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Apêndice 08 – Parecer do Comitê de Ética em pesquisa UNIJUI

3.3 PRODUÇÃO DOS DADOS

A fase exploratória da pesquisa iniciou em 2015 com a pré-testagem dos instrumentos de produção dos dados com um grupo de professores que frequentavam o curso de Formação Pedagógica de Docentes da instituição e que não fariam parte da pesquisa e, após a análise dos resultados, os instrumentos foram revisados.

O projeto de pesquisa foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da UNIJUI e aprovado pelo Parecer nº 994.218 em 24/03/2015 (Apêndice 8). Assim, a produção dos dados foi realizada respeitando-se as normas da Resolução nº 466 de 12/12/ 2012 que aprovou as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos com o devido respeito aos procedimentos éticos, aos participantes. Por isso, na apresentação e análise dos dados (capítulos 4 e 5), aos sujeitos foi atribuído nome fictício.

Para a produção dos dados, em março de 2016, analisamos o horário das aulas dos cursos técnicos do Câmpus Sertão para identificar quantos e quais professores estavam ministrando aulas de disciplinas técnicas no primeiro semestre e constatamos que, do universo de cento e dez docentes (efetivos, substitutos e temporários), oito estavam afastados para cursar doutorado, cinco em licenças diversas e três em cargos de gestão, de modo que efetivamente estavam em exercício noventa e quatro professores, entre os quais quarenta e quatro ministravam aulas naquelas disciplinas. Foi necessário estabelecer os critérios para composição da amostra, conforme os seguintes parâmetros:

- Profissionais de distintas áreas de formação (agronomia, engenharia agrícola, zootecnia, medicina veterinária, informática, direito, administração, etc);

- Professores com diferentes tempos de exercício da docência;

- Professores com formação universitária variada: licenciados e bacharéis com e sem curso de formação pedagógica para a docência, especialistas, mestres e doutores.

A partir desses critérios e da organização dos horários das aulas listamos quinze professores possíveis de serem incluídos na pesquisa e fizemos contato por e-mail explicando a intencionalidade do trabalho e solicitando a participação. Os professores, em sua maioria, retornaram o e-mail e desses, cinco informaram da impossibilidade de participação em decorrência dos seguintes fatores:

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- A carga horária da disciplina estava sendo concluída: uma das características dos cursos da instituição é a grande quantidade de componentes curriculares diversos com baixa carga horária. Então, na elaboração do horário algumas disciplinas são programadas para serem ofertadas no início do semestre e uma vez concluídas iniciam-se as demais;

- As aulas programadas para abril (mês destinado à produção dos dados) estavam sendo ministradas por estagiários, ou seja, os alunos do curso de Licenciatura em Ciências Agrícolas e de Formação Pedagógica para Docentes da Educação Básica e Profissional;

- Estavam planejadas viagens de estudo e participações em eventos, que dificultavam as observações em sala de aula.

Assim, analisamos o horário das aulas e considerando a realização de observações e entrevistas, compusemos a amostragem de dez professores com quem seria feita a produção dos dados e agendamos a entrevista inicial. Nenhum docente se recusou a colaborar com a pesquisa e todos atenderam prontamente a solicitação de agendamento. Da mesma forma, houve boa recepção quando da realização das observações em sala de aula, além da colaboração na realização da entrevista complementar.

Quanto aos instrumentos de produção dos dados, como mencionado no capítulo 1, na área da educação predominam as pesquisas de abordagem qualitativa, do tipo pesquisa de campo e os instrumentos de produção de dados mais utilizados são a entrevista, o questionário e a observação. Neste trabalho, a opção foi pelo uso da análise documental, a entrevista e a observação em sala de aula.

A análise documental, para Lüdke e André (1986, p.38), “pode se constituir numa técnica valiosa de abordagem de dados qualitativos, seja complementando as informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou problema”. Essa técnica foi utilizada por considerarmos os documentos boa fonte de pesquisa sobre o tema investigado, já que dispõem, de forma organizada, informações complementares.

A análise documental foi utilizada para produção dos dados analisados nos capítulos 4 e 5. Para o capítulo 4, coletamos dados referentes às características gerais dos professores das disciplinas da área técnica (nº de professores, vínculo institucional, sexo, faixa etária, formação acadêmica, tempo de exercício profissional e no magistério). Para tanto, foram consultados os seguintes documentos:

a) Dados sobre docentes do Câmpus Sertão: disponível no site institucional52.

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b) Tabela elaborada pela Coordenação de Gestão de Pessoas do Câmpus Sertão, a pedido da pesquisadora, com informações sobre os professores da instituição (vínculo, disciplina lecionada e curso, idade, etc).

c) Currículo lattes dos quarenta e quatro professores que atuavam nas disciplinas dos cursos técnicos da instituição disponível na Plataforma Lattes53 onde pesquisamos formação acadêmica, tempo de serviço e tempo de magistério. Embora a amostra tenha sido de dez professores, consideramos esses dados do universo de professores relevantes para os propósitos do trabalho. Posteriormente, retornamos ao currículo lattes para identificar dados referentes aos dez professores pesquisados, como a produção acadêmica e participação em projetos de extensão.

Para coletar os dados do capítulo 5 foi consultado o material utilizado pelos docentes nas aulas observadas: planos de ensino, slides, textos, exercícios, avaliações, etc.

A entrevista foi o principal instrumento de produção de dados, escolhida por proporcionar o contato direto, a interação com os pesquisados e possibilitar o aprofundamento das informações no momento da sua realização, como apontam Lüdke e André (1986, p. 34): “Enquanto outros instrumentos têm seu destino selado no momento em que saem das mãos do pesquisador que as elaborou, a entrevista ganha vida ao se iniciar o diálogo entre o entrevistador e o entrevistado”.

Esse instrumento auxiliou a alcançar os objetivos específicos para a investigação, que envolviam a compreensão sobre a constituição docente dos professores da EP. Para tanto foram realizadas duas entrevistas com os participantes: semiestruturada e estruturada.

a) Entrevista semiestruturada

Foi realizada para identificar os fatores que interferiram nas trajetórias de formação dos pesquisados e a investigar como os professores da EP desenvolvem as bases de conhecimentos de professor, considerando as especificidades dessa modalidade de ensino, que será objeto de análise no capítulo 4 da tese. As entrevistas foram realizadas no início da produção de dados, entre o final do mês de março e a primeira quinzena de abril de 2016 e, embora dirigida pelo roteiro de questões (Apêndice 01), não houve imposição de sequência rígida nas questões, ou seja, foram apresentadas aos entrevistados as temáticas organizadas nos três blocos e demos a liberdade de que falassem livremente sobre os temas com base no seu repertório de conhecimentos e informações. Para assegurar que foram coletadas as informações necessárias, a pesquisadora checou o roteiro e inseriu

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as questões não abordadas ou que precisavam ser complementadas, zelando pela interatividade na condução da tarefa, mesmo que isso tenha dificultado a análise de dados, já que os aspectos a serem investigados estavam entremeados nos diálogos.

b) Entrevista estruturada:

Foi realizada objetivando identificar elementos que orientam, estruturam e caracterizam as práticas educativas na EP (objeto do capítulo 5). Ocorreu após a observação em sala de aula (final de abril e primeira quinzena de maio/2016), com duração média de 30 min, a fim de complementar as informações para análise A entrevista foi estruturada com roteiro específico para cada investigado, com base no que observamos ou não, nas aulas e por isso não consta em apêndice.

Antes da realização da entrevista, foi apresentado aos professores o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice 02), que eles leram e assinaram duas vias (uma de posse da pesquisadora e outra do entrevistado). As entrevistas, com duração de 45min a 1h10min, foram gravadas em áudio, transcritas e constituíram parte do corpus da pesquisa. A validação foi feita pelas referências de análise da pesquisa, que sugerem a forma de organização da entrevista e modo de obtenção dos dados.

O terceiro instrumento de coleta de dados foi a observação em sala de aula, escolhido por permitir captar uma grande variedade de informações, uma vez que os dados observados diretamente transmitem o que há de mais imponderável e evasivo na vida real. O objetivo era caracterizar as práticas educativas dos docentes, ou seja, identificar o conhecimento pedagógico do conteúdo (Shulman) e a transposição didática (Chevallard).

Para a realização das observações, foi elaborado roteiro (Apêndice 03) com as dimensões do estudo, conforme referência teórica, que embasou o trabalho: as categorias de Fleck (2010), Shulman (1986, 2005) e Chevallard (1998) apresentadas no capítulo 2. Para alcançar os objetivos, conduzimos a observação com pouca interação, ou seja, tomamos cuidado para interferir o mínimo possível no andamento das aulas, somente fazendo indagações necessárias para compreender o contexto.

As observações foram realizadas num componente curricular ministrado por cada um dos dez professores durante o mês de abril e primeira semana de maio de 2016, em encontros semanais com duração de duas horas, exceto uma disciplina, cuja duração das aulas era de quatro horas semanais. O número de horas por componente curricular variou em função da duração da abordagem do assunto da aula, ou seja, foi priorizada a observação de unidade completa, da introdução à avaliação. As disciplinas não foram

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observadas da mesma forma, já que no decorrer do semestre estavam agendadas avaliações em diferentes momentos, pois dependiam de outros fatores, como a conclusão de trabalhos, visitas técnicas, etc. As informações sobre a observação das aulas constam no quadro 5:

QUADRO 5 – DADOS DA OBSERVAÇÃO DAS AULAS - IFRS - CÂMPUS SERTÃO

PROFESSOR CURSO DATAS - 2016 Nº AULAS

Vânia Agropecuária - integrado – 2º ano 07/04 - 11/04 - 14/04 - 28/04 - 05/05

10

Jonas Agropecuária - subsequente 08/04 - 15/04 - 29/04 12

Raquel Agropecuária - subsequente 11/04 - 18/04 - 25/04 - 02/05 08 Eduardo Manutenção e Suporte em

Informática - CE

11/04 - 25/04 - 02/05 06

Hermes Agropecuária - integrado – 3º ano 13/04 - 20/04 - 27/04 06 Carmem Agropecuária - integrado – 3º ano 21/04 - 28/04 - 05/05 06

Cláudia Comércio – CE - 2º ano 19/04 - 26/04 - 03/05 06

Valdir Agropecuária - subsequente 13/04 - 20/04 - 04/05 06

Jaime Agropecuária - subsequente 14/04 - 28/04 - 05/05 06

Clovis Agropecuária - integrado – 1º ano 27/04 - 28/04 - 04/05 – 05/05 08

TOTAL 74

Fonte: produzido pela autora (2016).

Os aspectos observados em sala de aula foram registrados no diário de campo, ou seja, um arquivo no computador com a descrição das dimensões e aspectos observados e as percepções e questionamentos da pesquisadora. Os registros foram utilizados para elaborar as questões da entrevista estruturada ao final do período de observação que constam no capítulo 5, primeira seção. Para tal intento também foram coletados, durante a observação, materiais didáticos como planos de ensino, textos, slides, exercícios, apostilas e avaliações, que foram enviados por e-mail ou em cópia física.

Com os instrumentos de produção de dados estabelecemos triangulações, comparando os discursos e as posições em sala de aula por parte dos pesquisados de modo a identificar o processo de constituição da docência na EP, a ser relatado na próxima seção. Para a discussão proposta na última seção do capítulo 5 também foi realizada entrevista semiestruturada com dois pesquisadores da área da didática da EP54 para obter subsídios sobre o tema (Apêndice 04), que seguiu todos os procedimentos éticos referidos anteriormente em relação à entrevista com os professores.