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h. bettenson - Bettenson documentos da igreja crista

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(1)

h. bettenson

DOCUMENTOS

M

IÔREJA

CRISTÃ

(2)
(3)

O t t o G u s t a v o O t t o

Presidente

A h a r o n S a p s e z i a n

(4)

Seleção de

H E N R Y B E T T E N S O N

DOCUM ENTOS

DA

IGREJA CRISTÃ

Tradução

H e l m u t h A l f r e d o S i m o n

AS

t e

(5)

T ítulo do original em inglês:

DOCUMENTS OF THE CH R ISTIAN CHURCH

Oxford, University Press

2.a edição, 1963

Edição em língu a portuguêsa, com colaboração do Fundo de Educação Teológica,

pela

ASSOCIAÇÃO DE SEMINÁRIOS TEOLÓGICOS EVANGÉLICOS

(6)

P re fá cio d o T ra d u to r P refácio d o A u to r . .

r7 19

P A R T E I

A I G R E J A P R I M I T I V A (A T É O C O N C I L I O D E C A L C E D Ô N I A , E M 451)

S E C Ç Ã O I

A I G R E J A E O M U N D O

I . A U T O R E S C L Á S S IC O S E O C R IS T IA N IS M O ... 26 a . T á c ito : O ju lg a m e n to de P o m p ô n ia G re c in a — A p erse g u i­

ção d e N e ro

b . S u etô n io : O s ju d e u s são expulsos d e R o m a — A p erse g u i­ ção d e N e ro

c . P lín io , o Jo v em : O s cristãos d e B itín ia — A p o lítica d e T ra - ja n o p a ra co m os cristãos

I I . C R IS T IA N IS M O E E N S I N O A N T I G O ... 30 a . A o p in iã o “ lib e ra l”

b . A o p in iã o “ n e g a tiv a ” c . O u tro “ lib e ra l”

a . O rescrito d e A d ria n o a C a io M in ú c io F u n d a n o b . T e rtu lia n o e a perseguição"

c . L e a ld a d e d o s cristãos a seu Im p e ra d o r d . A p erseg u ição d e N e ro

e . O m a rtírio d e P o licarp o f . A p erseg u ição d e L eã o e V ien a g . A p erseg u ição em te m p o s d e D écio

h . A p erseg u ição d u ra n te o re in a d o d e V ale rian o i . O rescrito d e G alien o

j . A p erseg u ição d io clecian a

k . T e n ta tiv a de resta u raçã o d o p ag a n ism o sob M a x im in o 1. O ed ito d e to le rân cia

m . O e d ito d e M ilão

n . A p o io d a d o p o r C o n s ta n tin o à Ig re ja

o . A legislação d e C o n s ta n tin o a fav o r d a Ig re ja p . C a rta d e Ó sio a C o n stân cio

q . Ju lian o , o A p ó sta ta , e a to le rân cia

r . Ju lian o o p in a sôbre o c ristian ism o : O cu lto d e Jesus e dos

I I I . IG R E J A E E S T A D O 33

(7)

s. G ra c ia n o e o ju lg a m e n to dos bispos — Ju risd iç ão d a Sede R o m a n a

t. O rd e n a n ç a d e G ra c ia n o sôbre casos eclesiásticos, civis o u c rim in ais

u . T e o d ó sio I : católicos e hereg es

v . E d ito de V a le n tin ia n o I I I — A p rim a z ia p ap al

S E C Ç Ã Q II

O S C R E D O S

I . O C R E D O D O S A P Ó S T O L O S ... 54

I I .

O CREDO NICENO ...

54

a . O C re d o d e C esaréia

b . O C re d o d e N icé ia c. O C red o “ N ic e n o ”

S E C Ç Ã O III

P R I M E I R A S R E F E R Ê N C I A S A O S E V A N G E L H O S

I . A T R A D IÇ Ã O D O S A N C IÃ O S (P A D R E S A P O S T Ó L IC O S ) 57

I I . O S E V A N G E L IS T A S E S U A S F O N T E S ... 58 I I I . O C Â N O N D E M U R A T O R I ... 58

S E C Ç Ã O IV

A P E S S O A E A O B R A D E C R I S T O

I . I N Á C I O ... 61 I I . I R I N E U ... 61

a . A “ re c ap itu laç ão ” e m C risto

b . A san tificação d e cad a id a d e d a v id a c . A red en ção d o p o d e r satân ico

I I I . T E R T U L I A N O E A E N C A R N A Ç Ã O D O V E R B O ... 63 I V . D I O N Í S I O : S Ô B R E A T R I N D A D E E À E N C A R N A Ç Ã O . 63

V . A T A N Á S I O E A E X P IA Ç Ã O ... 65 a . C risto salva re sta u ra n d o

b . S alvação se g u n d o a revelação

V I . A R E C O N C IL IA Ç Ã O : U M A T R A N S A Ç Ã O C O M O D IA B O ... 67 V II . H E R E S IA S S Ô B R E A P E S S O A D E C R IS T O ... 67

a . O d ocetism o

(8)

c . O m o n a rq u ia n is m o : i . P a trip a ssia n ism o — 2 . Sabelia- n ism o

d . O a ria n ism o : 1. C a rta d e Á rio a E u séb io — 2 . O silogis­ m o a ria n o — 3 . C a rta d o S ín o d o d e N ic é ia — C o n d e n aç ão d e Á rio

e . E sfo rço s p a ra d e s v irtu a r as fo rm a s d e N ic é ia : 1. O C red o d a D ed icação — 2 . A b lasfêm ia d e E s m irn a — 3 . U m a te n ta tiv a d e co m p ro m isso : O “C re d o D a ta d o ”

S E C Ç Ã O V

O P R O B L E M A D A R E L A Ç Ã O D A H U M A N I D A D E

E D A D I V I N D A D E E M C R I S T O

I . O A P O L IN A R IS M O ... 78 I I . O N E S T O R IA N IS M O ... 79

a . A n á te m a s d e C irilo d e A le x a n d ria b . E x p o sição de C irilo

I I I . O E U T I Q U IA N IS M O ... 82 a . E u tiq u e s a d m ite q u e . . .

b . O T o m o d e L eão

c . A d efin ição d e C alced ô n ia

S E C Ç Ã O V I

O P E L A G I A N I S M OA N A T U R E Z A D O H O M E M ,

D O P E C A D O E D A G R A Ç A

I . O E N S I N O D E P E L Á G I O ... 87 a . C a rta a D e m é trio

b . P elá g io e a lib e rd a d e h u m a n a c. P elág io e o p ecad o o rig in a l

I I . A D O U T R I N A A T R I B U ÍD A A P E L Á G IO E A C E L É S T IO 88

I I I . A D O U T R IN A D E A G O S T IN H O .... 89

a . P a la v ra q u e irrito u P elág io

b . A g o stin h o e a g ra ç a — A g o stin h o e a g raç a p rev e n ien te — A g o stin h o e a g raça irresistív el

c . A d o u trin a d e A g o stin h o sôbre a p red estin ação d . A concepção ag o s tin ia n a de lib e rd ad e

e . L ib e rd a d e e g raça

IV . O C O N C Í L IO D E C A R T A G O — C Â N O N E S S Ô B R E O P E C A D O E A G R A Ç A ... 9 4

V . O S ÍN O D O D E A R L E S — O S E M I P E L A G I A N I S M O ... 96

(9)

D O U T R I N A E D E S E N V O L V I M E N T O — C Â N O N V

I-C E N T I N O ... ... 123

S E C Ç Ã O X

IN S C R IÇ Õ E S C R IS T Ã S Q U E IL U S T R A M O C R IS T IA N IS ­

M O P O P U L A R D O S T E R C E IR O E Q U A R T O S É C U L O S . 126

P A R T E II

D O C O N C I L I O D E C A L C E D Ô N I A A T É O P R E S E N T E

S E C Ç Ã O I

D E C A L C E D Ô N I A A T É O C I S M A E N T R E O O R I E N T E

E O O C I D E N T E

I . A S IG R E JA S O R I E N T A I S E O C I D E N T A IS ... 130 a . O H e n o t i J ç o n d e Z e n ã o

b . O s “ T rê s C a p ítu lo s” c . A co n tro v é rsia m o n o te lita d . A co n tro v é rsia iconoclasta e. N ic o la u I e a sé apostólica

I I . A R U P T U R A F I N A L E N T R E O R I E N T E E O C I D E N T E E M 1054 ... 138

S E C Ç Ã O II

O I M P É R I O E O P A P A D O

I . C A R L O S M A G N O E A E D U C A Ç Ã O ... ' 139 I I . A “D O A Ç Ã O D E C O N S T A N T I N O ” , O IT A V O S É C U L O . . 139

I I I . IG R E J A E E S T A D O ...143 a . D ec re to sôbre as eleições p ap ais

b . C a rta d o S ín o d o d e W o rm s a G re g ó rio V II c . D ep o sição d e H e n r iq u e IV p o r G re g ó rio V II d . C a rta de G re g ó rio V II ao B ispo d e M e tz

I V . O F IM D A L U T A S Ô B R E A S I N V E S T ID U R A S ... 154 a . C o n c o rd a ta de W o rm s : 1. A cô rd o d o P a p a C a lix to II —

2 . E d ito d o Im p e ra d o r H e n r iq u e V

b . In o cên cio I II sôbre o im p é rio e o p ap a d o : “ A L u a e o S ol” V . O P A P A E A S E L E IÇ Õ E S I M P E R I A I S ... 156

(10)

M O N A S T1C I S M O E F R A D E S

I . A R E G R A D E S Ã O B E N T O ... 161 I I . A R E G R A D E S Ã O F R A N C IS C O ... 175

S E C Ç Ã O IV

I G R E J A E H E R E S I A

I . A IN Q U IS IÇ Ã O E P IS C O P A L E O P O D E R S E C U L A R . . . . 180 I I . A J U S T IF IC A Ç Ã O D A I N Q U IS IÇ Ã O ... 181

S E C Ç Ã O V

0 M O V I M E N T O C O N C I L I A R

I . O D E C R E T O " S A C R O S A N C T A ” D O C O N C Í L I O D E

C O N S T A N Ç A ... 183 I I . A B U L A “ E X E C R A B1L I S ” D E P IO II ... 184

S E C Ç Ã O V I

E S C O L A S T I C I S M O

I . A “ P R O V A O N T O L Ó G IC A ” D E A N S E L M O S Ô B R E A E X IS T Ê N C IA D E D E U S ... 185 I I . A D O U T R I N A D E A N S E L M O S Ô B R E A E X P IA Ç Ã O . . . 186 I I I . T O M Á S D E A Q U I N O ... 188

a . S ô b re a fé

b . S ôbre a en carn ação c . S ôbre a expiação

d . S ô b re a eu c aristia: A d o u trin a d a tran su b stan c iaç ão

S E C Ç Ã O V II

A I G R E J A N A I N G L A T E R R A A T É A R E F O R M A

I . G R E G Ó R IO , O G R A N D E , E A IG R E J A D A I N G L A T E R R A 201 a . C a rta d e G re g ó rio a E u ló g io , P a tria rc a d e A le x a n d ria

b . C o n selh o d e G re g ó rio a A g o stin h o sôbre a p ro v isão litú rg ic a p a ra a In g la te rra

c. E s q u e m a de G re g ó rio p a ra a o rg a n iz a ç ã o d a Ig re ja d a I n ­ g la te rra

I I . O P R IM E IR O S Í N O D O N A C I O N A L D A IG R E J A D A I N G L A T E R R A ... 203 I I I . G U IL H E R M E , O C O N Q U IS T A D O R , E A IG R E J A ... 205

(11)

I V . H E N R I Q U E E A N S E L M O ... 206

a . A posição co n stitu c io n al d o arceb isp o — C a rta d e H e n r iq u e a A n selm o b . O ac ô rd o de Bec V . A C O N S T I T U IÇ Ã O D E C L A R E N D O N ... 208

V I . O I N T E R D I T O P A P A L S Ô B R E A I N G L A T E R R A ... 212

V I I . E N T R E G A D O R E I N O A O P A P A P O R JO Ã O ... 214

V I I I . A C A R T A E C L E S IÁ S T IC A D E JO Ã O ... 215

I X . A S C L Á U S U L A S E C L E S IÁ S T IC A S D A M A G N A C A R T A . 217 X . W Y C L I F F E E O S L O L A R D O S ... 218

a . A s proposições d e W y c liffe c o n d e n ad a s e m L o n d re s e n o C o n cilio d e C o n stan ç a b . A s conclusões d o s L o la rd o s b . D e h a e r e t i c o c o m b u r e n d o S E C Ç Ã O V III A R E F O R M A N O C O N T I N E N T E E U R O P E U I . A R E F O R M A L U T E R A N A ... 228

a . A b u la " U n i g e n i t u s ” d e C le m e n te V I b . O m e ca n ism o d as in d u lg ê n cias c . A s n o v e n ta e cinco teses d e L u te ro d . A d isp u ta de L e ip z ig e . D o is tra ta d o s d e 1520: 1. A p êlo à n o b re z a g e rm â n ic a — 2 . O ca tiv e iro b ab ilô n ico d a Ig re ja f . A D ie ta d e W o rm s g o catecism o breve h . A confissão d e A u g sb u rg o I I . O C A L V IN IS M O ... 263

I I I . A P A Z D E A U G S B U R G O ... 266

I V . O E D I T O D E N A N T E S ... 267

V I . A P A Z D E W E S T F Á L I A ... 268

S E C Ç Ã O IX A R E F O R M A N A I N G L A T E R R A I . A R E F O R M A SO B H E N R I Q U E V II I ... 269

a . A su bm issão d o clero

b . O p rin c íp io leg al — restrição d o s apelos c . O p rin c íp io eclesiástico: O a to d a d isp e n sa d . O a to d e su p rem a cia

(12)

f. A co n d en ação d e H e n r iq u e pelo p a p a g . O s seis artig o s

I I . O E S T A B E L E C I M E N T O E L IS A B E T A N O ... 275

a . O A to d e S u p re m ac ia b . A b u la p a p a l c o n tra E lisab ete S E C Ç Ã O X I G R E J A S D I S S I D E N T E S N A I N G L A T E R R A I . O P R E S B IT E R IA N IS M O ... 278

I I . C O N F IS S Õ E S B A T IS T A S D E F É ... 282

a . A p rim e ira confissão b . A se g u n d a confissão I I I . O S I N D E P E N D E N T E S (C O N G R E G A C I O N A L I S M O ) . . . . 284

I V . O S Q U A C R E S ... 287

V . A O R G A N IZ A Ç Ã O D O S M E T O D IS T A S ... 291

a . O títu lo d e d eclaração b . O p la n o de pacificação c . O títu lo m o d ê lo d e depósito S E C Ç Ã O X I A I G R E J A R O M A N A D E S D E A C O N T R A - R E F O R M A A T É 0 P R E S E N T E I . O S J E S U ÍT A S ... 294

a . R eg ras p a ra p e n sa r co m a Ig re ja b . O b ed iê n cia dos jesuítas I I . O C O N C I L IO D E T R E N T O ... 297

a . S ôbre a escritu ra e a trad ição b . Sôbre o p ecado o rig in a l c.. Sôbre a ju stificação d . S ôbre a eu c aristia e . S ôbre a p en itên c ia f. Sôbre o san tíssim o sacrifício d a m issa g . Sôbre o p u rg a tó rio e a invocação d os santos h . S ôbre as in d u lg ê n cias I I I . A P R O F IS S Ã O D E F É T R I D E N T I N A ... 303

^ I V . O A R M IN IA N IS M O ... 305

- « .V . O J A N S E N IS M O : A s “C in co P roposições” ... 306

V I . A D E C L A R A Ç Ã O G A L IC A N A ... 307

V I I . A D O U T R I N A D A I M A C U L A D A C O N C E I Ç Ã O ... 308

(13)

X I . A D O U T R I N A D A IN F A L IB IL I D A D E P A P A L ... 310

X . O P A P A L E Ã O X III E A S O R D E N S A N G L I C A N A S ... 311

X I . A IG R E J A R O M A N A E O S P R O B L E M A S S O C IA IS ... 312 a . R e r u m N o v a r u m

b . Q u a d r a g é s i m o A n n o

c . M a t e r e t M a g i s t r a

X I I . A D O U T R I N A D A A S S U N Ç Ã O D A B E M -A V E N T U R A D A V IR G E M M A R IA ... 319

S E C Ç Ã O X II

A I G R E J A I N G L Ê S A N O S S É C U L O S X V I I A X I X

I . O A N G L IC A N IS M O D O S É C U L O X V II ... 321 a . A Ig re ja d a In g la te rra

b . A Ig re ja C a tó lica c . O cato licism o ro m a n o d . A ju stificação

e . A eu c aristia: 1. L an c elo t A n d re w e s —■ 2 . Jerem ias T a y lo r f . A confissão

g . A o raç ão pelos m o rto s

I I . A C O N T R O V É R S IA D E ÍS T IC A D O S É C U L O X V III ... 334 a . M a tth e w T in d a l

b . Jo h n T o la n d

I I I . O M O V IM E N T O D E O X F O R D ... 338 a . O “ S erm ão d o T r ib u n a l”

b . O T ra ta d o X C _ _ — ... ... _

V I . A S O R D E N S A N G L IC A N A S ... 345

S E C Ç Ã O X III

A U N I D A D E C R I S T Ã

I . U M A P Ê L O P A R A R E U N IÃ O ... 350 I I . A IG R E J A O R T O D O X A E A S O R D E N S A N G L IC A N A S . . 353 I I I . A S IG R E JA S V E L H O -C A T Ó L IC A S E A C O M U N H Ã O A N ­

G L IC A N A ... 353 I V . A IG R E J A D O S U L D A Í N D I A ... 354 V . O C O N S E L H O M U N D I A L D E IG R E J A S ... 357

a . C o n stitu iç ão d o C o n selh o M u n d ia l d e Ig rejas b . E m e n d a d a “ B ase” d a C o n s titu iç ã o

(14)
(15)

Os estudiosos ã a H istó ria E clesiá stica sem pre se ressen tiam , nos países de fa la p ortu g u esa, d a ausência quase com pleta dos textos e docum entos cristãos que fize ra m época e criaram h istória. É verd a d e que existem h oje em d ia g ra n d es e valiosas coleções de tais textos, q u er Tias lín gu as originais em que fo ra m com postos, qu er nas p rin c ip a is língu as m odernas. M as nenhum a coleção dig n a d êste nome ex istia em po rtu g u ês. D a í te r a A S T E , em boa hora, decid ido fa zer v e r te r p a ra o vern ácu lo a conhecida obra de B etten son .

N esta obra todos os docum entos estão ve rtid o s p a ra o inglês,

exceto aquelas que fo ra m o rigin alm en te com postos n esta língua. E como a tra d u çã o do a u to r p o d ia às vêzes deixa r lu gar a dú vidas quanto ao verd ad eiro sen tido de d eterm in a d a passagem), fo ra m con­ su ltados os docum entos originaissobretu do os em grego e latim

—■p a ra que a versão p o rtu g u êsa repro du zisse ãa m aneira m ais fiel p o ssível aquêles ven eráveis ãocum entos ãa ig re ja antiga.

B etten so n p erten ce à I g r e ja A n glican a. P o r isto é com preensível que ten ha reserva d o gran de espaço aos ãocu m en tos que se referem à origem e ao ãesen volvim en to ãa I g r e ja n a I n g la te rra, sobretuão a p a r tir ãa R eform a. Como se tr a ta ãe ãocum entos que não têm m aior in terêsse p a ra as ou tras confissões cristãs, tom am os a liberdade ãe resum ir alguns ãocum entos m ais extensos e ãe om itir outros que, a nosso ju ízo , só tinh am in terêsse especial p a ra as ig reja s ãe traãição an glicana e episcopal.

(16)

A p resen te obra tem u m a ev id e n te fin a lid a d e ecum ênica. Não há ou tro estu do m ais pro veito so p a ra a m p lia r nossas idéias e quebrar nosso u n ilaterálism o confessional do que ler e m ed ita r a v a sta messe de docum entos cristãos de v in te séculos, colecionados na p resen te obra. A tra v é s d êles com eçam os a co m preen der como a I g r e ja d e todos os séculos é ao m esm o tem po d ivin a e hum ana; d ivin a no E s p írito ãe D eus evid en tem en te p resen te em tôd a s as ren ovadas te n ta tiv a s ãe fo rm u la r a P a la vra B eve la ã a ; hum anadem asiadam en te huma/na, às vêzesna m an eira lim ita d a , e condicionada pelo tem p o , d e a p r e ­ sen ta r aquela d iv in a P a la vra . M as, “ a P a la v ra do S en hor perm anece p a ra sem p re” .

(17)

P R E F Á C I O

N esta seleção de docum entos cristãos, gniou-nos o desejo de proporcionar a leitores e curiosos em geral dados referen tes ao de­ senvolvim ento da Ig re ja e de suas d ou trin as. U m tom o reduzidíssi­ mo, como êste, abarcando tan tos séculos de reflexão sôbre m atéria tão dilatada, não pretende trazer coisas desconhecidas do especia­ lista . A p en as esperam os que aqui, reunida n um só volum e, se en­ contre grande parte dos docum entos dissem inados em obras de caráter m ais geral. N ão evitaríam os lacunas consideráveis e óbvias: a m ais evidente, talvez, é o nosso silêncio absoluto sôbre a Igreja O riental a p a rtir do Grande Cism a até o ano 1922. P ostos a om itir m uitas coisas e cientes do fato inegável, em bora lastim oso, de que entre nós o estudo, mesmo sum ário, da Ig reja O riental de após-cism a é cam po reservado a especialistas, pareceu-nos de bom alvitre não tocar num assunto que, em obra dêste tam anho e propósito, não podia ser tratado adequada e proveitosam ente.

V ia de regra, tem os pensado m ais ú til transcrever poucos docum entos de algum a substância, do que um retalho de m il frag ­ m entos; aceitando o risco de certo desequilíbrio, optam os por agru­ par docum entos relacionados entre si, e abandonar a m archa crono­ lógica e o surto desconexo dos d iferentes tem as ao longo da H istória . Também preferim os não dispensar ig u a l cuidado a qualquer m atéria tratad a; mas, a assuntos de m aior m onta e m ais falto s de explicação, dedicam os anotações e com entários m ais exp lícito s.

(18)

U m a p rim eira secção é dedicada às relações exteriores da Igreja, a seus progressos como organização inicialm ente não reconhe­ cida, perseguida pelo E stado, logo tolerada, depois entronizada e tor­ n ada consócia do Im pério, fin alm en te capaz de afirm ar sua prepon­ derância sôbre o poder secular. A s outras secções, com exceção da últim a, tratam do desenvolvim ento d outrinai da época, da form ação gradual dos instrum entos de fé e cu lto . P ara concluir esta prim eira parte, dam os a transcrição do Cânon Y icentino, pedra d e toque da ortodoxia a n tig a . Ê ste registro de docum entos relativos a contro­ vérsias altas e freqüentem ente am argas é seguido de um a nom encla­ tura su cinta de inscrições cristãs, tiradas especialm ente das catacum ­ bas: elas ilustrarão o cristianism o popular dos prim eiros séculos; sôbre um assunto de tan to interêsse contentem o-nos com su a luz parca e parcial, já que n ada m ais nos resta a não ser raros fragm en­ tos de papiros que não relatam coisas de valor.

N a segunda parte, bem m ais rica, não procedia m ais a coordena­ ção em base de docum entos d outrinais; optam os pela ordem cronoló­ gica, salvo no relacionado com a Ig reja A n glicana, cu ja docum entação ocupa lugar à p a rte. D igam os desde já, — um a sim ples olhada nestas páginas, aliás, o m an ifesta — que nossa recom pilação obedece ao ponto de v ista anglicano, ju stifican d o-se assim a grande proporção de tex to s f anotações sôbre a Ig reja A n g lica n a . A lgu ém argüirá que a inserção de tantos docum entos legais, m uito extensos, relativos aos reinados de H enrique V I I I e E lisabete, se fêz à custa de outros m ais valiosos. R espondem os que a situação e o caráter p ecu liar da Ig reja A n glican a só se tornam com preensíveis à lu z de textos que evidenciam o cam inho que a levou a em ancipar-se de Rom a e d efin ir suas relações exp lícitas ou im p lícitas com o E stad o .

A s fon tes dêste florilégio se indicam na B ib lio g ra fia . O edi­ tor reconhece suas dívidas, especialm ente às coleções de “ K id d ”, “ D en zin ger” , “ M irb t” e “ Gee and H a rd y ” . U m a nota especial faz constar a autorização de reproduzir textos am parados por C o p yrig h t.

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T ôda vez que rodapés não indiquem algum a fon te especial, assum im os a responsabilidade das traduções; n a m aioria dos casos, porém , nossas versões foram d iligentem ente com paradas e revisadas sôbre anteriores tra d u çõ es: a B ib liografia indica as autoridades con su ltad as.

Q uando, na parte reservada à Ig reja A n glicana, abreviam os algum docum ento, sem pre rem etem os a “ Gee and H a rd y ”, onde os textos se acham com pletos.

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A G R A D E C I M E N T O S

D evem os agradecer, p ela g en til concessão de usar textos de sua propriedade, a:

H. M . S tation ery O ffice (S ta tu es o f th e B e a lm ).

Srs. Longm ans, Green & Co. (D arw ell S ton e: H is to r y o f the D o ctrin e o f th e E u c h a rist) .

Srs. M acm illan & Co. (H en ry Gee and W . J . H a rd y :

D ocum en ts lllu s tr a tiv e o f E n g lish C hurch H is to r y) .

Srs. M ethuen & Co. (R . G . D . L a ffa n : S elect D ocum en ts of E u ro p ea n H is to r y ; and W . F . R eddaw ay: S elect D ocum en ts of E u ro pea n H is to r y) .

The S. P . C. K . ( P . E . More and F . L . Cross: A n g lic a n ism ).

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A IGREJA PRIM ITIVA

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A IGREJA E O MUNDO

I. A U T O R E S C L Á SSIC O S E O C R IS T IA N IS M O a . T ácito ( c .6 0 - c .l2 0 )

0 ju lg am en to ã e P om p ôn ia G recina, 57 a .D . T ácito, A n n ales, X I I I . 32

P om pônia Grecina, dam a da alta sociedade (espôsa de A ulo P láu cio1 qne fêz jus, como já m encionado, à vocação com sua cam ­ panha contra a G rã-B retanha), fo i acusada de aderir a um a su p ers­ tição im portada; o próprio m arido a en tregou ; seguindo precedentes antigos, apresentou aos m em bros da fa m ília o caso que envolvia a condição lega l e a d ign id ade da espôsa. E sta fo i declarada inocente; P om pônia, porém , passou a transcorrer sua longa vida em constante m elancolia: m orta J ú lia ,2 filh a de D ruso, v iveu ainda quarenta anos trajando luto e fartando-se de tristeza . S ua absolvição, ocorrida em dias de Cláudio, veio a ser-lhe m otivo de glória.

[C onjeturou-se que esta “ superstição im p o rtad a” não e ra o u tra senão o cristianism o. C itam -se em abono desta hipótese inscrições do séc. I I I mencio­ nando com o cristãos m em bros da g e n s p o m p o n i a . “ P a r a a sociedade depravada

da era de N ero, a austeridade e o retraim ento de Pom pônia só podiam ser um luto perp étu o ” (F u m e a u x , T a c . A n n . ad lo c .) .]

A P erseguição ãe N ero, 64 Tácito, A n n ales, X V . 44

M as os em penhos hum anos, as liberalidades do im perador e os sacrifícios aos deuses não conseguiram apagar o escândalo e silenciar

1. Conquistou a p arte sul d a B retanha, 43-47 a .D .

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os rum ores de ter ordenado3 o incên dio de R om a. P a ra livrar-se de suspeitas, N ero culpou e castigou,4 com suprem os refinam en tos da crueldade, um a casta de hom ens detestados por su as abom inações5 e vulgarm ente cham ados cristã o s. Cristo, do qual seu nom e deriva, fo i executado por disposição de P ôncio P ilatos durante o reinado de Tibério. A lgu m tem po reprim ida, esta superstição p erniciosa voltou a brotar, já não apenas na Ju déia, seu berço, m as na própria Roma, receptáculo de quanto sórdido e degradante produz qualquer recanto da terra . Tudo, em Rom a, encontra segu idores. D e início, pois, foram arrastados todos os que se confessavam cristãos; logo, um a m ultidão enorm e convicta não de ser incendiária, m as acusada de ser o opróbrio do gênero h um ano. A crescente-se que, um a vez con­ denados a morrer, sua m orte d evia servir de distração, d e sorte que alguns, costurados em peles de anim ais, expiravam despedaçados por cachorros, outros m orriam crucificados, outros foram transform ados em tochas vivas para ilum inar a n o ite. N ero, para êstes festejos, abriu de p ar em par seus jardins, organizando espetáculos circenses em que êle mesmo aparecia m isturado com o populacho ou, vestido de cocheiro, conduzia sua carruagem . Suscitou-se assim um sentim ento de com iseração até para com hom ens cujos delitos m ereciam castigos exem plares, tan to m ais quanto se pressentia que eram sacrificados não para o bem público, m as para satisfação da crueldade d e um in d iv íd u o .

b . S uetôn io ( c . 75-160)

Os ju d e u s são expu lsos de R om a, c. 52 Suet. V ita C lau dii, X X V .4 (cf. A t 1 8 .2 )

. . . Como os judeus, à instigação de Cresto, não deixassem de provocar distúrbios, [C láudio] os expulsou de R o m a ...

[Provàvelm ente alude a querelas en tre judeus e doutores cristão s.]

A perseguição de N ero, 64 Suet. V ita N eron is, X Y I

D urante seu reinado, m uitos abusos, foram severam ente casti­ gados e ,o u tr a s tan tas leis p rom ulgadas. D eterm inou-se um lim ite a o s,g a sto s; os banquetes públicos .foram reduzidos só à alim entação;

3. O grande incêndio de R om a se deu no verão de 64 a .D .

4. S u b d i d i t : usou de fraudulenta substituição, ou de sugestão falsa. T ácito ' não cria n a culpa dêles.

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as tabernas, que outrora forneciam tôd a classe de guloseim as, dora­ van te venderiam apenas legum es e verduras cozidas; castigou-se aos cristãos sectários que aderiram a superstições novas e m aléficas; pôs-se um freio às p ulhas e aos abusos dos cocheiros que, fortes de um a longa im unidade, se arrogavam o direito de usar e abusar da gente, de se d ivertir roubando e d efra u d a n d o ; foram banidas as p a n ­ tom im as e com panhias teatrais.

c . P lín io , o J o vem (62-C .113)

Os cristãos ã e B itín ia , c . 112 P lín io , E p p . X ( aã T ra ja n e m ), X C V I

Tenho por praxe, Senhor, consultar Y ossa M ajestade, nas questões duvid osas. Quem m elhor d irigirá m inha incerteza e in s­ tru irá m inha ignorância? N unca tenho presenciado ju lgam entos de cristãos, ignoro, pois, as penalidades e instruções costum eiras, e mesmo as p autas em u so . [2] E stou hesitando acêrca de certas pergu n ­ ta s. P or exem plo, cum pre estabelecer diferenças e distinções de idade? Cabe o mesmo tratam ento a enferm os e a robustos? D eve perdoar-se a quem se retrata? A quem fo i sem pre cristão, com pete gratificar quando deixa de sê-lo? H á de punir-se o sim ples fa to de ser cristão, sem consideração a qualquer culpa, ou exclusivam ente os d elitos encobertos sob êste nom e?6

E ntretanto, eis o procedim ento que adotei nos casos que me foram subm etidos sob a acusação de cristianism o. [3] A os in cri­ m inados p ergunto se são cristãos. N a afirm ativa, repito a pergunta segu n da e terceira vez, cuidando de intim ar a pen a ca p ita l. Se persistem , os condeno à m orte. N ão duvido que sua pertinácia e obstinação in flex ív el devem ser punidas, seja qual fô r o crim e que con fessem . [4] A lg u n s apresentam indícios de loucura; tratan-do-se de cidadãos rom anos, os separo para os enviar a R om a. Mas o que geralm ente se dá é o seg u in te: o sim ples fato de ju lg a r essas causas confere enorm e divulgação às acusações, de modo que meu trib u n al está inundado com um a grande variedade d e c a s o s ..

[5 ] R ecebi um a lista anônim a com m uitos nom es. Os que negaram ser cristãos, considerei-os m erecedores de absolvição; de fa to , sob m inha pressão, devotaram -se aos deuses e reverenciaram com incenso e libações vossa im agem colocada, para êste propósito, ao lado das estátuas dos deuses, e, porm enor particular, am aldiçoaram a Cristo,

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eoisa que um genuíno cristão jam ais aceita fa z er. [6] Outros inculpados da lista anônim a com eçaram declarando-se cristãos, e logo negaram sê-lo, declarando ter professado esta religião durante algum tem po e renunciado a ela há três ou m ais anos; alguns a tinham abandonado há m ais de vin te anos. Todos veneraram vossa im agem e as estátuas dos deuses, am aldiçoando a C risto. [7] Foram unâ­ nim es em reconhecer que sua culpa se reduzia apenas a isso: em determ inados dias costum avam comer antes da alvorada e rezar res-ponsivam ente7 hinos a Cristo, como a um deus; ohrigavam -se por juram ento,8 não a algum crim e, m as à abstenção de roubos, rapinas, adultérios, p erjúrios e sonegação de depósitos reclam ados pelos donos. C oncluído êste rito, costum avam distribuir e com er seu alim ento: êste, aliás, era um alim ento comum e inofensivo. P ráticas essas que deixaram depois do edito que prom ulguei, de conform idade com vossas instruções proibindo as sociedades secretas. [8] Ju lgu ei bem m ais interessante descobrir que classe de sinceridade há nessas p ráticas: ap liq u ei tortura a duas m ôças cham adas diaconisas9 . Mas nada achei senão superstição baixa e ex travagan te. Suspendi, por­ tanto, m inhas observações na espera do vosso p arecer. [9] Creio que o assunto ju stifica m inha consulta, m orm ente tendo em v ista o grande núm ero de vítim as em p e r ig o : m uita gente de tôdas as idades e de ambos os sexos corre risco de ser denunciada, e o m al não terá como p arar. E sta superstição contagiou não apenas as cidades, mas as aldeias e até as estâncias rurais. Contudo o m al ainda pode ser contido e ven cid o. [10] Sem dúvida, os tem plos que estavam quase desertos são novam ente freqüentados; os ritos sagrados há m uito negligenciados, celebram -se de nôvo; onde, recentem ente, quase não havia com prador, se fornecem vítim as para sa crifícios. Ê sses in d í­ cios perm item esperar que, dando-lhes oportunidade de se retratar, legiões de hom ens sejam suscetíveis de em enda.

7. “ c a r m e n . . . d i c e r e s e c u m i n v i c e m ”c a r m e n traduz-se geralm ente por hino,

m as pode significar diversas form as estabelecidas de poem a. A qui, provà- velm ente, designa um responso ou um salm o antifonal, ou determ inada form a de ladainha.

8. “ S a c r a m e n t u m ” — p alav ra tom ada pelos cristãos — pode afigurar-se aos rom anos como conspiração. Os conspiradores de C atilina m aquinaram um

“ s a c r a m e n t u m ” ( Salústio, C a t - X X I I ) .

9. “ m i n i s t r q e ” , equivalente sem dúvida do grego d i á k o n o i : neste caso, aqui

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A p o lítica d e T raja n o p a ra com os cristãos

T rajano a P lín io (P lin. E p p . X .X C Y I I )

N o exam e das denúncias contra feitos cristãos, querido P lín io, tom aste o cam inho acertado. N ão cabe form ular regra dura e in fle­ x ív el, de aplicação u n iversa l. [2] N ão se p esq uise. M as se su rgi­ rem outras denúncias que procedam , aplique-se o castigo, com esta ressalva de que se alguém nega ser cristão e, m ediante a adoração dos deuses, dem onstra não o ser atualm ente, deve ser perdoado em recom pensa de sua em enda, por m uito que o acusem suspeitas rela­ tiv a s ao passado. Não m erecem atenção p anfletos anônim os em causa algum a; além do dever de evitarem -se antecedentes iníquos, p a n fle­ tos anônim os não condizem absolutam ente com os nossos tem pos.

I I . C R IS T IA N IS M O B E N S IN O A N T IG O

a . A opinião “ lib era l” — “ A lu z que ilum in a todo hom em ” Ju stino, A p o lo g ia (c . 1 5 0 ), I .X L V I .1 - 4

P ara a fastar a gente de nossos ensinos, outros brandirão con­ tra nós o argum ento desarrazoado de que nós afirm am os que Cristo nasceu, há 150 anos; em tem pos de Quirino, que ensinou, em tem pos de P ôncio P ilatos, a doutrina que nós lhe atribuím os, e criticar-nos-ão, pois, dizendo que não tem os em consideração tantos hom ens nascidos an tes de C risto. Convém que desfaçam os essa d ificu ld ad e. [2] Tem os aprendido que Cristo é o prim ogênito do P ai, e aeaba-mos de explicar que êle é a razão, (o Y erbo) da qual p articip a tôda razão hum ana, [4] e aquêles, pois, que vivem de conform idade com a razão são cristãos, m uito embora sejam reputados como ateus. A ssim Sócrates e H eráelito entre os gregos e, como êles, m uitos o u tr o s .. .

A p o lo g ia I I .X I I I

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C risto. E assim acontece igualm en te com os ensinam entos dos dem ais: estóicos, poetas e prosadores. [3] E m todos que correta­ m ente discursaram percebem os que os pontos que se harm onizam com o cristianism o10 se devem à p articipação de suas m entes com a razão sem inal de D eu s (V erb o ), m as aquêles que opinaram contràriam ente [ao E vangelho] apresentam -se d estituídos do conhecim ento invisível e da sabedoria irrefu tá v el. [4] Tudo quanto, por algum homem, em algum lugar, fo i opinado aeertadam ente, pertence a nós, cristãos, porquanto nós, em presença de D eus, adoram os e am am os a razão (o V erbo) que procede do D eus encarnado e in e fá v el. V isto que essa razão, p or nossa causa, se fêz hom em e com partilhou de nossos sofri­ m entos, ela pôde igualm ente trazer-nos a salvação. [5] Ora, a todos os autores fo i dada a possibilidade de obscuram ente discernir a verdade em v irtu d e da sem ente in ata da razão que havia n êles.

[6] U m a coisa é a sem ente e a reprodução de um a realidade concedida segundo a capacidade n atu ral do homem ; outra coisa bem diferente é a realidade em si, cuja participação e reprodução são concedidas segundo a graça.

b . A opinião “ negativa,” — “ A sabedoria dêste século” T ertuliano ( c . 160-240), B e pra escr. h aeret. ( c . 2 0 0 ), V II

A filo so fia é a m atéria básica da sabedoria m undana, intér­ p rete tem erária da natureza e da ordem de D eu s. D e fato, é a filo ­ sofia que equipa as heresias. E la é a fon te dos “ eons”, das “ form as” in fin ita s e da “ trin d ade do hom em ” no sistem a de V alen tin o11. E la gerou o deus M árcion12, o bom D eus do sossêgo que vem dos estóicos. Quando M árcion afirm a que a alm a perece, obedece a E p icu ro; quando nega a ressurreição da carne, segue o parecer de um a entre tôdas as filo so fia s; quando confunde m atéria e D eus, repete a lição de Z enão; quando alude a um deus de fogo, torna-se aluno de H erá-c lito . H ereges e filósofos m anipulam o mesmo m aterial e exam inam os m esm os tem as, a saber, a origem e a causa do m al; a origem e o como do homem, e — um a questão ultim am ente colocada por V alen­ tin o — a origem do próprio D eu s: V alen tin o responde que D eus provém de en th ym êsis e ãe éktrôm a..13

10. t ò s y g g e n ê s — talvez “ que lhe correspondem ”, cf. § 6, “ de acôrdo com as capacidades hum anas” .

11. V ide pg. 168. 12. V ide pg. 170.

13. e n t h y m ê s i s — “ concepção” (ou, talvez, “ atividade m ental” ) , é um a im por­ tan te e difícil p arte da com plicada cosm ogonia e teogonia de V alentino.

é k t r ô m a , “a b ô rto ”, era um têrm o aplicado ao m undo caótico antes de sua

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Õ m iserável A ristó teles! que lhes proporcionaste a dialética, êsse artífice hábil para construir e destruir, êsse versátil cam aleão que se disfarça nas sentenças, se fa z violentos nas conjeturas, duro nos argum entos, que fom enta contendas, m olesta a si mesmo, sem pre recolocando problem as antes mesmo de nada resolver. P or ela p roli­ feram essas interm ináveis fábulas e genealogias, essas questões esté­ reis, êsses discursos que se alastram , qual caranguejos, e contra os quais o A póstolo nos adverte term inantem ente na sua carta aos Colos-sen ses: “ C uidado que ninguém vos venha a enredar com sua filo-■sofia e suas sutilezas vazias, acordadas às tradições hum anas, mas contrárias à providência do E sp írito S a n to ” . Ê ste fo i o m al de A t e n a s ... Ora que há de comum entre A tenas e Jerusalém , entre a A cadem ia e a Igreja, entre os hereges e os cristãos? N ossa form a­ ção nos vem do pórtico de Salom ão, ali se nos ensinou que o Senhor deve ser buscado na sim plicidade do coração. R eflitam , pois, os que andam propalando seu cristianism o estóico ou p latônico. Que n ovi­ dade m ais precisam os depois de Cristo ? . . . que pesquisa necessita­ m os m ais depois do E vangelho? Possuidores da fé, n ada m ais espe­ ram os de credos u lteriores. P o is a prim eira coisa que crem os é que, para a fé, não existe objeto u lterior.

c . O utro “ libera l”

C lem ente de A lexan d ria ( c . 2 0 0 ). S tro m a teis, I .V .2 8

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I I I. IG R E J A E E ST A D O

(A cerca da p o lítica de Nero e T rajano, ver acim a pgs. 27 e 2 8 ) a . O rescrito d e A d ria n o a Caio M inúcio F u n dan o,

procônsul da Á sia, c . 152

[Copiado do original fornecido por T iran o R ufino (345-P410) , na tradução de Eusébio, H . E . I V .I X . (Ju stin o , A p o l . I .L X I X , conserva o tex to original v ertido no g reg o ) . ]

É lio A driano A u gu sto a M inúcio Fundano procônsul, saú de. R ecebi cartas enviadas p or Serênio G raniano, homem esclarecido, teu predecessor. N ão m e agrada que o assunto seja decidido sem d ili­ g en te exam e, pois não quero que in ofen sivos sejam perturbados e que .delatores caluniosos achem ocasião para exercer seu v il o fício . [2] Portanto, se, nas suas dem andas contra os cristãos, os m orado­ re s das províncias podem estar presentes e responder ante o tribunal, n ão tenho objeção a que se dê curso ao ju ízo . M as não perm itirei q u e sejam adm itidas apenas exigências barulhentas e g rita ria s. Será, pois, ju sto se alguém p retende acusá-los, que tu tom es conhecim ento d a s acusações. [3] M as se alguém os acusar e provar que desres­ peitaram a lei, sentencia-os conform e o seu d elito . Mas, — e nisso <eu insisto categoricam ente — se alguém postu la cartas de intim ação •contra um cristão, com o único propósito de caluniar, procede ao ícastigo para o caluniador de acôrdo com a gravidade do d elito .

b . T ertu lian o e a perseguição

T ert. A p o lo g ia (1 9 7 ), II

S e realm ente somos os m ais nocivos dos hom ens, p or que se

t i o s dá um trato d iferente daquele que se dá aos nossos congêneres

n a crim inalidade? U m mesmo delito acaso não faz ju s a um mesmo tratam ento? O utros, réus dos delitos que se nos im putam , têm o d ireito de defender-se, pessoalm ente ou m ediante ad vo ga d o s; •dá-se-lhes o direito de p leitear e altercar porque é ilícito condenar

inocentes silen ciad os. Ü nicam ente aos cristãos se proíbe p roferir a palavra que os inocentaria, d efenderia a verdade e pouparia ao ju iz ■uma in iq ü id ad e. D êles apenas se espera aquilo que o ódio público T eclam a: que se confessem cristãos. E xam inar a culpa não im p o rta . . .

c . L ea ld a d e dos cristãos a seu Im p era d o r

T ert. A p olo gia , X X I X - X X X I I

X X I X . Lesam os a m ajestade im perial porque não su j m o s o Im perador às feitu ras dos hom ens (aos ídolos dos d eu ses), nem

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acreditam os que a saúde do Im perador descanse em m ãos de chum bo. V ós sois, no entanto, os religiosos, y ó s que procurais a prosperidade

im p erial a li onde ela não está e a solicitais de quem não a pode dar, n egligenciando o Ú nico que tem o poder de a d isp en sa r. P elo con­ trário, perseguis a quem sabe im plorá-la e, portanto, consegui-la.

X X X . Encom endam os a saúde do Im perador ao D eu s E ter­ no, verdadeiro e vivo, precisam ente À quele que os m esm os im pera­ dores, além dos outros deuses, desejam lhes seja p rop ício. P o is não ignoram de quem êles têm recebido o im p ério . . .

X X X I . M as direis que é para burlar a perseguição que agora estam os a adular o Im perador e a fin g ir essas soadas p reces. . . E x a m inai a P a lavra de D eus. nossas E scritu ra s: não as d issim u la­ mos ; m uitas casualidades têm -nas colocado em m ãos p ro fa n a s. D elas, pois, aprendei que se nos fa z preceito de sobreabundar em benigni-dade, de rogar inclusive pelos inim igos e im plorar p or quem n os persegue14. Ora, que m aior inim igo e que m aior p erseguidor de cristãos do que aquêles que nos acusam da traição? A E scritu ra, no entanto, m an ifesta e im periosam ente nos m a n d a : “ O rai pelos reis, p elos p rín cip es e podêres, p ara que tôdas as coisas redundem em vossa p a z”15. N a realidade, se o im pério fôsse perturbado e seus m em bros abalados, nós tam bém , p or m uito alheios que nos guardásse­ m os da desordem , não escaparíam os da calam idade.

X X X I I . O utra e m aior necessidade com pele-nos a orar pelos, im peradores e, conseqüentem ente, pelo E stad o e pelos interêsses rom a­ n o s. Sabem os que som ente a continuidade do im pério16 adiará a revolução em m archa sôbre o m undo, a ru ín a das estruturas com seu espantoso séqüito d e p esa res. L ivre-nos D eus destas calam idades ? A ssim , cada vez que oram os p ela suspensão das am eaças, trabalham os para a estabilidade de R om a. . . N os im peradores reverenciam os o próprio juízo de D eu s que é quem os prepôs às n a çõ es. . .

d . A perseguição de N ero M a rtírio dos S a n tos P ed ro e P au lo

C lem ente Rom ano, a d C orin th ios ( c . 9 5 ), V

F alem os dos heróis m ais próxim os a n ó s. . . os excelentes após­ tolos . . . Pedro, injustam en té invejado, sofreu, não um ou dois, m as

14. M t S .44. 15. 1 T m 2.2.

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inúm eros desgostos e, após prestar seu ;testem u nh o, m archou ao m e­ recido lu g a r n a glória. P aulo, suportando ciúm es e rivalidades, expe­ rim entou o valor da constância: sete vêzes encadeado, desterrado, apedrejado, levou o E vangelho ao O riente e ao O cidente, fazendo-se nobrem ente fam oso por sua f é . A p ós ensinar a ju stiç a .a o m undo inteiro e tocar os con fin s do O cidente, prestou seu testem unho diante dos soberanos e, deixando o m undo, entrou no lugar san to. N ão cabe m aior exem plo de p aciên cia . : 1 - • ;

e . O m a rtírio d e P olica rp o, bispo .de E sm irn a , 155 D o H a r ty r iu m P o ly c a rp i [C a r ta . da Ig reja de E sm irn a;

o prim eiro m artirológio]

A Ig reja de D eus estabelecida em E sm irna à Igreja de D eus estabelecida em F ilom élio e às Igrejas d e todos os lugares que são partes da Ig reja santa católica: a m isericórdia, a paz e a caridade de D eus P a i e de Nosso S enlior J esú s Cristo vos sejam concedidas abundantem ente.

E screvem os, irm ãos, a respeito dos ' que testem unharam em p articu lar o bem -aventurado P oliearp o4 que; com seu m artírio, selou e pôs fim à p erseguição. Os acontecim entos que provocaram séu m artírio foram usados pelo Senhór p a ra 'nos dar um a im agem do m artírio segundo o E va n g elh o. P ólicarp ó aceitou ver-se traído, como o Senhor, para aprenderm os á im itá-lo por nossa vez e a não olharm os para o próprio interêsse, m ás p ára o do próxim o, pois o amor autêntico e efieien te consiste, para cada um , em querer n ão apenas a p rópria salvação, m as a de todos os irm ãos.

I . F elizes e corajosos foram todos os heróis da fé, conform e a dispensação d iv in a . A tribu ím os a D eus, cujo poder é soberano e universal, os nossos progressos na p ied ad e. N ão há quem não se m aravilhe ante a intrepidez, a paciên cia e o divin o amor dêstes con­ fessores. F oram dilacerados p elos fíagelos até o extrem o d e ver-se-lhes a estrutura de suas carnes, veias e artérias p ro fu n d a s. Suportaram firm es, provocando a com iseração dos espectadores. T inham alcançado tan ta elevação esp iritu al que não soltavam lam en­ tos nem gem iam . P resenciando seu m artírio, com preendíam os que, n esta hora, as testem unhas de Cristo estávam fora do próprio corpo-ou, antes, que o Senhor as assistia com sua presença.

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fogo os refrescava, êsteí fogo dos . earrascos; interiorm ente pensa­ vam n um outro fogo, n o f o g o : in e x tin g u ív e l. A sua alm a contem ­ p lava os bens reservados aos que sofrem , que o ôlho não v iu . nem o ouvido ouviu, nem o coração p ressen tiu . O Senhor m ostrava-lhes êstes bens, a êles que, deixando de ser hom ens, se tinham tornado a n jo s. F in alm en te, condenados às feras, os confessores tiveram que en fren tar torm entos espantosos. F oram estirados sôbre cavaletes, subm etidos a todo gênero de torturas, para que a duração do su p lí­ cio os constrangesse a negar sua fé .

I I I . N ão faltaram ' M aquinações dos dem ônios, m as graças a D eus, nenhum dêles fo i v en cid o . Germ ânico, corajoso sem par, fo r­ talecia a fraqueza dos oútròs com o exem plo de sua in trep id ez; êle fo i m aravilhoso no combate, contra as fera s. O procônsul o conju-rava a que se apiedasse de sua ju ven tu d e, m as G erm ânico, desejoso de sair quanto antes dêste, m undo in ju sto e crim inoso, atraía sôbre s i a fera batendo n e la .: O im enso populacho, exacerbado com a coragem e piedade dos cristãos, prorrom peu em g rito s: “ M orte aos a te u s!17 P renda-se a P o liça rp o !”

I V , Som ente um fraq u ejou : Q uinto, um fríg io acabado de chegar de su a terra ; a visão das fera s in fu n d iu -lh e o p av o r. Q uinto era, no entanto, quem h avia estim ulado os irm ãos para que se de­ nunciassem a si p róprios,espontaneam ente e lh es tin h a dado o exem ­ p lo . O procônsul pôde,ta,uto com suas insistências que Q uinto ter­ m inou abjurando e sa crifica n d o . B is por que, irm ãos, não aprova­ m os aquêles que se entregam esp on tân eam en te; aliás, êste não é o ensino dos E v a n g elh os. ,:i ;

Y . O m ais adm irável dentre todos os m ártires fo i P oliçarp o. A o ser n otificad o dos horrores praticados, não se perturbou, m as in sistiu para perm anecer na, cid ad e. Acabou, porém , acatando a opinião da m aioria e se afastou para um a pequena fazenda próxim a à cidade, aí m orando com .alguns com panheiros, orando d ia e noite por todos os hom ens e tôdas as Igrejas do m undo conform e era seu h áb ito. E nquanto orava, três dias antes de su a prisão, caiu num arrebatam ento esp iritu al e v iu sua alm ofada ard en d o. Y oltando-se para seus com panheiros, lhes anunciou: “ H ei de ser queim ado v iv o ”.

V I . Como os que (> andavam procurando não deixassem persegui-lo, m udou de esconderijo, N em bem se tin ha retirado,

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sobrevieram p oliciais que, não o achando* legaram presos dois escra­ vos m oços; u m dêstes, subm etido à tOTtura, fa lo u . P oliçarpo não

m ais podia furtar-se, já que os próprios fam iliares o traíam . O chefe da p olícia18, que responde ao nom e predestinado de H erodes, alm e­ ja v a levar P oliçarp o prêso ao estádio, ond£ êste term inaria sua pere­ grinação com partilhando a sorte d e C risto ,; enquanto seus delatores com partilhariam o castigo de J u d a s, :

V I I . A ssim levando consigo b jovem escravo, num a sexta--feira, na hora da ceia, p oliciais a . p é e outros m ontados em preende­ ram a m archa, arm ados dos pés à cabeça como se fôssem contra ladrões. E n trad a já a noite, chegaram à easa onde se escondia P oli-carpo. E ste, deitado num quarto do aiidar superior, teria podido retirar-se para outra fazenda, m as nãó" © quis, declarando apenas: “ S eja fe ita a vontade de D e u s!” Tendo ouvido a voz dos policiais, desceu e entrou em conversação com êles. Sua grande idade e calm a causaram ad m iração: não com preendiam que se fizesse tan to alarde para prender um hom em tão velh o. Poliçarpo providen-ciou-lhes com ida e bebida tan to, quanto: desejavam , a despeito da hora a v an çad a . N ão solicitou ou tra recom pensa, senão um a hora para livrem ente orar, que lhe fo i eoncedida. Com eçou a orar, de pé, como um hom em cheio da graça divina» D urante duas horas, incontivelm ente, perseverou orando em . voz a lta . Todos olhavam para êle estu p efatos; m uitos lam entavam -se por aprisionarem ancião tão d ivin o.

V I I I . T erm inada sua oração, na qual m encionara a todos, hum ildes e grandes, ricos e pobres, fam iliares e am igos, tôd a a Igreja u niversal, a hora de p artir chegou. Sentaram -no num asno e cam i­ nharam para a cidade de E sm irn a . E ra o dia do gran d e sábado. Encontraram -se com H erodes, o iren arq u e, e seu p a i N icetas, que o fizeram subir à sua carruagem . Sentados a seu lado, procura­ ram con ven cê-lo: “ Ora, que m al há em dizer “ Senhor C ésar” e em sacrificar aos deuses com o de costume., se assim salvas a v id a ? ” P oliçarpo decidiu não contestar, m as como insistiam , lhes declarou: “ N ão h ei de fazer como me aconselhais” . Seus dois com panheiros, d esiludidos, insultaram -no e em purraram -no tão brutalm ente para fora da carruagem que caiu e m achucou as p ern as. P oliçarpo não se in q u ietou : com passo alegre e veloz continuou cam inhando. O grupo dirigiu-se para o estádio — onde o tum ulto e a vociferação eram tan tos que ninguém conseguia deixar-se ouvir.

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I X. A o p en etra r! no. i recinto, um a voz celestial retum bou: “ Bom ânim o, P o lica rp o ,• m óstía-te v ir il” . N in gu ém percebeu quem tin h a falado, m as irmãoS nossos presentes ouviram a voz. E nquanto avançava P olicarpo, o tíim u lta a tin gia o p aro xism o : “ E stá prêso P o licarp o” . F in alm en te;em presença do procônsul, êste lh e p ergu n ­ to u se era P olicarp o. : E j'o u v id a a afirm ativa, ten tou persuadi-lo com p ergu n tas e exortações a d eixar sua fé : “ C onsidera tu a id a d e”, e sem elhantes coisas comp ,.é de p raxe nos lábios dos m agistrados. Como acrescentasse: “ J u ra ,p elo ,g ê n io do César19, retrata-te; g rita : abaixo os a te u s !”, Policarpo, m uito gravem ente, olhando para os p agãos que enchiam as escadarias do estádio, e acenando para êles, su spirou e exclam ou: “ A baixo os a te u s!” O procônsul in sistiu : “ Jura, e te soltarei. In su lta a C risto” . P olicarp o respondeu: “ O itenta e seis anos há que sirvo a C risto. Cristo nun ca m e fêz m al. Como blasfem aria eon tra m eu R ei e S alvad or?”

X . O procônsul- irastoii:’ “ J u ra p ela fortu n a de C ésar” . O bispo redargü iu : “ A n d as m uito’ enganado se esperas que ju re pelo gên io de C ésar. J á que decides ignorar quem sou, escuta m inha declaração: E u sou cristão. Se dèSejas saber o ensino cristão, dá-m e um d ia e escuta-m e” . D isse então o procôn su l: “ Persuade-o ao p ov o ” . P olicarp o retrucou:'5 “ N a tu a presença parecer-m e-ia justo explicar-m e, porquanto aprendem os a prestar aos m agistrados e auto­ ridades estabelecidas por D eus a consideração que lhes é devida, na m edida em que não contrariem nossa f é ” .

X I . O p rocôn su l d is s e : “ T enho feras a m eu d isp or; se não te retratas, entregar-te-èi à ‘!ela s” . A o que respondeu P olicarp o: “ O rdena. Quando n ó s: efístaós m orrem os, não passam os do m elhor p ara p ior; é nobre passar d"» m âl para a ju stiça ” . D isse ainda o p rocônsul: “ S e não te retratas, m andarei que te queim em n a fo ­ gu eira, já que desprezas'-aé"feras” . D isse então P olicarp o: “ Am ea-ças-m e com o fogo que' a íd e :üm a hora e se a p a g a. Conheces tu o fo g o da ju stiça vindoura?' Safees tu' o castigo que devorará os ím pios? N ão dem ores! Sen ten cia teu arb ítrio” .

X I I . Policarpo deu estas e outras respostas com alegria e firm eza e seu rosto irraâiava a d iv in a graça.' O interrogatório p er­ turbou não a êle, m as ao p ro cô n su l. Ê ste acabou m andando seu

19. G e n i u s (f o r t u n a , n u m e m ) . Ç a e s a r i s . Ju ram en to inventado no período de

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arauto proclam ar por três vêzes, no m eio do estádio, que Poliçarpo se confessara cristão. E n tão a turba p agã e ju d ia não m ais conteve su a ira e vociferou : “ E is o doutor da Á sia, o p ai dos cristãos, o destruidor dos deuses, que, com seu ensino, a fasta ofe hom ens dos sacrifícios e da adoração” . E nq u anto tum ultuavam , alguém solici­ tou ao astarco20 F ilip e que soltasse um leão contra o ancião . F ilip e recusou, v isto já ter term inado com os jog os. “ N este caso, ao fogo com ê le !” C um prir-se-ia a visão ex tática dos dias precedentes, quando o ancião v iu sua alm ofada ardendo e anunciou: “ H ei de ser quei­ m ado v iv o ” .

X I I I . O desenlace p recip itou -se. O povo am ontoou len h a e ram os apanhados n as lojas e nos banhos públicos, distinguindo-se, como de costum e, os ju d eu s. N em bem aprontada a fogu eira, Poli-carpo despiu suas vestim entas, tirou sua cin ta e ten tou descalçar-se: ordinàriam ente não o fazia, porquanto os fiéis rivalizavam entre si para o ajudar e tocar seu co r p o ; ta n ta era su a santidade que, antes de seu m artírio, já era objeto de veneração. A rranjou-se logo algo para o prender à fo g u e ir a ; os carrascos pretendiam pregar seus membros, m as êle lhes d isse: “ D eixai-m e liv re: A quêle que me deu fôrças p ara não tem er o fogo, fôrças me dará para perm anecer nêle sem a aju d a de vossos pregos” .

X I V . N ão o p regaram ; ataram -no sim plesm ente. A tad o aí. m ãos para trás, Poliçarpo parecia um a ovelha escolhida n a grande grei para o sa cr ifíc io . L evantando os olhos, ex cla m o u : “ Senhor D eus onipotente. P a i de J esu s Cristo, teu F ilh o pred ileto e abençoado por cujo m inistério te conhecem os; D eus dos anjos e dos podêres, D eus da Criação u n iversal e de tôda a fa m ília dos ju stos que vivem em tu a p resença; eu te louvo porque m e ju lgaste digno dêste dia e desta hora, digno de ser contado entre teus m ártires e de com par­ tilh ar do cálice de teu Cristo, para ressuscitar à vida eterna da alm a e do corpo n a incorruptibilidade do E sp írito S a n to . P ossa eu, hoje, ser recebido n a tu a presença como um a oblação preciosa e aceitável, preparada e form ada por t i. T u és fie l às tu as prom essas, D eus fie l e verdadeiro. P or esta graça e p or tôdas as coisas, eu te louvo, bendigo e glorifico em nom e de Jesu s Cristo, eterno e sum o-sacerdote, teu F ilh o am ado. P or Ê le que está contigo e o E sp írito Santo, glória te seja dada agora e nos séculos vind ou ros. A m ém !”

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X Y. D epois de P oliçarpo p roferir êste amém, os carrascos acenderam a fogu eira e a cham a alçou-se a lta e b rilhan te. N este m om ento presenciam os um sin a l e nossa vidà fo i poupada quem sabe p ara relatar êste m ilagre . . . O fogo tom ou a form a de um a abó­ bada ou de um a vela inchada pelo ven to e rodeou o corpo do con­ fesso r. P oliçarp o estava de p é não com o carne que queim a, m as como pão que se doura ou como ouro ou p rata que se p u rifica m . Sentíam os um perfum e delicioso como de incenso ou arôm atas preciosos.

X V I . F in alm en te os crim inosos sem lei, vendo que seu corpo não podia ser destruído pelo fogo, m andaram um verdugo para o m atar com a esp ad a. D a ferid a saiu um a pomba e brotou uma torrente de sangue ta l que ex tin g u iu totalm ente o fo g o . A enorm e m ultidão m aravilhava-se da d iferença entre in fiéis e eleito s. . .

f . A perseguição de Leão e V ien a, 177

A E p ísto la das Ig re ja s G alican as: ap. E usébio, H . E . V . I Os servos de Cristo que vivem em V ien a e Leão da Gália aos irm ãos estabelecidos n a Á sia e n a F rig ia , que possuem a mesma fé e esperança de redenção que n ó s : paz, graça e glória da p arte de D eu s P a i e de N osso Senhor Jesu s C risto.

N ós não podem os expressar com palavras, nem pessoa algum a poderia descrever a gravidade dos padecim entos, o fu ror e raiva dos pagãos contra os santos, quantas e quais coisas sofreram os bem -aven­ turados m ártires. O adversário caiu sôbre nós com todo o ím peto de suas fô r ç a s .. . N ão som ente fom os expulsos das casas, das term as e do fôro, m as, inclusive, fom os proibidos de aparecer em público. M as a glória de D eus p elejou conosco contra o d iab o. . .

E m prim eiro lugar, sofreram , com a m aior paciência, quantas coisas podia inventar o populacho em sua perseguição: zombarias, feridas, rapinas, privação d e honras fúnebres, p r isã o ; num a palavra, tudo quanto sói im aginar a ralé excitada pelo fu ror e raiva contra seus adversários e in im igo s. L evados ao fôro pelos m agistrados da cidade21, interrogados e confessos dian te de todo o povo, eram lança­ d os ao cárcere até a chegada do p r e sid e n te .. .

Tam bém foram presos algun s de nossos escravos que eram pagãos, porquanto o presidente h avia decretado que se nos procurasse

Referências

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