ciclos da FADEUP e o Regulamento do Curso de Mestrado em Ensino de Educação Física.

A nível institucional o EP é uma unidade curricular do segundo ciclo de estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física da FADEUP e decorre nos terceiro e quarto semestres do ciclo de estudos.

Relativamente ao nível funcional, o EP decorreu na ESFH, em Guimarães, onde desempenhei a função de professor de Educação Física.

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10 Fiquei responsável por uma turma do 11º ano de escolaridade durante todo o ano letivo, assim como os meus dois colegas de estágio (Bruno Dias e Francisco Oliveira). Toda esta atividade foi orientada pelo professor da escola Francisco Magalhães e supervisionada pelo professor José Virgílio da FADEUP.

3.2. Caracterização do Contexto do Estágio Profissional 3.2.1. Caracterização do meio envolvente

Guimarães é uma cidade portuguesa no Distrito de Braga, região Norte e sub-região do Ave, com uma população de 52 182 habitantes, repartidos por uma área de 23,5 km² em 20 freguesias, com uma densidade populacional de 2 223,9 hab\km².

A cidade está historicamente, associada à fundação da nacionalidade e identidade Portuguesa. Guimarães antecede e prepara a fundação de Portugal, assume-se como Berço da Nação Portuguesa. Aqui tiveram lugar em 1128 os acontecimentos políticos e militares, que levariam à independência e ao nascimento de uma nova Nação. Por esta razão, está inscrito numa das torres da antiga muralha da cidade “Aqui nasceu Portugal”, referência histórica e cultural de residentes e visitantes nacionais.

O Desporto na Cidade de Guimarães, fomentou à construção de vários equipamentos desportivos, maioritariamente inseridos na Cidade Desportiva, como o Multiusos de Guimarães, piscina de Guimarães, Pista de atletismo Gémeos Castro (que servem maioritariamente a população da cidade) ou a pista de cicloturismo.

Da Cidade Desportiva, salienta-se a o novo Multiusos de Guimarães, situado na veiga de Creixomil, junto a uma das principais entradas rodoviárias e à circular urbana.Com uma capacidade máxima de 2856 lugares na nave central, já acolheu várias competições de nível internacional.

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11 Relativamente perto do pavilhão multiusos, as Piscinas de Guimarães, são compostas por três piscinas interiores aquecidas, sendo uma delas de 25m e as restantes dedicadas à aprendizagem e bebés e piscinas exteriores. Dispõe ainda, de um ginásio, gabinete de massagens, entre outros serviços. Mesmo a seu lado encontramos a Pista de atletismo Gémeos Castro.

A pista de cicloturismo Guimarães-Fafe resultado do aproveitamento parcial da desativada ligação ferroviária a Fafe, faz a ligação com à pista de cicloturismo de Fafe, dispondo as duas de uma extensão de 14,1km,sendo assim um excelente traçado para percursos ciclo-turísticos ou pedestres, maioritariamente feito pelo meio de montes e campos agrícolas.

Todos estes equipamentos são geridos pela Cooperativa Municipal Tempo Livre, que gere ainda, ao abrigo de um acordo com o Ministério da Educação, seis pavilhões gimnodesportivos inseridos em escolas, quatro deles das vilas de Pevidém, Lordelo, Moreira de Cónegos, Ronfe e os restantes nas freguesias de Creixomil e Urgezes inseridos na malha urbana da cidade.

O Parque da cidade de Guimarães é um dos maiores parques urbanos da cidade do norte, possuindo um total de 80 hectares e 8,5 km de caminhos.

O parque é um espaço verde, com lago, flora e fauna variada, cuja dimensão faz com que o visitante não se aperceba que está numa área densamente povoada e onde as pessoas se juntam para praticar diversos desportos e passear, estando dotado de vários equipamentos nesse sentido.

Quanto às Instalações Desportivas, o clube mais importante e conhecido do concelho é o Vitória Sport Clube, sediado na cidade, e embora participe em mais modalidades, é conhecido especialmente pelo futebol, onde esteve 48 épocas consecutivas na primeira divisão portuguesa. Também no futebol sobressai-se o Moreirense Futebol Clube, da vila de Moreira de Cónegos, que disputou recentemente algumas épocas na primeira liga portuguesa.

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3.2.2. Caracterização da Escola Secundária Francisco de Holanda

O meu EP decorreu na Escola Secundária Francisco de Holanda, em Guimarães. Esta por se situar próximo de minha casa e por ser muito bem referenciada por amigos e colegas meus, foi a minha primeira opção de escolha.

Apesar de se encontrar em remodelação, esta oferece condições de trabalho bastante razoáveis. As aulas teóricas decorrem em três instalações distintas: Escola Francisco de Holanda; Inatel e Estádio do Vitória de Guimarães. As aulas de Educação Física ocorrem, também, em três espaços: Pavilhão Inatel, Pavilhão Francisco de Holanda e Piscinas do Vitória Sport Clube. Contudo, existe um espaço exterior (junto ao Estádio do Vitória de Guimarães) que pode ser utilizado pelos professores. Apesar de todas estas instalações se situarem próximas umas das outras, as deslocações causam um certo transtorno, principalmente quando chove, tanto para alunos como para professores.

Centrando-me nos espaços relativos às aulas de Educação Física e fazendo um balanço geral, posso afirmar, convictamente, que as condições que possuímos são muito boas. No entanto, há aspetos negativos como a dimensão dos balneários (principalmente na Piscina) e a falta de um funcionário no Pavilhão Francisco de Holanda, sendo este último colmatado no decorrer do primeiro período. O planeamento das modalidades que cada professor realiza, está dependente da implementação de um “roulement”, pois este é que distribui os vários professores pelas várias instalações.

Esta escola funciona tanto no regime diurno como no regime noturno. Durante o dia temos a presença dos cursos Científico – Humanísticos e dos Profissionais e à noite temos o Ensino Recorrente. Os cursos Científico – Humanísticos são constituídos por 15 turmas do 10º ano, 13 do 11º e 16 no 12º; os cursos Profissionais constituídos por 4 turmas do 10º ano, 3 do 11º e outras 3 no 12; e o Ensino Recorrente por 4 turmas do 11º ano e 6 do 12º ano.

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3.2.3. Subdepartamento de Educação Física e Núcleo de Estágio

O Subdepartamento de Educação Física, coordenado pela professora Manuela Brochado, é constituído por 13 professores e dois núcleos de estágio (FADEUP e ISMAI) com 3 professores estagiários cada. O Professor Francisco Magalhães é o responsável pelo meu núcleo, no qual faço parte juntamente com o Bruno Dias e Francisco Oliveira, e foi através dele que tivemos o primeiro contacto com a Escola, onde conhecemos as instalações, pessoal docente e não docente e os responsáveis pelos órgãos máximos da escola.

Fiquei bastante satisfeito por trabalhar nesta Instituição pois todo o pessoal que a compõe é muito prestável e de uma simpatia rara de encontrar. O clima de trabalho entre o núcleo de estágio é excelente onde todos possuímos uma ótima relação.

3.2.4. Caracterização da turma do 11º CT6

A turma que me foi destinada lecionar este ano letivo foi do 11º Ano do Curso Ciências Tecnológicas – 11ºCT6.

Esta é constituída por vinte e dois alunos dos quais catorze são do sexo masculino e oito do feminino tendo todos eles transitado de ano. Ingressar num curso superior, após conclusão do 12º ano, é algo comum a quase todos eles. Outra coisa não seria de esperar pois são, de facto, alunos trabalhadores,

determinados, responsáveis, conscientes, ambiciosos e com muita

disponibilidade para aprender.

No que se refere a problemas de saúde, destaco as alunas Inês Pinto e Sofia Pinto por terem epilepsia, a aluna Sandra Mendes por ter asma e, também, o aluno José Sousa por ser obeso. Ao longo das aulas, sem dúvida que mereceram uma atenção especial e, no caso específico do José, tive de planear estratégias de intervenção que lhe permitisse ter sucesso nos vários exercícios de maneira a mantê-lo motivado e envolvido nas tarefas. Esta preocupação foi mais evidente na modalidade de atletismo, devido à natureza da mesma. Quanto às restantes alunas, estas puderam realizar normalmente

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14 as aulas pois as suas doenças estavam controladas. Esta informação foi-me transmitida no início do ano pelos próprios alunos e pelo professor cooperante que me disse que podia estar tranquilo quanto a esta questão. No entanto, mantivemo-nos sempre alerta para o caso de uma eventual surpresa menos agradável, que felizmente, não chegou a acontecer.

Relativamente à alimentação, denoto a importância de todos os alunos tomarem o pequeno almoço, visto que as nossas aulas ocorreram durante a manhã, nomeadamente às 08:15horas à terça-feira.

A Educação Física constitui-se como a disciplina preferida por quase toda a turma, onde as suas modalidades favoritas são o futebol e o basquetebol e a que menos gostam é a ginástica. Por outro lado, a Filosofia representa a disciplina que os alunos menos gostam e que revelam mais dificuldades.

3.2.4.1. Obesidade – um mal a combater…

Como na minha turma encontro um aluno com obesidade, decidi refletir sobre este problema que, infelizmente, cada vez afeta mais gente no nosso país. Conhecer as suas causas e consequências torna-se fundamental para podermos consciencializar os nossos alunos, de maneira que comecem a adquirir hábitos e rotinas mais saudáveis para a saúde.

A obesidade é um dos maiores problemas de saúde da atualidade atingindo indivíduos de todas as classes sociais. Com o avanço da Ciência e, juntamente com ela, a Medicina, descobriu-se que esta nos é extremamente prejudicial arrasando assim a ideia, que prevalecia há umas boas décadas atrás, que dizia que ser-se obeso era sinal de bem estar económico e de boa saúde. Segundo a American College of Sports Medicine (ACSM, 1995), obesidade é definida como a quantidade percentual de gordura corporal ou massa gorda acima da qual o risco de doença aumenta.

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15 À obesidade está associada grande morbilidade e mortalidade, logo quanto maior for o Índice de Massa Corporal (IMC) – indicador que determina o nível de gordura de uma dada pessoa - maior é o risco de morte por parte do indivíduo. Esta constituindo-se assim um fator de risco, associa-se também à origem de patologias como: a apneia do sono; diabetes tipo II; dislipidémia; hipertensão arterial e hiperinsulinismo, por exemplo. A acumulação de gordura na zona abdominal pode representar um maior risco de morbilidade visto que pode comprometer o bom funcionamento de órgãos cruciais. Neste sentido, é muito comum assistirmos a um elevado número de mortes, derivado de problemas cardiovasculares, do sexo masculino quando comparados com o sexo feminino. No que se refere aos jovens, não existem registos significativos de morte associados à obesidade, contudo podemos verificar que grande parte deles já possuem lesões e sinais que detetam já o possível aparecimento de alguma doença cardiovascular. Se a obesidade representa uma enorme ameaça para a saúde do Homem, como a podemos evitar? Para respondermos à questão é fundamental primeiro percebermos qual a sua origem.

Hoje em dia, a maioria das pessoas não pratica atividades física e desportiva, por um variadíssimo leque de razões, desde a falta de tempo, a flexibilidade de horários, a falta de motivação e a falta de infraestruturas desportivas com condições mínimas, mas é, fundamentalmente, a falta de hábitos desportivos que leva ao sedentarismo. Neste ócio do “não fazer nada”, um presságio típico da população portuguesa é a sua passividade, assente no comodismo do sofá, em “frente” a uma televisão ou jogar computador durante horas a fio. Um indicador desta afirmação é o facto de haver uma elevada percentagem de sedentarismo, num tecido social, cada vez mais, industrializado e tecnológico. Num contexto em constante mudança e transformações a nível global, devemos ter consciência da importância das novas tecnologias, como um meio de transmissão de informação e cultura, em que o seu uso deve ser equilibrado, sem exageros, tendo consciência da realidade do dia-a-dia. Outra das causas diz respeito a fatores ambientais onde se verifica cada vez mais uma alteração dos comportamentos alimentares. Os fast food estão a substituir as culinárias tradicionais a um ritmo assustador,

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16 consumindo-se assim muito mais calorias do que aquelas que se gastam. Outro fator muito importante está ligado ao perfil genético do indivíduo. A genética evidencia que existe uma tendência familiar muito forte para a obesidade, pois filhos de pais obesos tem cerca de 80% de também o serem. Por outro lado, filhos de pais não obesos têm cerca de 9% de o serem.

Uma vez identificadas as principais causas, é de extrema importância que se adotem comportamentos de maneira a prevenir esta doença. E digo prevenir porque uma vez obesos, torna-se impossível voltar ao peso ideal. Com o aumento da gordura, há um aumento de células adiposas, quer em tamanho e/ou número (hipertrofia e/ou hiperplasia) sendo este um processo irreversível. Deste modo, é crucial que a população adote bons hábitos alimentares respeitando as horas das refeições assim como o intervalo entre elas. É muito importante que tenham uma dieta equilibrada, minimizando as gorduras saturadas e ingerindo mais verduras e fruta. Aliado a tudo isto, deve-se praticar exercício físico com uma intensidade moderada/vigorosa. O excesso de peso deve-se combater antes de aparecer, começando logo no período fetal. As famílias com um rendimento reduzido são aquelas que devem ter especial atenção a estas medidas de prevenção da obesidade. Isto porque como não se podem dar a grandes luxos e a grande maioria tem horários de trabalho muito rígidos, há uma forte tendência a alterar os hábitos alimentares desequilibrando assim as suas dietas. Já por outro lado, as famílias com um rendimento elevado reúnem todas as condições para se alimentarem convenientemente e para frequentarem locais onde se pratica atividade física (ginásios, clubes …).

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17

4.

Realização da Prática Profissional

O EP constituiu-se como uma etapa fundamental no meu processo de formação enquanto futuro professor de Educação Física. Foram várias as dificuldades e os desafios que surgiram ao longo deste ano, no entanto foi com determinação, dedicação e empenho que os mesmos foram superados.

O processo ensino – aprendizagem é, sem dúvida alguma, algo muito complexo que exige a interligação e dinâmica de três componentes: professor, alunos e contexto. Toda a atividade do professor é influenciada pelas condições gerais do sistema educativo e pela cultura da escola e do meio em que está inserido. Deste modo, torna-se necessário que este seja capaz de se adaptar, constantemente, a estas novas situações com que se vai deparando de forma a conseguir responder com sucesso às exigências e aos objetivos que lhe são propostos. A relação aluno – professor é outro ponto chave neste processo. Sendo um dos principais objetivos do professor formar pessoas, torna-se necessário que este conheça bem os seus alunos para assim agir, de forma competente, consoante as necessidades de cada um.

Toda a minha atividade durante o EP foi realizada com base nesta articulação destas três componentes. Passo agora a descrever todo o meu trabalho desenvolvido ao longo deste ano, analisando e refletindo sobre as quatro áreas de desempenho.

4.1 Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem

Esta área tem como objetivo construir estratégias de intervenção no processo de ensino - aprendizagem que conduzam, com eficiência e eficácia, o processo de formação do aluno. Para uma melhor organização, esta área subdivide-se em quatro etapas: conceção, planeamento, realização e avaliação.

A minha preparação académica, principalmente no ano transato (1º ano do 2º ciclo de Ensino de Educação Física e Desporto nos Ensinos Básico e

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18 Secundário), foi muito rica no que diz respeito a esta área. Foi um ano bastante intenso e de muito trabalho onde nos foi fornecido todo um conjunto de conhecimentos que nos permitiu estar preparados para desenvolver um trabalho competente. Por outro lado, houve certas dificuldades em determinados aspetos que ainda se mantiveram e que são consequência, sobretudo, de uma imperfeita organização da faculdade. Contudo é algo compreensível dado que esse ano correspondeu ao primeiro ano em que este mestrado de ensino foi implementado.

Passo agora a descrever e a analisar os aspetos mais relevantes sobre cada etapa desta área de desenvolvimento.

4.1.1. Conceção

“Todo o projeto de planeamento deve encontrar o seu ponto de partida na conceção e conteúdos dos programas ou normas programáticas de ensino (…)”, Bento (1998).

Ser professor é uma profissão que não se baseia apenas na prática efetiva de ensinar. Antes desta existe uma fase em que é fundamental considerar uma série de aspetos que nos vai permitir organizar, planear e conduzir todo o processo de ensino de forma competente.

No início do ano letivo, através do nosso professor orientador, ficamos a conhecer todo o pessoal docente e não docente da escola assim como as suas infraestruturas. Fomos muito bem acolhidos e foram várias as palavras simpáticas e de incentivo que nos fizeram passar. Foi também nesta altura que as turmas nos foram atribuídas (através de um sorteio) assim como documentos importantes como o Projeto Educativo e Curricular e o Regulamento Interno da Escola. Estes documentos, juntamente com o Programa Nacional de Educação Física, o Planeamento Anual de Educação Física e o Plano Anual de Atividades (estes dois últimos fornecidos pelo Subdepartamento de Educação Física), foram devidamente analisados e

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19 ponderados pois são decisivos para estabelecer uma base de planeamento realista, coerente e exequível.

As modalidades a lecionar para cada ano letivo foram estipuladas pelo Subdepartamento de Educação Física não tendo eu qualquer poder para alterar o que quer que fosse. Na minha opinião, considero que foram estabelecidas bastantes modalidades para se trabalhar ao longo do ano pois, tal facto, irá influenciar negativamente a aprendizagem dos alunos em cada uma delas. As Unidades Didáticas certamente serão curtas demais para que os alunos exercitem vezes suficientes os vários conteúdos propostos de maneira a obterem ganhos significativos.

Já definida qual a turma que iria lecionar, foi através do professor orientador que tive os primeiros pareceres sobre a mesma. Este já a tinha lecionado no ano transato e todas as informações que me transmitiu foram confirmadas na Reunião de Conselho de Turma pelos outros professores da turma. Os elogios não foram poupados pois todos os docentes classificaram estes alunos como trabalhadores, bons alunos, empenhados e exemplares. Perante estas impressões fiquei muito contente pois, como em todo o lado, quando se trabalha junto de pessoas esforçadas e dispostas a aprender, tudo se torna mais agradável e motivante. Esta caracterização da turma foi mais aprofundada através da ficha individual do aluno que foi preenchida durante a aula de apresentação e dos testes do Fitnessgram que foram realizados na segunda aula. A ficha individual do aluno foi elaborada pelo Núcleo de Estágio (NE) onde, após muito diálogo, pesquisa e reflexão, selecionamos um conjunto de questões que nos permitissem recolher dados relevantes dos alunos para a nossa intervenção como professores. Relativamente aos resultados do Fitnessgram fiquei a conhecer certas características e capacidades dos alunos, principalmente a nível motor. Com base nestes resultados, elaborei um plano individualizado de treino (Anexo 1) para que pudessem melhorar os seu índices. Estes dois recursos, após pormenorizada análise, permitiram-nos recolher dados concretos sobre cada aluno e que são decisivos na fase de planeamento. Na minha turma destaco quatro casos que mereceram especial

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20 atenção ao longo de todo o ano: duas alunas com epilepsia, uma com asma e um aluno obeso.

Definidas as modalidades a lecionar, procedemos à elaboração dos Modelos de Estrutura do Conhecimento (MEC) de cada uma. Esta foi uma tarefa realizada de modo progressivo e em grupo pelo NE. Foram algumas as dúvidas sentidas no início quanto à organização da matéria de ensino de acordo com os MECs pois, apesar de termos estudado os módulos que os compõem no ano transato, nunca procedemos à elaboração dos mesmos. No entanto, após revisão do apoio bibliográfico da FADEUP, diálogo entre o NE, colegas da faculdade e professor orientador conseguimos realizar esta tarefa com êxito.

Todas estas informações e documentos elaborados constituíram-se como um excelente suporte para toda a fase de planeamento.

4.1.2. Planeamento

Segundo Bento (1998), o objetivo da planificação de processos de ensino e aprendizagem não reside exclusivamente no desenvolvimento de meios para a racionalização do mesmo, mas também, em medida crescente, na descoberta de determinados contextos reguláveis deste processo.

Na primeira reunião que tivemos de Subdepartamento, foi-nos entregue um documento com as modalidades que iríamos abordar ao longo do ano assim como um roullement que distribuía os vários professores pelos espaços de aula. Verificamos que quem lecionasse no Pavilhão Francisco de Holanda iria sujeitar-se a um sistema de rotação entre os dois espaços do pavilhão e as piscinas do Vitória Sport Club. Já no Inatel, não haveria qualquer tipo de problema na gestão dos espaços. Deste modo, após saber que no 1º período iria lecionar no Pavilhão Francisco da Holanda e nos outros dois períodos no Inatel, pude realizar o planeamento anual. Assim, tive de estipular o número de aulas que iria dedicar a cada modalidade e a ordem que iria estabelecer. Para esta tarefa contei com a ajuda do professor cooperante que com a sua

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21 vasta experiência me transmitiu um conjunto de informações muito importantes. Como a modalidade de Natação já tinha as datas definidas no roulement, a organização das outras 3 modalidades (atletismo, futsal e dança) foi feita em função desta. Deste modo, decidi iniciar com a Unidade Didática de Atletismo pois como estava um excelente tempo nessa altura, considerei que deveria aproveitá-lo explorando assim o espaço exterior. A Unidade Didática de Dança foi a última modalidade que lecionei este período pois como estava a frequentar aulas de danças sociais numa escola, necessitava de algum tempo para me preparar. Como no Pavilhão Francisco de Holanda não existiam tabelas de basquetebol, tive de, obrigatoriamente, optar pelo futsal. Relativamente ao número de aulas a lecionar em cada modalidade, confesso que não foi uma tarefa fácil pois entendo que 4 disciplinas para um só período é muito. O Futsal, por ser um desporto coletivo, por ser a minha “especialidade” e por ser o desporto que os alunos mais gostavam, entendi que deveria dedicar um maior número de aulas. Foi o que fiz, no entanto não na proporção que desejava, pois caso contrário as outras modalidades iriam ficar bastante afetadas. De maneira a que os alunos não se desmotivassem, decidi introduzir o Futsal ainda antes de concluir a Unidade Didática de Atletismo. Este período em que os alunos ficaram sem Atletismo, permitiu-me verificar, posteriormente, na avaliação sumativa, se realmente consolidaram os conteúdos abordados. Para o 2º período, este planeamento foi bem mais acessível, pois tive apenas de lecionar 3 modalidades (basquetebol, badminton e atletismo – estafetas). Desta forma, decidi dar mais ênfase às modalidades de badminton e basquetebol e intercala-las para não fatigar muito os alunos psicologicamente. No último período, a organização das modalidades também foi, relativamente, acessível, destinando assim um maior número de aulas para a ginástica acrobática e bitoque rugby.

Outro nível de planeamento diz respeito à elaboração das Unidades

Didáticas. Estas são partes essenciais do programa de uma disciplina que

servem de base para a preparação das diferentes aulas (Bento, 1998). A elaboração destas teve como ponto de partida, fundamentalmente, o nível de desempenho dos alunos nas avaliações iniciais e dos testes do Fitnessgram.

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22 Assim, para cada modalidade, selecionei o conjunto de conteúdos a lecionar mais adequado ao nível dos alunos e que, ao mesmo tempo, fosse um plano exequível. Esta definição de conteúdos e a respetiva distribuição das funções didáticas nem sempre foi fácil. Recorri várias vezes a documentos da FADEUP e a conversas com os colegas de estágio e professor orientador para esclarecer algumas dúvidas. A título de exemplo, na modalidade de Natação, as várias progressões de aprendizagem dos estilos crol e costas estão bem definidas. Mas como organizar a abordagem destes conteúdos em apenas 5 blocos de aula? Se fosse a cumprir com as várias progressões, passando à seguinte apenas quando a primeira estivesse consolidada, os alunos, quase na sua totalidade, não passariam à segunda progressão. O que isto ia gerar eram aulas muito monótonas e desmotivação por parte dos alunos. Com Unidades Didáticas tão curtas, entendo que estas devem ser planeadas de maneira a proporcionar novas experiências e vivências aos alunos, despertando neles o interesse pela prática desta modalidade. O tempo insuficiente de exercitação não vai permitir que se verifique uma aprendizagem relevante.

A Unidade Didática de Dança, foi outra que causou um pouco de dificuldades pois desconhecia por completo os conteúdos existentes. Contudo, como estava a frequentar aulas numa escola de Danças Sociais, adquiri as bases para poder preparar uma coreografia. Assim, os conteúdos que estipulei foram os passos que decidi introduzir na turma. Pretendi abordar esta modalidade seguindo uma estratégia da base para o topo, pois é fundamental que os alunos adquiram os passos base e a ligação entre os mesmos para que consigam executar uma coreografia. Relativamente à Unidade Didática de Badminton, como tivemos uma excelente preparação no ano transato, não tive muitas dificuldades na escolha dos conteúdos a lecionar. A organização de um Torneio intra-turma antes da avaliação sumativa foi, sem dúvida, uma boa estratégia. Esta mesma estratégia, mas aplicada em dois dias, foi também planeada na modalidade de Basquetebol. A meu ver este é um excelente meio de consolidar os conteúdos exercitados ao longo da Unidade Didática e de promover todos os valores inerentes ao desporto através da competição. Aliás,

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23 em todos os desportos coletivos que abordei mais badminton, sempre dediquei, em todas as aulas, tempo para os alunos realizarem situação de jogo.

Por fim, o terceiro nível de planeamento diz respeito aos planos de

aula. Um professor para lecionar uma boa aula é, fundamental, que este se

prepare devidamente para ela. Não é uma tarefa fácil, aliás é mesmo uma tarefa bastante dura pois significa cerca de uma hora de atenção concentrada e de esforço intenso (Bento 1998). Esta fase de planeamento é realizada com base nas duas anteriores e, no fundo, acaba por refletir aquilo que se vai passar no decorrer da aula. É extremamente importante que o professor não organize apenas qual a informação que irá transmitir aos alunos, como o vai fazer e durante quanto tempo, mas também que pense nos imprevistos que podem acontecer. Considero que pensar nos “ses” é um ponto fulcral para o sucesso de uma aula, pois só deste modo é que o professor é capaz de atuar de forma competente se surgir algum imprevisto. Refiro um exemplo de uma situação que me obrigou a ser um pouco flexível de maneira a dar continuidade à aula: “O plano de aula foi cumprido na integra e dentro dos 75´. No entanto, ocorreu um imprevisto pois uma equipa de andebol tinha treino marcado para as 11 horas. Assim sendo, os últimos 20´ de aula foram realizados num pequeno espaço por cima das bancadas. A aula ficou um pouco condicionada em termos de espaço mas, mantendo a mesma estratégia, os alunos finalizaram a aula sem qualquer problema” (Reflexão da aula nº 21).

Uma das dificuldades que tive logo no início do ano, foi em criar uma ficha padrão, digamos assim, onde eu pudesse planear as minhas aulas. Apesar de ter conhecimento sobre certos pontos essenciais que devem constar nela, foram-me surgindo várias dúvidas. Acredito que a falta de uniformização destes aspetos na FADEUP foi um dos fatores que originou o aparecimento das mesmas. No entanto, com a ajuda do professor orientador, a pouco e pouco consegui elaborar uma ficha padrão da qual me baseei para organizar as minhas aulas. Realço aqui o excelente trabalho que o professor fez, pois nunca nos deu a solução mas sim meios (através de questões e conselhos) que me permitiram refletir e alcançar o objetivo. Um aspeto que tive de

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24 melhorar a este nível foi relativa à forma como descrevia os exercícios. Por vezes, alongava-me um pouco sendo assim pouco percetível. Facilmente, ultrapassei esta lacuna pois comecei a ser mais objetivo e a utilizar esquemas através de imagens sempre que fosse conveniente. Outro aspeto que senti algumas dificuldades numa fase inicial foi em planear para dois níveis distintos de aprendizagem. Isto aconteceu, por exemplo, na modalidade de Futsal. Estes foram planos que exigiram muito mais concentração e reflexão da minha parte, pois tinha de pensar na execução e relação de vários pontos como, por exemplo, a gestão do material e espaço, a instrução dedicada a cada grupo e o tempo de exercitação de um e outro nível. Este foi um aspeto que fui aprimorando à medida que a Unidade Didática ia decorrendo e considero que fiz um ótimo trabalho.

Posso afirmar, seguramente, que evolui bastante a todos os níveis de planeamento e, para tal, a ajuda do meu professor orientador e colegas de estágio foi crucial.

4.1.3. Realização

Após toda a fase de planeamento segue-se a realização onde colocamos em prática tudo que estabelecemos anteriormente. Esta passagem da teoria para a prática não é um processo assim tão linear pois todas as aulas estão suscetíveis à ocorrência de imprevistos. O processo ensino aprendizagem é algo de muito complexo e, por isso, exige uma competência a altura por parte do professor, sendo este capaz de prever e se adaptar convenientemente a estas situações.

A minha experiência neste campo de atuação era completamente nula. Confesso que no primeiro dia de aulas (apresentação) estava bastante nervoso e, alguns dias antes, já me preocupava com o que iria dizer aos alunos. Era minha intenção tentar deixar criar já uma boa impressão junto deles. Felizmente correu tudo muito bem e fiquei bastante contente por isso. No final,

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25 senti-me mais livre, mais animado e confiante por ter superado o tão esperado primeiro contacto com os alunos.

De um modo geral, ao longo do ano letivo, fui progredindo como professor ao nível da prática de ensino. A assídua reflexão que efetuava sobre todas as aulas, junto dos meus colegas de estágio e do professor cooperante, foram decisivas para a minha evolução. Recordo-me que no final de cada aula, perguntava sempre aos meus colegas aspetos negativos da minha atuação de maneira a poder melhorar esses pontos. A minha capacidade para saber ouvir, empenho e ambição em ser cada vez melhor, também contribuíram de forma categórica para esta melhoria.

Segundo Rosado e Mesquita (2009), a capacidade de comunicar constitui um dos fatores determinantes da eficácia pedagógica no contexto do ensino de educação física e desporto. Neste seguimento, faço referência à minha principal dificuldade ao nível da prática de ensino – a colocação da voz. Segundo os mesmos autores, deve ser dada especial atenção à paralinguagem (volume de voz, ressonância, articulação, entoação) e, de uma maneira geral, aos aspetos não verbais da comunicação (contacto visual, entusiasmo, expressões faciais) bem como à congruência entre mensagens verbais e não-verbais. Esta minha lacuna, que deriva, essencialmente, da minha maneira de ser, foi rapidamente identificada pelo professor cooperante e supervisor, apesar de eu já estar consciente dela. A pouco e pouco fui adotando estratégias que me permitissem melhorar este aspeto. Uma delas foi falar para todos os alunos como se tivesse apenas a falar para o aluno que se encontrasse mais distante de mim. Assim, o volume da minha voz aumentava consideravelmente. Outra foi através dos feedback´s que os meus colegas me transmitiam. No final de cada aula, perguntava-lhes sempre se me conseguiam ouvir e se o que dizia era percetível. Esta lacuna foi superada progressivamente ao longo do 1º período. Depois disto, eu próprio senti diferença na minha forma de comunicar. As seguintes passagens demonstram bem a minha evolução quanto a este aspeto: “Embora não tenha dado muito por isso, o Professor Cooperante reparou que a minha voz, ao longo da aula, já foi mais enérgica. Espero

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26 continuar a melhorar este aspecto para que evolua e melhore sempre” (Reflexão da aula nº 16). “A aula correu muito bem sem nenhuma situação desagradável a analisar. Esta foi supervisionada pelo professor José Virgílio. Este elogiou a aula, o meu à vontade e a minha capacidade de comunicação com os alunos (problema este que tinha no início do ano)” (Reflexão da aula nº 57).

Melhorando a minha capacidade de comunicação, posso afirmar que a minha instrução também melhorou. Sempre me preocupei em planear a informação que iria transmitir aos alunos assim como em que momentos o iria fazer. Fiz sempre os possíveis para ser o mais sucinto pois os alunos não conseguem manter níveis de concentração elevados se me alongar em demasia e, também, porque estes não captam o fundamental se transmitir muita informação de uma só vez. Esta opinião é também partilhada por Siedentop (1991), quando refere que esta instrução deve ser breve, focada sobre aspetos essenciais, adotando o professor formas de comunicação que garantam a manutenção da atenção e a compreensão da matéria transmitida. Uma dificuldade que tive a este nível foi quando tive de instruir na primeira aula de Futsal que organizei por níveis de habilidade. O que aconteceu foi o seguinte: a seguir ao exercício de ativação geral, tive de organizar e instruir os alunos para duas situações completamente distintas. Então, o que sucedeu foi que enquanto instruía uns, os outros ficaram parados. Tudo bem que a instrução foi feita rapidamente e não houve qualquer problema, até porque se trata de uma turma disciplinada. Mas, caso não fosse, poder-se-ia ter originado algum descontrolo por parte dos alunos. Rapidamente me apercebi disto (relembro que esta modalidade foi lecionada logo no início do ano letivo) e encontrei estratégias para as superar. A partir deste momento, recorri a exercícios semelhantes para os dois níveis que me permitissem instruir de uma única só vez. Assim as alterações que efetuava eram basicamente através da manipulação de variáveis. Outra estratégia que também utilizei foi em atribuir funções de organização a um nível enquanto instruía o outro, como por exemplo, responsabilizar dois alunos pela organização das equipas e atribuição de coletes (equipas pré definidas num papel). “Ao longo desta aula, senti a

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27 dificuldade que é organizar uma turma em dois níveis distintos de aprendizagem. Adotei uma estratégia que consistiu em dar instrução a um nível enquanto o outro ia organizando as equipas autonomamente. Uma vez acabada a instrução, estes alunos iam exercitando e aí já podia organizar o outro grupo que já estava com as equipas feitas” (Reflexão da aula nº 8). Estas medidas posso dizer que resultaram perfeitamente, pois permitiram-me controlar sempre os alunos e não dar azos a possíveis desequilíbrios. Ainda dentro da instrução, utilizei várias vezes a demonstração para que os alunos percebessem melhor o que era pretendido na tarefa. Por vezes era eu que a executava, outras vezes pedia a um aluno. Numa fase inicial, apesar de já ter esta iniciativa, fui incentivado pelo professor orientador a recorrer mais vezes a esta estratégia. Segundo Kwak (2005), os praticantes que usufruem de explicações verbais e demonstrações completas, acompanhadas de palavras-chave, são mais eficazes na execução de uma habilidade. Neste sentido, destaco que as palavras-chave, o feedback pedagógico e o reforço positivo foram outras estratégias que, no fundo, caracterizaram a minha atuação como professor. Considero que estas devam ser adequadas às características dos alunos a quem nos dirigimos. Se se tratarem de alunos com baixos níveis de confiança e auto estima, entendo que a transmissão de reforços positivos são fundamentais para os incentivar e motivar. Por outro lado, se forem alunos que gostem de desafios e que gostem de ser colocados à prova, por vezes, o uso de um reforço negativo pode ser importante para os provocar e esperar que estes se superem.

Um aspeto que evoluí muito foi ao nível da gestão do tempo de aula. Numa fase inicial, preocupava-me sempre em controlar o tempo de todas as situações que tinha preparado, de maneira a não o ultrapassar. Por vezes, principalmente quando lecionava ao primeiro tempo da manhã, a aula iniciava mais tarde cerca de 5 minutos. Então pensava, de imediato, em que momento da aula iria recuperar esse tempo perdido. Felizmente, sempre consegui executar com êxito esta gestão e, à medida que o ano ia decorrendo, já a realizava de um modo natural e sem tanta preocupação. Apenas por duas vezes tive que abdicar de um exercício, tendo-o realizado na aula seguinte. “A

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28 aula começou com um atraso de 15 minutos devido ao atraso do responsável do pavilhão. Isto refletiu-se na aula obviamente e, como consequência, tive de abdicar do meu segundo exercício (meiinhos) para que não tivesse de retirar tempo em exercícios de maior importância” (Reflexão da aula nº 10).

Não raras vezes, recorri ao questionamento como método de ensino. De acordo com Harvey e Goudvis (2000), o questionamento é a chave para a compreensão. Na modalidade de Basquetebol, esta foi uma estratégia que recorri várias vezes, também devido ao modelo de ensino que adotei. Desta forma “obrigava” os alunos a refletir sobre as suas ações e decisões, desenvolvendo assim a sua compreensão sobre o que estavam a executar.

Relativamente à modalidade de Natação, lecionado logo no 1º período, posso dizer que senti algumas dificuldades. No que respeita à organização da turma, tinha 22 alunos para distribuir em apenas duas pistas. Isto causou, inevitavelmente, vários tempos de espera pois os alunos tinham de esperar que os colegas iniciassem a tarefa e, só quando estes se encontrassem a meio da piscina é que poderiam sair. No que se refere à transmissão de informação, tive alguma dificuldade numa fase inicial devido ao barulho que se fazia notar naquele espaço. Então, para os instruir ou fornecer algum feedback, tive de agrupá-los junto à margem e assim falar com uma maior proximidade. No entanto, nem tudo foi mau pois trabalhar nas piscinas ajudou-me a ultrapassar o problema da colocação da voz. “Nas próximas aulas irei tentar separar os alunos pelas pistas de acordo com as suas capacidades para, deste modo, haver uma maior fluidez na realização dos exercícios. Uma dificuldade que penso que me irá surgir é ao nível da comunicação pois em certos momentos, senti alguma dificuldade em transmitir-lhes informação devido ao contexto em que se insere a aula” (Reflexão da aula nº 11).

Um aspeto positivo da minha intervenção foi relativo à organização das aulas do Fitnessgram. Como podia contar com a ajuda dos meus colegas de estágio, decidi criar várias estações, de forma a minimizar os tempos mortos e a dinamizar a aula. No final do ano, quando tornei a realizar estes testes, como tinha à disposição muitos mais colchões, decidi deixar as extensões de braços

Referências

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