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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.4 PROCEDIMENTOS PARA O TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

A análise dos dados, na pesquisa qualitativa, deve ser desenvolvida como um quebra cabeça social, cabendo ao pesquisador estabelecer “a lógica interna do grupo em questão” (MINAYO, 2013). Essa lógica interna é corroborada por Goldenberg (1999), asseverando que todas as etapas da pesquisa qualitativa devem ser descritas e o pesquisador deve ter conhecimento de sua interferência na compreensão do fenômeno.

Seguindo esse rigor da pesquisa qualitativa é necessário ainda seguir algumas etapas no processo de análise e interpretação dos resultados, conforme apontam Godoi, Melo e Silva, 2006):

a) a análise deve ser ordenada exaurindo-se apenas quando não se traz novas informações;

b) a análise dos dados deve voltar-se para o nível conceitual;

c) os dados devem ser analisados separadamente, sem contudo, perder o senso do todo;

d) deve-se agrupar o material empírico por categoria;

e) é preciso comparar os dados em termos de categorias, estabelecendo novas fronteiras do conhecimento.

A partir desse pressuposto e também do individualismo metodológico e das necessidades do estudo das rotinas organizacionais sob a ótica das microfundações para a coletividade, as análises decorreram inicialmente a partir dos indivíduos (1) por meio do bloco variação (2) sendo comparados inicialmente nos níveis e interníveis (3), conforme Figura 28.

Na sequência, estruturaram-se, com base em similaridade e consequente divergência, os sistemas de inferência e dispersões. De posse destes sistemas, os dados foram analisados com base no (5) modelo empírico da empresa. Também foi realizado análise cruzada dos (3) níveis: operacional (O), tático (T) e estratégico (E).

Figura 28 - Forma de análise dos dados qualitativos

Fonte: elaborado pelo autor (2017).

3.4.1 Análise de conteúdo

da análise de conteúdo dos integrantes do nível operacional e após, tático e estratégico. A transcrição deve ser vista como uma teoria podendo incluir cronometragem, sonoridade e ritmo (BAUER; GASKELL, 2002). Esta técnica representa um processo sistemático de análise de comunicação que remete a inferências de uma determinada situação ou fenômeno (MINAYO, 2013). A análise de conteúdo remonta à antiguidade citando a lógica e a retórica como elementos de compreensão de mensagens.

A retórica trata da fala convincente e a lógica dos enunciados que chancela o raciocínio. Assim, a análise qualitativa, em termos de compreensão de conteúdo, levou em consideração estruturas semânticas de depoimentos e de falas para o nível sociológico, isto é, de significados. Além disso, a análise de conteúdo qualitativa permitiu que os entrevistados demonstrassem categorias similares e antagônicas de conceitos sendo que esta técnica requer, do pesquisador, uma prévia da transcrição seguida pelo áudio da entrevista (BAUER; GASKELL, 2002). Com vistas ao aprofundamento do tema em estudo e à compreensão dos significados e qualidade das transcrições todas as entrevistas foram transcritas pelo próprio pesquisador totalizando o total de 183 páginas, sendo 69 do nível operacional, 60 do nível tático e 54 do nível estratégico.

A lógica das análises de conteúdo decorreram, conforme figura acima, do entendimento do indíviduo (1) sobre as questões aplicadas que compoem os blocos de variação (2). Ao finalizar a análise de conteúdo de todos os indíviduos de um nível do correspondente: operacional (coordenadores) ou tático (gerentes) ou estratégico (diretores) (3) estabeleciam-se sistemas de inferência e dispersão em cada um dos blocos de variação (4) comparando sua resposta com os demais integrantes do mesmo nível que estava inserido. Nesta etapa surgiam análises que agrupavam respostas semelhantes (sistemas de inferência) e respostas diferentes (sistemas de dispersão) demonstrando o caráter dicotômico das rotinas em termos de cogninção e práticas (ARBONIÉS, 2009).

Nesta etapa do nível operacional foram apresentados os resultados totalizando 10 entrevistas a nível de coordenação. Correspondem aos cargos de coordenações: melhoria contínua, recursos humanos, dois de qualidade industrial, comercial, compras, qualidade comercial, planejamento comercial e comercial mercado interno. Por questões de confidencialidade, são identificados, não necessariamente nessa ordem, a numeração: C1, C2, C3, C4, C5, C6, C7, C8, C9, C10.

Após apresentam-se os resultados do nível tático totalizando 09 entrevistas, a nível de gerência. Referem-se aos cargos: gerentes de plásticos, planejamento industrial, industrial, exportação, comercial, pós-venda, engenharia de produtos, consultores independentes de

marketing e comercial. Dada confidencialidade são identificados, não necessariamente nessa ordem, a numeração: G1, G2, G3, G4, G5, G6, G7, G8 e G9. Encerrada as análises do nível operacional e tático passou-se a explicitação dos resultados do nível estratégico totalizando 10 entrevistas a nível de diretoria. Referem-se aos cargos: diretor de qualidade, diretor de compras e logística, diretor financeiro, diretor industrial, diretor de engenharia, diretor de estratégia, chieff executive officer (CEO), diretor de recursos humanos, diretor comercial e diretor da marca V. Em virtude da confidencialidade são identificados, não necessariamente nessa ordem, a numeração: D1, D2, D3, D4, D5, D6, D7, D8, D9 e D10. Nas figuras das análises dos três níveis apresentam-se as setas que indicam o entendimento qualitativa dos coordenadores, dos gerentes e dos diretores. As setas pontilhadas representam o agrupamento de inferências. O Sistema de inferência (SI) refere-se ao agrupamento de respostas semelhantes representadas pelos círculos pontilhados preto. O sistema de inferência 2 (SI2) também é o agrupamento de respostas semelhantes, caracterizadas pela sigla SI2 na cor vermelha e círculo vermelho. Assim sucessivamente: SI3 na cor azul, SI4 na cor verde, SI5 na cor lilás e SI6 na cor marrom.

A análise, identificada como setorial também compreendeu os níveis operacional, tático e estratégico. O primeiro decorre do agrupamento dos 10 respondentes em três grandes áreas por afinidade: o primeiro corresponde aos coordenadores relacionados com a área da qualidade, C1, C2 e C10, o segundo refere-se à produção e logística e envolve C4, C5, C6 e C8 e o terceiro é formado pelo comercial com os respondentes C3, C7 e C9. No nível tático a análise compreende o agrupamento dos 09 respondentes em duas áreas por afinidade: o primeiro corresponde aos gerentes relacionados com a área da produção e operadores, G1, G2, G3 e G5. O segundo refere-se a comercial e mercado envolvendo G4, G6, G7, G8 e G9. A finalidade é apontar os elementos de dispersão dos departamentos, com relação os sistemas de inferência. No nível estratégico a análise abarcou o agrupamento dos 10 entrevistados em três áreas afins: o primeiro confere aos diretores relacionados com a área da produção e operações, D2, D4 e D5. O segundo refere-se à comercial e mercado compreendendo D1, D9 e D10. O terceiro condiz à estratégia e desenvolvimento D3, D6, D7 e D8.

Após, esses dados analisados eram comparados ao modelo empírico da empresa (5). Ao final analisou-se os dados por meio da comparação entre os níveis: operacional e tático, operacional e estratégico, tático e estratégico e operacional, tático e estratégico. Com relação aos dados obtidos, a análise da entrevista oral temática e também da técnica projetiva desenvolveram-se -se por meio da transcrição das entrevistas.

estava em dúvida com alguns pontos do entrevistado. Nesta fase essas histórias também foram transcritas e textualizadas o conteúdo da sua entrevista, dando lógica ao texto, inclusive, grafando palavras-chave relevantes para compreensão da temática de pesquisa (GODOI; MELLO; SILVA, 2006). A não utilização de software para análise dos dados justifica-se por opção do pesquisador. Os autores revisados recomendam que sejam transcritos momentos de incerteza e insegurança do entrevistado. Sugerem-se que sejam também transcritos os elementos paralinguísticos como pausas, tom de voz, para que seja possível fazer uma análise da história e de sua forma retórica (BAUER; GASKELL, 2002).

Com a aplicação de todas as técnicas listadas o pesquisador exauriu a coleta de dados para responder ao problema de pesquisa tendo em vista que a partir das últimas entrevistas realizadas obteve-se o entendimento de que alguns dados já se repetiam, que Minayo (2013) considera o ponto de saturação.