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Processo de desenvolvimento na Amazônia

No documento Plano Estadual de Turismo Do Amazonas Abr08 (páginas 40-42)

3.1 O Estado do Amazonas

3.1.1 Processo de desenvolvimento na Amazônia

A região amazônica tem duas características que interferem diretamente no seu patamar socioeconômico: o fato de possuir uma população relativamente reduzida e ter uma área muito extensa, repleta de florestas densas. Por esses motivos, sempre foi um desafio integrar a região com o restante do país a fim de promover seu desenvolvimento.

O primeiro momento de grande relevância nacional e internacional para a região amazônica em termos de importância estratégica e econômica ocorreu durante o Ciclo da Borracha, entre 1870 e 1914. No período, a extração do látex das seringueiras para a produção da borracha era a força motriz da economia regional. O produto era comercializado para as primeiras empresas automobilísticas do mundo e a Amazônia ocupava a posição única de fornecedora da borracha, que representava, depois do café, a maior parcela das rendas fazendárias federais. A partir de 1910, a seringueira passou a ser cultivada também na Ásia em esquema de produção em escala e superou o monopólio amazônico, já que a extração da seringa era feita de forma dispersa no Brasil.

Na década de 1950, a maior parte das mercadorias produzidas na Amazônia era de origem extrativa, destacando-se atividades como a extração da madeira, Pau-Rosa (Aniba rosaedora Ducke), pesca e caça de animais silvestres, Castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa), coleta do látex da Seringueira (Hevea brasiliensis) e extração do ouro de aluvião. Exceto no caso da Castanha-do-Brasil e da madeira, todos os produtos eram transformados em bens de consumo no próprio local de extração, fato que influenciou a distribuição de serviços de saneamento básico e de assistência social, educação e saúde pelo Estado, sem núcleos urbanos consideráveis na época. O espaço regional amazônico era caracterizado por uma população predominantemente rural, com forças articuladas através da extensa rede fluvial da região e composto por uma sociedade colonial, que exportava tudo o que produzia e importava tudo o que consumia. Em suma, a região Amazônica não apresentava condições para o processo de desenvolvimento capitalista brasileiro.

O processo de mudança do cenário amazônico começou em janeiro de 1953 com a criação da Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA) e com a implantação do Programa de Emergência para a região. O ponto de inflexão das mudanças está na construção de duas rodovias - Belém-Brasília e Cuiabá-Porto Velho - ações de integração nacional contidas no Plano de Metas do governo Juscelino Kubitschek de Oliveira.

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A partir de 1964, com a mudança do quadro político brasileiro e o regime militar, a importância da Amazônia nacionalmente passou a ser encarada de forma diferente. O governo organizou uma legislação básica para a região que definia a criação de um braço financeiro para financiar os capitalistas locais – Banco da Amazônia. Também extingue a SPVEA e cria a SUDAM (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), reformula e amplia a política de incentivos fiscais para a região através da criação do FINAM (Fundo de Investimentos da Amazônia) e cria a SUFRAMA (Superintendência da Zona Franca de Manaus). A Amazônia passa então a estar inserida no processo de desenvolvimento do capitalismo industrial brasileiro.

A partir dessas medidas governamentais, teve início o processo de fragmentação da economia regional amazônica. A Zona Franca de Manaus e seu dinamismo estimularam o crescimento dos serviços, como hotelaria, restaurantes, bares, transportes, e outros na região. No entanto, também provocaram a redução das atividades rurais, intenso movimento migratório, exacerbada concentração da produção de bens e serviços em um único sítio urbano e significativo comprometimento do ecossistema no entorno da cidade por conta da ausência de um efetivo processo de planejamento urbano. A concentração da renda pessoal, ampliação das carências nos segmentos dos serviços básicos representam, também, outros efeitos causados pelo rápido crescimento propiciado pela Zona Franca de Manaus.

Em 1970, é criado o Programa de Integração Nacional, objetivando a construção de dois grandes eixos rodoviários na região: Cuiabá-Santarém e Transamazônica. De acordo com a SUDAM:

“Durante os anos 90, a Amazônia, embora tenha apresentado no seu conjunto uma taxa de crescimento do Produto Interno acima da média nacional, apresentou uma nítida tendência de queda nas taxas de crescimento, acompanhando a trajetória do resto do país. Trata-se de uma década que podemos considerar como de consolidação de alguns projetos no setor mineral e de alguns pólos industriais, como é o caso da Zona Franca de Manaus.”.

Recentemente, a economia da região amazônica tornou-se menos dependente da produção do setor agropecuário e tem se voltado para a produção de bens e serviços de maior valor agregado. Segundo a SEPLAN AM, o Estado é também um dos maiores exportadores nacionais de madeira legal além de outros produtos extrativistas. Ainda de acordo com a Secretaria, o Amazonas também é líder nacional em crescimento industrial no país.

Os Estados mais representativos em termos econômicos na Amazônia Legal são o Amazonas, Pará e Maranhão, devido à sua história econômica voltada para exportação. No entanto, outros Estados da Amazônia Legal, como o Mato Grosso e Rondônia, que só recentemente firmaram sua ocupação territorial, apresentam expressiva ascendência econômica em relação aos Estados mais maduros, isso em virtude da expansão das fronteiras agrícolas e exploração de recursos naturais, com destaque para a soja.

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Em relatório temático, a ADA afirma que “um dos grandes méritos da Zona Franca de Manaus foi a cristalização de um modelo de desenvolvimento com elevada concentração demográfica em Manaus, reduzindo os impactos da ação antrópica em outras áreas do Amazonas, o que em muito responde pelo mais baixo índice de desmatamento deste Estado frente a outras da região.”

No documento Plano Estadual de Turismo Do Amazonas Abr08 (páginas 40-42)