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POLÍTICA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES NOS GOVERNOS DO PT

CAPÍTULO 3. POLÍTICAS BRASILEIRAS DE FORMAÇÃO DOCENTE NOS GOVERNOS DO PT: ATUALIZAÇÃO DO DEBATE

3.2 POLÍTICA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES NOS GOVERNOS DO PT

A formação de professores, em todos os níveis de ensino, está regulamentada no artigo 62º da LDB 9.394/1996 (BRASIL, 1996a). De acordo com esse artigo, a formação de professores para atuar na educação básica deve ser realizada em “nível superior, em curso de licenciatura plena, admitida como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal” (BRASIL, 1996a, não paginado).

A União, o Distrito Federal, os estados e os municípios são responsáveis por promover em regime de colaboração a formação de professores nas seguintes modalidades: formação inicial, formação continuada e capacitação dos profissionais do magistério. Dessas três modalidades, apenas a formação inicial deve ser ofertada preferencialmente em cursos presenciais, mas podendo fazer uso dos recursos da EaD. Enquanto as demais modalidades poderão ser ofertadas em cursos presenciais ou a distância (BRASIL, 1996a).

O MEC utiliza o resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) como pré-requisito para os concluintes do ensino médio ingressarem no ensino superior. No caso das IES públicas, a seleção é realizada por meio do Sistema de Seleção Unificada (SISu), e, nas IES privadas, a seleção é feita através do ProUni e/ou pelo financiamento concedido pelo Fies.

A lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013, incluiu no artigo 62º da LDB 9.394/1996 (BRASIL, 1996a), incumbências importantes à União, ao Distrito Federal, aos estados e aos municípios, das quais destacamos: a adoção de mecanismos facilitadores de acesso e permanência em cursos de formação de professores de nível superior (parágrafo 4º); o incentivo à formação de professores (licenciatura de graduação plena nas instituições de educação superior) para atuar na educação básica pública por meio do Pibid (parágrafo 5º); e a possibilidade de o MEC estabelecer, juntamente com o Conselho Nacional de Educação (CNE), uma nota mínima a ser aplicada no ENEM para selecionar os futuros alunos dos cursos de licenciaturas (parágrafo 6º) (BRASIL, 2013f).

Recentemente, a LDB 9.394/1996 (BRASIL, 1996a), por meio da lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017, foi novamente alterada. Entre as alterações, a que incide diretamente na formação de professores refere-se aos currículos, estes terão que ser

organizados tendo como referência a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)81 (BRASIL, 2017e).

Conforme Santos e Diniz-Pereira (2016), para os defensores da BNCC, uma das justificativas está relacionada com a necessidade de melhorar os resultados das escolas em nível nacional e internacional. Para os autores, do ponto de vista dos empresários, a padronização em um único currículo facilitaria os requisitos básicos da formação exigidos pelo mercado de trabalho, e é essa ideia que vem sendo ideologicamente difundida pelos aparelhos de hegemonia, como forma de obter o consenso ativo das classes subalternas.

Na essência, essa padronização realizada pelo BNCC pode ampliar as chamadas parcerias público-privadas, intensificando o empresariamento da educação superior, por meio de mecanismos como: “produção de material didático e com oferta de cursos para a formação docente e de gestores, movimentando ainda uma grande parcela de recursos públicos” (SANTOS; DINIZ-PEREIRA, 2016, p. 288).

Em 2009, o MEC instituiu a Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da educação básica, sob atribuição da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), por meio do decreto nº 6.755, de 29 de janeiro de 2009. Conforme o artigo 1º, a prioridade dessa política é o atendimento da “formação inicial e continuada dos profissionais do magistério para as redes públicas da educação básica” (BRASIL, 2009b). Seus objetivos são:

I – promover a melhoria da qualidade da educação básica pública;

II – apoiar a oferta e a expansão de cursos de formação inicial e continuada a profissionais do magistério pelas instituições públicas de educação superior; III – promover a equalização nacional das oportunidades de formação inicial e continuada dos profissionais do magistério em instituições públicas de educação superior;

IV – identificar e suprir a necessidade das redes e sistemas públicos de ensino por formação inicial e continuada de profissionais do magistério;

V – promover a valorização do docente, mediante ações de formação inicial e continuada que estimulem o ingresso, a permanência e a progressão na carreira;

VI – ampliar o número de docentes atuantes na educação básica pública que tenham sido licenciados em instituições públicas de ensino superior, preferencialmente na modalidade presencial;

VII – ampliar as oportunidades de formação para o atendimento das políticas de educação especial, alfabetização e educação de jovens e adultos, educação

81 De acordo com Santos e Diniz-Pereira (2016, p. 286-7), “A BNCC é um instrumento importante para a

gestão do currículo [...]. Sua elaboração é justificada como uma exigência de preceitos legais, como a LDBEN de 1996, no seu art. 26; a Resolução do Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica (CNE/CEB), de 7 de dezembro de 2012, que fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de nove anos (BRASIL, 2010), e o que está expresso nas estratégias propostas para a Meta 7 do Plano Nacional de Educação de 2014 (BRASIL, 2014)”.

indígena, educação do campo e de populações em situação de risco e vulnerabilidade social;

VIII – promover a formação de professores na perspectiva da educação integral, dos direitos humanos, da sustentabilidade ambiental e das relações étnico-raciais, com vistas à construção de ambiente escolar inclusivo e cooperativo;

IX – promover a atualização teórico-metodológica nos processos de formação dos profissionais do magistério, inclusive no que se refere ao uso das tecnologias de comunicação e informação nos processos educativos; e X – promover a integração da educação básica com a formação inicial docente, assim como reforçar a formação continuada como prática escolar regular que responda às características culturais e sociais regionais. (BRASIL, 2009b)

Tais objetivos deverão ser cumpridos mediante ações e programas desenvolvidos pelo MEC, também em regime de colaboração entre a União, o Distrito Federal, os estados, e os municípios, por meio dos Fóruns Estaduais Permanentes de Apoio à Formação Docente, que serão explicitados posteriormente.

O atendimento às necessidades da formação inicial dos profissionais do magistério deve ser realizado por meio do apoio técnico e financeiro do MEC para a ampliação de matrículas nos cursos de licenciatura e Pedagogia nas IES públicas. No caso da formação continuada (atividades formativas, cursos de atualização, aperfeiçoamento, especialização, mestrado ou doutorado), o atendimento deve ser efetuado “pela indução da oferta de cursos e atividades formativas por instituições públicas de educação, cultura e pesquisa, em consonância com os projetos das unidades escolares e das redes e sistemas de ensino” (BRASIL, 2009b, não paginado).

Cabe ressaltar que os cursos de atualização, aperfeiçoamento, especialização e as bolsas de incentivos de iniciação à docência, concedidas aos estudantes de licenciatura para atuar na educação básica são fomentados pela CAPES e ofertados pelas IPES.

Em 2010, o decreto 6.755/2009 (BRASIL, 2009b), que institui a Política Nacional de Formação de Professores do Magistério da Educação Básica, foi revogado pelo decreto nº 7.415, de 30 de dezembro de 2010 (BRASIL, 2010d). Umas das principais mudanças efetuadas por esse novo decreto é a ampliação do público-alvo a ser atendido por essa política, antes, restrita apenas aos profissionais do magistério, ou seja, aos professores da educação básica.

Tal mudança deve-se à alteração do artigo 61 da LDB 9.394/96 (BRASIL, 1996a), que instituiu uma nova discriminação para as categorias de trabalhadores que atuam na educação, efetivada por meio da lei nº 12.014, de 06 de agosto de 2009 (BRASIL, 2009d), que passou a considerar profissionais da educação básica todos os:

I – professores habilitados em nível médio ou superior para a docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio;

II – trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia, com habilitação em administração, planejamento, supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como com títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas;

III – trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim. (BRASIL, 2009d)

A atualização da LDB 9.394/1996 (BRASIL, 1996a) realizada pela lei nº 13.415/2017 (BRASIL, 2017e) acrescentou, ainda, como profissionais da educação básica, os:

IV – profissionais com notório saber reconhecido pelos respectivos sistemas de ensino, para ministrar conteúdos de áreas afins à sua formação ou experiência profissional, atestados por titulação específica ou prática de ensino em unidades educacionais da rede pública ou privada ou das corporações privadas em que tenham atuado, exclusivamente para atender ao inciso V do caput do art. 36; e

V – profissionais graduados que tenham feito complementação pedagógica, conforme disposto pelo Conselho Nacional de Educação. (BRASIL, 2017e) Esses trabalhadores somente serão considerados profissionais da educação básica se forem formados em cursos reconhecidos e/ou estejam em efetivo exercício na rede. Está clara a centralidade dada, até então, aos trabalhadores docentes pelos Organismos internacionais, que reivindicam uma maior regulação das funções docentes.

No entanto, os sujeitos políticos coletivos têm reivindicado uma política de formação de todos os profissionais que atuam na educação. Conforme explicita Gilmar Soares (Secretário de formação da CNTE), “a nossa luta na CNTE é para que também o Parfor possa oferecer a formação dos funcionários de escola, formação continuada dos funcionários e funcionárias de escola, mas essa é uma luta que nós estamos tentando garantir” (CONFEDERAÇÃO, 2013, não paginado).

Portanto, a ampliação da política de formação inicial e continuada dos professores do magistério para Política Nacional de Formação dos Profissionais da Educação Básica, em grande medida, deve-se à correlação de forças e à política de conciliação de classes levada a cabo pela CNTE e concedida pelo governo para a obtenção do consenso ativo desses profissionais. A CNTE não submete a política de formação de professores pelo Parfor à crítica, pelo contrário, ela incentiva a participação dos professores e reivindica a ampliação desse programa de caráter emergencial para todos os profissionais da educação.

Essa “vitória” das reivindicações da CNTE não denota uma valorização dos profissionais que atuam na educação. Mas a consolidação das políticas de massificação da formação docente em estreita relação com as reformas neoliberais.

A grande novidade do decreto nº 7.415/2010 refere-se ao acesso à formação inicial dos profissionais da educação através do Programa de Formação Inicial em Serviço dos Profissionais da Educação Básica dos Sistemas de Ensino Público (Profuncionário). Seu objetivo é promover a “formação profissional técnica em nível médio de servidores efetivos que atuem nos sistemas de ensino da educação básica pública” (BRASIL, 2010d).

Cabe à União e ao MEC a responsabilidade pelo fomento do programa, e aos estados a sua implementação, que, em regime de colaboração, devem formalizar sua participação mediante assinatura de um acordo de cooperação técnica. O Profuncionário vem sendo desenvolvido na modalidade a distância, nas formas concomitante ou subsequente ao ensino médio, em seis habilitações específicas, a saber: “I – Secretaria Escolar; II – Alimentação Escolar; III – Infraestrutura Escolar; IV – Multimeios Didáticos; V – Biblioteconomia; e VI – Orientação Comunitária” (BRASIL, 2010d).

O processo formativo, pedagógico e de certificação dos profissionais que atuam na educação básica está a cargo das Instituições participantes do Profuncionário. No caso da formação dos professores e dos tutores para atuar no programa, esta é realizada preferencialmente na modalidade presencial, pela Rede Federal de Educação Profissional Científica e Tecnológica (REPCT).

Como ressaltado anteriormente, o decreto nº 6.755/2009 (BRASIL, 2009b) disciplinou a atuação da CAPES na política de formação de professores na educação básica, antes restrita ao ensino superior. Contudo, essa atuação no decreto nº 7.415/2010 (BRASIL, 2010d) não fica clara, pois a CAPES sequer é citada, o que dificulta uma análise crítica das suas múltiplas determinações após a ampliação da Política Nacional de Formação dos Profissionais da Educação Básica. Esse decreto vai sofrer novas mudanças através do decreto 8.752/2016 (BRASIL, 2016b), do qual trataremos a seguir. Tendo em vista a necessidade de responder às referidas Metas 15 e 16 do PNE (2014-2024), o decreto 7.415/2010 (BRASIL, 2010d) foi revogado e, em seu lugar, foi sancionado o decreto nº 8.752, de 9 de maio de 2016, que instituiu a nova Política Nacional de Formação dos Profissionais da Educação Básica, “com a finalidade de fixar seus princípios e objetivos, e de organizar seus programas e ações, em regime de colaboração entre os sistemas de ensino e em consonância com o Plano Nacional de

Educação [...] e com os planos decenais dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios” (BRASIL, 2016b). Seus objetivos são:

I – instituir o Programa Nacional de Formação de Profissionais da Educação Básica, o qual deverá articular ações das instituições de ensino superior vinculadas aos sistemas federal, estaduais e distrital de educação, por meio da colaboração entre o Ministério da Educação, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

II – induzir avanços na qualidade da educação básica e ampliar as oportunidades de formação dos profissionais para o atendimento das políticas deste nível educacional em todas as suas etapas e modalidades, e garantir a apropriação progressiva da cultura, dos valores e do conhecimento, com a aprendizagem adequada à etapa ou à modalidade cursada pelos estudantes; III – identificar, com base em planejamento estratégico nacional, e suprir, em regime de colaboração, a necessidade das redes e dos sistemas de ensino por formação inicial e continuada dos profissionais da educação básica, de forma a assegurar a oferta em quantidade e nas localidades necessárias;

IV – promover a integração da educação básica com a formação inicial e continuada, consideradas as características culturais, sociais e regionais em cada unidade federativa;

V – apoiar a oferta e a expansão de cursos de formação inicial e continuada em exercício para profissionais da educação básica pelas instituições de ensino superior em diferentes redes e sistemas de ensino, conforme estabelecido pela Meta 15 do PNE;

VI – promover a formação de profissionais comprometidos com os valores de democracia, com a defesa dos direitos humanos, com a ética, com o respeito ao meio ambiente e com relações étnico-raciais baseadas no respeito mútuo, com vistas à construção de ambiente educativo inclusivo e cooperativo; VII – assegurar o domínio dos conhecimentos técnicos, científicos, pedagógicos e específicos pertinentes à área de atuação profissional, inclusive da gestão educacional e escolar, por meio da revisão periódica das diretrizes curriculares dos cursos de licenciatura, de forma a assegurar o foco no aprendizado do aluno;

VIII – assegurar que os cursos de licenciatura contemplem carga horária de formação geral, formação na área do saber e formação pedagógica específica, de forma a garantir o campo de prática inclusive por meio de residência pedagógica; e

IX – promover a atualização teórico-metodológica nos processos de formação dos profissionais da educação básica, inclusive no que se refere ao uso das tecnologias de comunicação e informação nos processos educativos. (BRASIL, 2016b, grifos nossos)

Esse recente decreto reafirma a necessidade da massificação da função docente através da institucionalização do Programa Nacional de Formação de Profissionais da Educação Básica – PARFOR. O decreto ratifica, conforme Freitas H., a política da formação de professores em seu caráter sempre emergencial e focalizado. Porém, o decreto nº 8.752/2016 (BRASIL, 2016b) aprofunda, ainda, as questões que tratam da regulação e da padronização da formação que, nas recomendações da UNESCO, são tratadas como Estándares.

Shiroma e Brito Neto (2015) afirmam que os Estándares configuram-se como o principal indutor de políticas docentes contemporâneas da América Latina. Por

permearem “desde o ingresso nos estudos pedagógicos, o sistema de formação docente inicial, a certificação e a admissão para o exercício docente, até o desenvolvimento profissional ao longo de toda a carreira” (SHIROMA; BRITO NETO, 2015, p. 13).

A estandartização ganha destaque na Política Nacional de Formação dos Profissionais da Educação Básica ao se materializar na conformação das DCN; na BNCC; nos processos de avaliação da educação básica e superior; nos programas e nas ações supletivas do MEC; e nos programas de formação implementados pelo Distrito Federal e pelos estados e municípios (BRASIL, 2016b).

Com esse novo decreto, a implementação das ações e dos programas de formação serão orientados pelo “Planejamento Estratégico Nacional, documento de referência proposto pelo Ministério da Educação para a formulação de Planos Estratégicos em cada unidade federativa” (BRASIL, 2016b). Sendo o Comitê Gestor Nacional 82

responsável pela aprovação do PlanejamentoEstratégico Nacional 83 , enquanto a elaboração dos Planos Estratégicos nos estados e no Distrito Federal está sob incubência dos Fóruns Estaduais Permanentes e do Distrito Federal de Apoio à Formação dos Profissionais da Educação Básica (BRASIL, 2016b).

No artigo 11º do referido decreto, o MEC, no âmbito do Planejamento Estratégico Nacional, deverá assegurar a oferta de vagas em cursos de: formação de professores e de outros profissionais que atuam na educação básica; formação inicial e continuada de professores em exercício e que não possuem graduação e licenciatura na área de atuação; formação continuada para professores, integrada à pós-graduação e integrada ao ensino-serviço, inclusive por meio de residência pedagógica. Enquanto no âmbito dos Planos Estratégicos esses cursos devem ser desenvolvidos nas unidades federativas, por meio do apoio técnico e financeiro do MEC e da União em consonância com o Planejamento Estratégico Nacional (art.12) (BRASIL, 2016b).

Conforme o artigo 16º do mesmo decreto 8.752/2016, a CAPES permanece como fomentadora, no entanto, sua atuação restringe-se à “pesquisa aplicada nas licenciaturas e nos programas de pós-graduação, destinada à investigação dos processos de ensino-aprendizagem e ao desenvolvimento da didática específica” (BRASIL, 2016b).

82Trataremos das atribuições do Comitê Gestor Nacional e dos Fóruns Estaduais Permanentes e do

Distrito Federal de Apoio à Formação dos Profissionais da Educação Básica posteriormente em seção específica.

83

De acordo com a lei nº 8.752/2016, tanto o Planejamento Estratégico Nacional quanto os Planos Estratégicos têm duração de quatro anos. E ambos devem passar por revisões anuais (BRASIL, 2016b).

A outra novidade da Política Nacional de Formação dos Profissionais da Educação Básica encontra-se em seu artigo 17º. Tal artigo refere-se à prova nacional para docentes, a ser realizada pelo Distrito Federal, pelos estados e pelos municípios, para servir de base na avaliação de concursos públicos e na admissão de profissionais do magistério da educação pública (BRASIL, 2016b).

O último artigo anuncia a estratégia da regulação da formação de professores de forma mais efetiva, a partir das diretrizes e orientações políticas indicadas pela UNESCO e pela OCDE, que se materializaram recentemente nos dispositivos que alteraram as atribuições da CAPES e reformularam seu estatuto.

Como bem explicitam Shiroma e Brito Neto, as orientações dos organismos internacionais sinalizam para as estratégias da institucionalização das diferentes formas de regulação do magistério e de governança da educação com o discurso de defesa da qualidade dos programas de formação docente, sobretudo, os “conteúdos curriculares, as estratégias de formação e avaliação da aprendizagem e a qualidade dos formadores” (SHIROMA; BRITO NETO, 2015, p. 11).

A centralidade da regulação da CAPES sobre as funções docentes conforma “um compromisso das instituições responsáveis pela política educativa com as instituições formadoras, sejam estas públicas ou privadas, assumindo os distintos graus de regulação que existem em diferentes contextos nacionais” (SHIROMA; BRITO NETO, 2015, p. 11).

Partindo desse pressuposto, buscaremos verificar como essa regulação se capilariza nas mais variadas políticas de formação docente pelo Brasil, consequentemente, subordinando-se à racionalidade neoliberal (DARDOT; LAVAL, 2016) e à nova pedagogia da hegemonia (NEVES L., 2005).