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TLA tlan1#

3.3 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DO CORPUS

3.3.2 Procedimentos para a análise do texto

3.3.2.1 Procedimentos para a análise da frequência de uso de imagens

A frequência de uso de imagens busca investigar a relevância da semiose visual para cada área, a partir dos seguintes procedimentos:

1. Quantificação das imagens usadas nos AAE em cada área; 2. Quantificação das páginas nos AAE em cada área;

3. Cruzamento das quantificações de imagens e páginas em cada área; 4. Discussão dos dados quantitativos em relação às tradições de uso de imagens em cada área disciplinar;

No primeiro procedimento, a quantificação de imagens nos AAE em cada área decorreu do estabelecimento de critérios quanto ao que seria considerado uma imagem. Dessa forma, a LA enquanto uma ciência que investiga a linguagem, seja no contexto de aprendizagem de língua materna ou outra língua, seja em qualquer outro contexto onde surjam questões relevantes sobre seu uso (MENEZES; SILVA; GOMES, 2009), muitas vezes, precisa incorporá-la em seus textos em forma de excertos (ou fragmentos) e exemplos. Uma evidência dessa necessidade é o uso desses recursos em oito AAE que compõe o corpus em LA. No entanto, parece não haver uma convenção em relação ao uso desses recursos em termos de 1) precisam ser titulados e designados? (Figura 24A); 2) precisam estar circundados por bordas? (Figura 24B; 3) precisam ser destacados do texto pelo uso de espaçamentos? (Figura 24B). Devido à essa pluralidade de formatações, para a quantificação e análise, foram consideradas imagens 1) o que se destaca da semiose verbal através do uso de bordas, flechas e/ou vetores e células; 2) o que foi compreendido pelos autores das pesquisas como imagem e, portanto, imagens designadas (p.ex. figura, quadro, gráfico, exemplo, excerto).

A B

Figura 24 - Usos de exemplos e excertos em AAE em Linguística Aplicada

Fonte: A – tlan2#4; B – rblan1#4

Um aspecto identificado durante a pilotagem do corpus foi o uso de imagens em partes “complementares” do AAE como os anexos ou o material suplementar (parte típica apenas no AAE da área de Agronomia). Esses usos não foram contabilizadas neste estudo pois definimos que tais partes do AAE extrapolam o padrão de organização retórica convencional do AAE adotados na presente dissertação: Introdução, Métodos, Resultados e Discussão (IMRD). Além disso, devido à presença massiva de imagens nessas partes (verificada em observação assistemática), seria impraticável incluí-las no estudo pois significariam um aumento substancial no volume de dados, inviabilizando a realização do estudo em tempo. Apesar disso, é importante reconhecer que em futuras discussões sobre a relevância e função das imagens no AAE, a seção de material suplementar deve ser considerada.

No segundo procedimento, quantificação de páginas total nos AAE, o padrão IMRD também foi considerado e, por conseguinte, o espaço destinado às referências não foi incluso na quantificação. O cruzamento, por conseguinte, no terceiro procedimento, entre número de imagens e número de páginas buscou evidenciar a notoriedade de uso de imagens em cada contexto disciplinar, já que os espaços destinados às semioses verbal e visual pode ser delimitado.

Por fim, no quarto procedimento, discutiu-se os padrões de frequência verificados em relação à cada contexto disciplinar, a partir da verificação de seus objetos e objetivos de estudo e tradições disciplinares.

3.2.2.2 Procedimentos para a análise da ocorrência das imagens

Na análise da ocorrência das imagens em relação à página e à semiose verbal, as categoria da função composicional (KRESS; van LEEWEEN, 2006; Quadro 11) foram utilizadas. Na categoria valores informacionais, a posição Topo (informação ideal) e Base (informação real) foi enfatizada por revelar padrões na relação imagem e semiose verbal, para a LA, e na relação entre imagens, para a AGR.

Quadro 11 – Categorias de análise da função composicional da semiose visual.

Função Categoria Realização

Composicional

Valores informacionais Disposição dos elementos no espaço da imagem (esquerda- direita; superior-inferior; centro-margem);

Moldura Maneira como os elementos se conectam na imagem (emolduração forte-fraca)

Saliência Cor; tamanho; contraste; foco; posição; luminosidade.

Fonte: Florek (2015, p. 138), com base em Kress e van Leeuwen (2006).

Na categoria saliência, o tamanho revelou padrões, também, para cada área. Para a análise dessa categoria, cada página (ou coluna) do AAE que apresentava alguma imagem foi dividida em três partes iguais. Se a imagem ocupasse o espaço dentro de uma três partes, ela era alocada no tamanho um terço (1/3). Caso a imagem ultrapassasse uma das três partes, ela era alocada no tamanho um meio (1/2) que representa, assim, meia página (ou coluna). Se a imagem ocupasse duas das três partes, ela era considerada no tamanho dois terços (2/3). Os tamanhos uma, três ou quatro páginas se referiu às imagens que ocuparam quase (passou de 2/3 de página) ou a totalidade da página. Os dados decorrentes dessa análise contribuem para a verificação de quanto espaço do AAE é ocupado visual e verbalmente e, por conseguinte, dão indícios da relevância do uso de imagens em cada contexto disciplinar.

3.2.2.3 Procedimentos para a análise da natureza das imagens

A análise da natureza das imagens buscou identificar padrões de uso em cada área, propor uma definição para cada natureza e comparar essa definição aquelas (se) encontradas nos documentos da análise contextual. Para tanto, os seguintes procedimentos foram adotados.

2) Definição de naturezas de imagens usadas em cada área;

3) Comparação de definições de naturezas de imagens verificadas na análise textual e na análise contextual em cada área;

No primeiro procedimento, é importante salientar que as naturezas de imagens foram consideradas conforme os autores dos AAE as nomeiam. No segundo procedimento, por sua vez, foi proposto uma definição para cada natureza verificada no corpus, a partir das ferramentas teórico-metodológicas da função representacional (KRESS; van LEEUWEN, 2006; Quadro 12), a fim de identificar que tipo de informação/representação da experiência cada natureza permite (p. ex, posso incluir informação numérica em um quadro? posso configurar uma tabela com informações descritivas?). A decisão pela inclusão do segundo procedimento se deu pela ausência de definições, principalmente, na LA, a área que mais apresentou uma pluralidade de naturezas de imagens (apresentação e discussão desse dado estão na seção 4.2.2).

E, por fim, no terceiro procedimento, o cruzamento entre as definições propostas a partir da análise das imagens do corpus com aquelas verificadas na análise contextual se mostrou interessante como indício de uma maior ou menor correspondência entre informações disponíveis aos autores e o que está, de fato, materializado em textos. Dessa forma, questionamentos quanto à presença ou não de informações, quanto ao maior ou menor detalhamento dessas informações, quanto ao rigor no uso dessas informações podem ser levantadas e relacionadas às tradições disciplinares, à abrangência dos periódicos, quanto à relevância do uso de imagens em cada área.

Quadro 12 – Categorias de análise da função representacional da semiose visual.

Função Categoria Realização

Representacional

Participantes Volume (definido pelas bordas, cores, sombras) Processos Narrativos Vetores

Processos Conceituais Elementos classificacionais (relação tipos de; relação superordenado/subordinado)

Elementos analíticos (relação parte/todo; sucessivos estágios de um processo ao longo do tempo)

Circunstâncias Elementos do pano de fundo e/ou do cenário

3.2.2.3 Procedimentos para a análise da função retórica das imagens

A análise da função retórica das imagens busca compreender o uso de uma natureza específica de imagem em determinada seção do AAE em cada contexto disciplinar. Para tanto, os seguintes procedimentos foram adotados.

1) Mapeamento das seções (SWALES; FEAK, 2004; SWALES, 2004; MOTTA- ROTH; HENDGES, 2010) em que as imagens ocorrem em cada área; 2) Mapeamento e quantificação das naturezas de imagem em relação à seção

que ocorrem em cada área;

3) Definição da função retórica de imagens a partir da relação entre natureza e seção em que a imagem foi utilizada em cada área.

4) Cruzamento e discussão da definição da função retórica provenientes da análise textual do corpus e da função verificada na análise contextual.

O primeiro procedimento atentou para a seção e/ou seções em que cada imagem é referenciada e/ou localizada. O mapeamento seguiu a organização prototípica de AAE proposta por Swales (1990; 2004; SWALES; FEAK, 2004): IMRD. O reconhecimento, no entanto, de que cada disciplina tem suas próprias particularidades ao relatar o conhecimento científico produzido revelou distintas formas de organização das seções nos AAE em LA e AGR e, em consequência, diferentes critérios para a delimitação das seções e as imagens que se referem à uma ou outra.

Os AAE em LA podem apresentar, além da seção de Introdução (doravante I), uma seção de Revisão da Literatura (doravante RL). Por razões de proximidade entre os Movimentos e Passos dessas seções, bem como a fim de manter uma padronização da quantificação de uso de imagens por seção, I e RL foram consideradas uma só seção.

Ademais, Swales (2004) compreende que, em algumas áreas, as seções podem não ser nomeadas utilizando o padrão IMRD. Os AAE em LA confirmam essa questão, já que a maioria (70%) são nomeadas a partir de palavras que as lembram ou com o mesmo radical, tais como ‘considerações iniciais’, ‘aspectos metodológicos’, ‘metodologia’, ‘resultados encontrados’, ‘análise dos dados’ (Tabela 2), ou ainda sem nomeação alguma que resultaram na classificação das seções a partir de marcadores linguísticos característicos (SWALES; FEAK, 2004).

Tabela 2 - Relação dos AAE com seções com padrão nomeado e não nomeado em Linguística Aplicada.

AAE IMRD

NOMEADO

IMRD