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Para proceder à recolha de dados pediu-se autorização ao Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central, E. P. E./Hospital de São José e ao Director do Serviço de Saúde Ocupacional onde iria decorrer a investigação, tendo obtido a respectiva autorização a 20 de Março de 2006 pelo Conselho de Administração para dar início à investigação. (Anexo I)

Procedeu-se de imediato à análise dos acidentes de serviço/trabalho que envolveram exposição microbiológica no período entre o ano de 2002 e o final de 2006 complementando-se esta análise pela consulta ao processo de vigilância de saúde individual com o objectivo de iniciar o tratamento estatístico dos dados através do programa informático pakage estatístico “Statistica/Program for Social Sciences-SPSS” para Windows (versão 12).

Em Janeiro de 2006, para um conhecimento pormenorizado da situação de trabalho efectuaram-se 3 entrevistas exploratórias com informadores privilegiados para se explorar o máximo de informações possíveis sobre a problemática em estudo, tendo- se elaborado o esboço do questionário e do guião da entrevista que após algumas sugestões da orientadora se submeteu ao pré-teste.

De 18 e 23 de Abril de 2007 efectuou-se o pré-teste após o qual se reformularam algumas questões e se introduziram outras que surgiram na sequência das respectivas entrevistas, segundo a opinião dos entrevistados a linguagem era clara e perceptível para os entrevistados e ia de encontro aos objectivos traçados.

As entrevistas foram realizadas de 18 de Julho a 29 de Outubro de 2007. Das 20 entrevistas, 14 entrevistas decorreram no serviço de saúde ocupacional tendo uma sala sempre disponível para o efeito, 6 entrevistas foram efectuadas nos serviços onde os profissionais se encontravam a desempenhar a sua actividade por lhes ser mais conveniente e no horário em que manifestaram maior disponibilidade e foram os seguintes: 1 no serviço de anestesia; 1 no serviço de neurocirurgia – unidade de cuidados intensivos; 1 no serviço de cirurgia maxilo facial; 1 no serviço de imunohemoterapia e 2 no serviço de ortopedia. Para a sua realização foi disponibilizada uma sala reservada, em data, hora e local por eles escolhida e de acordo com as suas disponibilidades.

As entrevistas foram previamente programadas pessoalmente pela investigadora com os profissionais aproveitando nessa altura para explicar o objectivo da entrevista e

do estudo. No dia agendado contactaram-se telefonicamente para confirmar a sua participação. Todos os profissionais contactados manifestaram a sua inteira disponibilidade bem como sugeriram o nome de outros colegas que também estariam disponíveis e gostariam de participar.

As entrevistas foram todas integralmente gravadas magneticamente e posteriormente transcreveram-se na íntegra em suporte de papel. A sua realização permitiu ao investigador explorar, recolher informação adicional sobre o estado emocional do entrevistado, sobre o ambiente em que a exposição decorreu e ao mesmo tempo conhecer as representações destes profissionais quanto ao risco efectivo de contrair uma doença infecto contagiosa e como lidaram com o stress nesse momento.

Nem sempre foi possível cumprir o horário previsto por parte dos participantes por terem surgido circunstâncias imprevisíveis ao nível dos serviços relacionadas essencialmente com o número reduzido de profissionais, houve sempre uma disponibilidade total por parte da investigadora para a sua realização noutro horário o que aconteceu em duas situações.

Previamente ao início da entrevista explicitaram-se os objectivos da investigação transmitindo-se a informação adequada ao consentimento informado, de seguida aplicou-se o questionário e por último iniciou-se a entrevista de acordo com o guião elaborado. Efectivamente nem sempre foi possível restringir as questões exclusivamente ao pré-elaborado guião, houve uma grande necessidade de se expressarem sentimentos e emoções, tendo sido um espaço de reflexão sobre o tema.

A entrevista constituiu assim um momento privilegiado de partilha de conhecimento, saberes e sentimentos impraticáveis no quotidiano dos profissionais de saúde sempre pressionados pela urgência do tempo.

Finalizadas as 20 entrevistas procedeu-se à análise dos dados respeitantes ao questionário e à entrevista. Os dados resultantes do questionário foram analisados no programa informático pakage estatístico “Statistica/Program for Social Sciences-SPSS” para Windows (versão 12), com o objectivo de obter uma análise estatística das variáveis utilizadas e realizar os testes adequados às questões de investigação.

O tratamento das entrevistas foi efectuado através da análise de conteúdo, Bardin (1977:42) designa a análise de conteúdo como “Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção

(variáveis inferidas) destas mensagens.” Os dados resultantes foram submetidos às fases de pré-análise, exploração do material, inferência, interpretação e tratamento dos resultados.

Bardin (1977) cit. por Carmo & Ferreira (1998:251) refere que a “(...) análise de conteúdo não deve ser utilizada apenas para se proceder a uma descrição do conteúdo das mensagens, pois a sua principal finalidade é a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção (ou eventualmente de recepção), com a ajuda de indicadores (quantitativos ou não).”

Após a transcrição das entrevistas foram efectuadas algumas leituras superficiais ou como Bardin (1977) as designa de “leituras flutuantes” com o objectivo de tomar contacto com o texto e colher as primeiras impressões. Constituiu-se o corpus da análise desprezando do texto aquilo que se considerou não significativo. A partir deste momento e de acordo com a regra da exaustividade citada por Bardin (1977) ficou assim definido o campo do corpus passando-se a ter em conta todos os elementos.

Posteriormente e para se proceder à análise optou-se por um procedimento exploratório ou seja o quadro de análise não se encontrava previamente definido, e iniciou-se o processo de codificação que segundo Bardin (1977:103) equivale a “(...) uma transformação - efectuada segundo regras precisas- dos dados brutos do texto, (...) permite atingir uma representação do conteúdo, (...)” podendo os dados serem transformados em unidades permitindo o surgimento das características predominantes do conteúdo.

De acordo com estas características e com os objectivos da análise foram escolhidas as unidades de registo, Bardin (1977:104) define estas unidades como unidades de significação “(...) a codificar e corresponde ao segmento de conteúdo a considerar como unidade de base, visando a categorizaçao e a contagem frequencial.”

Através da análise e partindo das unidades de registo elaborou-se a categorização, partindo de um grupo de unidades que apresentavam um conjunto de elementos semelhantes. A categorização foi feita tendo atenção aos objectivos que se pretendiam atingir, às questões formuladas e ao enquadramento teórico existente. De acordo com Bardin (1977:118) este processo “(...) impõe a investigação do que cada um deles tem em comum com outro.”

Após a categorização e uma vez que surgiram unidades de registo que por terem um significado muito importante para o estudo houve necessidade de se proceder à sub- categorização destas.

As limitações ao estudo prenderam-se essencialmente com o tempo e a pouca experiência da investigadora, uma vez que a temática em estudo abrange uma vasta área do conhecimento.