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Os riscos de natureza física constituem uma preocupação no desempenho diário dos profissionais de saúde, uma vez que se encontram expostos a uma grande variedade de riscos físicos, nomeadamente radiações ionizantes e não ionizantes, ruído, gases anestésicos, vibrações, ambiente térmico (calor e frio extremos) e riscos eléctricos.

Segundo a Portaria n.º 987/93 os locais de trabalho devem ser construídos de forma a assegurar condições de estabilidade, resistência, e salubridade de forma a

garantir a segurança compatível com os riscos e características da actividade aí exercida.

3.2.3.1. Radiações ionizantes e não ionizantes

As radiações podem ser classificadas em ionizantes como, por exemplo, os raios x e os raios gama e radiações não ionizantes como por exemplo os infravermelhos, ondas de radio, microondas e ultra violetas.

As radiações ionizantes podem estar presentes em grande parte dos locais aonde são prestados cuidados de saúde, aquando da prestação directa de cuidados, intra- operatório e realização de exames complementares de diagnóstico como os rx, a mamografia, a tomografia axial computadorizada, angiografia e cateterização cardíaca. A utilização de equipamentos de protecção individual por parte dos profissionais é sempre recomendado, pese embora o facto da sua utilização nem sempre possibilitar a eliminação do risco total, pois existe sempre uma ínfima probabilidade de este ocorrer.

Algumas das situações de doença relacionadas com a exposição às radiações ionizantes que poderão ocorrer são: as radiodermites, anemia trombocitopenica, leucemia, queratites, conjuntivites e cataratas. É de salientar que algumas destas doenças poderão ocorrer após vários anos de exposição a este factor de risco e mesmo após o afastamento do risco. Estamos a falar de períodos de tempo de cerca de 20 a 30 anos, daí a necessidade de serem guardados os registos da avaliação e vigilância da saúde efectuadas, bem como da história ocupacional destes profissionais para se poder comprovar que determinada doença é resultado da exposição, através do estabelecimento de um nexo de causalidade podendo desta forma ser considerada como doença profissional.

3.2.3.2. Ruído

Algumas unidades ou serviços de saúde são considerados como ambientes hostis e geradores de altos índices de stress para os utentes e para os profissionais, associados às fontes de ruído existentes, que podem ser os alarmes dos equipamentos, dos monitores cardíacos, dos ventiladores e seringas infusoras, principalmente em unidades de cuidados intensivos. A exposição ao ruído por parte dos profissionais pode provocar em algumas circunstâncias o stress, a perda de concentração, fadiga, hipertensão arterial, alterações do padrão do sono e o aparecimento de insónias.

3.2.3.3. Gases anestésicos

A exposição aos gases anestésicos é outro dos riscos a que se encontram expostos os profissionais de saúde. A vigilância e a monitorização da saúde individual dos profissionais que se encontram a desempenhar as suas actividades em locais onde é conhecido o risco de exposição a gases anestésicos deverá conduzir à identificação de factores de vulnerabilidade pessoal, avaliação do risco real de exposição e efeitos agudos aquando de uma exposição acidental a baixas doses, cumulativas, efeitos carcinogénicos, mutagénicos, teratogénicos e realização de indicadores biológicos de exposição. A vigilância da saúde deverá ser efectuada nestes casos, no início da actividade, periodicamente e sempre que existir alguma mudança nas práticas, no local de trabalho.

3.2.3.4. Iluminação

A iluminação é um factor de relevo na rentabilidade e na segurança do trabalho. Relativamente à iluminação dos postos e locais de trabalho deve preferencialmente ser através da luz natural, se não for possível deverá existir iluminação artificial complementar ou exclusiva.

Cerca de 80% dos estímulos sensoriais são de natureza óptica. Os olhos desempenham um papel fundamental no controlo dos movimentos e actividades do trabalhador. Sem uma iluminação adequada os gestos são menos precisos e o risco de acidente aumenta.

Apesar do olho humano ter grande capacidade de adaptação à iluminação, quanto melhor for a iluminação menor será a tensão psicológica do trabalhador e, por conseguinte, menor propensão para o acidente.

A inobservância duma adequada iluminação do posto de trabalho resulta, normalmente, em consequências mais ou menos gravosas, tais como:

• Alterações visuais; • Menor produtividade;

• Aumento do número de acidentes de trabalho.

3.2.3.5. Conforto térmico

O ambiente térmico que é percepcionado nos locais de trabalho, incluindo as suas características, gerais e particulares, é um factor de notável importância, dado que

intervém de forma directa na saúde e no bem estar do indivíduo, e na realização das actividades, com consequente tradução na qualidade final do trabalho.

O ser humano necessita de manter a sua temperatura interna corporal dentro de um limite estrito (37+/-0,8ºC). Qualquer variação neste equilíbrio poderá ter consequências graves, que no limite poderão conduzir à morte.

O ambiente térmico está definido como um conjunto de variáveis térmicas presentes no local de trabalho e que tem influência directa no organismo do trabalhador. Existem situações onde se verifica um estado de equilíbrio térmico entre o organismo e o meio ambiente, que em conjunto com a percepção individual do trabalhador contribuem para o denominado estado de conforto térmico.

A perda e conservação de calor corporal é controlada por diversos mecanismos fisiológicos que actuam de forma distinta, nomeadamente quando se constata ganho de calor, decorrente da exposição a um ambiente quente.

As perturbações provocadas por situações de exposição a níveis elevados de temperatura podem dar origem a:

• Alterações sistémicas: golpe de calor, desidratação, défice de sais, caimbras, sudação insuficiente.

• Alterações cutâneas: erupção cutânea, prurido, sensação de queimadura. • Alterações psíquicas: desconcentração, irritabilidade, letargia, stress.

Uma ventilação dos locais de trabalho adequada visa garantir a renovação do ar da instalação, corrigindo parâmetros como a temperatura e a humidade relativa do ar. É igualmente uma mais valia no que concerne à melhoria da qualidade do ar, uma vez que é possível proceder à remoção de contaminantes e poluentes.

3.2.3.6. Riscos eléctricos

A electricidade estática é outro dos riscos ocupacionais a que os profissionais de saúde estão expostos, e que decorre de um fenómeno associado à acumulação de cargas eléctricas em qualquer material condutor, semicondutor ou isolante.

A justificação para a ocorrência deste tipo de choques é o ar seco (com baixo teor de humidade relativa), o qual é isolador, não deixando que as descargas eléctricas se façam de forma contínua. Os choques causados pela electricidade estática - carga eléctrica, positiva ou negativa, que todos os materiais e pessoas possuem - são habituais e resultam do contacto entre cargas diferentes.

O aparecimento de electricidade estática em unidades de saúde deve-se, em grande parte, à presença de inúmeros equipamentos eléctricos e a uma deficiente condução dessas cargas à terra.

Por outro lado, a acumulação de cargas eléctricas no nosso corpo dá-se devido ao atrito com o chão e aquando da utilização sapatos isoladores, por exemplo com solas sintéticas, como acontece com os socos utilizados em inúmeros serviços assistenciais e blocos cirúrgicos.