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CAPÍTULO III: ASPECTOS METODOLÓGICOS

3.4 Procedimentos

3.4.1 Contado com as participantes e responsáveis

Todas as integrantes da pesquisa foram adolescentes, portanto até 18 anos de idade. Nesses casos é necessária a autorização de um responsável da participante, para que ela possa ingressar na pesquisa. Para que o estudo possa estar conforme os termos éticos, além da autorização do responsável pela menor, ela também assinou um Termo de Assentimento,

manifestando estar de acordo com a pesquisa e que participou de livre e espontânea vontade.  Contato com as adolescentes gestantes e seus responsáveis.

O grupo clínico, como já mencionado, foi realizado com adolescentes gestantes que compareceram ao PA (Pronto Atendimento) de obstetrícia de um Hospital Escola da cidade de São Paulo/SP. O contato com os pais e/ou responsáveis foi realizado por meio do acompanhante das adolescentes, na maioria dos casos as mães. Enquanto ainda aguardavam atendimento médico, as adolescentes eram convidadas a participar da pesquisa, na qual era explicando seu real objetivo e também os instrumentos. A jovem tinha total liberdade para aceitar ou não o convite, porém a não aceitação ocorreu muito pouco.

Todos os pais e/ou responsáveis pelas adolescentes participantes assinaram o Termo de Consentimento (ANEXO II) e todas as adolescentes assinaram o Termo de Assentimento (ANEXO III), dando a participante o direito de não realizar todos os instrumentos, ou abandonar a pesquisa no momento que quisesse.

Durante os procedimentos da pesquisa, caso a adolescente relatasse ou demonstrasse sofrimento psíquico e/ou vivência de situação de violência, a pesquisadora responsável faria o encaminhamento devido. Alguns casos foram encaminhados para o Grupo APOIAR, do Instituto de Psicologia da USP (IP-USP), sob coordenação da Profª Drª Leila Salomão de La Plata Cury Tardivo.

 Contado com adolescentes do Grupo Controle e seus responsáveis.

As participantes desse grupo foram contatadas nas escolas que aceitaram participar da pesquisa, sendo explicado o real objetivo e instrumentos da pesquisa. Para poder dar andamento à pesquisa, foram feito contatos com a instituição de ensino e responsáveis pelas adolescentes.

1- Contato com os Coordenadores/ Diretores das Instituições: foi realizada uma entrevista com os responsáveis pelas instituições, na qual os mesmos manifestaram seu interesse e consentimento à pesquisa, por meio de Termo de Consentimento (ANEXO IV). Foi realizada também uma reunião com os professores, coordenadores pedagógicos e diretores das escolas para um levantamento de crianças e adolescentes, que segundo eles, se enquadravam nos critérios prescritos

pela pesquisa.

2- Contato com os pais ou responsáveis: crianças e adolescentes sob a guarda de pais e/ou responsáveis deveriam ter assinado o Termo de Consentimento. Os pais e/ou responsáveis foram informados em reunião sobre o objetivo da pesquisa e receberam um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO V), manifestando sua aceitação da participação do filho no estudo.

Após contato com os participantes do grupo, foi dado início aos procedimentos. Caso a adolescente manifestasse sofrimento psíquico e/ou ser vítima de violência doméstica, os pesquisadores da equipe realizavam os encaminhamentos necessários. Na cidade de São Paulo as participantes foram encaminhados para o APOIAR, do Instituto de Psicologia da USP (IP- USP), sob coordenação da Profª Drª Leila Salomão de La Plata Cury Tardivo. Também foi dado o direito de se recusar a participação da pesquisa, tendo seu direito reconhecido e respeitado, porém tal fenômeno teve pouquíssima ocorrência.

 Procedimento Grupos Clínico

As adolescentes desse grupo eram abordadas enquanto aguardavam atendimento no PA de Obstetrício de um Hospital Escola de São Paulo/SP, sendo explicado o objetivo da pesquisa e seus instrumentos, fazendo o convite para a adolescente participar, tendo ela total liberdade para aceitar ou não. As que aceitaram participar eram encaminhadas a outra sala de atendimentos, após o atendimento médico, onde eram lidos e assinados os Termos de Consentimento e Assentimento. Em seguida era sugerido que o acompanhante se retirasse, permitindo assim maior privacidade da participante, mas nos casos em que essa se sentia mais confortável com o acompanhante era aceito que ele permanecesse.

Após a assinatura dos termos, a adolescente respondia um formulário para caracterizar o perfil de produção e reprodução social, um formulário para coleta de dados relacionados à gestação, o Inventário de Frases no Diagnóstico de Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes (IFVD) e a uma entrevista semiestruturada (ANEXO I). Em seguida era solicitado que fizesse dois desenhos. No primeiro desenho foi pedido um Desenho da Figura Humana, dando a instrução “desenhe uma figura humana”. Em seguida era solicitado o Teste do Desenho da Pessoa na Chuva dando a instrução “desenhe uma pessoa na chuva”. Todo procedimento levou apenas uma sessão, com duração em média de uma hora e trinta minutos.

Apenas duas participantes responderam todo o questionário e entrevista, mas se recusaram a fazer os desenhos, tendo sua recusa aceita como de direito.

 Procedimento Grupo Controle

Após contato com as escolas e com os pais, as crianças e adolescentes foram convidadas a participar da pesquisa, sendo explicados os objetivos e instrumentos. As adolescentes que aceitaram participar responderam ao IFVD e em seguida eram convidadas para fazer o Desenho da Figura Humana e o Teste do Desenho da Pessoa na Chuva, dando-se a mesma instrução do procedimento com as adolescentes gestantes. O procedimento levou uma ou duas sessões de aplicação, sendo todos os testes aplicados por psicólogos com experiência e sob supervisão de coordenadores pela pesquisadora responsável.

3.4.2 Técnicas Projetivas Gráficas

As técnicas foram aplicadas em ordem (primeiro o Desenho da Figura Humana, seguido do Teste do Desenho da Pessoa na Chuva), utilizando-se folha de papel A4, lápis grafite e borracha, seguindo-se das o instruções “desenhe uma figura humana” e em seguida, “desenhe uma pessoa na chuva”. Não era permitido ao aplicador dar qualquer outra informação ou responder questões específicas como “desenho uma figura masculina ou feminina?”, “posso desenhar mais de uma figura?”, “tem que desenhar guarda-chuva?” ou qualquer outra pergunta relacionada ao modo de desenhar, deixando a adolescente livre para desenhar da melhor forma e como quisesse.

Cada uma das técnicas visou focar em características presentes nos desenhos, elaborando uma planilha com cada uma das características analisadas, preenchendo (1) quanto estivesse presente no desenho e (0) se não apresentasse, para que pudesse ser feito o trabalho estatístico das comparações entre as prevalências em cada grupo. As características observadas em cada técnica serão descrita a seguir e os elementos da análise encontram-se no ANEXO VI.

A análise do conteúdo dos desenhos foi feita com base no proposto por Hammer (1981) e Van Kolck (1968), porém cada desenho teve também sua forma exclusiva de avaliação. No DFH, através do proposto por Machover (1945) e pelo relatório de validação da técnica no Brasil, conforme o estudo de Tardivo (2014) já citado e no Desenho da Pessoa na

Chuva, além da observação da figura humana do desenho, os elementos próprios desse desenho tiveram a analise conforme o manual de Querol e Paz (2005) e o relatório de validação da técnica no Brasil, tendo o estudo já citado anteriormente (TARDIVO, 2012).

Dessa forma, os elementos básicos da análise de ambas as figuras projetivas foram analisados conforme as instruções de Hammer (1981) e Van Kolck (1968); as análises da figura humana, tanto do DFH como do Teste do Desenho da Pessoa na Chuva, foram realizadas conforme o proposto por Machover (1949) e pelo relatório de validação do Desenho da Figura Humana no Brasil (TARDIVO, 2014); e as considerações específicas do Teste do Desenho da Pessoa na Chuva deram-se a partir das contribuições de Querol e Paz (2005), do exposto por Vagostello (2007) em sua tese de doutorado e conforme dados do relatório de validação da técnica no Brasil (TARDIVO, 2012).

3.4.2.1 Desenho da Figura Humana (DFH)

O Desenho da Figura Humana, conforme já enunciado no Capítulo II, teve sua análise aperfeiçoada, dirigindo-se à personalidade do sujeito que desenha relacionando com os impulsos, conflitos, ansiedade e compensações características do sujeito, sendo a pessoa desenhada, a própria pessoa, numa relação de projetar a si mesmo. Visando a análise desse instrumento, Machover (1949) descreve itens relacionados especificamente ao desenho de uma pessoa, que serão usados nesse estudo. A autora divide os elementos da interpretação do DFH em cabeça, recursos sociais – partes do rosto, pescoço e partes do contato, dos quais foram descritos os itens que mais chamaram a atenção nessa pesquisa, como demonstrado a seguir.

Para a análise dos DFHs das adolescentes participantes desse estudo, foram contabilizados 87 itens presentes nas figuras, sendo eles: tamanho (pequeno, médio e grande), localização (inferior esquerdo, inferior direito, inferior central, superior esquerdo, superior direito, superior central, central esquerdo, central direito e central), traçado (interrompido, grosso/forte, normal, fino/leve, apagado/borrado, repassado, transparência e/ou inclinação), cabeça (presença, grande, normal, pequena, deteriorada, perfil e/ou de costas), cabelo (presença, enrolado e liso), orelhas (presença, grandes), pescoço (presença, comprido, grosso e/ou fino), olhos (presença, redondo/oval, fechado, presença de pupila e/ou somente pupilas), sobrancelhas, cílios, nariz (presença, pequeno, normal, grande, narinas e/ou somente narinas), boca (presença, fechada, aberta e/ou lábios), língua, sorriso maníaco,

dentes, corpo (presença e proporção), ombros, braços (presença, grudados ao corpo, em cruz e/ou deteriorados), mãos (presença, fechada e/ou aberta), dedos, unhas, pernas (presença, grandes, médias e/ou pequenas), pés (presença, para dentro, para fora e/ou dentro e fora), roupas, linhas de base, figura incompleta, cintos, entorno, acessórios, não de acordo com a idade e figura palito. Esses itens compuseram a planilha das características analisadas que permitiram o estudo estatístico da comparação entre os grupos.

3.4.2.2 Teste do Desenho da Pessoa Na Chuva

Conforme descrito no Capítulo II, a análise dos desenhos do Teste do Desenho da Pessoa na Chuva tem seus elementos principais interpretados conforme o proposto por Machover (1949) no que se refere a figura humana, e nas considerações de Hammer (1981) e Van Kolck (1968) no que diz respeito a análise dos recursos expressivos e a análise do conteúdo. Devido à instrução “desenhe uma pessoa na chuva”, esse fenômeno natural é esperado nos desenhos, sendo analisados juntamente com os elementos de conteúdo, classificados como detalhes.

Nesta pesquisa, o Teste do Desenho da Pessoa na Chuva utilizou os critérios de correção apresentados na descrição do DFH e, para isso, utilizara também os 87 itens presentes na figura humana, porém acrescido de 12 itens descritivos da chuva e do guarda- chuva. São eles: presença de chuva; chuva setorizada; tipo de chuva (chuva grossa, chuva em lágrimas e/ou chuva em linhas); guarda-chuva; uso de outro objeto para se proteger da chuva; poça de água; raios; uso do duplo (mais de uma figura); botas e chapéu. Da mesma forma que os DFHs, dos itens observados nos desenhos do Teste do Desenho da Pessoa na Chuva, colhidos nessa dissertação, serão apresentados apenas os elementos que tiverem diferenças significativas, sendo essas características analisadas de acordo com o proposto por Querol e Paz (2005), Vagostello (2007) e pelo relatório de validação dessa técnica para o público brasileiro, elaborado por Tardivo (2012).

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