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Primeiros protótipos de laptops doados ao governo federal: especulações das empresas e encaminhamentos governamental

PROJETO UM COMPUTADOR POR ALUNO: NOVAS AÇÕES, VELHOS PROBLEMAS

3.2 Primeiros protótipos de laptops doados ao governo federal: especulações das empresas e encaminhamentos governamental

Um protótipo do laptop modelo XO foi entregue ao Presidente da República por Negroponte, quando o mesmo retornou ao Brasil em março de 2006 onde, na oportunidade, garantiu a doação de sessenta máquinas para testes. Segundo Coelho (2006), em dezembro desse mesmo ano, universidades, centros de processamento de dados e outras organizações governamentais receberam do MEC as unidades para realizar diversos testes, dentre eles as avaliações técnicas e funcionais. Esse protótipo tinha as seguintes características62: tela de cristal líquido de 7,5 polegadas, câmera,

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Relatório completo disponível em:

<http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/relatoriolaptopdezembro_seed.pdf.>. Acesso em: 08 jun. 2013.

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Espartaco Madureira Coelho, no período de implementação do Projeto UCA, estava na direção do Departamento de Infraestrutura Tecnológica da Secretaria de Educação a Distância (SEED/MEC), e acompanhou todo esse processo tendo, inclusive, participado de várias reuniões. Nesse período (2005), criou um blog onde publicava tudo que estava sendo realizado, assim como replicava as matérias veiculadas na imprensa sobre o Projeto. Disponível em:

<http://pilotosdoprojetouca.blogspot.com.br/2005_12_01_archive.html>. Acesso: 10 jun. 2012.

62 Características do XO disponíveis em: <http://laptop.org/en/laptop/hardware/index.shtml>. Acesso: 15

memória interna de 256 megabytes, alto-falantes estéreos internos e amplificador, microfone monofônico interno e conectores para fones de ouvido.

IMAGEM 41 – Negroponte entrega ao presidente Luís Inácio Lula da Silva um XO

Fonte: http://pilotosdoprojetouca.blogspot.com.br/2006_11_01_archive.html

Paralelo a isso, o MCT realizava reuniões para ouvir e discutir os resultados dos estudos técnicos elaborados pelas instituições de pesquisa CenPRA, CERTI e LSI, que abordaram temas como preço de hardware, software educacional e riscos ergométricos, e representantes do governo e das indústrias iniciaram contatos para discutirem a produção e os custos dos laptops. Segundo o Serviço Federal de Processamento de Dados, SERPRO (2006)63, a palavra de ordem era buscar alternativas tecnológicas no mercado, sem desconsiderar ou descartar as propostas que já estavam sobre a mesa do governo para análise. Ainda segundo o SERPRO, o governo pretendia, com isso, “utilizar essas propostas para quebrar, lá na frente, o paradigma do preço do computador a ser adquirido”.

No que concerne ao valor de mercado desses equipamentos, é importante pontuar, que o movimento liderado por Negroponte para compra em massa desencadeou um movimento internacional em torno do tema, com consequência quase imediata na queda dos preços dos computadores portáteis e na implantação de políticas públicas para introdução de computadores no modelo 1-a-1 em diversos países (Uruguai, Argentina, Brasil, entre outros). Nascia, assim, de forma mais sistemática, a ideia de utilização de computador para uso individual das crianças (ou alunos).

Negroponte, em entrevista concedida à Revista INFO online, no ano de 2008,64

63 Governo e indústria negociam laptop para uso educacional. Disponível em

<http://www4.serpro.gov.br/noticias-antigas/noticias-2006/20061213_05>. Acesso em: 12 jun. 2013.

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destacou que o “projeto de levar um laptop para cada criança nos países em desenvolvimento impulsionou o promissor segmento de netbooks”. Afirmou ainda “que as empresas de computadores enxergaram um filão de mercado quando perceberam o alto interesse que o projeto de um laptop de baixo custo estava despertando”. “No começo, a indústria de computadores não gostou”, disse ele, lembrando que na época o custo de um laptop era de US$ 1.000. Ainda, segundo o pesquisador, quando seis países, incluindo o Brasil, se comprometeram a comprar 1 milhão de unidades do laptop de baixo custo, a indústria passou a enxergar um potencial no segmento; “hoje você pode ir ao varejo e comprar um laptop de 300 dólares e isso é graças a nós” (Revista INFO online, nov. de 2008).

Nesse ínterim, segundo Coelho (2007), o Classmate PC (produzido pela Intel) disputou65 o mercado brasileiro com o XO (produzido pela OLPC), e com um tablet (produzido pela indiana Encore). Essas empresas, assim como a OLPC, doaram66 (Encore doou 40 unidades e a Intel 30) laptops para a equipe do governo federal, que os encaminhou para os centros de pesquisa e universidades realizar com estes diversos testes, dentre eles as avaliações técnicas e funcionais, como já vinha fazendo com o XO (OLPC).

Como desdobramento das reuniões e discussões dessas empresas com o governo, em janeiro de 2007, esses três fabricantes de equipamentos doaram um quantitativo maior, pouco mais de 1.100 unidades de laptops (IMAGEM 3) ao MEC, empresas Intel, 800 unidades do modelo Classmate, Encore, 40, modelo Mobilis, e a OLPC, 275, modelo XO.

Acesso em: 12 jun. 2013.

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Ver mais sobre essas disputas em Disponível em:

<http://info.abril.com.br/aberto/infonews/032007/05032007-13.shl>. Acesso em: 12 jun. 2013.

66 Dados disponíveis em: <http://pilotosdoprojetouca.blogspot.com.br/search?updated-max=2007-02-

IMAGEM 42 – Da esquerda para direita os modelos XO, Mobilis e Classmate

Fonte: <http: //felitti.wordpress.com/files/2007/01/xo_classmate_mobilis.jpg>.

O MEC, como parte do conjunto de discussões com os grupos de trabalho e as empresas, decide então encaminhar esses laptops para algumas escolas públicas, com o objetivo de avaliar o uso de equipamentos portáteis pelos alunos, em sala de aula. Esse experimento inicial foi batizado de pré-piloto. Enquanto isso, o governo federal já planejava a expansão, com a compra de 150 mil laptops para realizar a segunda fase, a qual denominou de piloto.

3.3 Primeiras experiências com os laptops nas escolas públicas: o pré-piloto do

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