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Plantio e tratos culturais

No documento Is Bn 9788539301874 (páginas 170-175)

antes de se introduzir a cultura, alguns fatores devem ser obser- vados para o sucesso do pomar, tais como as exigências climáticas e edáficas da cultura, bem como a escolha e o preparo da área.

Escolha e preparo da área

Como em qualquer outra cultura, ao se introduzir uma área com figueiras deve-se fazer, em primeiro lugar, um levantamento de informações sobre o mercado, preços, vias de acesso, distância do mercado consumidor, atacadistas etc.

Se o objetivo for a produção de fruta fresca, deve-se ter grande agilidade e facilidade para colocar o produto no mercado, preferen- cialmente no mesmo dia ou no máximo 24 horas após a colheita, por causa da grande perecibilidade dos figos maduros. porém, quando o objetivo for a produção de figos verdes, pode-se trabalhar com distâncias e prazos maiores, além de ser possível a industrialização na propriedade.

também é importante verificar a experiência de outros produ- tores na região, a adaptação da cultura no local e a possibilidade de colocar a fruta em períodos de menor oferta e maior preço.

Uma vez feito esse levantamento, deve-se partir para a escolha da área onde o pomar será introduzido. preferencialmente, deve-se optar por áreas que:

a) sejam de pouca declividade e não estejam localizadas em baixadas;

b) apresentem solo bem drenado e bem provido de matéria orgânica;

c) apresentem profundidade superior a 1 metro;

d) possuam textura areno-argilosa. os solos arenosos devem ser evitados em virtude da rápida infestação de nematoides. Solos muito argilosos não proporcionam boas condições para o desenvolvimento da planta;

e) tenha sido feita rotação de culturas por, no mínimo, dois anos; f) tenham orientação para a face norte, mais iluminada e mais

quente que a face sul e a salvo dos ventos frios; g) não apresentem nematoides;

h) não estejam em área com grande ocorrência de geadas.

Deve-se evitar escolher terrenos muito íngremes, pois isso aumenta muito o custo de produção e de introdução, implicando a necessidade de práticas que evitam a erosão, como curvas de nível, cordões de controle, terraços, plantio em curva de nível. para as áreas de pouco desnível, até 5%, deve-se fazer o plantio do pomar em curvas de nível, no sentido contrário à direção das águas.

no Brasil, praticamente toda a ficicultura está baseada em apenas um cultivar de figo comum, denominada roxo-de-valinhos. esse cultivar apresenta boa performance nas condições brasileiras de clima e solo, embora haja riscos por toda uma cultura estar calcada sobre apenas um cultivar.

as estacas ou mudas devem ser obtidas dos produtores ou vivei- ristas idôneos. a muda pode ser de três tipos: estaca não enraizada,

estaca enraizada com raiz nua e estaca enraizada em torrão. o método de preparo do solo, entretanto, para qualquer tipo de muda, é o mesmo.

antes do plantio, é necessário fazer a completa análise do solo nas camadas de 0-20 cm e 20-40 cm de profundidade. também é útil fazer-se a análise da água, especialmente se for utilizada irrigação.

o terreno destinado à plantação do pomar deve estar bem limpo, sendo conveniente submetê-lo a uma aração profunda e uma ou mais gradagem, colocando metade do calcário indicado pela análise antes da aração e a outra metade antes da gradagem, podendo ser espar- ramado manualmente ou com uso de implementos. a quantidade a ser aplicada pode ser indicada pelo método de saturação de bases, visando elevar a saturação por bases a 70% quando estiver abaixo de 60%. também pode-se empregar o método do al, Ca e mg trocáveis.

essas operações devem ser feitas três meses antes do plantio, e após esse preparo básico deve-se proceder a marcação das linhas, de acordo com o espaçamento a ser adotado.

a abertura das covas pode ser feita manualmente ou com o uso de sulcador acoplado ao trator. recomenda-se que as covas tenham dimensões de 40 x 40 x 40 cm a 60 x 60 x 60 cm e, se possível, deve-se fazer a separação entre o solo superficial e o solo das camadas mais profundas. por ocasião do plantio, a camada superficial, isto é, a pro- veniente das primeiras camadas até a profundidade de 30 cm, depois de bem misturada com os adubos, é usada para o preenchimento das covas, completando-se com terra raspada superficialmente ao redor. o solo subsuperficial é utilizado para a construção de um cordão ou banqueta, do lado de baixo da muda, cortando as águas. essa operação deve ser feita, no mínimo, um mês antes do plantio.

Quando se tem disponibilidade de máquinas e equipamentos, pode-se realizar a abertura de valetas, em vez das covas. para isso utilizam-se sulcadores que abrem valetas de 50 cm a 60 cm de profundidade.

a adubação fundamental ou de base é aquela feita na cova e deve seguir as recomendações da análise do solo. porém, de modo geral, utilizam-se adubações semelhantes à recomendação a seguir:

- 5 kg de esterco de galinha ou 15 kg de esterco de curral curtido ou 2 kg de torta de mamona (no caso de se utilizar esterco de galinha ou de curral, deve-se dar um intervalo de no mínimo sessenta dias até o plantio);

- 100 g de calcário para cada tonelada aplicada por hectare; - 80 g de p2o5 (metade da dose na forma solúvel em água e o

restante na forma termofosfato); - 30 g de K2o.

o plantio deve ser feito, se possível, imediatamente depois de arrancadas as mudas. estas devem ser reunidas em feixes, protegidas com um saco de estopa úmido e mantidas em local sombrio e fresco até o momento do plantio. a época ideal de plantio das mudas é de junho a agosto, e de preferência deve ser feito em dias chuvosos ou encobertos.

a sequência das operações de plantio é a seguinte:

a) retira-se do centro da cova uma quantidade de terra suficiente para que caibam as raízes da muda sem dobrá-las;

b) ajusta-se a régua de plantio entre as duas estacas laterais; c) regula-se a altura da muda de forma que depois de plantada

esteja cerca de 5 cm mais baixa do que o viveiro;

d) chega-se terra comprimindo as camadas sucessivas cuidado- samente com as mãos, de modo que haja pleno contato com as raízes;

e) constrói-se com a terra do subsolo um cordão;

f) cobre-se o solo com uma espessa camada de capim bem seco; g) rega-se abundantemente.

Depois de plantadas no local definitivo, as plantas iniciarão a produção já no 1o ano, a qual irá aumentar com o passar do tempo, estabilizando-se no 4o ano.

Espaçamentos empregados

De acordo com almeida & Silveira (1997), recomendam-se espaçamentos de 3 m x 3 m; 3 m x 2 m e 2,5 m x 2,5 m, para a pro- dução de frutos para consumo in natura, e 2,5 m x 1,5 m para a

produção de figos para a indústria.

Quanto ao espaçamento, tem sido observado que o melhor espaçamento para o cultivo da figueira é de 2,5 m a 3 m x 1,5 m a 2 m, especialmente se a produção for destinada para mesa. para produção de figo verde, ou seja, para a indústria, o espaçamento pode ser reduzido para 2 m a 2,5 m x 1 m a 1,5 m. o espaçamento varia conforme a topografia, os tratos culturais e a fertilidade do solo. recomenda-se que as linhas de plantio não ultrapassem 60 m e os carreadores estejam localizados no mínimo a cada vinte linhas.

pereira (1981) recomenda o espaçamento de 3 m x 1 m ou 3 m x 1,5 m para a produção de figo inchado verde.

em plantações com maior densidade de plantas, pode-se utilizar espaçamento de 50 cm entre as plantas e 2,5 m entre as linhas, ou espaçamentos maiores. Com espaçamento menor, a figueira terá vida útil menor, mas a produção por hectare será consideravelmente maior, chegando a um ganho de produtividade por hectare maior que 50%.

De acordo com dados da Cati (Coordenadoria de assistência técnica integral, 2003), o cultivo do figo vem sofrendo um processo de adensamento no qual a densidade oscilou entre 1.200 e 1.300 plantas/ha, no levantamento 1995-1996, para 1.600 a 1.700 plantas/ ha, em 1998-2003.

Mudas e época de plantio

as mudas são produzidas com estacas lisas (estacas coletadas na época de poda e plantadas diretamente na cova de plantio) ou estacas enraizadas. a época de realização do plantio vai depender do tipo de mudas disponível, sendo:

a) mudas de raízes nuas ou estacas: de junho a julho;

b) mudas produzidas em recipientes: em qualquer época, porém, de preferência, na estação das águas.

Devem ser utilizadas mudas provenientes de viveiros livres de nematoides, evitando-se também o aproveitamento de filhotes que se formam junto do tronco das plantas adultas. a estaquia direta no campo é um processo de multiplicação que pode ser conveniente pela maior rapidez na introdução do figueiral sob condições favoráveis de clima e solo.

No documento Is Bn 9788539301874 (páginas 170-175)