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2.7 ELEMENTOS QUE INFLUENCIARAM A CONSTRUÇÃO DO QUADRO

2.7.1 Relações de inferência entre os construtos rotinas, estratégias e teorias

A seguir as Figuras 19 e 20, apresentam ainda fatores de inferência entre os construtos rotina e estratégia e também entre as teorias da firma, evolucionária e de posicionamento competitivo que convergem em fator do individualismo metodológico interacionista conforme detalhado na figura 06 referentes aos elementos do individualismo em

convergência ao holísmo.

Figura 19 - Inferências de teorias evolucionária, rotina, firma, estratégia e posicionamento competitivo

Fonte: elaborado pelo autor (2016).

Figura 20 - Inferências de teorias evolucionária, rotina e método

Fonte: elaborado pelo autor (2016).

Conforme as Figuras 19 e 20 identificaram-se inferências teóricas que convergem entre si em favor do estudo das rotinas a partir do individualismo metodológico, representadas

pela classificação (1). Identificaram-se 6 inferências do individualismo metodológico (1) entre as teorias da firma, evolucionária e construtos rotina e estratégia. Conforme Bromeley e Rau (2016) a teoria evolucionária deve ser estudada a partir das habilidades do indíviduo. Para Pentland e Rueter (19994) a rotina deve ser estudada a partir do individualismo metodológico e da performance do sujeito e de seu repertório (NELSON; WINTER, 2005; MUTCH, 2016). Deve-se ainda acessar a memória procedural da cognição do sujeito (LAZARIC 2011). O individualismo metodológico (1) apresenta relação ainda com o construto estratégia através do estudo da percepção do sujeito (BROMELEY; RAU, 2016).

Ainda identificaram-se 6 inferências do individualismo metodológico interagente (2), isto é, entre o individuo representada pelo aspecto ostensivo em direção ao todo em termos de organização e interação, entre a teoria evolucionária, construtos rotina e estratégia e metódo que demonstram a relevância entre interação de indivíduos e o desnevolvimento da rotina. O desenvolvimento do individualismo metodológico interagente (2) justifica-se pois a microeconomia sistêmica envolve a interação entre as partes onde os indivíduos são interagentes (PRADO 2006; KERSTENETZKY, 2007). Além disso essas interações, que devem ser mapeadas, promovem o surgimento de proprieades emergentes, sendo que os significados são acessados por meio de interação na ontologia sujeito-objeto (JONES, 1987; ARROW, 1994; BECKER et al., 2005).

Identificaram-se ainda inferências entre o construto rotina e teoria evolucionária no que se refere ao estudo destas a partir da evolução das espécies e da variação, seleção e retenção sendo represntadas pela classificação (3) (CAMPBELL, 1969; BATAGLIA; MEIRELLES, 2009). Ainda na classificação 3, referente a inferência da teoria evolucionária percebe-se que a dimensão seleção tem relação com a o ambiente externo da teoria do posicionametno competitivo de Porter (1999). Após discussão e seleçao dos elementos das teorias econômica evolucionária, da firma, do posicionamento competitivo, dos construtos rotina, estratégia, de individualismo metodológico e de suas inferências aprensenta-se o quadro conceitual da tese doutoral (Figura 21).

Figura 21 - Quadro conceitual do doutorado

Fonte: Cyert e March (1963), Becker (1982), Pentland e Rueter (1992), Feldman (2000), Cohendent, Llerena (2003), Felin e Foss (2004), Nelson e Winter (2005) e Pentland e Feldman (2008).

A Figura conceitual da tese doutoral tem como fundamentação a teoria do posicionamento competitivo de Porter (1999), a teoria do crescimento da firma de Penrose (2006) e teoria evolucionária de Nelson e Winter (2005), sendo que destas emergiram os construtos rotina e estratégia, conforme descrito na questão de pesquisa (seção 1.2). A partir de rotinas foram selecionadas as dimensões: aprendizagem de Felin e Foss (2004), Cyert e March (1963), aspecto ostensivo e performativo de Pentland e Rueter (1992) e variação, seleção e retenção de Nelson e Winter (2005). No construto estratégia, foram definidas as dimensões: forças competitivas de Porter (1999) e estratégia inside-out, isto é, de dentro para fora, que remete as características semelhantes da teoria do crescimento da firma, como subjetividade, interpretativismo e cognição, a partir da compreensão do conjunto produtivo.

O eixo do modelo objetiva caracterizar como ocorre a evolução da rotina de alto nível a partir das teorias da firma, do posicionamento competiivo e evolucionária. Entende-se como rotina de alto nível aquela que gera novos padrões na organização (COHENDET; LLERENA, 2003; NELSON; WINTER, 2005; PENTLAND; FELDMAN, 2003, 2008). Para evidenciar a evolução desta rotina de alto nível foram utilizados os pressupostos do aspecto ostensivo que torna explícito a dinâmica desta por meio da compreensão subjetiva dos atores PENTLAND; FELDMAN, 2008). O aspecto ostensivo será estudado a partir do individualismo metodológico interacionista. Não se utilizou, exclusivamente, a ontologia reducionista, considerando o indivíduo apenas, mas sim o individualismo interacionista, que

parte a priori da análise do sujeito à estrutura, pois estes, na teoria evolucionária, são considerados como propriedades emergentes (ARROW, 1994).

O individualismo interacionista, nas rotinas, justifica-se pela necessidade de compreensão das interações a partir das microfundações (BECKER et al., 2005). Através do individualismo metodológico interacionista, parte-se da singularidade da percepção cognitiva do sujeito, de suas expectativas e especificidades históricas à interação com a estrutura onde será possível observar o não observado, isto é, explicitar a criatividade, as crenças e atitudes dos indivíduos acerca da rotina, acessando, dessa forma, a memória procedural (ASHFORTH; FRIED, 1998; FELIN; FOSS 2004, 2009; LAZARIC, 2011). Também caracterizaram-se os elementos de aprendizagem, regras abstratas e propriedades emergentes de interação.

O aspecto ostensivo fora utilizado em virtude de explicitar o padrão abstrato da rotina que é singular de agente para agente e de evento para evento (FRIELS; LARTY, 2013). O aspecto ostensivo abrange o entendimento subjetivo dos atores, que variam ao longo da organização e que direcionam uma performance específica da rotina a partir da percepção distinta e abstrata do indivíduo (MILLER; PENTLAND; CHOI, 2012; OLIVEIRA; QUINN, 2015; PENTLAND; FELDMAN, 2008).

Tanto os aspectos ostensivos quanto performativos da rotina complementam-se em laços de feedback a partir de determinados artefatos, isto é, regras de ações, (estratégias) gerando resultados dinâmicos na cadeia como novas práticas (MELLO; COLOMBO, 2013). O ciclo da rotina pode garantir estabilidade, quando a performance desejada é obtida. Quando a performance desejada não é alcançada geram-se possibilidades de mudança e inovação. Dessa forma, os indivíduos promovem o dinamismo da rotina, não sendo apenas seguidores, mas agentes selecionadores de uma gama de possibilidades (MUTCH, 2016).

Para compreender a evolução da rotina de alto nível, utilizou-se o aspecto ostensivo e performativo, juntamente com o individualismo metodológico interacionista da rotina de alto nível. Estes fatores, isto é, aspectos ostensivo e performativo e individualismo metodológico interacionista foram estudados a partir dos pilares da teoria evolucionária: variação, seleção e retenção, (seção 2.2). Dessa forma, possibilitou-se caracterizar a evolução endógena da rotina de alto nível a partir dos pressupostos evolucionários. Os elementos da variação, seleção e retenção foram definidos a partir de Schumpeter (1934); Campbell (1965); Nelson e Winter (1982; 2005); Betaglia e Meirelles (2009); Johansson e Siverbo (2009); Evans (2011); Becker, Knudsen, Swedberg (2012); Johansson e Kask (2013).

Na variação foram considerados a seleção racional intencional, variação cega, propagação seletiva, imitação, variação endógena path dependence conjunto de conhecimento

tácito e explícito, padrões de interação, padrões não observáveis, micromudança eventos mutagênicos e engatilhadores da ação e repertório individual, conhecimento e técnicas únicas e convenções singulares. Na seleção intencional objetiva-se identificar se a rotina de alto nível gera criatividade e comportamento inovador. Na variação cega objetiva-se identificar os erros e oportunidades a partir da rotina de alto nível. Na propagação seletiva tem-se a finalidade de identificar como pode ser institucionalizado os fatores emergentes desta rotina. Na imitação objetiva-se analisar a rotina de alto nível com a concorrência e na variação endógena caracterizar o processo de adaptação desta rotina a partir do path dependence.

Todos esses fatores foram selecionados, a partir da variação externa e endógena da teoria evolucionária, a partir das forças competitivas de mercado por meio da teoria do posicionamento competitivo de Porter (1999) e da teoria do crescimento da firma de Penrose (2006). A combinação destas teorias permitirá a caracterização da evolução da rotina de alto nível, representada pela qualidade. Ambas as teorias se complementam por possibilitarem a compreensão, conforme já destacado, do ambiente interno e externo da organização por meio do repertório individual dos atores acerta da rotina da qualidade (LAZARIC, 2011). Será possível, com ambas as teorias, explicitar o desempenho futuro além de demonstrar a trajetória da rotina da qualidade (BECKER, 1982; BARRETO, 2010).

Através do aspecto ostensivo o fator evolucionário retenção, após a variação e seleção, explicitará os fatores que ampliam a rotina em termos competitivos e que limitam a rotina. Os elementos identificados na variação, seleção e retenção explicitaram a aprendizagem acumulativa da rotina de alto nível. O quadro conceitual objetivou identificar erros, exceção, contingência, padrões heterogêneos e criatividade ao longo da implementação e desenvolvimento da rotina de alto nível. Após esta etapa, conforme demonstrado no modelo, objetivou-se caracterizar a rotina tácita a partir da aprendizagem acumulativa contribuindo para o aspecto performativo da rotina de alto nível, fechando assim o ciclo evolucionário ao longo de um determinado fluxo contínuo de tempo.