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Resultados para os Grupos Controle e Clínico – Desenho da Pessoa na Chuva

CAPÍTULO IV: RESULTADOS

4.1 Comparação entre frequências das técnicas utilizadas

4.1.2 Resultados para os Grupos Controle e Clínico – Desenho da Pessoa na Chuva

comparações com o entre os Grupos Clínico, Controle e amostra total na utilização do Desenho da Pessoa na Chuva. A Tabela 3 corresponde ao estudo estatístico dos dados apresentados pelo teste de Qui-quadrado para esta técnica.

Tabela 3. Qui-quadrado e frequências de cada característica do Desenho da Pessoa na Chuva para o Grupo de Controle e o Grupo Clínico.

Características Controle Clínico Total

N % N % N % χ2 Sig.

Localização inferior central 2 4,8 11 25,0 13 15,1 6,859 0,009 Traçado – Interrompido 4 9,5 16 36,4 20 23,3 8,673 0,003 Traçado – Inclinação 2 4,8 12 27,3 14 16,3 7,990 0,005 Cabeça – Grande 35 83,3 28 63,6 63 73,3 4,255 0,039 Pescoço – Presença 36 85,7 28 63,6 64 74,4 5,502 0,019 Pescoço – Fino 18 42,9 8 18,2 26 30,2 6,203 0,013 Olhos – Presença de Pupilas 27 64,3 19 43,2 46 53,5 3,847 0,050 Dentes – Presença 0 0,0 4 9,1 4 4,7 4,004 0,045 Mãos – Presença 34 81,0 24 54,5 58 67,4 6,824 0,009 Mãos – Abertas 30 71,4 20 45,5 50 58,1 5,957 0,015 Dedos – Presença 29 69,0 20 45,5 49 57,0 4,879 0,027 Pés – Presença 39 92,9 34 77,3 73 84,9 4,067 0,044

Roupas – Presença 42 100,0 35 79,5 77 89,5 9,595 0,002 Cinto – Presença 7 16,7 21 47,7 28 32,6 9,441 0,002 Acessórios – Não de acordo com a

idade

28 66,7 41 93,2 69 80,2 9,526 0,002

Figura palito – Presença 4 9,5 12 27,3 16 18,6 4,470 0,034 Chuva – Grossa 9 21,4 21 47,7 30 34,9 6,543 0,011

A Tabela 3 traz que os estudos encontraram 17 características diferentes entre os grupos no Desenho da Pessoa na Chuva, demonstrando as diferenças e elevado nível de significância. Ao ser observado a prevalência das diferenças para cada grupo, observa-se que no Grupo Controle houve predomínio das características cabeça grande, presença de pescoço,

pescoço fino, presença de pupilas nos olhos, presença de mãos, mãos abertas, presença de dedos, presença de pés e presença de roupas. No Grupo Clínico a prevalência foi de localização inferior central, traço interrompido, inclinação, presença de dentes, presença de cinto, acessórios não de acordo com a idade, figura palito e chuva grossa.

A seguir, na Tabela 4, serão apresentados os resultados das diferenças significantes encontradas pelo Teste U de Mann-Whitney.

Tabela 4. U de Mann-Whitney e frequências de cada característica do Desenho da Pessoa na Chuva para o Grupo de Controle e o Grupo Clínico.

Mean Rank

Características Controle Clínico U de

Mann-Whitney Sig.

Localização inferior central 39,05 47,75 1.111,000 0,009 Traçado – Interrompido 37,60 49,14 1.172,000 0,003 Traçado – Inclinação 38,55 48,23 1.132,000 0,005 Cabeça – Grande 47,83 39,36 742,000 0,040 Pescoço – Presença 48,36 38,86 720,000 0,020 Pescoço – Fino 48,93 38,32 696,000 0,013 Dentes – Presença 41,50 45,41 1.008,000 0,047 Mãos – Presença 49,31 37,95 680,000 0,009 Mãos – Abertas 49,21 38,05 684,000 0,015 Dedos – Presença 48,69 38,55 706,000 0,028 Pés – Presença 46,93 40,23 780,000 0,045 Roupas – Presença 48,00 39,20 735,000 0,002

Cinto – Presença 36,67 50,02 1.211,000 0,002 Acessórios – Não de acordo com a

idade

37,67 49,07 1.169,000 0,002

Figura palito – Presença 39,60 47,23 1.088,000 0,036 Chuva – Grossa 37,71 49,02 1.167,000 0,011

O Teste U de Mann-Whitney demonstrou 16 características diferentes entre os Grupo Controle e Grupo Clínico e com praticamente as mesmas diferenças entre os dois grupos, apenas desconsiderando a presença de pupila nos desenhos realizados pelo Grupo Controle e que foi significativo no teste anterior. Os dados obtidos entre os testes foram muito semelhantes também com o Desenho da Pessoa na Chuva, permitindo apresentar as distribuições das características diferentes demonstradas pelos grupos estudados, permitindo distinguir os dois grupos e concordar com os resultados.

4.1.3 Dados das entrevistas

As entrevistas se mostraram um instrumento de crucial importância para a melhor compreensão dos dados encontrados na comparação entre grupos e técnicas e também concordando com as teorias e pesquisas utilizadas. Os relatos das adolescentes trazem que em muitos casos a gravidez é desejada, podendo ser notado diferentes motivos para essa vontade de ser mãe em época precoce, como a busca de estabilidade, tentativa de obter autonomia e maturidade, além de encontrarem na gravidez uma forma de serem vistas, terem mais atenção, como se vê abaixo.

“O que eu vejo assim hoje em dia que as meninas “tão” tendo filho muito mais novas né? E

elas querem, isso que é o mais engraçado. Que não é pelo descuido, não é porque alguma coisa deu errado, a camisinha estourou, não tomou pílula, a pílula do dia seguinte não fez efeito, é porque elas querem mesmo. Tem um site chamado ‘Baby center’ e tem lá blogs de menina de 17 anos, 15 anos que “tão” tentando engravidar e não conseguem. É muito interessante! Eu leio lá, converso com muitas delas, mas assim não é porque aconteceu, elas querem. E na hora que acontece não é aquele mar de rosas que todo mundo pensa ‘ah, tá grávida que lindo! Parabéns!’ Tem muita dificuldade pela frente, porque criar um filho não é fácil, custa muito caro” – adolescente gestante, 17 anos.

“O meu namorado mudou. Ele ficou mais atencioso, mas carinhoso, mais preocupado

comigo. Mas, não mais do que eu por a criança. Minha mãe também pergunta se eu já comi, se eu não comi, se estou com fome” – adolescente gestante, 16 anos.

“Ah, eu engravidei porque eu quis. Se falar isso pra minha mãe, minha mãe me esgana! (...)

Porque o meu namorado né, não sou casada ainda com ele, já tem uma outra filha, outra menina. Aí eu falei assim, gosto tanto dele. E ele também. Aí acabei engravidando, mas está sendo maravilhosa! (...) Eu queria, queria, queria um menino. Não queria menina, queria um menino!” – adolescente gestante, 18 anos.

“É, com eu vou falar, é que antes eu chorava muito, todo mundo me chamava de feia,

chamava eu de fedida, falava que eu não tomava banho, falava que eu não sei se arrumar direito, e agora melhorou um pouco a minha vida tô curtindo a minha vida bem, se ajuntei com ele agora e tá tudo certo” – adolescente gestante, 18 anos.

As entrevistam também demonstraram que a gravidez traz consequências para o presente e futuro dessas adolescentes, dentre eles o abandono escolar. As adolescentes falam sobre esse abandono escolar e demonstram ter consciência do prejuízo para o futuro por se deixar de estudo, como apresentado nos trechos a seguir.

“E acho que o único problema vai ser a escola, porque no começo da minha gravidez eu

sentia muita cólica e acho que isso vai dificultar um pouco” – adolescente gestante, 17 anos. “Então, agora que eu estaria terminando o ensino médio, eu estaria entrando na faculdade

né. (...) Mas é complicado, né? É difícil você trabalhar o dia inteiro, chega à noite ainda vai estudar, tem o neném... A gente começa a pensar diferente, assim, se esquecer um pouquinho” – adolescente gestante, 18 anos.

“Pretendo terminar os meus estudos. Trabalhar e dar o melhor pra ela (...) tem que terminar

né? Porque sem estudo não vai ter um trabalho digno né, bom. Aí tem que terminar os estudos e ter um trabalho bom” – adolescente gestante, 16 anos.

Outros dados encontrados amplamente nos discursos das adolescentes gestantes participantes das pesquisas foram com relação à aceitação, ou não, da gravidez pela família e companheiro. Durante as entrevistas elas falam do medo de contar sobre a gravidez e do quanto necessitam do apoio da família e do companheiro, tonando processo menos angustiante, além de demonstrar o quanto se sentem despreparadas para assumir essa responsabilidade sozinhas. Serão apresentados os relatos dos casos clínicos apresentados no capítulo que segue.

Nos casos I, II e III as adolescentes comentam o quanto a gravidez gerou conflito (e violência psicológica), principalmente com a figura da materna.

“Minha mãe tomou um susto começou chorar falar um monte pra mim, e comecei chorar

fiquei nervosa em casa, não sabia o que fazer, meu pai ficou sem falar comigo, ficou um tempo sem falar comigo, não olhava na minha cara” – Vanessa9, 17 anos

“Então... Eu não contei no mesmo dia não... Eu contei pra minha irmã por parte de pai e ela

contou pra minha mãe (...) ela (mãe) nem olhou para minha cara, ela ficou 1 mês sem olhar pra minha cara” – Camila10, 16 anos.

“Ah, mudaria! Voltava no tempo né, mas não tem como voltar agora é daqui pra frente” – Vanessa, 17 anos.

“Eu não queria, eu nem ia pro médico. Aí depois foi acalmando e eu fui” – Camila, 16 anos. “Entrevistador: O que mais você achou muito difícil. Fora a gravidez?

Adolescente: Fora? Ah, acho que a gravidez foi a pior. Não teve tanta coisa assim não. A gravidez foi a pior (...) Eu não me sinto bem não (...)Não está sendo legal.” – Camila, 16

anos.

“O meu medo maior é saber se eu vou conseguir cuidar de um bebê, criar um bebê...

Entende? O meu medo é só esse. (...) Assim por eu ser sozinha! Entendeu?” – Maryeli11, 18 anos.

9 Nome fictício 10 Nome fictício 11 Nome fictício

Apesar de muitas vezes a gravidez não ser aceita, em outros casos a família consegue encarar a situação de forma mais amena, possibilitando maior apoio a adolescente, que passaram pelo período gestacional e pela maternidade mais segura e vivendo a experiência como gratificante, como pode ser visto pelos depoimentos da adolescente do Caso IV, que teve todo apoio e compreensão da família e do namorado.

“Ah, eu não queria engravidar agora, mas tá sendo uma das melhores experiências que eu já

tive. Muito gostoso sentir, poder conversar” – Cristiane12, 18 anos.

“(...) no começo, assim eu não tive nenhum desespero, fiquei muito surpresa, porque é sempre

um baque, nossa! Mas não me desesperei, não pensei em não ter, sabia que ele ia me apoiar e meus pais também iam acabar me apoiando né?” – Cristiane, 18 anos.

A melhor aceitação e apoio da família também contribuem para que a adolescente consiga pensar em si e no seu futuro, possibilitando fazer planos mais reais.

“(...) a melhor coisa que poderia ter acontecido, mesmo eu tendo parado de fazer a

faculdade. Parado por um tempo né? Porque eu pretendo voltar no ano que vem. Mas foi a melhor coisa que poderia ter acontecido assim” – Cristiane, 18 anos.

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