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Processo organizativo da categoria de Assistentes Sociais em Alagoas

A dinâmica social e histórica do Estado brasileiro demonstra a intencionalidade baseada na articulação da relação capital/trabalho e no exame da dinâmica das relações sociais contraditórias e das posições do Estado, através de seu aparato constitucional legal. O intuito seria manter padrões civilizatórios que garantam o controle social.

No que tange ao Estado de Alagoas, de acordo com Lyra (2007), o Estado começa a se formar a partir da doação de lotes de terras pelos reis de Portugal aos futuros senhores de engenhos. Dessa forma, no século XVIII, o Estado se expande e torna-se uma província próspera e absoluta na produção da cana-de-açúcar, recebendo escravos e financiamentos cada vez maiores, o que aumentou a exportação para a Europa. O meio ambiente vai sendo cada vez mais degradado e os latifundiários ampliando poderes econômicos e políticos. Nessa configuração, finca-se a origem perversa da cultura do coronelismo, clientelismo, fisiologismo político e do patrimonialismo alagoano.

Nesse sentido, a formação econômica, social e política de Alagoas tem raízes profundas no modo de implantação da atividade canavieira no Estado. Por conseguinte, do século XVI ao século XX, a história de Alagoas tem como núcleo a agroindústria do açúcar. Nessas condições históricas, o padrão adotado é o agrário tradicional que, pela sua importância econômica e política, acaba por definir o comportamento da agropecuária, da industria, do setor de serviço, do setor público e da sociedade em geral.

Dessa forma, o padrão adotado foi equivocado, pois entendeu que crescimento econômico garantiria desenvolvimento humano, o que poderia ser verdadeiro se a concentração de renda não fosse a maior do País. Diante disso, pode-se afirmar que a forma de organização, aliada à subordinação e à dependência existente no setor agropecuário de Alagoas, “impedem a geração, a acumulação e a reprodução do capital humano e do social em condições favoráveis ao desenvolvimento da sociedade como um todo.” (LYRA, 2007, p.05).

Alagoas concentra suas terras e seu poder nas mãos de 24 famílias, com amplo apoio dos governos federal, estadual e municipais. Com isso, construiu uma força política que se perpetua passando de pais para filhos, “fazendo valer seus interesses e mantendo o comportamento típico da classe senhorial, com reflexos profundos na sociedade alagoana, inibindo, inclusive, quaisquer reformas e mudanças.” (LYRA, 2007, p. 55).

Para ilustrar este desenvolvimento perverso, constatou-se que, em 1998, essas 24 famílias eram donas de mais de 70% das terras agricultáveis do Estado e de mais 27 usinas e 30 destilarias. Neste mesmo ano, o Núcleo Temático de Assistência Social (NUTAS) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), através da pesquisa de mapeamento e qualificação da exclusão social de Alagoas, chegou à conclusão de que 71,49% da população alagoana e 52,64% da população de Maceió viviam em situação de exclusão (Pesquisa realizada pelo Núcleo Temático de Assistência Social de Alagoas da Universidade Federal, no ano de 1998).

Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), publicados no Jornal Gazeta de Alagoas, de 14 de julho de 2010, 56,6% da população de Alagoas vive na pobreza absoluta e 32,3% sobrevive na extrema miséria. Explicita ainda que, o Estado, de 1995 a 2008, teve um retrocesso no campo social, pois “pelo menos 56,6% da população de Alagoas tem um rendimento médio de ½ salário mínimo” (renda é o único fator relevante? Repetição de dados. Comparação com a realidade brasileira – parâmetro).

Ramos apud Lyra (2007, p. 55) enfatiza que

[...] o processo que chama de usineiro eliminou a alternativa promissora de gerar, no meio rural, uma classe média importante, além de expulsar um grande número de pessoas do campo, que passaram a viver num ambiente urbano e a contribuir para a degradação desse ambiente.

Portanto, este panorama, segundo o autor, contribui para que a elite alagoana mantenha poder, influência e responsabilidade pelo resultado de suas decisões. E, por esse motivo, dispõe de meios para acelerar ou retardar os processos de mudanças sociais, mantendo a primazia de seus interesses. Existe, pois, um padrão de sociabilidade verticalizado e autoritário, pelo fato do poder agrário ser também político. O poder político oligárquico constitui uma “camisa de força” (grifo meu), condenando o Estado a uma situação social extremamente perversa e selvagem; e ocorrem também práticas de corrupções.

Lyra (2007, p. 47) expressa:

No interior do Estado, a ausência de uma política séria de enfrentamento da corrupção tem levado à expulsão de muitos trabalhadores e pequenos produtores do campo, que acabam migrar para as cidades de grande e médio portes. [...] No setor urbano, o cenário não é diferente, as condições oferecidas são praticamente mais difíceis do que na agricultura, pois não existindo empregos [...] são recebidos no mercado de trabalho com a informação explícita não há vagas.

Nesse contexto, a população busca sua sobrevivência em estratégias diversificadas, incluindo atividades ilícitas, o que contribui para que Alagoas seja considerado, em diversos momentos, o Estado mais violento do país. Daí, podemos destacar que este padrão de desenvolvimento excludente, pautado na concentração de renda, corrupção, clientelismo e paternalismo engessa qualquer tipo de “dirigismo transformador, pois um padrão de desenvolvimento constitui-se numa opção estrutural socioeconômica concreta” (LYRA, 2007, p. 88).

Desta feita, verifica-se a necessidade de uma reflexão crítica do processo organizativo do Assistente Social em Alagoas, onde o mesmo trabalha diretamente com as expressões da questão social, que tem como consequência a desigualdade social. É preciso ter a clareza de que, além das determinações gerais próprias do sistema capitalista, a cultura alagoana retarda um avanço no campo humano, social e civilizatório. Por outro lado, o processo de industrialização na década de 90, com base no capital estrangeiro, teve como consequência o agravamento da miséria da população. Neste contexto, foram organizados programas de assistência, no sentido de minimizar a pobreza que se alastrava na sociedade.

Historicamente, as oligarquias canavieiras fizeram grandes pressões para o Estado não participar do desenvolvimento industrial que tramitava em todo o Brasil, que tinha como barreira a ser vencida o êxodo rural, cujos seus defensores consideravam as atividades agrícolas como verdadeiras produtoras de riqueza. Neste quadro, o fortalecimento da perspectiva da região estava articulado no discurso político nordestino, sendo visto como uma estratégia política, que estava apoiada num contingente pobre e dependente, culminando com um centro-sul rico e dominante. Logo, o momento sócio-político e econômico por que atravessava o Brasil se mostrava muito preocupante, levando a Igreja Católica a se mobilizar por meio de uma ação imediata.

Assim, a Igreja católica passa a atuar na área social de forma a persuadir uma grande parcela da sociedade civil através da fé, pois a sociedade devia conceder ao homem condições de vida que permitissem a realização de seus próprios destinos. Desde meados dos anos 50, a Igreja tinha como propósito a

reconstrução social da sociedade brasileira, mediante os princípios doutrinários cristãos. Em Alagoas, Verçosa (1996, p.194) explana que “A propósito, a Igreja Católica continuaria a manter ciosamente sua hegemonia sobre toda a sociedade, com uma presença ainda forte e decisiva nos mais diversos campos da vida dos alagoanos”.

Nessa conjuntura de problemas sociais e econômicos pelo qual o Estado atravessava, Arnon de Melo assume o Governo alagoano em 1951. Inicialmente, o Governador enfrentou algumas problemáticas sociais (desabrigados nas ruas e nas periferias de Maceió, por exemplo), decorrentes das constantes secas da região do sertão e das maiores cidades do interior alagoano. Com isso, Leda Collor de Melo, primeira-dama do Estado, assume a presidência da Legião Brasileira de Assistência (LBA), trabalhando nas obras assistenciais em prol dos “miseráveis” alagoanos. A LBA era composta de uma Comissão central, com sede no Rio de Janeiro, e de Comissões estaduais, sediadas nas capitais dos demais Estados da Federação. Segundo Lima (1987, p.65), "A LBA compunha-se de uma comissão central, com

sede no Rio de Janeiro, e de comissões estaduais nas capitais dos estados”.

Conforme Prontuário supervisionado CRESS/AL, 2000, p.26:

Em Alagoas não havia, ainda, pessoas com a formação técnica especializada, para a intervenção no campo da assistência social por isso Leda Collor que havia residido no Rio de Janeiro contactou com a escola de Serviço Social de Niterói, onde encontraria subsídios para instaurar, em Alagoas, cursos sobre os mecanismos de abordagens aos problemas sociais.

Esta mesma Escola de Niterói, por sua vez, tinha sua base ideológica ligada à União Católica Internacional de Serviço Social (UCISS). Era uma entidade confessional, que visava congregar escolas de Serviço Social católicas, associações católicas de Assistentes Sociais e membros individuais, cuja finalidade era estabelecer métodos de trabalho baseados nos princípios cristãos, além de cooperar na fundação de escolas de Serviço Social, favorecendo o intercâmbio entre elas.

Apesar dos trabalhos sociais terem sido interrompidos em Alagoas, a Escola de Serviço Social Padre Anchieta foi legalizada com a promulgação do Decreto n.º 41.160, de 18 de março de 1957, sendo assim autorizado o seu funcionamento. Porém, só foi solenemente instalada no dia 30 deste mesmo mês, tendo o seu reconhecimento apenas em 29 de dezembro de 1959, com o Decreto Lei n.º 47.533. Para divulgar o curso de Serviço Social, os responsáveis pela Escola Padre Anchieta fizeram curso pré-vestibular com aulas de Inglês, Francês, História Geral e do Brasil e cursos de Noções de Serviço Social, ambos em convênio com o Serviço Social da Indústria (SESI), além de realizarem palestras e distribuição de folhetos. Assim, após o investimento na divulgação do Serviço Social enquanto profissão, na sociedade alagoana, "[...] realizou-se o 1º vestibular em 1957 com 40 inscritos dos

quais 19 conseguiram aprovação e apenas 10 concluíram o curso” (Prontuário de

Estágio supervisionado CRESS/AL, 2000, p.30).

Esta Escola funcionou em um prédio cedido pela Ação Social do Estado, que estava localizado na Praça Pedro II, n°592. Um ano após, ela se transferiu para a Rua Ângelo Neto, no bairro do Farol, ficando lá até ser incorporada à Universidade Federal de Alagoas (UFAL), no ano de 1972. Concomitantemente, frise-se que ela recebeu o nome de Padre Anchieta em homenagem ao missionário jesuíta, onde suas ações eram voltadas para o apostolado cristão. Naquela época, o ensino teórico-prático da profissão era voltado para a Organização Didática, compreendendo as seguintes cadeiras: Psicologia, Sociologia, Ética Geral, Ética Profissional, Introdução ao Serviço Social, Serviço Social de Caso e Grupo, Organização de Comunidade e Cultura Religiosa.

Na década de 60, como ocorria no restante do País, Alagoas também passava por todo um processo de industrialização, onde o governador Luís Cavalcante – 1961 – implantou a Reforma Administrativa, com o propósito de montar uma infraestrutura que possibilitasse a entrada de indústrias no Estado, almejando o “desenvolvimento e a sua prosperidade”. Assim, para dar um maior suporte ao desenvolvimento industrial de Alagoas, criam-se os seguintes órgãos de destaque: Companhia de Desenvolvimento de Alagoas (CODEAL), Companhia de Abastecimento de Água de Alagoas (CASAL), dentre outras. Particularmente, a criação da Companhia Energética de Alagoas (CEAL) conseguiu ampliar

significativamente a oferta de energia elétrica, favorecendo ainda mais o desenvolvimento e o progresso do Estado.

Com essas medidas, o Governo alagoano ampliou também a demanda por profissionais qualificados, criando no espaço institucional um mercado específico para a ação profissional de algumas categorias de áreas afins. Neste momento histórico, o Estado já contava com algumas faculdades, como Serviço Social, Medicina, Odontologia e Direito, por exemplo. Quanto ao curso de Serviço Social, uma das primeiras Assistentes Sociais formadas pela Escola de Serviço Social Padre Anchieta foi Almira Alves Gouveia Fernandes, sendo ela a primeira profissional contratada pelo Estado, assumindo a Coordenação de Serviços Assistenciais. Concomitante a isso, foi criada a Secretaria de Saúde e Serviço Social, tendo como secretário o Dr. Ib Gatto Falcão.

A Escola de Serviço Social Padre Anchieta teve, em sua Direção, duas linhas de pensamentos distintos. De um lado, no ano de 1957, com uma visão mais “conservadora” e de decisões firmes, Madre Zilda Galvão. Do outro lado, no ano de 1959, com uma posição mais “progressista” e aliada ao movimento estudantil, que na época assumia o enfrentamento da Ditadura, chega à direção da Escola de Serviço Social Padre Anchieta Madre Zely Perdigão. Com o regime ditatorial, a Escola de Serviço Social Padre Anchieta foi a única Escola que não chegou a ser incorporada à recém-construída Universidade Federal de Alagoas (UFAL), isso em 1962. Esta incorporação só viria acontecer 10 anos depois, no ano de 1972. Para Verçosa (1996), “Das sete escolas particulares existentes em Alagoas, a única que não demonstrou interesse em se integrar à Universidade foi a de Serviço Social”.

Mas para Netto (1991, p.125) isto ocorreu,

Diferentemente de outras profissões de nível superior que padeceram a refuncionalização da sua formação pela ditadura já com um lastro acadêmico; o Serviço Social ingressa no circuito da universidade justamente no lapso de vigência da autocracia burguesia".

A profissão de Serviço Social só foi reconhecida no Estado de Alagoas em 1959, pelo então Governador Luís Cavalcante, a partir da criação da Secretaria de Saúde e Serviço Social. É importante salientar que, além da contratação de Almira Alves, já citada anteriormente, tivemos as contratações de mais duas recém- formadas, quais sejam, Moema Medeiros e Selma Leão. De início, as profissionais reestruturaram os trabalhos assistenciais. Assinando convênio com a Escola Padre Anchieta, elas transformaram as lavanderias públicas, situadas nos bairros do Vergel do Lago e Ouricuri, em Centros Sociais para Campos de Estágio. Algumas lavanderias transformaram-se em Postos de Saúde, por exemplo, o II Centro de Saúde da Maravilha.

No tocante a esta questão, Barros (1995) informa que

[...], os convênios foram ampliados com obras sociais da Igreja, nas instituições assistências (sic), Casa do Pobre, Centro Social da Pitanguinha, Clube de Mães, Lar São Domingos, Obra do Padre Pinho e Juvenópolis, ampliando assim os campos de estágio, contribuindo para a expansão do Serviço Social.

No âmbito nacional, as profissionais de Serviço Social, na década de 60,consideraram o Desenvolvimento de Comunidade (DC) como a melhor forma de trabalhar as políticas sociais. Assim, "Assumem relevo e aplicação mais intensiva os métodos de Serviço Social de Grupo e, especialmente, Comunidade, a partir dos quais os agentes poderão exigir uma nova caracterização de suas funções" (Iamamotto & Carvalho, 1991, p.346). O DC em Alagoas foi acelerado pela Política de Integração Estadual do Governo, também já citado anteriormente, onde as cidades do interior recebiam investimentos para a construção de estradas, casas populares, etc; e pelo fator climático, quer dizer, pelas enchentes nas cidades ribeirinhas do Estado, o que fez agravar ainda mais as condições de miserabilidade de grande parte da população alagoana.

Na década de 60, a Escola de Serviço Social Padre Anchieta, dentre outras Escolas brasileiras, mantinha uma linha doutrinária cristã, sendo a fase inicial e a mais repressiva da Ditadura Militar no País. Entretanto, a perspectiva modernizadora

desta época vai influir no processo de mudanças acerca da profissão e de seus pressupostos. Todavia, a categoria profissional, a nível internacional, promove um processo de discussão sobre o resultado das práticas que o Serviço Social vinha desenvolvendo no âmbito tradicional, revendo a metodologia e a teoria que as fundamentavam. Assim, seus fundamentos metodológicos indicaram uma renovação para a profissão, que desembocou no Movimento de Reconceituação, na América Latina. Como consequência, houve o surgimento de duas perspectivas para o Serviço Social, são elas: a perspectiva modernizadora e a perspectiva crítica.

A perspectiva modernizadora, formulada em meados dos anos 60, teve como principais enfoques os Seminários de Araxá (realizado no estado de Minas Gerais, em 1967) e Teresópolis (Rio de Janeiro, em 1970), na qual os profissionais de Serviço Social tinham que se adequar ao processo sócio-político do pós-regime militar. Assim, buscaram-se temas na profissão, como forma de integrar o Serviço Social ao processo de desenvolvimento do sistema capitalista. Para o fortalecimento da profissão, tivemos a organização da categoria nas atividades de pesquisa e na produção acadêmica, da formação e da prática profissional; destacando, principalmente, o da ética profissional. O repensar desses debates já citados acima e no capítulo anterior, fez o Serviço Social reformular o seu Código de Ética Profissional de 1965, surgindo para a profissão o Código de 1975.

Barroco (1996, p.120) explica que:

No ano de 1975, o assistente social pode romper com o segredo profissional para evitar dano grave ao cliente, ao assistente social, a terceiros ou ao bem comum. Este conceito pretende representar a universalidade do bem, e por isto é abstrato, pois elimina as particularidades dos sujeitos históricos que terão diferentes entendimentos do que seja o bem, dependendo das necessidades e interesses em luta na sociedade.

Já a perspectiva crítica, segundo Barros (1995, p.46): “[...] elaborou uma crítica sistemática ao desempenho tradicional e aos suportes teóricos, metodológicos e ideológicos, se configurou com uma tentativa de romper com a

herança metodológica conservadora”. E em 1983, seguindo essa linha de pensamento, regulamenta-se em Alagoas o CRAS (Conselho Regional de Assistentes Sociais), momento de transição e rico debate da categoria na busca da ruptura da hegemonia da perspectiva conservadora, que regia a profissão até então.

Historicamente, o Serviço Social em Alagoas estruturou-se, originalmente, no final da década de 50, por meio da criação da Escola de Serviço Social Padre Anchieta, que, dentro dos princípios doutrinários cristãos da Igreja Católica, começou a desenvolver programas com propósitos bastante distintos e para além da profissão. Dentre os vários fatores que influenciaram o surgimento desta Escola, destacaram-se: a miserabilidade social do Estado, o poder do latifúndio canavieiro contra o processo de industrialização, as várias alterações climáticas (dentre elas, a seca e as enchentes), o êxodo rural, etc.

Mas, com o reconhecimento da profissão no Estado em 1961 e, consequentemente, o seu fortalecimento, o Serviço social foi historicamente sendo reconhecido na Divisão Social e Técnica do Trabalho, culminando em 1983 com a regulamentação do Conselho da categoria, qual seja, o Conselho Regional de Assistentes Sociais (CRAS). Tal Conselho, atual Conselho Regional de Serviço Social (CRESS), foi regulamentado em 16 de setembro de 1983 no auditório do Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (INAMPS), situado na Praça dos Palmares, centro de Maceió.

Na solenidade de inauguração, participaram da instalação do CRAS 16ª Região os membros do CRAS 4ª Região, os membros da Delegacia Seccional de Maceió e a diretoria do Conselho Federal de Assistentes Sociais. Neste mesmo dia, 16 de setembro, foi constituída uma diretoria provisória, que vigoraria até o dia 14 de maio de 1984, quando tomaria posse a primeira diretoria eleita pela categoria. Ressalte-se que antes da regulamentação deste Conselho, os Assistentes Sociais eram vinculados à 4ª Região, situada no Estado de Pernambuco, pois em Alagoas não havia número suficiente de Assistentes Sociais para se constituir uma Regional, já que na época contava com apenas 500 profissionais.

Em relação ao funcionamento do CRAS, consta em relatório de atividades, datado de 1980, que nos três primeiros anos as dificuldades foram inúmeras, mas especialmente por não ter sido feita a fiscalização, o eixo condutor do Conselho. As Comissões de trabalho existiam apenas na estrutura organizacional, pois não eram colocadas em prática. Outro problema era que a maioria dos profissionais desconhecia o Conselho. Ainda segundo relatórios de atividades,no ano 1980, após a segunda diretoria assumir a direção do CRAS, constata-se a preocupação desta em divulgar o Conselho para a categoria profissional e estudantes de Serviço Social. Procurou-se, desse modo, fortalecer a fiscalização e reduzir o número de inadimplência dos profissionais, fazendo-se cobrança judicial para os profissionais que deviam mais de dois anos de exercício. Essa diretoria procurou fazer um cadastro das instituições que empregavam Assistentes Sociais, pois ainda não existia esse cadastro.

Registra-se, desde a sua origem, a participação do CRAS em algumas lutas por melhores condições salariais em conjunto com o Sindicato dos Assistentes Sociais do Estado de Alagoas (SASEAL). Por exemplo, o apoio à greve dos funcionários públicos municipais e estaduais e a realização de várias Assembléias junto aos profissionais, procurando aproximar o Conselho da categoria. Ainda sobre essa diretoria, foi criada em 1987 a Comissão de Fiscalização do Exercício Profissional, momento em que foi elaborado um calendário para a realização das visitas de fiscalização, bem como um Projeto de Fiscalização Profissional.