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F: Olha, eu confio em todos eles, eu eu costumo assim analisar bem a pessoa quando (conheço) observo, estou atento a tudo, nos mínimos detalhes, se a pessoa tive assim com

5.2 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE

Na busca por alcançar nosso objetivo geral de identificar, levantar e descrever o padrão construcional dos MDs de base verbal perceptivo-visual, Vpv(x)md, adotamos estratégias de metodologia de captação de corpus, levantamento e escolha da base teórica, seleção de dados, análises de dados, bem como estratégias de demonstração de resultados parciais e finais. Esses procedimentos estão, resumidamente, expostos a seguir.

64 As amostras de números 13 e 63, do agrupamento Censo 1980, não abriram, impossibilitando o acesso. No agrupamento Amostra indivíduos recontactados/2000, a amostra de número dois não abriu, impossibilitando o acesso.

A captação de corpus segue dois critérios: o primeiro, com base na LFCU, visa a transparência de contextos de uso que retratem o mais próximo possível a língua falada; o segundo é o da sincronia, representativa do português brasileiro do século XX. Sendo assim, buscamos corpora do período de 1901 a 2000, compostos de depoimentos, aulas expositivas, entrevistas, trechos de ficção (retratando diálogos), trechos jornalísticos com relatos orais.

A escolha dos critérios para a seleção de dados, primeiramente, segue um procedimento teórico-conceitual. Após levantarmos a conceituação de MD, estabelecemos, com auxílio da literatura sobre o tema, as características apontadas e justificadas para os MDs de base verbal perceptivo-visual. Como descritas no capítulo 1, essas características são:

(a) autonomia sintática; (b) orientação da interação; (c) relevo fonológico.

O segundo procedimento, na seleção de dados, é o descarte de dados dos verbos ver e olhar como verbos plenos ou auxiliares. Captamos apenas os usos em que as formas coletadas satisfazem o conceito de MD e se encaixam nas três características já citadas. Dessa forma, os usos estão em contexto de isolamento65.

O último procedimento, no levantamento dos dados, é o descarte de formas que, mesmo preenchendo os requisitos característicos dos MDs, podem criar ambiguidade sintático-semântica. Algumas das formas descartadas são: mas olha, porque olha, mas olhe aqui, agora vê, ora veja, ora vejam, vejam só... no que deu, ora vejam só, então veja só, ora veja só, mas veja só, pois veja só, porque vejam bem, já viu, entre outras.

Os dados foram captados com seus contextos, isto é: retirada uma parte maior da ocorrência, captamos de três a cinco linhas anteriores e posteriores ao dado. Logo após, os dados foram reunidos por semelhança de formas e contabilizados em frequência token e frequência type.

A aferição da frequência e da produtividade das formas, juntamente com o embasamento teórico, nos possibilita hierarquizar os níveis de esquematicidade do padrão da construção verbal perceptivo-visual. A hierarquia do padrão Vpv(x)md é detalhadamente descrita no Capítulo 6.

Com o nível base do padrão construcional definido, visualizamos as microconstruções sancionadas. Prosseguindo com a análise, nosso próximo passo é demonstrar a funcionalidade

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Definido por Diewald (2006), o contexto de isolamento não permite uma ambígua leitura de significado, pois, nesse caso, um significado exclui o outro. Sendo assim, uma função sintático-semântica exclui a outra.

dos tokens. Antes de comprovar a individualidade das microconstruções, retornamos nossa atenção à literatura específica. Levantamos a macrofunção, as funções e as subfunções relativas ao efeito de marcação discursiva. Depois do estabelecimento das quatro principais funções desempenhadas pelos MDs, passamos a analisar os contextos de uso em que os MDs atuam. Nosso intuito em identificar os contextos de atuação de cada MD de base verbal perceptivo-visual consiste no levantamento das funções discursivo-pragmáticas que os MDs apoiam.

Nossa principal dificuldade teórico-metodológica consiste no levantamento de embasamento que comprove e caracterize as funções discursivo-pragmáticas apoiadas pelos MDs de base verbal perceptivo-visual. Não encontramos na literatura específica um enquadre teórico que trate da questão. Sendo assim, decidimos levantar as funções discursivo- pragmáticas dos contextos de uso de nosso corpus. Uma vez identificadas tais funções, estendemos a análise a todos os contextos de uso analisados. Na medida em que identificamos as funções discursivo-pragmáticas do type selecionado, destacamos a função prototípica como a primeira a ser demonstrada nas análises.

Decidimos analisar o padrão construcional por base verbal, na seguinte ordem: primeiro a base verbal olhar; em seguida, a base verbal ver.

Os resultados parciais são contextualizados em exemplos, demonstrando a aferição do levantamento das funções em seus contextos de atuação. Essa primeira análise parcial diz respeito às microconstruções. Em seguida, compilamos uma visão de cada base verbal do padrão construcional representativo da virtualidade da mesoconstrução, seguido de um quadro comparativo em que as formas do respectivo padrão são submetidas ao princípio de marcação. Logo depois, apresentamos uma visão geral do padrão, o que diz respeito às conclusões a que chegamos com base na teoria levantada.

Decidimos quantificar os resultados por número de ocorrência e não por porcentagem, devido à comparação da frequência token. Nosso trabalho é quantitativo de cunho qualitativo. Assumimos que as construções estão à disposição dos falantes no inventário da língua e concorrem entre si no cumprimento de funções discursivo-pragmáticas. Defendemos que configurações morfossintáticas acompanham situações de interações discursivas, contribuindo para a convencionalização da correspondência simbólica de seu significado em situação real de uso. Justificamos nossa proposta metodológica acreditando que a análise dos padrões construcionais reflete a análise de usos linguísticos. Em suma, nossa análise visa o entendimento da língua em uso - o entendimento de como os MDs formados pelos verbos perceptivo-visuais olhar e ver emergem no discurso.