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Padrões de uso de imagens no gênero artigo acadêmico experimental: uma análise multimodal comparativa entre linguística aplicada e agronomia

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE ARTES E LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS. Katia Simonetti dos Santos. PADRÕES DE USO DE IMAGENS NO GÊNERO ARTIGO ACADÊMICO EXPERIMENTAL: UMA ANÁLISE MULTIMODAL COMPARATIVA ENTRE LINGUÍSTICA APLICADA E AGRONOMIA. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO. Santa Maria, RS 2018.

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(3) Katia Simonetti dos Santos. PADRÕES DE USO DE IMAGENS NO GÊNERO ARTIGO ACADÊMICO EXPERIMENTAL: UMA ANÁLISE MULTIMODAL COMPARATIVA ENTRE LINGUÍSTICA APLICADA E AGRONOMIA. Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Letras, Área de Concentração em Estudos Linguísticos, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Letras.. Orientadora: Profª Drª Graciela Rabuske Hendges. Santa Maria, RS 2018.

(4) @2018 Todos os direitos autorais reservados a Katia Simonetti dos Santos. A reprodução de partes ou do todo deste trabalho só poderá ser feita mediante a citação da fonte. Endereço eletrônico: katiasimonettisantos@gmail.com.

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(7) Agradecimentos. Os agradecimentos são breves, pois aqueles que foram essenciais nesse difícil processo de realizar uma pesquisa de mestrado muito já sabem de sua importância e de seu apoio. De qualquer forma, deixo algumas palavras aos meus ‘anjos na terra’. - à minha orientadora, professora Graciela Rabuske Hendges, por compartilhar seu conhecimento e experiências comigo, por acreditar no meu potencial, nas minhas decisões, nos meus prazos e, principalmente, por ser presença humana dentro de um sistema tão rígido e que pouco considera as particularidades e necessidades de seus discentes; - à minha banca, professoras Barbara Jane Wilcox Hemais, Roséli Gonçalves do Nascimento e Susana Cristina dos Reis, por lerem, questionarem e contribuírem para esta pesquisa nos dois momentos mais cruciais desse processo: a qualificação e a defesa. Ademais, agradeço a gentileza nas palavras e nas sugestões, característica fundamental para a manutenção da saúde mental da discente (risos); - ao LABLER, ao PPGL, à UFSM e ao meu grupo de pesquisa, pelos já sete anos sendo meu espaço de desenvolvimento intelectual e da professora e pesquisadora que sou hoje; - aos meus pais que, na medida do possível, atenderam aos meus pedidos e necessidades, mesmo que por vezes, não pudessem compreender o que eu realmente estava fazendo e o porquê era tão difícil chegar na dissertação que finalizo hoje; - aos meus amigos da vida que, nestes últimos dois anos, compreenderam a minha ausência e aceitaram que eu participasse de vários momentos apenas por meio dos grupos de WhatsApp (não cito os nomes dos grupos, pois ficariam muito engraçados frente à formalidade que se espera de uma dissertação – risos); - às minhas amigas pós-graduandas que me permitiram expor angústias e inquietações, que compartilharam suas experiências comigo e que toparam fugir das tarefas acadêmicas quando estávamos prestes a enlouquecer. Meu eterno agradecimento às amigas, agora doutoras, Laís, Sabrina e Silvana; - e aos meus alunos, por possibilitarem que eu fizesse o que mais gosto: estar em sala de aula.. Agradecer é a melhor forma de atrair corações de bem!.

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(9) DECIDE So, do it. Decide. Is this the life you want to live? Is this the person You want to love? Is this the best you can be? Can you be stronger? Kinder? More Compassionate? Decide. Breathe in. Breathe out and decide. (GREY’S ANATOMY).

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(11) RESUMO. PADRÕES DE USO DE IMAGENS NO GÊNERO ARTIGO ACADÊMICO EXPERIMENTAL: UMA ANÁLISE MULTIMODAL COMPARATIVA ENTRE LINGUÍSTICA APLICADA E AGRONOMIA. AUTOR: Katia Simonetti dos Santos ORIENTADORA: Graciela Rabuske Hendges O uso de diferentes recursos semióticos na comunicação de conhecimento científico vem aumento ao longo das últimas décadas nos gêneros acadêmicos tradicionais, tal como o artigo acadêmico experimental, bem como vem impulsionando a criação de novos gêneros discursivos, tais como o resumo acadêmico gráfico (FLOREK, 2015) e o artigo audiovisual (SILVA, 2015; SOUZA, 2015; MILANI, 2017). O estudo de padrões de uso de imagens, bem como, a criação de materiais didáticos para a formação de discentes multiletrados na academia, entretanto, representam aspectos de investigação pouco focalizados. Nesse sentido, a presente dissertação objetiva analisar e comparar o uso de imagens em artigos acadêmicos experimentais (AAE) publicados nas áreas de Linguística Aplicada (LA) e Agronomia (AGR) em termos de: 1) frequência; 2) ocorrência (saliência e posição) no gênero; 3) natureza (por exemplo, tabelas, figuras, etc.); e 4) função retórica (por exemplo, “apresentar dados dos participantes”, “apresentar um conceito”, etc.) nas seções em que ocorre. Para responder esse objetivo, investigamos 20 AAE representativos de cada área a partir do ferramental teórico-metodológico da Análise Crítica de Gênero (doravante ACG) que prevê um olhar para a relação íntima entre texto e contexto. Os resultados indicaram que as duas áreas apresentam padrões bastante distintos. Quanto à frequência, a AGR veiculou um número maior de imagens por artigo (no mínimo quatro), enquanto que na LA a quantidade de imagens oscilou severamente entre os AAE. Quanto à ocorrência, imagens na AGR pareceram mais independentes da semiose verbal, já que, suas posições evidenciaram uma leitura mais fracionada – nos extremos da página – ou mais comparativa/contrastiva – uma a cima da outra. Na LA, por outro lado, a semiose verbal definiu a posição das imagens no corpo do texto – imagem é apresentada quando mencionada. Quanto à natureza, a AGR alocou todas as imagens e uma pluralidade de tipos de informação sob as nomeações ‘tabela’ e ‘figura’. A LA, por outro lado, apresentou seis variações de nomeações, bem como duas possibilidades de não indicar a natureza da imagem. Quanto à função retórica, na AGR, imagens são obrigatórias na seção de R/D, as quais são fundamentais para materializar o argumento do estudo, majoritariamente de base quantitativa. Na LA, por sua vez, imagens não são obrigatórias nas seções do AAE, embora a sua maioria tenha sido encontrada nos R/D. Nesse seção, as imagens indicaram que os estudos privilegiam dados de base quanti e qualitativa. Os diferentes padrões em cada área foram relacionados e explanados a partir das tradições de uso de imagens particulares. Por um lado, a necessidade de usar imagens levou a AGR a criar convenções (também em forma de documentos) que os participantes precisam dar conta para participar dessa comunidade de prática. Por outro lado, a não convenção sobre o uso de imagens na LA, aparentemente, esclareceu a pluralidade de formas de reportar o conhecimento acadêmico em imagens. Esses resultados pretendem contribuir para o ensino de leitura e produção de conhecimento em imagens no gênero AAE nas áreas em questão, bem como levantar questionamentos sobre as práticas visuais adotadas, principalmente, na LA.. Palavras-chave: Multimodalidade. Artigo Acadêmico Experimental. Imagens..

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(13) ABSTRACT. PATTERNS IN THE USE OF IMAGENS IN EXPERIMENTAL RESEARCH ARTICLES: A CONTRASTIVE AND MULTIMODAL ANALYSIS BETWEEN APPLIED LINGUISTICS AND AGRONOMY. AUTHOR: Katia Simonetti dos Santos ADVISOR: Graciela Rabuske Hendges The use of different semiotic resources in the communication of scientific knowledge has increased over the last decades in traditional academic genres, such as the experimental research article. Beyond that, It has also promoted the creation of new genres, such as graphical abstracts (FLOREK, 2015) and audiovisual research articles (SILVA, 2015, SOUZA, 2015, MILANI, 2017). However, the study of patterns in the use of images, as well as the prodution of teaching materials for the formation of multiliterate students represent a research niche that has not been widely focused in genre studies. In this sense, this mater’s study aims at analyzing and contrasting the use of images in experimental research articles (RA) published in the areas of Applied Linguistics (AL) and Agronomy (AGR) in terms of: 1) frequency; 2) occurrence (salience and position) in the genre; 3) nature (for example, tables, figures, etc.); and 4) rhetorical function (eg "presenting the participants", "presenting a concept", etc.) in the sections in which it occurs. In order to answer this objective, we investigated 20 RAs from each area using the theoretical-methodological tools offered by Critical Genre Analysis (CGA) - an interdisciplinary approach that enables the analysis of the intimate relationship between text and context. The results indicated that these two areas have quite different patterns. In relation to frequency, AGR used a great number of images per article (at least four), while in AL the amount of images severely oscillated among the RAs. In relation to occurrence, images in AGR seemed more independent from the verbal semiosis, since, their position showed a more fractional reading - in the poles of the page - or a more contrastive - one on top of the other. In AL, on the other hand, the verbal semiosis defined the position of the images in the text – each image is presented when it is mentioned. In relation to nature, AGR has allocated all images and a plurality of types of information under the 'table' and 'figure' names. AL, however, presented six name variations, as well as two possibilities of omitting the nature of the images. In relation to the rhetorical function, in AGR, images are mandatory in the R/D section, which are crucial to materialize the argument, mostly from quantitative data, in the study. In AL, images are not mandatory to the RA sections, although most of them were found in the R/D section, which emphasize quantitative and qualitative data. The different patterns found in each area were related and explained on the analysis of particular disciplinary traditions. On the one hand, the need to use images has led the area of AGR to create conventions (also in the form of documents) that students are supposed to get engaged in to fully participate in this community of practice. On the other hand, the lack of a convention on the use of images in AL has apparently clarified the plurality of ways to report academic knowledge in form of images. These results aim to contribute to the teaching of reading and production of knowledge in images in RAs, as well as raising questions about the visual practices adopted, mainly in AL.. Keywords: Multimodality. Experimental Research Article. Images..

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(15) LISTA DE FIGURAS. Figura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4 Figura 5 Figura 6 Figura 7 Figura 8 Figura 9 Figura 10 Figura 11 Figura 12 -. Figura 13 Figura 14 Figura 15 Figura 16 Figura 17 Figura 18 -. Figura 19 Figura 20 Figura 21 -. Figura 22 -. Figura 23 Figura 24 -. Fundamentos da Análise Crítica de Gênero................................ Linguagem como um sistema de estratos.................................... Variáveis do contexto de situação................................................ Metafunções da Gramática Sistêmico Funcional e suas respectivascategorias semânticas............................................... Representação dos estratos da linguagem, metafunções e sistemas de significação.............................................................. Exemplos de estruturas narrativas............................................... Exemplos de estruturas conceituais............................................ Procedimentos para análise de gêneros a partir do texto e a partir do contexto......................................................................... Representação do modelo tridimensional de Fairclough............. Representação do modelo CARS da introdução de artigos acadêmicos experimentais proposto por Swales (1990).............. Representação do modelo CARS revisado para a seção de Introdução de artigos acadêmicos experimentais........................ – Movimento 1 da descrição esquemática proposta por MottaRoth e Hendges (1996, p. 68) com base em Bittencourt (1995, p. 485)......................................................................................... Representação da seção de Métodos de artigos acadêmicos experimentais em Linguística Aplicada........................................ Representação da seção de Métodos de artigos acadêmicos experimentais em Bioquímica...................................................... Representação da seção de Resultados em artigos acadêmicos experimentais em Linguística Aplicada........................................ Representação da seção de Discussão em artigos acadêmicos experimentais em Linguística Aplicada........................................ Síntese da organização retórica da seção de Resultados e Discussão em artigos acadêmicos experimentais....................... Quantificação do total dos periódicos e dos periódicos Qualis A1 nas áreas de Linguística, Letras e Artes e de Ciências Agrárias (cf. Qualis-Periódicos 2014)......................................................... Procedimentos para seleção dos periódicos Qualis A1 em Linguística Aplicada..................................................................... Procedimentos para seleção dos periódicos Qualis A1 em Agronomia................................................................................... Organização da Grande Área do conhecimento Ciências Agrárias em suas Áreas Básicas e Subáreas da Agronomia................................................................................... Relação entre a classificação da área das Ciências Agrárias na CAPES e os Programas de Pós-Graduação em Ciências Agrárias na UFSM........................................................................ Visualização da página em que se encontram os exemplares de acesso aberto no periódico Agronomy Journal............................. Usos de exemplos e excertos em AAE em Linguística Aplicada.... 35 37 38 39 40 43 45 50 52 55 56. 58 59 59 61 62 71. 73 74 75. 75. 78 87 95.

(16) Figura 25 Figura 26 Figura 27 Figura 28 Figura 29 Figura 30 Figura 31 -. Figura 32 -. Figura 33 -. Figura 34 -. Figura 35 -. Figura 36 -. Visualização dá pagina com o documento Artwork and Media Instructions.................................................................................. Visualização dos recursos para a elaboração de semioses multimodais disponibilizados pela base de dados Elsevier.......... Espaço para reportar o conhecimento verbal e visualmente em Agronomia (A) e Linguística Aplicada (B)..................................... Oscilação no número de imagens por artigo acadêmico nas áreas de Linguística Aplicada (A) e Agronomia (B)....................... Quantificação das imagens por espaço na página nos AAE em Linguística Aplicada..................................................................... Quantificação das imagens por espaço na página (A) e por espaço na coluna (B) nos AAE em Agronomia............................. Visualização das situações uso de expressões como ‘a seguir’ ou ‘abaixo’ (A), presença de espaços em branco entre trecho que menciona a imagem e imagem (B) e partimento da imagem em duas páginas (C) presentes nos AAE em Linguística Aplicada....................................................................................... Visualização das situações localização da imagem em página de seção não correspondente àquela que foi primeiramente mencionada (A) apresentação da imagem antes de mencionála ou páginas após mencioná-la (B) nos AAE em AGR................. Visualização da menção a grupos de imagens e da menção da mesma imagem em diferentes subseções nos AAE em Agronomia................................................................................... Visualização de padrão de localização de imagens próximas uma à outra devido à semelhanças no conteúdo que veiculam para a seção de R/D dos AAE em Agronomia.............................. Mapeamento das seções em que as imagens ocorrem e quantificação por seção nos AAE em Linguística Aplicada e Agronomia................................................................................... Mapeamento das naturezas de imagens por seção na Linguística Aplicada (A) e Agronomia (B)...................................... 102 107 109 109 111 111. 113. 114. 117. 119. 131 133.

(17) LISTA DE QUADROS. Quadro 1 Quadro 2 -. Quadro 3 Quadro 4 -. Quadro 5 -. Quadro 6 -. Quadro 7 -. Quadro 8 Quadro 9 Quadro 10 Quadro 11 Quadro 12 Quadro 13 -. Quadro 14 -. Quadro 15 -. Quadro 16 Quadro 17 -. Organização retórica do gênero artigo acadêmico teórico em Linguística Aplicada................................................................... Quadro resumo das funções das imagens na metafunção interpessoal ou interativa e de suas evidências em AAE em Biologia...................................................................................... Quadro resumo da função das imagens na metafunção textual ou composicional e de suas evidências em AAE em Biologia... Quadro resumo das tendências e justificativas do uso de imagens verificadas nas funções representacional, interpessoal e composicional em AAE em Linguística............. Quadro resumo da natureza das imagens, da sua compreensão, da seção predominante e da relação entre a seção predominante e natureza das imagens em AAE da Engenharia Elétrica.................................................................. Quadro síntese de foco/escopo, filiação, periodicidade, publicação eletrônica e acesso à Revista Brasileira de Linguística Aplicada e Trabalhos em Linguística Aplicada......... Quadro síntese de foco/escopo, abrangência, periodicidade, publicação eletrônica e acesso à Agriculture, Ecosystems & Environment, e Agronomy Journal............................................ Lista de abreviações para os AAE nas áreas de Linguística Aplicada e Agronomia............................................................... Relação do número em que os AAE foram publicados e a referência nas área de Linguística Aplicada e Agronomia......... Exemplos de indícios linguísticos de categorias contextuais pertinentes às imagens presentes nos documentos.................. Categorias de análise da função composicional da semiose visual......................................................................................... Categorias de análise da função representacional da semiose visual......................................................................................... Variáveis do contexto de situação do gênero artigo acadêmico experimental nos contextos disciplinares de Linguística Aplicada e Agronomia................................................................ Categorias contextuais referentes às imagens dos periódicos em Linguística Aplicada nos documentos Instruções aos autores, ABNT NBR 14724 e Normas de Apresentação Tabular IBGE (grifos nossos)..................................................... Categorias contextuais referentes às imagens dos periódicos em Agronomia nos documentos Instruções aos autores, Artwork and Media Instructions e Publications Handbook and Style Manual (tradução nossa)................................................... Síntese de informações na relação Topo/Base nos AAE em Linguística Aplicada................................................................... Lista de processos que seguem as palavras designativas de naturezas de imagens na seção dos AAE em Linguística Aplicada e Agronomia................................................................. 54. 64 65. 66. 68. 73. 77 80 80 85 88 89. 94. 97. 99 115. 135.

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(19) LISTA DE TABELAS. Tabela 1 Tabela 2 Tabela 3 Tabela 4 Tabela 5 Tabela 6 Tabela 7 Tabela 8 Tabela 9 Tabela 10 Tabela 11 Tabela 12 -. Mapeamento da frequência de publicação em periódicos com Qualis A1 em Agronomia........................................................... Relação dos AAE com seções com padrão nomeado e não nomeado em Linguística Aplicada............................................. Frequência de uso de imagens em artigos acadêmicos nas áreas de Linguística Aplicada e Agronomia............................... Menção da imagem na(s) seção(ões) correspondente(s) e frequência de uso dessas imagens nos AAE em Agronomia..... Mapeamento e quantificação da natureza das imagens nos periódicos em Linguística Aplicada e Agronomia....................... Definição, quantidade, frequência e exemplos de naturezas de imagem utilizadas na Linguística Aplicada................................ Definição, quantidade, frequência e exemplos de naturezas de imagem utilizadas na Agronomia............................................... Função retórica de imagens na seção de Introdução na área de Linguística Aplicada.............................................................. Funções retóricas de imagens na seção de Metodologia na área de Linguística Aplicada...................................................... Funções retóricas de imagens na seção de Metodologia na área de Agronomia.................................................................... Funções retóricas de imagens na seção de Resultados e Discussão na área de Agronomia.............................................. Funções retóricas de imagens na seção de Resultados e Discussão na área de Linguística Aplicada................................. 76 91 105 118 122 125 128 136 138 140 142 144.

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(21) LISTA DE SIGLAS AA – Artigo Acadêmico AAE – Artigo Acadêmico Experimental AAT – Artigo Acadêmico Teórico ACD – Análise Crítica do Discurso ACG – Análise Crítica de Gênero ADM – Análise do Discurso Multimodal AGR – Agronomia CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior GDV – Gramática do Design Visual LA – Linguística Aplicada LabLeR – Laboratório de Pesquisa e Ensino de Leitura e Redação LSF – Linguística Sistêmico-Funcional PPGL – Programa de Pós-Graduação em Letras UFSM – Universidade Federal de Santa Maria.

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(23) SUMÁRIO. CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................ 25 1.1 CONTEXTO E JUSTIFICATIVA DA/PARA A PESQUISA ................................. 25 CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA ..........................................................32 2.1 ANÁLISE CRÍTICA DE GÊNERO....................................................................... 32 2.2 O ARTIGO ACADÊMICO E SUA SEGMENTAÇÃO .......................................... 53 2.3 IMAGENS NO GÊNERO ARTIGO ACADÊMICO EXPERIMENTAL ................. 63 CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA ............................................................................. 69 3.1 UNIVERSO DE ANÁLISE ...................................................................................69 3.1.1 Seleção de periódicos na Linguística Aplicada ......................................... 72 3.1.2 Seleção de periódicos na Agronomia ......................................................... 73 3.2 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DO CORPUS ......................................................... 78 3.3 PROCEDIMENTOS PARA A ANÁLISE DO CORPUS .......................................83 3.3.1 Procedimentos para a análise do contexto..................................................83 3.3.2 Procedimentos para a análise do texto .......................................................86 3.3.2.1 Procedimentos para a análise da frequência do uso de imagens.................86 3.3.2.2 Procedimentos para a análise da ocorrência de imagens............................ 88 3.3.2.3 Procedimentos para a análise da natureza das imagens..............................88 3.3.2.4 Procedimentos para a análise da função retórica das imagens ...................90 CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................93 4.1 ANÁLISE CONTEXTUAL ....................................................................................93 4.2 ANÁLISE TEXTUAL.......................................................................................... 103 4.2.1 Frequência de uso de imagens .................................................................. 104 4.2.2 Ocorrência do uso de imagens....................................................................110 4.2.3 Natureza de imagens.....................................................................................121 4.2.4 Função retórica .............................................................................................130 CONSIDERAÇÕES FINAIS, LIMITAÇÕES E IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS...146 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 151.

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(25) 25. CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.1 CONTEXTO E JUSTIFICATIVA DA/PARA A PESQUISA. O artigo acadêmico tem ocupado uma posição de prestígio dentre os gêneros discursivos pertencentes à esfera acadêmica (SWALES, 1990; 2004; HENDGES, 2007), o que pode ser explicado pelo papel que desempenha na comunicação científica: é um dos mais frequentes e de maior valia para a política de financiamento de bolsas de iniciação científica, de pós-graduação e projetos de pesquisa, bem como para o crescimento profissional dentro do contexto acadêmico (HENDGES, 2007; MOTTA-ROTH; HENDGES, 2010). Consequentemente, alunos universitários, especialmente de pós-graduação, precisam se engajar, satisfatoriamente, na leitura e/ou produção desse gênero. Como resultado, estudos vêm sendo propostos no campo da ciência da linguagem para desvelar padrões na organização retórica da semiose verbal do artigo acadêmico, em especial, no artigo acadêmico experimental (aquele que tipicamente reporta um experimento na forma IMRD - Introdução – Métodos – Resultados e Discussão (SWALES, 1990; 2004), conforme discutido na seção 2.2) em diferentes contextos disciplinares (SWALES, 1990; 2004; YANG; ALLISON, 2003; 2004; OZTURK, 2007; RUBIO, 2011). Essas investigações vêm demostrando que, além do padrão IMRD, cada disciplina reporta o conhecimento de forma particular. Na Linguística, por exemplo, seções de Fundamentação Teórica, Revisão da Literatura e Implicações Pedagógicas são características (YANG; ALLISON, 2004). Na Medicina, na Bioquímica, na Administração, a seção de Método é detalhada e realizada através de diferentes movimentos retóricos: um movimento retórico é definido por Swales (2004. p.228) como “uma unidade discursiva ou retórica que desempenha uma função comunicativa coerente em discursos escritos ou falados”. Embora o estudo, descrição e produção de material didático sobre a semiose verbal de artigos acadêmicos experimentais seja mais recorrente em Linguística Aplicada, pesquisas em multimodalidade vêm se desenvolvendo devido ao conhecimento crescente de que textos são multimodais e que mobilizam diferentes recursos semióticos (KRESS, van LEEUWEN, 1996; 2006) para cumprir seus objetivos e propósitos comunicativos (SWALES, 1990; 2004). No Brasil, há ainda uma maior ênfase no estudo da multimodalidade de gêneros da esfera midiática, especialmente na capa de revista e propaganda (SANTOS, 2014), em outras palavras,.

(26) 26. em gêneros que apresentam a imagem ‘tipicamente’ como o elemento essencial e central na sua realização (SANTOS, 2014). No entanto, é errôneo afirmar que estudos em multimodalidade na esfera acadêmica ocupam pouco espaço, dado o crescente número de pesquisas que têm investigado a presença, o uso e o papel das imagens em ciência (em âmbito nacional, ver, por exemplo, NASCIMENTO, 2002; HEMAIS, 2014; HENDGES, 2006; FLOREK, 2015; SILVA, 2015; SOUZA, 2015; MILANI; 2014; 2017; e no internacional, MILLER, 1998; IEDEMA, 2003). Esse espaço vem sendo conquistado pela evidência da semiose visual em gêneros acadêmicos emergentes, tais como o resumo acadêmico gráfico (FLOREK, 2015) e o artigo acadêmico audiovisual do Periódico de Experimentos Visualizados JoVE (Journal of Vizualized Experiments, MILANI, 2014; 2017; SILVA, 2015; SOUZA, 2015). Tal evidência tem sido viabilizada e impulsionada em grande parte por avanços tecnológicos para a produção. e. disseminação. de. imagens,. incluindo. som,. movimento. e. tridimensionalidade na sua apresentação, conforme destaca a o projeto “O Artigo do Futuro” (“The article of the future”), iniciado em 2012 pela editora científica Elsevier 1 (ELSEVIER, 2012). Segundo a editora, o projeto oferece soluções digitais para “revolucionar o formato tradicional” do artigo acadêmico para um formato onde “a palavra escrita é estendida a uma experiência mais enriquecedora” por meio de imagens e interatividade, para além do que era possível na página impressa, por exemplo: passar da imagem de um mapa estático unidimensional para uma imagem de satélite em 3D no Google Maps, interativa e com possibilidade de ver a perspectiva a partir do nível do solo; ou apresentar uma proteína de forma estática em comparação apresentá-la em 3D, permitindo que o leitor interaja com a imagem, girando-a para todos os lados e ângulos (ELSEVIER, 2012). . Em decorrência do uso de semioses visuais em práticas sociais tradicionais e emergentes, um novo perfil de leitor e/ou produtor multiletrado parece se configurar. Em outras palavras, um engajamento satisfatório no gênero artigo acadêmico demanda que o leitor e/ou produtor mobilize letramentos visual, tecnológico, sonoro, gestual, etc, congregados. Essa demanda, potencialmente, está interligada à contextos disciplinares específicos e às suas tradições e ideologias. A Biologia, por exemplo, até 1998, apresentava uma tradição de uso de imagens que ocupavam um espaço significativo de um terço à meia página do artigo acadêmico tradicional. 1. https://www.elsevier.com/connect/the-article-of-the-future..

(27) 27. (MILLER, 1998) e, em 2006, foi a área primogênita a circular artigos acadêmicos em formato audiovisual por meio do JoVE. As ciências humanas, por outro lado, até 1998, em geral não apresentavam imagens com papel central no gênero (JOHNS; 1998) e, em 2006, imagens continuavam não sendo notórias (HENDGES, 2006). As particularidades com que cada contexto disciplinar se comunica cientificamente, por conseguinte, influiu na escolha de duas áreas contrastantes, em termos de classificação em ciência, a serem analisadas e comparadas na presente dissertação: Linguística Aplicada e Agronomia. De um lado, a Linguística Aplicada (doravante LA) no campo das Ciências Humanas e, do outro, a Agronomia (doravante AGR) no campo das ‘Ciências Duras’. A primeira representa a área em que me insiro enquanto pesquisadora, aquela que preciso conhecer, compreender e nela produzir, a qual tenho mais familiaridade. A LA, que possibilita investigações em linguagem em diversas áreas de conhecimento, também precisa ser entendida em sua forma de reportar e divulgar o conhecimento produzido sobre essas outras disciplinas e sobre si mesma. A escolha da LA se dá também ao pouco que se sabe sobre o papel das semioses visuais nas Ciências Humanas (HENDGES, 2007). A segunda reflete uma área de grande representatividade na UFSM dentre as agrárias. O Curso de Graduação em Agronomia é considerado o sexto melhor no país2 (cf. set 2016). O Programa de Pós-Graduação em Agronomia da UFSM apresenta conceito 5 na Avaliação/Capes3 e assegura a posição de segundo melhor curso no Brasil, perdendo apenas para a Universidade Federal do Espírito Santo (cf. fev 2014)4. Essa avaliação afere uma nota de 1 a 7 aos programas de pós-graduação brasileiros, sendo notas superiores a 5 somente atribuídas a programas com elevado padrão de excelência. A avaliação é realizada a fim de “assegurar e manter a qualidade dos cursos de Mestrado e Doutorado no país” (CAPES, 2017). Ademais, a Revista Ciência Rural, vinculada ao Centro de Ciências Agrárias da UFSM, sempre promove, em parceria com outros setores da instituição, cursos de redação acadêmica: O Curso Método Lógico para Redação Científica que recebeu mais de 300 participantes, de. 2http://diariodesantamaria.clicrbs.com.br/rs/geral-policia/noticia/2016/09/ufsm-e-a-18-melhor-do-pais-. e-a-2-melhor-universidade-do-estado-7522700.html; http://ruf.folha.uol.com.br/2016/ranking-decursos/agronomia/ 3 http://capes.gov.br/avaliacao/sobre-a-avaliacao. 4http://w3.ufsm.br/frederico/index.php/listar-noticias/757-agronomia-na-ufsm-fw-unidade-cesnors-e-2melhor-curso-do-brasil.

(28) 28. acordo com notícia divulgada no website da instituição5; e o Curso Escrita de Artigos Científicos de Alto Impacto: estrutura e linguagem6. Esses dados refletem um interesse desse contexto disciplinar em produzir artigos acadêmicos de excelência e, para tal objetivo, entende-se que o uso das diferentes semioses para reportar o conhecimento academicamente produzido precisam ser considerados. O olhar para o gênero artigo acadêmico que circula na LA e AGR, nesta dissertação, parte do viés da Análise Crítica de Gênero (MEURER, 2002; 2005; MOTTA-ROTH, 2005; 2008). Dessa forma, aqui entendo meu corpus de análise como um gênero discursivo, em outras palavras, como o “uso da linguagem constituída de e por atividades sociais, com eventos comunicativos relativamente estáveis, associados a propósitos específicos em contextos socioculturais também específicos” (MOTTA-ROTH; HERBELE, 2015, p. 23). O gênero é a nossa unidade de referência de análise, o qual o ser humano discursivamente constrói para realizar seus propósitos comunicativos (MOTTA-ROTH; HERBELE, 2015) A Análise Crítica de Gênero é uma abordagem interdisciplinar que congrega teorias para a análise das diferentes semioses que realizam o gênero discursivo. Ela oferece princípios e ferramentas teórico-metodológicas que possibilitam uma análise desde o contexto até o texto. A negligência, portanto, de um ou outro na análise resulta em uma compreensão parcial, e não rigorosa, do gênero discursivo (a análise do contexto possibilita o desvelamento de discursos, ideologias, tradições, enquanto que a análise do texto possibilita a compreensão do sistema léxico-gramatical que realiza todos eles). Para a semiose verbal, a Análise Crítica de Gênero oferece as ferramentas teórico-metodológicas da Linguística Sistêmico Funcional (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004; 2014), da Sociorretórica e da Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 1992; 2003). Para a análise da semiose visual, além das teorias supracitadas, a Análise Crítica de Gênero incorpora a abordagem teóricometodológica da Análise do Discurso Multimodal que tem como base a Gramática do Design Visual (KRESS; van LEEUWEN, 1996; 2006). Sob o viés da Análise do Discurso Multimodal, algumas investigações sobre o discurso da ciência em diferentes áreas do conhecimento já têm sido propostas, tais como a discussão de Miller (1998) comparando o papel de imagens cientificas e midiáticas na área da Biologia, o estudo. 5http://site.ufsm.br/noticias/exibir/curso-de-redacao-cientifica-reune-mais-de-300-part 6http://site.ufsm.br/noticias/exibir/editora-ufsm-abre-inscricoes-para-curso-sobre-escr.

(29) 29. de mestrado de Nascimento (2002) sobre imagens em artigos Engenharia Elétrica e a análise de Hendges (2006) em relação ao uso e natureza das imagens em artigos de Linguística Aplicada. A abordagem interdisciplinar, bem como as ferramentas teórico-metodológicas anteriormente mencionadas, são os cernes na configuração da identidade desta pesquisa, da pesquisadora, do grupo, do laboratório e da linha de pesquisa. Esta dissertação se filia a uma gama de estudos em multimodalidade desenvolvidos e/ou em desenvolvimento sob o projeto guarda-chuva “Análise Crítica da Multimodalidade: ciência da linguagem para os multiletramentos” (HENDGES, 2017, GAP/CAL No 046194). O projeto, orientado pela Professora Graciela Rabuske Hendges, é continuação de outro, “Análise crítica de gêneros e implicações para os multiletramentos” (GAP/CAL No 031609). Ambos abrigam estudos de gêneros discursivos em diversas esferas - midiática, investigando a tira em quadrinhos (CATTO; HENDGES, 2010; CATTO, 2012); escolar, investigando o livro didático (FERREIRA JUNIOR, 2014; KUMMER, 2015) e acadêmica, investigando o artigo acadêmico audiovisual (MILANI, 2014; SILVA, 2015; SOUZA, 2015;) o pôster acadêmico (MOZZAQUATRO, 2014) e o resumo gráfico (FLOREK, 2015). Nesses gêneros, é impossível conceber imagem e palavra separadamente no cumprimento “do significado, da organização retórica e, por conseguinte, do propósito comunicativo: descrever e mapear apenas a linguagem verbal resultaria em uma incompreensão das atividades que instanciam” (HENDGES, 2017). O projeto guarda-chuva, por conseguinte, se vincula ao Laboratório de Pesquisa e Ensino de Leitura e Redação (doravante LabLeR) e este à Linha de Pesquisa “Linguagem no Contexto Social” dentro da área dos Estudos Linguísticos do Programa de Pós-Graduação em Letras (doravante PPGL) da Universidade Federal de Santa Maria (doravante UFSM). Meu percurso acadêmico junto ao laboratório e, mais tarde, ao projeto guardachuva influenciaram nas minhas escolhas acerca do gênero e dos aspectos focalizados nas minhas investigações prévias e, consequentemente, na dissertação de mestrado. Enquanto participante do LabLeR, monitorei o curso de “Leitura em Inglês – Gêneros Acadêmicos” oferecido para alunos de diferentes áreas, técnico administrativos da UFSM e a comunidade em geral, dentro do projeto de extensão "LINC - Línguas no Campus”. Posteriormente, enquanto professora de inglês no.

(30) 30. Programa Nacional Idiomas sem Fronteiras7, ministrei cursos de “Leitura de Gêneros Acadêmicos” e “Escrita de Abstracts em Inglês” também para estudantes de distintas áreas na modalidade extensão. Essas experiências foram valiosíssimas e instigadoras para a tomada de consciência do quão vastas são as possibilidades de reportar o conhecimento produzido cientificamente, mesmo que o padrão IMRD (SWALES, 1990, 2004) seja comum a todas as áreas nos artigos acadêmicos experimentais. Enquanto. participante. e. pesquisadora. em. um. projeto. guarda-chuva. em. multimodalidade, o papel das semioses visuais nesse gênero foi se instaurando como um possível tema de investigação, acerca do qual discorro nesta dissertação. Nesse contexto, portanto, a presente dissertação objetiva analisar e comparar, texto e contextualmente, o uso de imagens em artigos acadêmicos experimentais publicados nas áreas de Linguística Aplicada e Agronomia em termos de: 1) frequência de uso de imagens; 2) ocorrência (saliência e posição) das imagens em relação ao gênero e suas seções típicas (IMRD); 3) natureza das imagens (por exemplo, tabelas, figuras, etc.); e 4) função retórica realizada pelas imagens (por exemplo, “apresentar dados dos participantes”, “apresentar um conceito”, etc.). Embora o foco do estudo esteja no uso da imagem científica, em segundo plano, também foi considerada sua correlação com a semiose verbal, em termos de se e como é referida ao longo dos artigos e o que é dito sobre ela e seu papel. Além disso, os objetivos de cada pesquisa que constitui o corpus também foram analisados para a discussão dos dados quantitativos. Justifico que a análise se concentrou na semiose visual por questões de tempo e espaço para a execução deste estudo de Mestrado, já que foram cruzados 4 aspectos – frequência de uso, saliência de cada natureza em cada seção da IMRD e função das imagens – comparados em duas áreas. Ao grande volume de dados soma-se o agravante de que o estudo de imagens científicas pelo viés seguido aqui e nessas áreas não tem precedentes, de forma que foi necessário dedicar uma grande parcela de tempo à elaboração de critérios e categorias para coleta e análise dos dados. Assim, além de resultados, esta pesquisa também traz conteúdo novo em termos de metodologia para análise de imagens científicas, e por. 7O. programa Idiomas sem Fronteiras (IsF) é desenvolvido pelo Ministério da Educação (MEC) por intermédio da Secretaria de Educação Superior (SESu) em conjunto com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). O IsF objetiva “incentivar o aprendizado de línguas, além de propiciar uma mudança abrangente e estruturante no ensino de idiomas estrangeiros nas universidades do País” (MEC, s/d). Mais informações são encontradas no website http://isf.mec.gov.br/..

(31) 31. isso foi inviável dar maior destaque à interação dessas imagens com o verbal nos AAEs, apesar da inegável relevância desse aspecto nos estudos de análise de gêneros multimodais. Posteriormente ao exame do uso da semiose visual em cada contexto disciplinar, espera-se que este estudo contribua para o desenvolvimento de cursos e materiais de leitura e redação acadêmica, somando-se aos que já estão disponíveis para a semiose verbal. Dessa forma, busca-se uma qualificação enquanto produtores e/ou leitores conscientes das escolhas disponíveis e dos efeitos que diferentes escolhas (p. ex. gráfico ou tabela? cor ou P&B? organização polarizada das informações – topo-base, centro-margem – ou cíclica/contínua, etc.)? podem causar no gênero artigo acadêmico. Para o cumprimento dos objetivos supracitados, o Capítulo 2 apresenta e discute a abordagem interdisciplinar da Análise Crítica de Gênero, bem como as ferramentas teórico-metodológicas da Linguística Sistêmico Funcional (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004; 2014), da Sociorretórica; da Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 1992; 2003) e da Análise do Discurso Multimodal (KRESS, van LEEUWEN, 1996; 2006) que possibilitam as análises contextual e textual da pesquisa. Ademais, o capítulo congrega estudos desenvolvidos sobre as semioses verbal e visual em diferentes áreas disciplinares que permitem uma discussão mais ampla dos impactos que esses contextos desempenham na produção e circulação de conhecimento científico. No Capítulo 3, a metodologia de análise é descrita. No Capítulo 4, os resultados e sua discussão são apresentados em relação a cada uma das etapas de análise e por fim, considerações finais são propostas..

(32) 32. CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA. A investigação do uso de imagens é possibilitada por diferentes abordagens multimodais, tais como pela sociolinguística, que focaliza unidades linguísticas (ex. unidades de entonação) ou unidades definidas em termos linguísticos relegando à imagem papéis de expandir, exemplificar ou modificar essas unidades (BEZEMER; JEWITT, 2010), ou ainda pela sócio semiótica, que estende a interpretação social da linguagem e seus significados à todos os modos semióticos empregados numa dada cultura (BEZEMER, JEWITT, 2010). A presente dissertação se alia à segunda abordagem, mas busca estendê-la ao considerar, também, o estrato do discurso, ou seja, das relações de poder e das tradições disciplinares que influenciam e/ou determinam as escolhas dos produtores nas semioses visual e verbal. Para tanto, a abordagem interdisciplinar da Análise Crítica de Gênero (doravante ACG) possibilitou a análise nessa dissertação. Este capítulo, por conseguinte, objetiva situar a pesquisa dentro de uma área de investigação, bem como esclarecer os princípios teóricometodológicos que a embasam. Dessa forma, a seção 2.1 traz um breve histórico das escolas de gênero que influenciaram no que, hoje, conhecemos como a ACG, bem como as categorias que precisam ser consideradas, a fim de ser uma investigação crítica de gênero; a seção 2.2 apresenta o conhecimento desenvolvido sobre o gênero AAE, gênero discursivo objeto desta dissertação, em diferentes contextos disciplinares; e a seção 2.3 apresenta estudos desenvolvidos que focalizam imagens no gênero AAE, também, em diferentes contextos disciplinares.. 2.1 ANÁLISE CRÍTICA DE GÊNERO. Historicamente, o conceito de gênero tem sido explorado desde a antiguidade, com a Retórica de Aristóteles. (MOTTA-ROTH, 2008; MOTTA-ROTH; HEBERLE, 2015). No entanto, na Linguística Aplicada, o conceito assumiu um novo papel, internacionalmente, na década de 80 e, nacionalmente, no início da década de 90 (MOTTA-ROTH, 2008; MOTTA-ROTH; HEBERLE, 2015). E são esses dois últimos os.

(33) 33. momentos que são considerados, pois influenciaram no desenvolvimento do que conhecemos como a ACG. No contexto internacional, os marcos teóricos para os estudos de gêneros são o trabalho sobre introduções de artigos de John Swales (1981), o artigo de Carolyn Miller (1984) acerca dos gêneros como tipos de ação social, o livro de Gunther Kress (1989) sobre gêneros como processos linguísticos na prática sociocultural e o de Jim Martin (1985/1989) sobre o ensino de redação na escola como uma prática concreta de exploração e desafio da realidade social (MOTTA-ROTH, 2008, p.343).. Embora os estudos de gêneros, historicamente, focalizem diferentes aspectos da linguagem, em outras palavras, a lexicogramática, na primeira fase, as estruturas retóricas, na segunda fase e a contextualização do discurso, na terceira fase (BHATIA, 2004), eles apresentam um ponto em comum em seus estudos: “a análise de textos, em seu conteúdo temático, organização retórica e formas linguísticas, em função dos objetivos comunicativos compartilhados por pessoas envolvidas em atividades sociais, em contextos culturais específicos” (MOTTA-ROTH, 2008, p.343). Na segunda fase, de focalização das estruturas retóricas, três escolas internacionais emergem (HYON, 1996) e criam aparatos teóricos para os gêneros, que posteriormente, influenciaram significativamente os estudos em gênero no Brasil. 1. A escola britânica de ESP (BHATIA, 1993; SWALES, 1990) considera gênero como “tipos de textos orais e escritos definidos por suas propriedades formais, bem como por seus propósitos comunicativos em contextos sociais” (HYON, 1996, p. 695). 2. A Escola Americana da Nova Retórica ou Sócio-Retórica (BAZERMAN, 1988; MILLER, 1984) focaliza “mais nos contextos situacionais em que os gêneros ocorrem do que nas suas formas e enfatiza, especialmente, os propósitos sociais, ou ações [atos de fala] que esses gêneros cumprem nessas situações” (HYON, 1996, p. 696). 3. A Escola Sistêmico-Funcional de Sydney concentra estudos sobre lexicogramática e as metafunções da linguagem em contextos sociais, na qual gênero é compreendido como “processos sociais orientados à objetivos e formas estruturais que culturas usam em contextos determinados para atingir vários propósitos” (HYON, 1996, p. 697). No contexto brasileiro, especificamente, uma quarta escola emergiu como, também, altamente significativa e que, por fim, embasou as práticas pedagógicas.

(34) 34. exploradas em documentos oficiais, tal como os Parâmetros Curriculares Nacionais (doravante PCN): 4. O Interacionismo Sócio-Discursivo estuda a semiotização das relações sociais e ações sociais, no qual gênero são “textos com características relativamente estáveis” (MOTTA-ROTH; HEBERLE, 2015, p. 23).. No final da década de 90 e início dos anos 2000, a terceira fase, de focalização na contextualização do discurso, representa uma recorrente referência aos trabalhos de Mikhail Bakhtin e à Análise Crítica do Discurso (doravante ACD) de Norman Fairclough (MOTTA-ROTH, 2008). Segundo Motta-Roth (2008), os conceitos da perspectiva sociológica ou sócio histórica de Mikhail Bakhtin enriqueceram o conceito de gênero ao incorporar a 1) heterogeneidade (diferentes usos da linguagem); 2) o dialogismo (relações entre leitor e autor possibilitados pelo texto); 3) a polifonia (polemização, complementação ou resposta entre diferentes vozes sociais), e 4) a intertextualidade (relação entre textos). A ACD caracteriza-se pelas dimensões do “texto, a interação (processos de produção e interpretação do texto) e o contexto mais amplo da sociedade (condições sociais de produção e interpretação do texto)”. (MOTTA-ROTH, 2008, p. 354). Assim, o conceito de gênero é cada vez mais expandido para abarcar, concomitantemente, o léxico, a gramática, o contexto social, o discurso e a ideologia (MOTTA-ROTH, 2008). Conforme Motta-Roth (2008, p. 351) Tal expansão demanda que as análises considerem as condições de produção, distribuição e consumo do texto, e focalizem os textos que circulam na sociedade contra o pano de fundo do momento histórico. Olham-se as finalidades e a organização econômica dos grupos sociais, em termos de vida cotidiana, negócios, meios de produção, formações ideológicas, etc., que determinam o conteúdo, o estilo e a construção composicional dos gêneros [...].. Dessa forma, “a ampliação do foco dos estudos de gênero da léxico-gramática para o discurso indica a busca por um entendimento mais rico da conexão entre texto e contexto” (MOTTA-ROTH, 2008, p. 353). Pesquisadores brasileiros, nos anos 2000, ao se apropriarem, reelaborarem e combinarem as quatro escolas de gêneros aos conceitos da perspectiva sociológica e da ACD possibilitaram estudos de gêneros que articulam preocupações interdisciplinares relacionadas a formas linguísticas, conteúdo temático, organização retórica, configurações institucionais e ideológicas de.

(35) 35. gêneros em conexão a propósitos comunicativos e atividades sociais em contextos socioculturais específicos (MOTTA-ROTH, HEBERLE, 2015, p.24).. Essa articulação entre escolas e conceitos deram origem a abordagem da Análise Crítica de Gênero (MEURER, 2002; 2005; MOTTA-ROTH, 2008; MOTTAROTH; HEBERLE, 2015), “uma orientação brasileira interdisciplinar para os estudos de gênero que baseia-se na abordagem de Swales para a análise de gênero em combinação com a Sociorretórica, da Linguística Sistêmico Funcional e da ACD” (MOTTA-ROTH, HERBELE, 2015, p. 23), apresentada na Figura 1.. Análise Crítica do Discurso. Análise Crítica de Gênero Sociorretórica. Linguística SistêmicoFuncional. Gramática Sistêmico-Funcional Gramática do Design Visual. Figura 1 – Fundamentos da Análise Crítica de Gênero Fonte: A autora. Além das quatro escolas e dos conceitos supracitados, a abordagem interdisciplinar da ACG inclui, também, a dimensão multimodal dos textos (Figura 1), pela estreita ligação entre os estudos sobre a gramática da imagem de Kress e Van Leeuwen (1996; 2006) com os princípios sistêmico-funcionais (HALLIDAY, 1994; HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004; 2014). A partir dos anos 2000, a pesquisa na área de multiletramentos (KRESS; VAN LEEUWEN, 1996; 2006; HENDGES, 2006; 2007; BEZERRA; NASCIMENTO; HERBELE, 2011) tem partido do conhecimento de que textos não são monosemióticos para demostrar a importância de se considerar diferentes linguagens, além da linguagem verbal, e como elas se inter-relacionam em textos (BEZERRA; NASCIMENTO; HEBERLE, 2011, p.529-530). A grande.

(36) 36. impulsionadora para a análise da linguagem não-verbal foi a publicação da Gramática do Design Visual (KRESS; VAN LEEUWEN, 1996; 2006), doravante GDV. Tanto a semiose verbal quanto a visual possibilitam 1) construir representações de mundo (função ideacional ou de representação), 2) aferir papéis aos participantes representados e mostrar diferentes relações entre os participantes no texto, bem como entre esses e o leitor (função interpessoal ou de interação), e 3) organizar essas representações e participantes no que compreendemos como texto (função textual ou de composição). Essas funções da linguagem verbal foram descritas por Halliday e Matthiessen (2004; 2014), e adaptadas por Kress e van Leeuwen (1996; 2006) para a linguagem visual. A GDV, portanto, configura o principal ferramental teóricometodológico para a análise das semioses não-verbais da Análise do Discurso Multimodal (doravante ADM). Devido à sua relevância e ao seu uso como embasamento teóricometodológico em diversos estudos (artigos, trabalhos finais de graduação, dissertações de mestrado, teses de doutorado) em âmbito nacional, a ACG vêm se colocando como uma nova escola à ser adicionada às três bem-sucedidas e previamente descritas por Hyon (1996), ao que Swales chama de abordagem brasileira de gênero (SWALES, 2012). Além da ACG, Swales (2012) menciona a Nova Escola de Londres como outra, também, candidata, já que essa propõe uma critica a ESP por seu foco, essencialmente, textual, que, por fim, resulta em soluções pedagógicas e políticas de natureza apenas textual, bem como pela resistência à percepções como homogeneidade de populações estudantis, estabilidade de disciplinas, poder e autoridade de instrutores (SWALES, 2012). A ACG, de certa forma, se alia, também, à Nova Escola de Londres, ao possibilitar a análise da pluralidade de modos semióticos empregados numa cultura e mobilizados em determinado gênero pensando na pedagogia dos multiletramentos. A ACG, assim, possibilita, para a presente dissertação, que as semioses visual e verbal, em outras palavras, que as imagens, bem como o texto verbal que as acompanham sejam examinados em seu nível lexicogramatical rigorosa e minuciosamente, de forma a destacar a experiência construída, as relações e a forma como essa experiência está organizada, a partir das ferramentas teóricometodológicas da ADM e da LSF, respectivamente. Ademais, a identificação de recorrências retóricas na macroestrutura do discurso no conjunto dos modos semióticos que realizam o gênero AAE, ou seja, de padrões de uso de imagens em.

(37) 37. relação à esse gênero (em que seções as imagens são utilizadas? que funções essas imagens cumprem em relação à seção?) é possibilitada através de ferramentas da Sociorretórica. A observação crítica dos aspectos sociais, políticos e ideológicos que configuram o momento histórico em que o AAE foi produzido é, por fim, possibilitado através do ferramental da ACD. Para fins de detalhamento, as ferramentas teóricometodológicas que embasam a ACG são delineadas nos parágrafos que seguem. A linguística sistêmico-funcional (LSF) é uma teoria social que entende a linguagem em estratos com diferentes níveis de abstração. O primeiro nível, ou menos abstrato, é o da grafologia e da fonologia. Esse, por sua vez, realiza a lexicogramática que realiza a semântica. Todos esses estratos realizam, no nível mais abstrato, o contexto (Figura 2).. Figura 2 – Linguagem como um sistema de estratos Fonte: Halliday; Matthiessen (2014, p.26). A linguagem como sistema se materializa em textos, que estão sempre inseridos em dois contextos: de situação e de cultura. O primeiro, na tradução de Fuzer e Cabral (2014, p.27) a partir de Halliday, “é o ambiente imediato no qual o texto está de fato funcionando”, sendo mais variável, mas, também, previsível, já que há sempre um quadro de possibilidades que os interlocutores estão cientes e que, por fim, permitem uma compreensão (HALLIDAY; HASAN, 1985). O segundo “refere-se não só as práticas mais amplas associadas a diferentes países e grupos étnicos, mas também a práticas institucionalizadas em grupos sociais, como a escola, a família, a.

(38) 38. igreja, a justiça, etc” (FUZER; CABRAL, 2014, p.28). O contexto de situação, por sua vez, é descrito por meio de três variáveis: 1) campo; 2) relações; e 3) modo. Cada uma dessas variáveis se remete a elementos específicos, como pode ser observado na Figura 3.. Variáveis do contexto de situação. Campo. Atividade Objetivo Finalidade. Relações. Participantes na situação Quem fala ou escreve Quem ouve ou lê Participantes no texto Distância Social. Modo. Linguagem constituiva ou auxiliar Meio oral, escrito e/ou não verbal Canal gráfico ou fônico. Figura 3– Variáveis do contexto de situação Fonte: Adaptada de Fuzer; Cabral (2014, p.30), com base em Halliday (2004) e Halliday e Matthiessen (2014). A teoria da LSF, tendo como aparato a Gramática Sistêmico-Funcional (doravante GSF; HALLIDAY, MATTHIESSEN, 2004; 2014), analisa o funcionamento da linguagem no contexto em que ela é utilizada. Assim, no nível da oração, é que temos acesso às escolhas linguísticas do falante. A oração, de acordo com Halliday e Matthiessen (2014) é um “construto multifuncional que consiste de três linhas metafuncionais de significação” (p. 211): ideacional, interpessoal e textual. Cada uma dessas linhas é realizada por categorias semânticas específicas (Figura 4). A oração, analisada em sua linha metafuncional ideacional, ou seja, de representação das experiências humanas, constrói um quantum de mudança no fluxo de eventos. Cada quantum de mudança é modelado em uma figura – figura do acontecer, fazer, sentir, dizer, ser, ter (HALLIDAY, MATTHIESSEN, 2014). As figuras são compostas de um processo que se desenrola no tempo, participantes envolvidos nesse processo e possíveis circunstâncias (HALLIDAY, MATTHIESSEN, 2014). O sistema lexicogramatical pelo qual nossa experiência é organizada e as relações entre os componentes da figura são estabelecidas é o da transitividade..

(39) 39. Processo Ideacional (oração como representação). Participantes Circunstâncias. Textual (oração como mensagem). Metafunções. Tema Rema Modo. Interpessoal (oração como troca). Resíduo. Figura 4 – Metafunções da Gramática Sistêmico Funcional e suas respectivas categorias semânticas Fonte: A autora com base em Halliday; Matthiessen (2014).. Na metafunção textual, a oração, ao organizar os significados experienciais e interpessoais em um todo, é vista como mensagem. Essa mensagem, no nível lexicogramatical, se realiza pela estrutura temática (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014). A estrutura temática envolve as funções Tema e Rema. Essas duas funções têm. diferença. em. “status. na. organização. da. mensagem”. (HALLIDAY;. MATTHIESSEN, 2014, p.88). O Tema, função com status mais elevado, é indicado pela posição inicial na oração. Ele “é o elemento que serve como ponto de partida da mensagem; é o que localiza e orienta a oração dentro de seu contexto de uso” (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014, p.89). O Rema, por sua vez, é “o restante da mensagem, a parte na qual o Tema é desenvolvido” (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014, p.89). Na metafunção interpessoal, é possível interagir com outras pessoas no meio social através da linguagem. A oração, portanto, é vista como troca de informações ou bem e serviços. Gramaticalmente, essa metafunção é realizada pelo sistema de MODO (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014). Esse sistema é organizado em dois componentes básicos: 1) Modo e 2) Resíduo. O primeiro se constitui dos elementos Sujeito e Finito. O segundo se constitui dos elementos Predicador, Complemento e Adjunto. Informações referentes ao tempo em que ocorre o evento, à modalidade (probabilidade, usualidade, obrigação, inclinação) e a polaridade (positiva ou negativa).

(40) 40. são também consideradas nas análises (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014; FUZER; CABRAL, 2014). As metafunções ideacional, textual e interpessoal e os sistemas de transitividade, temático e de modo que as realizam, respectivamente, estão intimamente interligados às variáveis de contexto de situação e, esse, ao contexto de cultura, o gênero, conforme representado na Figura 5. A organização de um sistema linguístico em estratos que exploram texto e contexto, possibilitam à ACG conduzir uma análise de gênero que inclua todos esses níveis propostos por Halliday e Matthiessen (1994; 2014) (embora o estrato do discurso seja adicionado, posteriormente, através da ACD). Para a presente dissertação, o contexto de cultura aliado à ACD possibilita localizar os AAE sob um pano de fundo acadêmico o qual abriga ideologias, convenções sociais, tradições, materializados em textos, que são essenciais para a configuração do aspecto crítico da pesquisa. As variáveis do contexto de situação oportunizam a investigação de quem e/o que determina (variável relações) o gênero e a sua constituição, para que sua atividade (variável campo) seja cumprida no meio em que o AAE se realiza (modo). Ademais, o estrato semântico, atrelado, também, à lexicogramática viabiliza a identificação de marcadores lexicais que podem indicar padrões nas menções às imagens, bem como a identificação de grandes grupos (categorias) semânticos que constroem representações das experiências humanas em relação às imagens.. Figura 5 – Representação dos estratos da linguagem, metafunções e sistemas de significação Fonte: Florek (2015, p.44).

(41) 41. Dessa forma, a LSF foi descrita, mas não com todo o nível de detalhamento que ela permite para o desvelamento da semiose verbal. Tal decisão se justifica pelo objetivo principal de identificar e comparar, em primeiro plano, o uso de imagens no gênero AAE em duas áreas disciplinares distintas, a LA e AGR. No entanto, o ferramental teórico-metodológico da LSF é extremamente pertinente à compreensão do contexto em que os AAE se inserem, à verificação de padrões nas menções às imagens, bem como à categorização das informações encontradas, principalmente, nos documentos que regem o processo de produção e circulação dos AAE e que estão configurados, majoritariamente, sob o modo semiótico verbal. Passo, agora, para a descrição da ADM e de seu principal ferramental teórico-metodológico, a GDV que possibilitam a análise, em especial, das imagens. A ADM se desenvolve sob a premissa básica de que “significados são construídos, distribuídos, recebidos, interpretados e reconstruídos em interpretações através de vários modos representacionais e comunicativos – não apenas língua – seja pelo discurso, seja pela escrita” (JEWITT, 2009, p.14). Assim como na linguagem verbal, modos semióticos se configuram como um sistema de significados que as pessoas têm a seu dispor. As pessoas, por sua vez, tomam decisões e dão conta dessa diversidade semiótica, simultaneamente, ocasionando no fenômeno multimodal (JEWITT, 2009). A pesquisa em multimodalidade, portanto, oferece ferramentas teórico-metodológicas para a análise desses modos semióticos, de modo a descrever como as pessoas se comunicam e representam seu mundo, bem como, como esses modos são organizados na construção de significados (JEWITT, 2009). A GDV (KRESS; van LEEUWEN, 1996; 2006) representa uma das pesquisas ao buscar apresentar uma ‘gramática’ visual que descreverá o modo como elementos representados – pessoas, lugares e coisas – se combinam em declarações ‘visuais’ de maior ou menor complexidade e extensão” (KRESS; van LEEUWEN, 2006, p.1). Essa gramática teve inspiração em linguistas e escolas linguísticas que olham para formas gramaticais como recursos de codificação de interpretações da experiência e formas de interação e ação social. Dessa forma, ambas as análises de organização linguística e visual apontam para interpretações particulares da experiência e da interação social. Significados, portanto, pertencem à culturas e, a forma como os significados são produzidos e mapeados são culturalmente e historicamente específicos (KRESS; van LEEUWEN, 2006). Neste sentido, Kress e van Leeuwen (1996; 2006) teorizam que estruturas visuais realizam significados, ou possibilitam.

Referências

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