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Primeiras experiências com os laptops nas escolas públicas: o pré-piloto do Projeto

PROJETO UM COMPUTADOR POR ALUNO: NOVAS AÇÕES, VELHOS PROBLEMAS

3.3 Primeiras experiências com os laptops nas escolas públicas: o pré-piloto do Projeto

No ano de 2007, o governo federal instituiu formalmente através da Portaria SEED/MEC n.° 8, de 19 de março de 2007, um Grupo de Trabalho (GTUCA), (QUADRO 4), composto por docentes do ensino superior que pesquisavam sobre o uso dos computadores na educação básica a pelo menos mais de três décadas. Esse grupo, a convite dos assessores especiais do Presidente Lula, se reunia desde o ano de 2005 para discutir os aspectos pedagógicos do Projeto UCA. Segundo essa Portaria, com a instituição do GTUCA, o objetivo constituía em assessorar “pedagogicamente a elaboração do documento básico do Projeto Um Computador por Aluno - UCA, bem como realizar o acompanhamento e avaliação das experiências iniciais a serem implantadas”. Ainda segundo esse documento, o grupo teria “300 (trezentos) dias, prorrogáveis por mais 30 (trinta), para apresentar os resultados no formato de documento”.

Quadro 4 – Assessores Pedagógicos do Projeto UCA

Assessor Pedagógico Instituição

1. José Armando Valente UNICAMP

2. Julíbio David Ardigo UDESC

3. Léa da Cruz Fagundes UFRGS

4. Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida PUC – SP 5. Maria Helena Cautiero Horta Jardim UFRJ

6. Mauro Cavalcante Pequeno UFC

7. Paulo Gileno Cysneiros UFPE

8. Roseli de Deus Lopes USP

9. Simão Pedro Pinto Marinho PUC – MG

10. Stela Conceição Bertholo Piconez USP

O Governo Federal propôs esse Projeto como “uma nova utilização da tecnologia nas escolas públicas, tendo como pilares de sustentação a melhoria do processo educacional, a inclusão digital e a inserção da cadeia produtiva brasileira no processo de fabricação e manutenção dos equipamentos” (PROJETO BASE DO UCA,67 2007, p. 5). Além disso, ainda segundo o governo, traz de “forma subjacente os pressupostos de disponibilidade, conectividade, e mobilidade” (p. 8).

No que tange a inclusão digital, com o Projeto o governo pretendia

A oferta de computadores portáteis e de baixo custo aos estudantes da rede pública de ensino, juntamente com a formação em larga escala de uma rede de infraestrutura para acesso à Internet sem fio, possibilitará o acesso a esta tecnologia para além do ambiente da sala de aula ou do laboratório de informática, atingindo também uma parcela ampla da sociedade, composta por professores, pais de estudantes e demais familiares. Os estudantes poderão, por exemplo, elaborar um documento multimídia na sala de aula e continuar o desenvolvimento em outros espaços, tais como biblioteca, pátio da escola e sua própria casa. Neste caso, com a tecnologia à disposição do estudante, dentro e fora da escola, sua família também será instada a utilizar o equipamento e poderá ter acesso a outras fontes de informação e conhecimento (BRASIL, 2007, p. 9).

Para implementação desse pré-piloto, a SEED/MEC fez várias sondagens68 a secretarias de estados e municípios, buscando adesão das mesmas a esse primeiro experimento. Inicialmente foram pré-selecionadas dez escolas e, destas, cinco foram escolhidas. Para implementação, essas instituições teriam a colaboração e

67

Projeto Base do UCA disponível em:

<http://www.enlaces.cl/portales/tp5fdaa5dc4n55/documentos/200712171646020.Projeto_Base_umcompu tadorporaluno_UCA.pdf>. Acesso: 20 de jul. de 2014.

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acompanhamento de docentes de ensino superior, seus respectivos grupos de pesquisa e secretarias de educação, como podemos verificar no quadro abaixo.

Quadro 5 – Escolas participantes do pré-piloto do Projeto UCA

Escola Localização Acompanhamento Modelo de

laptop recebido

1 Escola Estadual Luciana de Abreu Porto Alegre/RS Léa Fagundes

(UFRGS)

XO 2 Escola Municipal de Ensino Fundamental

Ernani Silva Bruno

São Paulo/SP Roseli Lopes

(USP)

XO 3 Escola Municipal Profa Rosa da

Conceição Guedes Distrito de Arrozal, Piraí/RJ Profa. Maria Helena Cautiero (UFRJ) ClassMate

4 Colégio Estadual Dom Alano Marie Du Noday

Palmas/TO Profa. Maria

Elizabeth de Almeida PUC/SP

ClassMate

5 Centro de Ensino Fundamental 1 Vila Planalto,

Brasília/DF

Secretaria de Educação

Mobilis

Quatro dessas cinco escolas foram acompanhadas por pesquisadores que integravam o grupo de assessores pedagógicos, responsáveis pela elaboração do documento básico para a segunda fase do Projeto. A definição dos estados para participar do pré-piloto, foi motivada pela localização da atuação profissional dos assessores pedagógicos. Quando o governo federal decidiu encaminhar os XO para o Rio Grande do Sul, foi por que a Profa. Léa Fagundes LEC/UFRGS desenvolvia suas pesquisas nesse estado, e assim sucessivamente.

O MEC obteve financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para acompanhar o processo de implementação e produzir relatórios de avaliação. Segundo Lopes (2010), cerca de US$ 400 mil foram destinados para financiar esses estudos. A Fundação Pensamento Digital, com sede no Rio Grande do Sul, foi escolhida pelo governo federal como executora da cooperação técnica estabelecida entre MEC e BID. Segundo um dos coordenadores gerais do UCA, em Brasília, que nos concedeu entrevista, foi a professora Léa Fagundes, LEC/UFRGS, quem indicou essa instituição. Para a Fundação (2010a), os relatórios produzidos

[...] sinalizam as lições aprendidas de cada experiência, considerando aspectos como infraestrutura, recursos, capacitação, suporte, gestão, sustentabilidade e avaliação, visando apontar problemas e soluções

encontradas no processo de implementação do projeto e, assim, fornecendo insumos para sua replicação em outras escolas (p. 8).

Os trabalhos de avaliação foram iniciados no ano de 2009, a partir do projeto “Preparando para a expansão: lições da experiência piloto brasileira na modalidade um computador por aluno”, coordenado pela Fundação Pensamento Digital, e executado por pesquisadores contratados pela mesma.

Várias questões foram pontuadas nessa avaliação, manutenção e guarda dos

laptops, mobiliário, qualidade da conexão, rede elétrica das escolas, questões

curriculares, como dados relevantes dessas primeiras experiências, que precisavam ser consideradas na implementação da nova fase do Projeto que estava para ser iniciada. Dentre essas questões, destacamos:

 Os contratos para aquisição dos laptops, que deveriam, necessariamente, prever uma garantia de três anos, com detalhamento dos procedimentos e prazos de consertos e/ou trocas - isso porque, sem o planejamento e os recursos financeiros para suporte, o projeto é inviabilizado;

 Necessidade de computadores reserva para que os alunos não ficassem prejudicados com a privação de seu uso, por conta dos vários defeitos apresentados pelos laptops;

 Adequação de carteiras – com mesas não mais indicadas do que aquelas com simples braços para apoio de cadernos;

 Readequação da rede elétrica para permitir cargas de baterias simultâneas;  Internet com uma velocidade que possibilite o acesso simultâneo, com bom

desempenho, de todos os computadores existentes na escola.

Os relatórios foram entregues ao MEC e disponibilizados para consulta no site institucional do Projeto69, assim também como foram realizados workshops em algumas cidades brasileiras, com o objetivo principal de socializar esses dados e apresentar a

69 Relatórios disponíveis para consulta no endereço:

abrangência e estrutura física do piloto que estava para ser iniciado. Salvador70, na Bahia, foi uma das cidades que sediou esse evento em novembro de 2010, com a presença de representantes dos governos, pesquisadores vinculados às universidades, representantes da sociedade civil, docentes e gestores das escolas que iriam participar da fase piloto nesse estado.

Com o pré-piloto, o governo teve a oportunidade de acompanhar e avaliar todo o processo de implementação de uma ação para inserção de tecnologias digitais em escolas públicas, agora numa nova modalidade, um computador para cada aluno, tendo reunido elementos concretos que possibilitaram identificar problemas e soluções na implementação, para que, na segunda fase do Projeto, estas situações não se repetissem, de forma a aprimorar os procedimentos e obter melhores resultados. Contudo, não foi isso que aconteceu como veremos mais adiante.

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