• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO II ENQUADRAMENTO TEÓRICO

2.3. Universidade Aberta do Brasil – UAB

2.3.2. Polo de Apoio Presencial no Sistema UAB: Características, Requisitos de Qualidade

Como visto, cada polo UAB se constitui num espaço para realização das atividades presenciais de instituições parceiras, sendo caracterizado como: "unidade operacional para o desenvolvimento descentralizado de atividades pedagógicas e administrativas relativas aos cursos e programas ofertados a distância pelas instituições públicas de ensino superior" (Presidência da República, 2006). Destarte, é nessa unidade operacional que se configura uma importante conexão da rede de educação articulada pela UAB, que viabiliza a expansão, interiorização e regionalização da oferta de educação no País pelas Instituições de Ensino Superior.

“ambientes de estudo e de prática em dimensões adequadas ao número de alunos e à natureza dos cursos ofertados” (Costa e Duran, 2012: 277), destacando-se laboratório de informática com conexão à Internet banda larga, laboratórios pedagógicos para atividades práticas das disciplinas experimentais, bibliotecas, salas de tutoria e salas para webconferência com equipamento de videoconferência e projetores multimídia, salas de coordenação e secretaria acadêmica (Ministério da Educação, 2007b; Costa e Duran, 2012).

O laboratório de informática tem função de suma importância nos cursos a distância, e deve estar equipado de forma que a quantidade de equipamentos seja compatível com o número de estudantes atendidos. Cabe à instituição de ensino, determinar essa relação, em consonância com as particularidades do curso e com o local do polo, visando a garantia de padrões de qualidade no acesso aos equipamentos (Ministério da Educação, 2007b).

As bibliotecas dos polos devem possuir acervo atualizado, amplo e compatível com as disciplinas dos cursos ofertados, disponibilizados em diferentes mídias; estar informatizada, de modo a permitir a realização de consultas online, solicitação virtual de empréstimos dos livros, e demais atividades de pesquisa que facilitem o acesso ao conhecimento; além de dispor em seu espaço interno de salas de estudos individuais e em grupo (Ministério da Educação, 2007b). Outros requisitos exigidos referem-se às condições de acessibilidade e utilização dos equipamentos por pessoas com deficiências e a existência de um projeto de manutenção e conservação das instalações físicas e dos equipamentos.

Além da infraestrutura física, o polo deve contar também com o coordenador do polo, responsável pela gestão acadêmico-administrativa do polo, além da equipe técnica, administrativa e docente, composta no mínimo de um técnico em informática, um bibliotecário, auxiliares para a secretaria e tutores presenciais. Portanto, para a atuação de um polo de apoio presencial, é fundamental demonstrar suficiência da estrutura física e tecnológica e de recursos humanos para a oferta do curso (Ministério da Educação, 2007b).

O documento “Referenciais de Qualidade para a Educação Superior a Distância” (Ministério da Educação, 2007b) estabelece que nos polos deverão ser realizadas atividades presenciais previstas em lei, como as avaliações dos estudantes, estágios supervisionados, aulas práticas em laboratórios específicos, defesas de TCC, tutorias presenciais, e videoconferências. Determina ainda que, o polo presencial funcione como

um ponto de referência fundamental para o estudante e possua horários de atendimento diversificados, funcionando, se possível, durante todos os dias úteis da semana, incluindo sábado, nos três turnos, de maneira a incluir estudantes trabalhadores que tenham horário disponível reduzido (Ministério da Educação, 2007b).

A obrigatoriedade da criação e credenciamento dos polos de apoio presencial se dá, principalmente, em função da grande extensão territorial do Brasil, com mais de 200 milhões de habitantes, e a concentração das universidades nos grandes centros. A instalação de polos presenciais visa suprir defasagens não contempladas pela educação presencial, como o atendimento a estudantes que moram em áreas remotas, e as dificuldades de conexão a Internet nestas áreas.

Assim, o polo de apoio presencial desempenha papel de grande importância para o sistema de educação a distância no atual modelo brasileiro, pois funciona como um ponto de apoio fundamental para os estudantes radicados em locais distantes da unidade de ensino que oferta o curso (Ministério da Educação, 2007b), sendo o elo entre Instituição e aluno, “o ‘braço operacional’ das instituições de ensino superior na cidade do estudante ou na mais próxima dele” (Mota, 2009: 301).

No entanto, para que o polo seja capaz de “oferecer o espaço físico de apoio presencial aos alunos da sua região, mantendo as instalações físicas necessárias para atender os alunos em questões tecnológicas, de laboratório, de biblioteca, entre outras” (Capes, 2014), os gestores das instituições que compõem a rede de cooperação, precisam coordenar eficazmente todos os recursos e ações fundamentais ao seu funcionamento.

Desde o início, a implementação dos polos teve um acompanhamento rigoroso do MEC, pois além de ser um conceito novo para a maioria das prefeituras e secretarias estaduais de educação, a precariedade financeira de muitos municípios dificultava a alocação de recursos para atender às exigências estabelecidas pelas diretrizes de qualidade para a Educação a Distância da SEED, segundo as quais, o polo deveria oferecer infraestrutura física e de pessoal capazes de dar suporte tecnológico, científico e instrumental aos cursos (Costa e Duran, 2012).

Decorrente da dificuldade nos municípios de alocar recursos para a viabilização do polo, o MEC, antecipando-se às dificuldades, assumiu parcialmente a implementação dessas unidades. Por um lado, em apoio à infraestrutura física, o MEC destinou a cada polo um kit básico composto de 36 computadores e o envio de antenas de transmissão para a conexão de Internet. Por outro lado, em apoio à infraestrutura de pessoal, o MEC ficou responsável pelo pagamento de bolsas para os coordenadores de polos e para os tutores presenciais (Costa e Duran, 2012: 278).

O Artigo 26 do Decreto 5.622/2005 permite que os polos de apoio presencial ofertem cursos para diferentes IES proponentes de cursos no modelo EaD, configurando “um espaço de atuação multi-institucional” (Costa e Pimentel, 2009: 85). Esta pode ser uma maneira de sustentação técnica e econômica, porém, a “[...] atuação multi- institucional em cada polo implica planejamento para a utilização dos espaços tais como laboratórios de computadores, laboratórios pedagógicos e espaços para os encontros presenciais” (Costa e Duran, 2012: 288-289).

Na tentativa de acompanhar o desenvolvimento dos polos, o MEC implementou algumas metodologias de avaliação do sistema. “No histórico dos polos, uma das avaliações que teve grande impacto foi a avaliação realizada pela Comissão Nacional de Qualificação de Polos. Esta avaliação começou em 2008, junto com a fundação dos primeiros polos UAB”(Eidelwein et al, 2012: 6).

Outra avaliação para acompanhamento do processo de constituição dos polos UAB foi realizada pela SEED, entre os meses de abril e junho de 2010. No processo de supervisão, foram verificadas as condições de infraestrutura, eventuais problemas e planejado seu saneamento. Foram supervisionados 556 polos. Na avaliação, a SEED qualificou os polos segundo quatro conceitos, que apontavam os estágios de seu desenvolvimento, a capacidade de ofertarem ou não novos cursos e a situação da infraestrutura encontrada (Costa e Duran, 2012). O quadro 2.04 apresenta os conceitos atribuídos e os direcionamentos dado pela SEED em cada qualificação.

Quadro 2.04 – Quadro comparativo dos conceitos atribuídos pela SEED na avaliação de Polos

Conceito Situação do polo Encaminhamento

R

O polo apresenta problemas críticos em sua infraestrutura (problemas com a biblioteca, a acessibilidade para alunos portadores de necessidade especiais, a insuficiência de espaços físicos etc.).

A entrada de novos alunos é interditada pela SEED por seis meses, até que as deficiências sejam corrigidas, conforme termo de ajuste selado entre a SEED e os mantenedores dos polos. Se os problemas não forem solucionados, o polo é descredenciado.

L

O polo possui deficiência de laboratórios pedagógicos para cursos ofertados na área experimental.

A entrada de novos alunos nos cursos específicos em que se detecta precariedade ou inexistência de laboratórios experimentais é interditada pela SEED por seis meses, conforme termo de ajuste selado entre a SEED e os mantenedores dos polos. Se os problemas não forem solucionados, o polo é descredenciado.

T O polo apresentava alguns problemas localizados, não críticos, em sua

A SEED envia ofício informando sobre sua qualificação e solicitando providências, quando

infraestrutura e que demandavam atenção no sentido de melhorar a qualidade da oferta dos cursos e a satisfação do aluno.

pertinentes. Não é interrompida ofertas de cursos, nem firmado termos de ajustes.

S

O polo apresentava uma situação sustentável e infraestrutura adequada.

A SEED envia ofício informando sobre sua qualificação e que o polo apresenta qualidade suficiente para a continuidade dos cursos e a expansão da oferta.

Fonte: Autoria própria a partir de (Costa e Duran, 2012).

Em paralelo às avaliações externas, realizadas pelo MEC e INEP, a Diretoria de Educação a Distância da CAPES iniciou em 2011 um processo de monitoramento in loco dos Polos, com a finalidade de zelar pela qualidade da oferta dos cursos, bem como da infraestrutura necessária ao desenvolvimento das atividades acadêmicas. A visita de monitoramento classifica o polo quanto a sua condição como (Capes, 2014):

• Apto - Situação que indica a adequação da infraestrutura física, tecnológica e de recursos humanos do Polo, bem como a existência de toda a documentação necessária.

• Apto com pendência - Situação que indica a necessidade de adequações na infraestrutura física, tecnológica e de recursos humanos do Polo, bem como em sua documentação

• Não apto - Situação que indica a presença de graves restrições na infraestrutura física, tecnológica e de recursos humanos do Polo, bem como em sua documentação.

Quando o polo é classificado como “Apto com pendência”, os mantenedores (Prefeituras e Estados) precisam solucionar as pendências detectadas para classificá-los ou reclassificá-los da condição de pendência e poder continuar no Sistema UAB. O polo classificado como “Não apto” poderá ser impedido de realizar novas articulações e ter seu processo de desligamento iniciado se o mantenedor não apresentar, no prazo de 30 (trinta) dias, um plano de revitalização, com ações saneadoras das restrições verificadas durante a visita de monitoramento e respectivos prazos de execução.

Em decorrência da grande diversidade socioeconômica das regiões e dos municípios brasileiros, as situações dos polos divergem-se, dentre os quais, aqueles que conseguem cumprir os requisitos do MEC e avançar em termos acadêmicos e aqueles que desde 2007 encontram problemas para manter e oferecer a infraestrutura necessária.

a avaliação deveria ser diagnóstica e propositiva, não apenas dando conta de sugerir o fechamento do polo ou o impedimento de implantação de novos cursos, mas, como se trata de Educação Superior, que fosse composta de ajustes de infraestrutura, inclusive custeados pelo Governo Federal, com base nas análises subjetivas realizadas em conjunto com as IES e nas demandas apresentadas pela sociedade [...] Avaliar, apontando rumos e construindo possibilidades, buscando mais e mais alinhar os acertos e corrigir falhas estruturais e de condução do processo de gestão é imprescindível ao processo de fortalecimento dos polos do Sistema Universidade Aberta do Brasil.

Segundo Silva et al (2012: 1404), “os mantenedores, em especial as prefeituras e governos estaduais, não cumprem (ou, quando o fazem, é de maneira paliativa), em sua maioria, os quesitos de sua responsabilidade constantes dos termos assinados no MEC/CAPES”. Apesar das exigências do Governo Federal para o credenciamento desses polos, diversos aspectos muitas vezes não são contemplados, o que compromete o bom funcionamento da oferta de EaD e dificulta a sua gestão. Há carência de encaminhamentos adequados para gerenciamento e operacionalização desses ambientes (Ribas, Moreira, Cataplan, 2011).

Neste sentido, conforme disposto em CAPES (2009), “a boa gestão dos polos de apoio presencial é vital para o sucesso do modelo de educação a distância (EaD) desenvolvido pela Universidade Aberta do Brasil (UAB)”. A identificação e resolução dos problemas existentes nos polos é essencial, a fim de que sua eficácia seja garantida, contribuindo para uma educação de qualidade.