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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Para pesquisa qualitativa, os dados foram coletados por meio de entrevistas individuais e semiestruturadas, com membros votantes no comitê de crédito, também conhecida como assistemática ou livre, conforme explica Lakatos e Marconi (2011). Optou-se por entrevistas semiestruturadas para possibilitar o alinhamento da pesquisa entre os participantes, obtendo maior profundidade nas informações coletadas.

Após o contato inicial com a empresa a ser pesquisada, para identificar se adotava ou não o comitê de crédito, buscou-se estabelecer contato com o diretor da área de crédito ou pessoa de influência na organização e atuante no comitê de crédito como votante. A alternativa ao diretor de crédito se deu em razão da dificuldade de agenda dos profissionais de crédito face à responsabilidade inerente ao cargo e à função.

Para confirmar a entrevista, foi enviado e-mail aos respondentes, contendo um modelo de carta-convite, explicando o teor da pesquisa, os meios para que esta pudesse ser realizada, seja presencial, por Skype ou por telefone, deixando à disponibilidade e ou à comodidade das pessoas, observando a aplicação e o sigilo do material coletado. Em alguns casos, no contato inicial, foi possível obter a entrevista sem que houvesse a necessidade de envio de e-mail.

O roteiro utilizado nas entrevistas contém 8 perguntas do tipo aberta aplicadas sequencialmente a todos os respondentes, na mesma ordem, ou seja, adotou-se um padrão para a realização da entrevista, possibilitando a homogeneidade da coleta dos dados.

Segundo Bardin (2007) e Silverman (2001), a homogeneidade das informações possibilita melhores resultados bem com a padronização no processo de análise.

As perguntas elaboradas seguiram, de acordo com o objetivo geral que motivou este trabalho e os objetivos específicos, de forma a compreender os possíveis determinantes na concessão do crédito. O funcionamento do comitê, levantamento e preparação das informações que antecedem a reunião não foram abordados por entender-se que cada empresa adota critérios específicos para este procedimento.

Perera (1998) explica que as informações colecionadas contribuem para o esclarecimento e o alinhamento da decisão, acerca do crédito, com os interesses da empresa, tendo as reuniões como veículo para exposição dos interesses, tendo como o pano de fundo as informações já compiladas em relatórios, antecipando os pontos de vista e a conveniência desejada.

Optou-se por entrevistar os respondentes, não se valendo do envio de questionário, o que dificultou o processo de coleta de dados, face à conciliação da agenda de compromissos dos entrevistados. O roteiro da entrevista foi desenvolvido no formato de perguntas abertas e o que se espera obter de conhecimento pelas respostas está apresentado abaixo, na mesma ordem em que foi conduzida aos respondentes.

Questão nº 1: Há indicação do factoring e ou FIDC na orientação à empresa-cliente quanto à decisão de opção por processo de recuperação judicial ou acordo informal?

Esperava-se obter dados para compreender se há influência da empresa fornecedora de crédito perante a empresa-cliente no momento da concessão e se tal influência é determinante em algum momento ou mesmo na decisão da empresa-cliente em fazer acordo fora dos tribunais com os fornecedores, tendo o comprador dos direitos creditórios como garantidor do recurso para tal feito.

Questão nº 2: Em que momento é identificada a situação econômico financeira da empresa-cliente?

Objetivou-se conhecer os meios utilizados para levantar as informações financeiras das empresas em crise, diante do pressuposto da assimetria da informação e da necessidade do crédito.

Questão nº 3: Estando a empresa-cliente em processo de recuperação judicial, o factoring e/ou FIDC analisa a possibilidade de concessão de crédito? Se sim, quais os meios?

Pressupõe-se que a fase inicial do processo de recuperação da empresa em crise, seja na esfera judicial ou extrajudicial, é o momento delicado para o processo de crédito, em que a empresa em crise, possivelmente, está fragilizada e, portanto, conhecer o meio utilizado para viabilizar ou não a concessão de recursos possibilitou conhecer a prática de atuação do mercado.

Questão nº 4: Qual a importância do histórico da empresa-cliente no processo de concessão de crédito?

Buscou-se compreender se o comportamento da empresa-cliente ou cedente dos direitos creditórios, ao longo de um período, geralmente 3 últimos exercícios fiscais, influencia a decisão de crédito.

Questão nº 5: Considerando o Trust um serviço do factoring, aplica-se ao FIDC?

As empresas, em sua grande maioria, originárias do factoring, podem se valer da prestação de serviços como veículo de aquisição de direitos créditos com melhores taxas ou

este mecanismo não é possível de ser utilizado devido a algum tipo de restrição. Buscou-se conhecer a prática das empresas pesquisadas.

Questão nº 6: Qual o papel dos consultores no processo de concessão de crédito para empresas-clientes em dificuldade?

A partir da prática do mercado, esta questão foi desenvolvida com o objetivo de elucidar eventual interferência, participação ou influência de um terceiro como possível garantidor ou facilitador do crédito cedido às empresas em crise.

Questão nº 7: Quais as informações utilizadas no processo de análise de crédito?

Pretende-se que o resultado apresente alguma característica peculiar para a obtenção de informações em empresas em crise que permita decidir ou direcionar a concessão do crédito. Esta questão foi aplicada, pensando em uma possível confirmação da questão nº 2 e parte da questão nº 3.

Questão nº 8: Na sua percepção, quantas empresas em dificuldade financeira ou em processo de RJ revertem a situação?

Por se tratar de empresas em crise financeira, com a possível dependência de capital de terceiros para fomentar as operações, esta questão foi aplicada para analisar a sensibilidade do comitê de crédito quanto às empresas em crise da própria carteira do respondente ou de experiências em outras empresas ou instituições financeiras.

Foram realizadas entrevistas com 9 indivíduos, que serão chamados de respondentes e codificados de R1 a R9 para preservar o sigilo, que representam as respectivas empresas de Factoring e FIDC, com participação ativa no comitê de crédito para concessão de crédito a clientes em geral. As entrevistas tiveram a duração média de 23 minutos sendo que, para a

coleta dos dados, foi utilizado gravador, exceto em alguns casos, para registro dos dados coletados, possibilitando a transcrição posteriormente para a análise de acordo com a tabela 15.

Tabela 15: Entrevistas realizadas – data, duração, meio, local, tempo médio

Respondente Data Duração Entrevista Meio Local Tempo total Gravada

R1 10.04.2015 28 Presencial No respondente 1h00 Não

R2 14.04.2015 25 Presencial No respondente 1h15min. Não

R3 24.04.2015 15 Presencial Onde trabalho 1h10min. Sim

R4 09.05.2015 15 Presencial Onde trabalho 1h00min. Não

R5 12.05.2015 21 Fone Onde trabalho 30min. Sim

R6 14.05.2015 12 Presencial Onde trabalho 1h30min. Sim

R7 02.06.2015 31 Fone Onde trabalho 40 min. Sim

R8 03.06.2015 26 Fone Onde trabalho 30min. Sim

R9 05.06.2015 34 Fone Onde trabalho 40min. Sim

Fonte: elaborado pelo autor, a partir dos dados da pesquisa, 2015.

Flick (2007) observa que o uso de equipamento de gravação permite que a documentação permaneça independente das perspectivas do pesquisador, obtendo um registro natural. Entretanto, anotações devem ser feitas imediatamente após a entrevista, com o mesmo rigor das gravações, possibilitando a distinção entre o que foi observado e a transcrição. O referido autor observa, ainda, que o processo de transcrição não necessita do rigor na exatidão que exceda a questão de pesquisa.

Das 9 entrevistas realizadas, apenas 3 não foram autorizadas para gravar, pois, os indivíduos, com cargos de alto escalão, superintendentes e diretores com subordinação direta ao acionista das empresas não se sentiram confortáveis com o registro das informações, mesmo diante da confidencialidade e sigilo da pesquisa informados no início da conversa.

Nestes casos, as entrevistas foram realizadas com anotações durante 15 minutos, aproximadamente e, ao término, reservaram-se cerca de 10 minutos para que fosse possível concluir todas as anotações obtidas na entrevista. Os indivíduos foram selecionados, respeitando o critério de participação ativa no comitê de crédito, sem reservas quanto ao tempo de trabalho na empresa, idade, sexo, e experiência de mercado e na função atual, bem como escolaridade.

Segundo Gil (2002), a forma mais confiável de reproduzir as respostas é fazer o registro durante a entrevista, pelas anotações, ou logo após a conclusão da entrevista.

De acordo com Richardson (2008), entrevista é uma técnica que permite a aproximação entre pessoas de forma que a informação transmitida seja captada em seus detalhes, não se

limitando às percepções do pesquisador. A entrevista semiestruturada com perguntas abertas foi adotada para possibilitar maior flexibilidade durante a coleta dos dados.

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