Alfredo Camarate – Nasceu em Lisboa, em 1840 e morreu no Brasil em 1924.
Ele tinha carta de engenheiro-arquiteto e uma boa formação musical e foi premiado como flautista pelo Conservatório de Lisboa. Sua escrita impecável valeu a atuação como jornalista – foi crítico de música no Jornal do Comércio e autor das primeiras crônicas a que tivemos acesso sobre os primeiros anos da construção de Belo Horizonte. Suas crônicas são muito bem escritas e, quando o assunto é música, percebe-se grande sensibilidade, conhecimento e crítica. Foi professor de piano, no Rio de Janeiro, em Ouro Preto e em Belo Horizonte.356
Trajano de Araújo Vianna – Foi transferido de Ouro Preto, onde era maestro,
para Belo Horizonte, mas não há referências acerca de ter ou não dado aulas na capital. Nascido em Curral Del Rey, era músico e compositor e foi responsável,
353
Entrevista realizada com Maria Alice.
354
Professora de piano a quem nos referiremos na História de vida.
355
OLIVEIRA, Flávio Couto e Silva de. O Canto Civilizador: Música como disciplina escolar nos ensinos primário e normal de Minas Gerais, durante as primeiras décadas do Século XX. (2004)
356
BARRETO, Abílio. Belo Horizonte - Memória Histórica e Descritiva. Vol 2, capítulo XVIII, p.538 e Por Montes e Vales.
tocando violoncelo, pelo primeiro concerto em Belo Horizonte. Seu filho e seus netos foram músicos e atuaram em Belo Horizonte nos anos de 1960. Ele foi o primeiro professor dos netos, que hoje estão na quarta geração de músicos na família, em Belo Horizonte.357
José Nicodemos – Veio de Ouro Preto e atuou como músico nos primeiros anos
da capital. Fez parte do quadro de professores na Escola Livre de Música de
1901 a 1923 e criou a “Orquestra padre João de Deus”.358
Provavelmente era, também, professor de piano. (Sua foto junto à orquestra do antigo Cine-Teatro Commércio, aparece na p.121.)
José Ramos de Lima – Era compositor e veio, já pianista clássico, do sul de
Minas. Atuou como professor na Escola Livre de Música e seu nome aparece nas atas dessa escola. Criou a primeira orquestra em Belo Horizonte a qual animava as reuniões do Clube das Violetas359. Compôs a música para a revista de costumes locais O Gregório, grande sucesso no Teatro Soucasseaux, onde se apresentou numa temporada de dez sessões, fato inédito até então.360
Alfredo Furst – Era professor de piano e funcionário público em Ouro Preto e
veio, transferido, para Belo Horizonte. Fez parte do quadro de professores de piano na Escola Livre de Música desde a sua fundação até 1923.361
Vera de Lima – Era cantora e professora de piano nos primeiros anos da cidade.
Era esposa do Sr. Augusto de Lima362.
Ester de Carvalho – Era professora de piano nos primeiros anos da cidade.363
Dona Amneris Flores – Filha do maestro Francisco Flores, estudou na Escola
Livre de Música, mais precisamente, na primeira turma da escola, em 1901. Provavelmente D. Amneris tenha sido a primeira pianista formada em Belo Horizonte, tendo sido aluna do professor Alfredo Furst ou do professor José Nicodemos. Estudou também violino na mesma escola.364 Foi professora
357
Disponível em: <http://www.viannamusicais.com.br/vianna/detalhe.php?id=2>. Acesso em 07/02/2011.
358
Minas Gerais, 12/12/1947. Acervo da Família Flores.
359
Idem.
360
Revista do Inst. Histórico e Geográfico de Minas Gerais, vol.VII, 1960. Acervo da Família Flores e Minas Gerais em 1925, Música em Belo Horizonte, Augusto de Lima Júnior, p.345
361
Revista do Inst. Histórico e Geográfico de Minas Gerais, vol.VII, 1960. Música em Belo Horizonte, Augusto de Lima Júnior.
362
Minas Gerais, 12/12/1947. Acervo da Família Flores.
363
Idem.
364
particular do pianista Halley Horta, formado na classe do professor Pedro de Castro do CMM.365
Dona Mariquinha Gomes de Souza – Foi professora de Gabriela Costa Cruz
Ribeiro Pinheiro Moreira, mãe de D. Clara (na década de 1910), e também da D. Clara e de sua filha, Mônica Pinheiro Moreira. Outras duas entrevistadas, D. Geralda Lima e Isabel Pires, também estudaram com D. Mariquinha. Segundo
D. Clara, “D. Mariquinha era uma velhinha muito esperta e viva”.
Dona Malvina Gomes de Souza – Foi professora de Aída Lobo Rezende Costa,
de sua filha D. Marília Resende Costa e da irmã de D. Geralda Lima,
entrevistadas na presente pesquisa. “Tinha duas professoras antiquíssimas aqui
em Belo Horizonte, Dona Mariquinha e Dona Malvina Gomes de Souza. Já ouviu falar? Duas irmãs solteiras.”
Amélia Júlia Coutinho – Foi professora em Belo Horizonte durante o período
de construção da cidade.366
Aracy Coutinho Camarinha – Foi professora do CMM e era filha dos
professores Lima Coutinho e Laura Navarro Coutinho, professores do Instituto Nacional de Música (INM). Formada pelo INM, no Rio de Janeiro, apresentou- se inúmeras vezes no Teatro Municipal de Belo Horizonte, como solista ou acompanhadora. Foi professora de teclado do CMM e professora de Ziná Coelho Júnior367.
Yara Coutinho Camarinha – Nasceu no Rio de Janeiro, em 1903. Formou-se
pelo INM, com prêmio de primeiro lugar. Depois de formada, aperfeiçoou seus estudos com Henrique Oswald. Seu primeiro concerto público data de 1921, no salão nobre do Jornal do Comércio, no Rio de Janeiro. Em 1924 fez um recital no Teatro Municipal, em Belo Horizonte. Ela foi professora do CMM desde a sua fundação, em 1925, e teve entre suas alunas: Zuleika Ribeiro da Rocha e Graciema Spinola dos Santos, que tocaram na inauguração do prédio do CMM.368
Alice Alves da Silva – Estudou com a professora Amélia Mesquita, professora
de órgão do Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro. Formou-se em
365
Informação obtida por meio de Lúcia Horta Figueiredo Goulard, também aluna de D. Amneris e prima do pianista Halley Horta.
366
BARRETO, Abílio. Belo Horizonte - Memória Histórica e Descritiva. Vol 2, capítulo XVIII, p.538.
367
Minas Gerais em 1925, Imprensa Oficial, 1926, p.555.
368
piano, pelo INM e estudou no Conservatório de Genebra de 1912 a 1917. Estudou com os professores Behenrens e Vianna Motta. Foi professora do INM antes de ser convidada pelo governo de Minas Gerais para lecionar no CMM.369
Foto de Alice Alves da Silva.370
Pedro de Castro – Pianista e compositor, nasceu em Barbacena, em 1895, e
morreu em Belo Horizonte, em 1978. Iniciou seus estudos em Barbacena, com o professor José Mendes de Castro. Formou-se, com prêmio de primeiro lugar, em 1920, no INM, onde estudou piano com Henrique Oswald. Atuou como solista e camerista, apresentando-se inúmeras vezes. Integrou o Trio Pedro de Castro com sua esposa, a violoncelista Olga Zecchina de Castro, e a violinista Fernanda Zecchina Schoeder. Foi professor do CMM desde a sua fundação até 1963 e seu diretor de 1957 a 1962. Entre seus alunos e alunas estão: Arnaldo Marchesotti, Berenice Menegale, Hiram Amarante, Laura Virgínia Fonseca Giannetti, Pequetita Gonzaga Velasco, Eugênia Bracher Lobo, Judite Rabelo, Helena Barreto, Peggy Pinheiro Chagas, Desdêmona Magnon Severo, Dulce Brown de Lima, Maria Cerise Tolendal Pacheco, Maria Aparecida Santos Luz, Francisco Campos e Haley Horta.371
Fernando Coelho – Nasceu no Rio de Janeiro, em 1904. Iniciou seus estudos de
piano na cidade do Porto, em Portugal, em 1912. Voltou para o Brasil em 1914 e, em 1922, formou-se, com medalha de ouro, pelo INM, no Rio de Janeiro, onde foi aluno do professor Henrique Oswald. Recebeu o prêmio Alberto
369
Minas Gerais em 1925, Imprensa Oficial, 1926, p.554.
370
Acervo da professora Sandra Loureiro.
371
Nepomuceno. Em 1926 veio para Belo Horizonte, a convite do governo, para lecionar no CMM. Em 1954, assumiu a Reitoria da Universidade Mineira de Artes (UMA). Ocupou vários cargos na Diretoria da Cultura Artística e das Sociedades Sinfônica e Coral de Belo Horizonte. Entre seus alunos estão: Maria Clara Paes Leme, Venicio Mancini, Helena Lodi, Iolanda Lodi, Carmem Vasconcelos, Ludmila Konovalof e Aída Lobo Rezende Costa.372
Jupyra Duffles Barreto – Foi muito conhecida no meio musical de Belo
Horizonte como professora particular de piano. Foi também professora de canto orfeônico do Grupo Escolar Flávio dos Santos. Estudou e trabalhou com Villa Lobos na regência de coros orfeônicos no Rio de Janeiro. Foi professora da UMA e do CMM, onde lecionou Morfologia e Harmonia. Dedicou-se também à composição, tendo várias músicas de sua autoria. Foi professora do maestro Carlos Alberto Pinto da Fonseca, de Eliane Marta Teixeira Lopes e de Márcia Kubitschek.373
Stella Schic – Foi pianista e professora, além disso, há referências sobre seu
trabalho como acompanhadora.374
Notícia de concerto da pianista Stella Schic.375
372
Arquivo da Escola de Música da UEMG.
373
Entrevista realizada com D. Jupyra, em 16 de novembro de 2010 e depoimentos in: OLIVEIRA, 2004 – O canto civilizador.
374
Revista do Inst. Histórico e Geográfico de Minas Gerais, vol.VII, 1960. Música em Belo Horizonte, Augusto de Lima Júnior.
375
Correio da Manhã, 27/03/1945. Destaque ao programa contemporâneo tocado pela pianista e o diálogo música ao vivo e gravação, utilizado pela rádio.
Anúncio de professora de piano.
Elisa Moura Matos – Foi professora de piano, diplomada e premiada pelo
INM, no Rio de Janeiro. Foi professora do mesmo instituto, como auxiliar do maestro Henrique Oswald.376
Anúncio de professora de piano.
Celeida Dutra – Apresentava-se como uma professora que tinha longa prática e
método próprio para primeiro ano. Aceitava alunas para aulas individuais ou pequenos grupos.377
Achille Perotti – Formado na Itália, era maestro e pianista. Morou em Belo
Horizonte nas primeiras décadas da capital, onde se dedicou ao ensino de música.378
Nazinha Prates –
Depravação de gosto
O maestro Aschermann, violinista, Dirige o requintado quinteto de cordas.
Guadagnin, segundo violinista. Gioglia na viola. O violoncelo é de Targino.
Ao piano, Nazinha Prates.
Haydn flutua no ar da Rua da Bahia. Por que maligna inclinação,
Vou ver o melodrama dos Garridos No palco-poeira do Cinema Floresta?379
376
Revista Belo Horizonte, 28/10/1933.
377
Revista Acaiaca, julho de 1949.
378
Minas Gerais em 1925, Imprensa Oficial, 1926.
379
ANDRADE, Carlos Drummond. Esquecer para lembrar – Boitempo III. Rio de Janeiro, José Olympio, 1979, p.143. In: FREIRE, 2001, p35.
Arrigo Buzzachi – Era regente, compositor e pianista formado na Itália. Em
Belo Horizonte, dedicou-se ao ensino de piano.380
Carlinda Tiquintella – Nasceu em Belo Horizonte, em 1898. Foi indicada para
lecionar no CMM pelo maestro Oscar Guanabarino. Foi professora de harmonia, teclado e piano. Fez aulas de aperfeiçoamento pianístico com o pianista Guilherme Fontainha, apesar de não se apresentar em público. Formou-se em piano pelo INM, com medalha de ouro. No CMM foi professora de Ziná Coelho Júnior e Jilka Nastasity.381
Temos notícia de professores que vinham a Belo Horizonte especialmente para
dar aulas particulares de piano, como Maria da Penha e Arnaldo Estrela, que vinham regularmente e formaram uma geração de professores. Outros vinham e davam cursos sem regularidade ou continuidade, era o caso de Hans Graff e de Madalena Tagliaferro.
Como se trata de um campo informal, tornou-se impossível encontrar uma fonte que revelasse alguma possível organização dos professores particulares. Temos notícia desse grupo de profissionais porque todos os entrevistados citam professores particulares como responsáveis por suas formações iniciais, antes de procurarem as escolas em que realizaram suas formações profissionais ou como aperfeiçoamento de técnica depois de formados.
Segundo Bozzetto, os professores particulares que foram pesquisados por ela – e pode-se entender isso quase como uma regra – vão “misturando materiais, elaborando metodologias próprias de acordo com o progresso e crescimento do aluno, buscando de cada método, compositor ou peça musical o que combina mais com o perfil do seu
aluno”382
. Consideramos, em grande parte dos casos, o professor particular como um mediador entre o estudante de música e a instituição ou ainda aquele que facilita o acesso a uma instituição musical, adaptando o percurso técnico às dificuldades de cada estudante.
380
Minas Gerais em 1925, Imprensa Oficial, 1926.
381
REIS, Sandra Loureiro. Um estudo histórico: Escola de Música da UFMG (1925-1970)1993.
382
BOZZETTO, Adriana. Ensino particular de música – Práticas e trajetórias de professores de piano, p.64.