• Nenhum resultado encontrado

Segundo Hill (2002), a securitização foi desenvolvida nos Estados Unidos da América, na década de 1970, com uma estrutura que contemplava a criação de um pool de investidores remunerados. O primeiro tipo de securitização foram hipotecas originadas dos bancos e, desde então, muitos outros tipos de fluxos de caixas têm sido securitizados com volume considerável.

A Europa começou a usar a transação na década de 1980, juntamente com o México nos mercados emergentes.

A palavra securitização provém do termo securities que, em inglês, define valores imobiliários e títulos de crédito, significando a conversão de créditos, ativos recebíveis, em lastro para títulos ou valores mobiliários a serem emitidos a posteriori, dando início, no Brasil, na década de 1970, pela venda de empréstimos hipotecários garantidos pelo governo.

Na década de 1980, surgiram as primeiras operações de securitização no Brasil por emissão pela própria sociedade comercial originadora dos créditos conhecida como securitização parcial, em que o originador emitia debêntures, no mercado de capitais, com garantia real, penhor de crédito, dos créditos que o emitente possuía junto aos próprios clientes. Até o momento, o processo de securitização se dava, principalmente, pela emissão de títulos lastreados nos recebíveis de cartões de crédito.

Novos modelos de securitização passaram a ser praticados no Brasil a partir da década de 1990 com as operações de transferência dos direitos creditórios gerados pelo originador para a SPE com emissão de debênture.

No Brasil, existem 4 tipos de securitizadoras que estão detalhadas a seguir:

1. Companhias securitizadoras de créditos financeiros - são SPE com objeto social exclusivo para a aquisição e securitização de créditos financeiros regidos pelo art. 1º da Resolução BACEN nº 2.686 de 26/01/2000:

Art. 1º – Autorizar a cessão de créditos oriundos de operações praticadas por bancos múltiplos, bancos comerciais, bancos de investimento, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, companhias hipotecárias, associações de poupança e empréstimo e pela Caixa Econômica Federal a sociedades anônimas que tenham por objeto exclusivo a aquisição de tais créditos. Parágrafo 1º – A cessão de que trata este artigo somente pode ser realizada a sociedade anônima que:

I – contenha em sua denominação a expressão “Companhia Securitizadora de Créditos Financeiros”;

Companhias securitizadoras de créditos imobiliários – SPE com objeto social exclusivo para aquisição e securitização de créditos imobiliários regido pelo art. 3º da Lei 9.514 de 20/11/1997:

Art. 3º As companhias securitizadoras de créditos imobiliários, instituições não financeiras constituídas sob a forma de sociedade por ações, terão por finalidade a aquisição e securitização desses créditos e a emissão e colocação, no mercado financeiro, de Certificados de Recebíveis Imobiliários, podendo emitir outros títulos de crédito, realizar negócios e prestar serviços compatíveis com as suas atividades;

Companhias securitizadoras de créditos do agronegócio – SPE com objeto social exclusivo para aquisição e securitização de direitos creditórios do agronegócio regulado pelo art. 38 e art. 40 da Lei nº 11.076, de 30/12/2004:

Art. 38 As companhias securitizadoras de direitos creditórios do agronegócio são instituições não financeiras constituídas sob a forma de sociedade por ações e terão por finalidade a aquisição e securitização desses direitos e a emissão e colocação de Certificados de Recebíveis do Agronegócio no mercado financeiro e de capitais. Art. 40 A securitização de direitos creditórios do agronegócio é a operação pela qual, tais direitos são expressamente vinculados à emissão de uma série de títulos de crédito, mediante Termo de Securitização de Direitos Creditórios, emitido por uma companhia securitizadora, do qual constarão os seguintes elementos: I - identificação do devedor; II - valor nominal e o vencimento de cada direito creditório a ele vinculado; III - identificação dos títulos emitidos; IV - indicação de outras garantias de resgate dos títulos da série emitida, quando constituídas;

Companhias securitizadoras de ativos empresariais – SPE constituídas com objeto social exclusivo para aquisição e securitização de ativos empresariais, provenientes de operações praticadas por empresas industriais, comerciais ou de serviços, com fluxo de recebimento futuro emitido por duplicatas, cheques pós-datados, recebíveis de cartões de crédito, contratos de aluguéis e fornecimento de mercadorias ou produtos para entrega futura, regulados pela CVM/SJU nº 005 de 19/02/1986.

É uma entidade comercial, não financeira, atípica, que não adquire mercadorias e produto, para revenda futura, mas adquire os direitos creditórios que representam os ativos adquiridos. A receita bruta é determinada pelo diferencial (deságio) entre o valor de face dos ativos adquiridos, e o valor por eles desembolsado.

Kendall e Fishman (1996) expõem que a securitização é o processo de conversão de empréstimos feitos pelos títulos com melhora na classificação de crédito, sendo vendido ao investidor por converter os empréstimos em títulos negociáveis e com o colateral nas obrigações, e não na empresa originadora dos recebíveis. O processo de securitização está demonstrado na figura 10.

Borges (1999) observa que o termo utilizado para identificar operações de valor mobiliário emitido, lastreado ou vinculado ao direito creditório ou simplesmente recebível, é securitização. Adiciona que o fluxo de caixa gerado por recebíveis ou bens transferidos para outra empresa é utilizado para operações de giro, sendo o direito ao recebimento com respaldo jurídico da compra e venda.

Barros (2014) argumenta que tem crescido o número de FIDC originados dos factoring em decorrência da migração para o mercado de capitais, dada a concorrência, e, com isso, o

risco para o investidor aumenta à medida que as políticas de crédito e prevenção de riscos podem diminuir.

Greenbaum e Thakor (1987) explicam que a cessão de crédito é uma prática habitual dos bancos mediante venda de empréstimos em que o cedente não assume o pagamento se houver inadimplência e a securitização altera a qualidade do ativo por reduzir os riscos de crédito.

Kothari (2014) argumenta que a questão central da securitização está em não ter o direito de regresso (true sale) para que os investidores tenham o direito sobre os ativos adquiridos, de modo que não sejam afetados por eventual queda no desempenho ou falência do originador.

A figura 10 apresenta o fluxo do processo de securitização, iniciando pela empresa cedente (originador), que vende produtos e serviços a prazo para empresas clientes (devedor) que, por sua vez, geram direitos creditórios.

A empresa originadora (cedente), mediante o contrato de cessão de crédito, transfere os direitos creditórios ao FIDC por meio de uma SPE ou para fundo de investimento constituído, efetuando pagamento à empresa originadora, que, por sua vez, emite cotas para venda aos investidores.

Contra vencimento dos créditos, empresa cliente (devedor) efetua o pagamento ao FIDC que paga a amortização ou resgate das cotas seniores aos investidores. Em se tratando do FIDC do factoring, as cotas subordinadas estão com o factoring, que adquire os créditos por meio do fundo de investimentos.

As cotas seniores são cotas adquiridas por investidores por meio do mercado de capitais ou mercado de balcão. Já, as cotas subordinadas, são as cotas com maior liquidez, ou seja, as cotas que, em caso de liquidação ou PL negativo do fundo de recebíveis serão as primeiras a fazer garantia aos investidores das cotas seniores.

Figura 10: Processo de securitização Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

2.6.1 Securitização vs. Factoring

A distinção das operações do factoring com as operações da securitização se dá pelo objeto social. Ambos adquirem recebíveis oriundos de vendas industriais ou de prestação de serviços dos originadores, mas a aplicação das aquisições é diversa, sendo a securitizadora um meio de lastrear a emissão de títulos e de valores mobiliários (debêntures) e o factoring um prestador de serviços contínuo dos originadores.

A securitização - consiste especificamente na aquisição e securitização de recebíveis empresariais mercantis e ou de prestação de serviços, pela emissão e colocação, no mercado em ambiente privado, de valores mobiliários, podendo emitir outros títulos de crédito, realizar negócios pertinentes ou relativos à securitização de títulos.

O factoring - realiza negócios de fomento mercantil que consistem na prestação de serviços, em caráter contínuo, de alavancagem mercadológica ou de acompanhamento das contas a receber ou a pagar ou de seleção e avaliação do sacados-devedores ou dos fornecedores das empresas clientes contratantes, e; na compra a vista, total ou parcial com ou sem coobrigação, de direitos resultantes de vendas mercantis e/ou de prestação de serviços realizadas a prazo por suas empresas-clientes contratantes, no mercado nacional e internacional como foi apresentado em capítulo anterior.

Promessa de Pagamento Cessão de Crédito Bens ou Serviços Títulos Recursos Recursos

Documentos relacionados