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PRIM EIR AS REFERÊNCIAS AOS EVANGELHOS

I . A T R A D IÇ Ã O D O S A N C IÃ O S (P A D R E S A P O ST Ó L IC O S) P ap ias, B isp o de H ieráp olis ( c . 1 3 0 ), E xposição sôbre

os O ráculos do S en hor, em E usébio, H . E . I I I . 39

A tribuem -se a P ap ias cinco livros in titu lad os “ D e in terp re -

ta tio n e oraculorum dom in icoru m ”. Irin eu afirm a que esta fo i sua

ú n ica obra e a crescen ta : “ E stas coisas são testem unhadas por P apias, d iscípulo de João e am igo de P olicarpo, no livro quarto d e sua obra, que consta de cinco liv ro s” . T al é o testem unho de Irin eu . O pró­ prio P ap ias, porém , n a introdução, não afirm a ter sido discípulo ocular e auricular dos santos apóstolos, m as declara apenas ter rece­ bido a norm a da fé de fam iliares dos apóstolos: “ N ão hesitarei em com unicar-vos, ju n tam en te com m inha interpretação, tu d o quanto outrora aprendi d iligentem ente dos m ais antigos, confiando-o cuida­ dosam ente à m inha m em ória: tenho p len a certeza de sua fid elid a d e. P ois, n un ca gostei de seguir, como costum am outros, a hom ens abun­ dantes em palavras, senão a hom ens que ensinam a verdad e; nem a hom ens que relem bram preceitos estranhos e desusados, m as a hom ens que recordam os m andam entos que o Senhor confiou à nossa fé e que procedem da verdade em p essoa. Tôda vez que encontrei alguém que conversou com os antigos, p erguntei-lhe d iligentem ente acerca dos ditos dêstes, do que A ndré, P edro, F ilip e, Tom é, Tiago, João, M ateus, ou qualquer outro d iscípulo do Senhor, costum avam n arrar. Sem pre pensei que tira ria m enos proveito de livros e m uito m ais da palavra viva dos sobreviventes” .

[Eusébio passa a fala r com certo desdém de certas histórias de Papias, p articu larm en te de sua in terp retação m ilenarista das parábolas do Senhor. “ Evidentem ente, P ap ias era dotado de um gênio um tan to m ediocre, pois é o que se conclui de seus escrito s” ; contudo, m ais abaixo ( I I I .36.2), não deixa de render trib u to à sua eru d ição .]

1 4 . P ap ias transm ite-nos outras narrativas do citado A ris- tião relativas aos discursos do Senhor e às tradições derivadas de João, o A n ciã o . P razeroso em indicá-las aos estudiosos que as con­ sultarão, acrescentarei ainda o que P ap ia s anotou com respeito a M arcos, o ev an g elista. E is suas p alavras: “ O ancião João contava que M arcos se to m o u o intérp rete de P ed ro e diligentem ente, embora sem ordem , escreveu tôdas as coisas que, sôbre ditos e fatos do Senhor, confiara à sua m em ória; pois, pessoalm ente, nun ca v iu nem seguiu ao Senhor, m as, como acabo de dizer, v iv eu com P ed ro . Pedro pregava o E vangelho para b enefício dos ouvintes e não p ara fo r­ m ular algum a h istória sistem ática das palavras do Sen hor. P or­ tan to, M arcos não errou escrevendo as coisas conform e as tirava da m em ória;1 preocupava-o um a só coisa: n ada om itir de tudo quanto tin ha ouvido e não lhe acrescentar falsidad e algu m a” . Isto é o que conta P ap ias sôbre M arcos.

Quanto a M ateus inform a o que segu e: “ M ateus, de início, escreveu os “ logia”2 ou oráculos do Senhor na lín g u a do hebreu e cada qual os interp retou da m elhor form a p ossív el” .

P ap ias u tilizou ainda testem unhos tirados da p rim eira carta de João e da prim eira de P ed ro.

I I . OS E V A N G E L IS T A S E S U A S F O N T E S

Irin eu , B ispo de Leão, fim do segundo século:

A ã v e rsu s haereses, I I I . 1 .1 (em E usébio, H . E . V . 8 )

M ateus p ublicou entre os hebreus um E vangelho escrito na própria lín g u a dêles, enquanto P edro e P au lo anunciavam Cristo em Rom a e lançavam os alicerces da Ig r e ja . D ep ois da m orte dêstes, M arcos, d iscípu lo e intérp rete de P edro, nos entregou escrito o essencial da pregação de P ed ro. L ucas, discípulo de P au lo, regis­ trou em um livro o E vangelho pregado, por seu m estre. João, o d iscípu lo do Senhor, que se reclinou em seu seio, produziu, por últim o, seu próprio E vangelho quando habitava em É feso, na Á sia. I I I . O C A N O N D E M U R A T O R I

T exto em W esteott, Canon of N . T . , A p p . C

[E scrito etn latim bárbaro, provavelm ente no século oitavo, por um escrito r descuidado e ig n o ran te. O original grego possivelm ente date do fim do segundo século.]

1. O u, talvez, “ êle (P e d ro ) relato u ” . O grego, e m n ê m ó n e y s e n , a p e m n ê m á - n e y s m pode d a r am bos os significados.

. . .A o qual êle [M arcos?] fo i apresentado e assim os registrou. O terceiro livro do E vangelho é aquêle segundo L u cas. Lucas, o m édico, quando, após a ascensão de Cristo, P a u lo o tom ou como um estudioso [ou, p ro và velm en te, como com panheiro de viag em ], escreveu em seu próprio nom e aquilo que havia falado (ou, orde­ n a d o ], em bora não tivesse v isto o Senhor em carne. Ê le ordenou os

acontecim entos com o lhe fo i p ossível verificar, com eçando sua n arra­ tiv a com o nascim ento de J o ão .

O quarto E vangelho é o de João, um dos discípulos. . . . S oli­ citado p or seus discípulos e por bispos, o venerável ancião respon­ d e u : “ J eju a i com igo três dias a p a rtir de agora e com eçarei a

relatar para todos tudo quanto cum pra ser revelado a cada um de n ó s ” . N a m esm a n oite fo i revelado a A ndré, um dos doze, que João d e v ia pessoalm ente narrar tôdas as coisas conform e as podia

record ar. . .

A lém disso, tem os ainda, in clu íd os num livro, os A tos de ■todos os A p óstolos. L ucas os endereçou ao excelentíssim o T eófilo, pois em sua presença ocorreram m uitos dos acontecim entos rela­ ta d o s. E laborou seu p lano excluindo a paixão de P edro e a viagem d e P au lo de Rom a à E sp a n h a.

Q uanto às epístolas de P aulo, . . .êste só escreveu a sete igrejas, n a segu inte ordem : a prim eira aos C oríntios, a segunda aos E fésios,

& terceira aos F ilip en ses, a quarta aos Colossenses, a Q uinta aos

•Gálatas, a sexta aos Tessalonicenses, a sétim a aos R om anos. . . A lém destas, escreveu um a carta a F ilem om , outra a T ito e duas a T im ó teo . E sta s u ltim as foram escritas a títu lo de am izade pessoal, m as se tornaram consagradas pelo alto aprêço que lhes deu a Igreja C atólica, que nelas v iu as pautas de sua disciplina eclesiástica. C ircula ainda um a carta aos L aodicenses e outra aos A lexandrinos, ■atribuídas espüriam ente a P au lo para fazer acreditar a heresia de M árcion. E x istem ainda outras que não podem entrar no cânon •católico, porquanto não é bom m isturar fe l com m el.

E n tretanto, a E p ísto la de Ju d a s e as duas cartas com o nom e d e João são recebidas na Ig reja C atólica; tam bém o livro da Sabe­

doria, escrito por am igos de Salom ão em sua h onra. Igualm ente aceitam os o A p ocalipse de João e tam bém o de P ed ro3, embora •3. U m a provável correção lê “ só um a ó iic a epístola de P e d ro ; um a segunda

m u itos não aceitem a leitu ra dêste n a Ig r e ja . O P a sto r, no entanto, fo i escrito bem recentem ente em nossos dias por H erm as, na cidade d e Roma, quando seu irm ão, o B ispo P io, ocupava a Ig reja d e R om a. E is p or que deve ser lid o ; m as não publicam ente na Ig re ja em presença do povo, nem entre os p rofetas cujo núm ero é com­ p leto [?], nem en tre os a p ó s to lo s ...