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Mesmo que um destino conscientemente não faça a gestão da sua marca, as pessoas podem manter na sua mente uma imagem suscetível de influenciar as decisões (Morgan, Pritchard, & Pride, 2004) e, como tal, procurando-se saber os destinos turísticos de cidade que são significativos para os indivíduos que visitam Lisboa, foram identificadas 246 cidades que os inquiridos reconhecem como destinos turísticos de cidade. Deste modo, distinguindo quais as cidades mais referidas entre a amostra, foram elaboradas tabelas de posicionamento das cidades como destinos turísticos através de um ranking de 6 posições onde são referidas por ordem decrescente de frequência de respostas as cidades referenciadas pela amostra.

Assim, porque o reconhecimento de top of mind para os consumidores é um indicador de preferência de consumo sendo esse posicionamento para os destinos uma potencial vantagem competitiva (Pike, 2008), analisámos as cidades top of mind dos visitantes de Lisboa identificando os três primeiros destinos turísticos de cidade a surgir na mente dos inquiridos (Apêndice 3.3.1) e tendo-se assim verificado uma expressiva representação de cidades Europeias entre as cidades referidas, em especial cidades de países do Sul da Europa. Por exceção temos duas cidades do continente americano, nomeadamente a cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, e a cidade de Rio de Janeiro, no Brasil, referidas respetivamente por 3,7% e 2,6% da amostra como o terceiro

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destino turístico de cidade a surgir na mente. Face a estas observações, procurámos perceber se a elevada referência de cidades europeias como destinos turísticos de cidade top of mind estaria relacionado com o facto de 90,3% da amostra sere oriunda de países da Europa. Assim, através do teste de correlação de Spearman foi possível aferir que não existe uma relação com significância estatística entre estas duas observações (Apêndice 3.3.2).

No que se refere a Lisboa como destinos turísticos de cidade top of mind, percebemos que na mente os seus visitantes a cidade assume uma posição cimeira no conjunto das cidades mais referidas entre os destinos turísticos de cidade que surgem em primeiro, segundo e terceiro lugar na mente dos inquiridos (Apêndice 3.3.1). Nomeadamente porque entre o conjunto de 54 cidades identificadas como primeira a surgir na mente dos inquiridos, Lisboa é a cidade mais referida por 14,2% da amostra. Para cidade a surgir em segundo na mente dos inquiridos, entre as 79 nomeadas, Lisboa surge como a quarta cidade mais referida (7,5%). Por fim, no conjunto de cidades top of

mind, entre as 88 cidades referidas como terceira a surgir na mente dos inquiridos Lisboa

detém 10,5% das frequências de respostas sendo a segunda cidade mais referida. Neste contexto, e analisando a medida de distinção da marca na mente das pessoas com enfase na consciencialização e reconhecimento do destino, concluímos que para a cidade de Lisboa este é positivo (M=5,41, N=267, SD=1,193) tendo a maioria dos inquiridos (31,5%) concordado parcialmente que é fácil reconhecer Lisboa entre outras marcas de destinos (Apêndice 3.3.3). Tendo isto, realizou-se o teste Mann-Whitney U procurando comparar a referência de Lisboa como cidade top of mind com o seu reconhecimento entre outros destinos (Apêndice 3.3.4) e conclui-se que, embora os inquiridos que referiram a cidade de Lisboa como top of mind apresentem maior concordância de que é fácil reconhecer a marca Lisboa entre outras marcas de destinos, essa diferença não é estatisticamente significativa.

Também no estudo do posicionamento de destinos turísticos de cidade no conjunto de decisão dos visitantes da cidade de Lisboa considerados na amostra, porque a familiaridade com o destino surge como um fator positivo e negativo na sua avaliação e na formação da imagem pois é essencialmente associado a uma impressão mais realista do destino baseada em experiências passadas (Oppermann, 2000), consecutivamente listámos os destinos turísticos de cidade segundo a experiência anterior e a recomendação, nomeadamente segundo as cidades já anteriormente visitadas mas que não se gostou da visita e também as cidades que alguém já tenha falado favoravelmente

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os inquiridos referem não ter gostado de visitar, percebemos que entre as 92 cidades identificadas Lisboa também foi referida por 1,1% da amostra sendo que, embora seja uma frequência de resposta baixa e igual para 8 cidades, procurámos perceber a sua representatividade entre a amostra. Assim, procurou-se perceber as diferenças entre quem refere ou não Lisboa como uma cidade visitada mas que não se gostou para com as associações afetivas ao destino Lisboa, que foram medidas pelo grau do efeito positivo da visita para os indivíduos e tendo sido avaliadas favoravelmente pelos inquiridos (M=5,73, N=267, SD=1,208) ao afirmarem que se sentem bem quando visitam Lisboa como destino trístico de cidade sendo a maioria das respostas apresentada por concordância total (31,8%) e concordância parcial (31,5%) (Apêndice 3.3.6). Como tal, por recurso ao teste Mann-Whitney U concluímos que existe uma diferença estatisticamente significativa na avaliação das associações afetivas ao destino Lisboa para quem não refere a cidade como sendo uma que visitaram e não gostaram (U=19,000, n=172, p=0,004), nomeadamente porque o grau de concordância para “Sinto- me bem quando visito esta cidade” é superior entre os inquiridos que não referiram Lisboa na experiência anterior negativa (Apêndice 3.3.7).

Também nas tabelas de posicionamento das cidades por recomendação positivas, quando alguém falou favoravelmente, e por recomendação negativa, quando alguém falou desfavoravelmente, (Apêndice 3.3.5) encontramos a cidade de Lisboa respetivamente na terceira posição (6,4%), entre as 81 cidades referidas, e na segunda posição (3,7%), entre as 75 cidades nomeadas. Por conseguinte, também pelo teste Mann-Whitney U procurámos aferir as diferenças na avaliação das associações afetivas ao destino Lisboa e a referência da cidade como recomendada positivamente ou negativamente (Apêndice 3.3.7) tendo-se concluído que não existem diferenças com significância estatística entre as observações, ainda que o maior grau de concordância para “Sinto-me bem quando visito esta cidade” seja entre os indivíduos que referem a cidade de Lisboa como sido recomendada positivamente (U=1908,500, n=267, p=0,465) e entre os indivíduos que não referem a cidade de Lisboa como tendo sido recomendada negativamente (U=551,000, n=167, p=0,100).

Contudo, é de destacar que tanto para o conjunto de cidades que os inquiridos visitaram e não gostaram (35,6%) bem como para o conjunto de cidades que alguém tenha falado desfavoravelmente (37,5%) encontramos uma considerável frequência de não respostas que pode ser explicada por diariamente os consumidores serem “bombardeados” por informações de diferentes produtos e que por isso as pessoas são suscetíveis a olhar e recordar as coisas que são de seu interesse em vez de coisas que

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não o são, sendo que a forma como as pessoas perscrutam a informação está relacionada com os benefícios que eles procuram (Ratneshwar, et al., 1997) na medida em que para se fazer a melhor escolha de consumo possível é essencial a análise cuidada de todos os atributos, e o seu nível de importância, bem como de possíveis alternativas mais positivas que possam satisfazer a necessidade, podendo a decisão mais precisa e a escolha ser melhor quando toda a informação é considerada (Posavac, Sanbonmatsu, & Ho, 2002). Assim, entendemos que com base na informação de interesse considerada pelo visitante foi feita uma seleção positiva dos destinos em desfavor de outras recordações negativas.

Ainda na análise do posicionamento de destinos turísticos de cidade revemos as observações segundo a perceção económica dos inquiridos sobre os destinos turísticos de cidade, na medida em que foi também elaborado o ranking das cidades referidas como dispendiosas e das cidades referidas como baratas (Apêndice 3.3.8). Novamente observamos uma predominância de cidades de países da Europa à exceção das cidades Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e Nova Iorque, nos Estados Unidos, com 5,2% da frequência de resposta no que refere às cidades consideradas dispendiosas entre os inquiridos. Não obstante, no posicionamento de destinos turísticos de cidades considerados dispendiosos e baratos, também a cidade de Lisboa foi mencionada pelos inquiridos como uma cidade dispendiosa (13,9%), ocupando a segunda posição, e como uma cidade barata (22,1%), ocupando a primeira posição no conjunto de cidades.

Por conseguinte, com recurso ao teste de Mann-Whitney seguimos a análise no sentido de perceber se existem disparidades na perceção económica da cidade entre os inquiridos de nacionalidade portuguesa para os de outras nacionalidades (Apêndice 3.3.9), visto que existe uma predominância de inquiridos de nacionalidade portuguesa e pensamos que o período de instabilidade económica atual do país pode influenciar a avaliação dos indivíduos. Assim, como expectado, pudemos confirmar a existência de uma diferença estatisticamente significativa na forma como Lisboa é percebida economicamente em função da nacionalidade, nomeadamente porque concluímos que Lisboa é mais referida como uma cidade dispendiosa pelos indivíduos de nacionalidade portuguesa (U=6039,000, n=267, p=0,001) e por oposição é mais referida como uma cidade barata pelos indivíduos de outras nacionalidades (U=551,000, n=267, p=0,000).

Contudo, também na análise da perceção económica da cidade de Lisboa foram considerados atributos que permitem medir o ambiente socioeconómico do destino e que para a Lisboa foram avaliados positivamente (Apêndice 3.4.9) com base na concordância

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serviços de alto nível (M=4,89, N=267, SD=1,144) e tem serviços turísticos de baixo preço (M=4,54, N=267, SD=1,436). Tendo isto, realizámos o teste de correlação de Spearman com a intenção de medir a relação entre a perceção económica sobre a cidade e a avaliação do seu ambiente socioeconómico (Apêndice 3.3.10). Desse modo concluímos que existem relações estatisticamente significativas, nomeadamente na associação baixa positiva que existe entre quem refere Lisboa como uma cidade barata e entende que tem serviços turísticos de baixo preço (rs=0,201, n=267, p=0,001) ou mesmo

na associação muito baixa entre quem refere Lisboa como uma cidade barata e considera que oferece uma boa relação custo/benefício (rs=0,168, n=267, p=0,006).

Conclusivamente, percebemos que pela análise das tabelas de posicionamento das cidades como destinos turísticos, a cidade de Lisboa revela posições de destaque em todas as categorias em análise por relação as outras cidades nomeadas pelos inquiridos e, como tal, entendemos que Lisboa como destino turístico de cidade é considerada no conjunto de decisão dos visitantes de destinos turísticos de cidade tendo por isso um bom posicionamento e, como referem Pike (2012) e Aaker (1996), tendo por conseguinte uma vantagem competitiva face aos seus destinos concorrentes.

V.5. A imagem da marca Lisboa como destino turístico de cidade