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3. Métodos

3.5 Etapa 4 Validação Clínica do Diagnóstico

3.5.3 Procedimentos de Coleta de Dados

Nos estudos de acurácia adota-se a capacitação de um grupo de enfermeiros para atuarem como diagnosticistas, os quais julgaram se os indicadores clínicos e os Diagnósticos

de Enfermagem (DE) estavam presentes ou ausentes em cada usuário hipertenso e/ou diabético do estudo.71

A inferência diagnóstica é considerada como o padrão de referência para as medidas de acurácia. Para minimizar o viés no momento da inferência diagnóstica, realizou-se a capacitação dos enfermeiros para atuarem como diagnosticistas.71

Embora críticas apontem neste método a existência do viés do padrão ouro imperfeito, deve-se considerar que os DE representam fenômenos humanos, que em sua maioria não podem ser medidos diretamente, sendo identificados e priorizados por pessoas (enfermeiros) para pessoas (usuários).71,77

A capacitação dos diagnosticistas objetiva aprimorar o conhecimento dos mesmos, melhorando a identificação de sinais e sintomas no usuário, na utilização de suas habilidades no processo de diagnosticar.86

O quadro 2 apresenta o planejamento de capacitação realizado.

Quadro 2 – Plano da Capacitação. Campinas-SP,2018.

Data Carga

Horária

Horário Tema

08 de março de 2017 4 horas 8-12horas

- Apresentação da Pesquisa - SAE, PE

- Inferência Diagnóstica e Acurácia

- Convite para participar da pesquisa e TCLE

19 de abril de 2017 4 horas 8-12 horas

-Ética em pesquisa com seres humanos

- Contextualização sobre a população do estudo (APS, ESF, HA, DM)

- Contextualização sobre CIPE®, Subconjunto Terminológico

Enfermagem Comunitária, subconjunto de Diagnósticos de Enfermagem “Enfermagem Comunitária” para hipertensos e/ou diabéticos

19 de abril de 2017 4 horas 13-17 horas - Aplicação dos casos clínicos.

Dessa forma, a coleta de dados foi realizada por enfermeiros diagnosticistas previamente capacitados, integrantes de um “Grupo de Estudos e Pesquisa em Gerenciamento da Assistência de Enfermagem” da linha de pesquisa “Processo de Cuidar em Saúde e Enfermagem”.

Os integrantes do Grupo de Pesquisa receberam a Carta Convite (Apêndice D) e o TCLE (Apêndice E) via pesquisadora principal em reunião do grupo dia oito de março de 2017. Neste primeiro encontro foi explicado o objetivo do estudo, quais seriam suas atribuições no processo e solicitado a participação na verificação da acurácia dos indicadores clínicos dos diagnósticos de enfermagem contidos no subconjunto de Diagnósticos de Enfermagem “Enfermagem Comunitária” para usuários hipertensos e/ou diabéticos. Foi ainda contextualizado sobre SAE, PE, Inferência Diagnóstica e Acurácia.87

O segundo encontro ocorreu em 19 de abril de 2017, com duração de oito horas, teve a presença de seis participantes. Foi dividido em dois períodos: o primeiro entre 8 e 12 horas, cujo tema englobou tópicos específicos como a ética em pesquisa com seres humanos, contextualização sobre APS, ESF, HA, DM, CIPE®, Subconjunto Terminológico “Enfermagem Comunitária” (versão 2017), subconjunto de Diagnósticos de Enfermagem “Enfermagem Comunitária” para hipertensos e/ou diabéticos.87

Ressalta-se que na realização desta etapa já havia sido publicada a versão 2017 do Subconjunto Terminológico “Enfermagem Comunitária” e foi avaliado que os DE elencados na versão 2015 também estavam presentes na versão 2017.

No terceiro período da capacitação, entre 13 e 17 horas, os participantes foram avaliados quanto a capacidade de realizar a correta inferência diagnóstica, por meio da aplicação de casos clínicos. Esta etapa tem a finalidade de identificar quais diagnosticistas possuíam desempenho satisfatório neste processo de diagnosticar.87

Foram construídas histórias clínicas que foram aplicadas para cada diagnosticista, nas quais foram verificadas a presença ou ausência dos DE de acordo com o julgamento.71 Tal etapa

foi realizada de acordo com o método de classificação de atributos, que verifica a capacidade do indivíduo em classificar corretamente dois estados.88

De acordo com o método proposto, o número de histórias clínicas depende da quantidade de participantes. Quando o número de participantes da capacitação for igual ou maior que três, devem ser aplicados 12 casos.88

Dessa forma, cada diagnosticista recebeu um conjunto de 12 histórias clínicas, desenvolvidas pelas pesquisadoras, que confeccionou metade delas com a presença dos DE e a outra metade com a ausência dos DE em questão.88 Cada estudo de caso tinha entre três a seis diagnósticos contidos no subconjunto de Diagnósticos de Enfermagem, totalizando 26.

Os diagnosticistas observaram as histórias e anotaram os resultados da inferência diagnóstica em impresso separado, uma a uma, aleatoriamente.

Segundo a metodologia, quando há três ou mais diagnosticistas, devem ser aplicados 12 casos, com três repetições.88 Entretanto, o presente “Grupo de Estudos e Pesquisa em Gerenciamento da Assistência de Enfermagem” propõe a aplicação dos casos clínicos uma única vez, uma vez que, acredita que a repetição dos casos poderá induzir a avaliação.

Ressalta-se que atividades de maior dificuldade e complexidade, como é o raciocínio diagnóstico, costumam requerer do indivíduo a aplicação do processo de reflexão, o que não acontece em processos repetitivos, de reprodução ou automáticos.89

Salienta-se que o processo de reflexão é permanente nos estudos do referido grupo de pesquisa, o que expõe seus membros a discussões sobre diagnosticar em enfermagem.

Após o término, o desempenho de cada diagnosticista foi avaliado com base em quatro atributos: eficácia, taxa de falso negativo, taxa de falso positivo e tendência.86,88

A eficácia avalia a capacidade do diagnosticador em avaliar de forma correta se o indicador clínico e o Diagnóstico de Enfermagem estão presentes ou ausentes. Foi calculada pelo número de identificações corretas dividido pelo número de casos analisados.88

A taxa de falso negativo está relacionada à classificação de um DE como ausente quando está presente. Foi calculado pelo número de casos que foram incorretamente classificados como negativo, dividido pelo número de casos com o diagnóstico.88

A taxa de falso positivo se refere a chance de um DE ser considerado ausente quando está presente. Foi calculado pelo número de casos incorretamente classificados como positivo, dividido pelo número de casos sem o diagnóstico.88

A tendência relaciona-se à predisposição do diagnosticador em aceitar ou rejeitar um DE. Foi calculada como a razão entre a tendência do falso negativo pela tendência do falso positivo.88

Foram consideradas aceitáveis valores maiores ou iguais a 0,8 para a eficiência, valores menores ou iguais a 0,10 para taxas de falso negativo e falso positivo e entre 0,80 a 1,20 para a tendência.88

Após a análise, três pesquisadoras, diagnosticistas, estavam elegíveis para fazer a inferência diagnóstica nesta pesquisa. Abaixo consta uma Tabela com a análise realizada, no qual os avaliadores foram identificados com a letra A, seguido de números ordinais, distribuídos pela ordem alfabética dos nomes dos avaliadores.

Tabela 2 - Resultado da avaliação realizada após o treinamento com os diagnosticadores. Campinas, 2018.

Eficiência Falso + Falso - Tendência Resultado

A1 0,91 0,16 0 0,91 Aceito A2 0,58 0,83 0 0,58 Não aceito A3 0,66 0,66 0 0,66 Não aceito A4 0,91 0,16 0 0,91 Aceito A5 0,66 0,66 0 0,66 Não aceito A6 0,91 0,16 0 0,91 Aceito

3.5.3.2 Instrumentos de coleta de dados

Foi construído um instrumento dividido em quatro partes, utilizando-se como base o roteiro para consulta de enfermagem para usuários hipertensos e/ou diabéticos do MS (Apêndice F).62-63

A parte I consiste em um checklist para verificação se os procedimentos de coleta de dados estão corretos; a parte II em caracterização sociodemográfica da população; a parte III em caracterização clínica da população, e pôr fim, a parte IV, com os indicadores clínicos e seus respectivos Diagnósticos de Enfermagem (DE).

Na última parte no instrumento, os diagnosticistas avaliaram a presença ou ausência de cada indicador clínico, bem como, a presença ou ausência de cada DE relacionado ao indicador clínico. Havia ainda nesta parte um espaço para levantamentos de novos indicadores clínicos e/ou novos DE.

Juntamente ao instrumento, foi entregue às pesquisadoras: TCLE dos usuários, CIPE® versão 2017 em português, Subconjunto Terminológico “Enfermagem Comunitária” na íntegra e a aprovação do estudo pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP).

Os participantes do estudo foram selecionados por amostragem por conveniência, quando compareciam ao Centro de Saúde para consulta, receberem medicação ou outro atendimento. No momento da coleta, o usuário foi questionado sobre o diagnóstico médico de hipertensão e/ou diabetes e em caso afirmativo, eram convidados a participar da pesquisa. Os usuários que aceitaram participar receberam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em duas vias, permanecendo com uma após a entrevista e entregando a outra à pesquisadora (Apêndice F).

Após a assinatura do TCLE pelo usuário, os dados foram coletados por meio de entrevista diretamente com os mesmos, sempre que eles estavam aptos a fornecer tais informações, de exame físico e observação direta.