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PROEMI E SEUS INTRUMENTOS DE RENOVAÇÃO DO ENSINO MÉDIO

1 EDUCAÇÃO A PARTIR DA DÉCADA DE 980: O ENSINO MÉDIO NAS

1.3 PROEMI E SEUS INTRUMENTOS DE RENOVAÇÃO DO ENSINO MÉDIO

No dia 11 de fevereiro de 2009, o ministro da Educação Fernando Haddad encaminhou para o CNE “documento sintetizando aspectos essenciais de proposta de experiência curricular inovadora no Ensino Médio” (BRASIL, 2009d, p. 1), que viria a ser aprovada no Conselho através do Parecer CNE/CP nº 11/2009, de 30 de junho de 2009 (BRASIL, 2009d). Foi dado, assim, um passo importante para iniciar um novo debate no Ensino Médio, que padecia de políticas educacionais com vistas à melhoria

da qualidade. A motivação é o quadro em que se encontra o Ensino Médio e sua identidade como etapa final de um percurso formativo na Educação Básica. A justificava da proposta do ProEMI para uma intervenção nessa temática parte da constatação que o

[...] Ensino Médio tem se constituído, ao longo da história da educação brasileira, como o nível de maior complexidade na estruturação de políticas públicas de enfrentamento dos desafios estabelecidos pela sociedade moderna, em decorrência de sua própria natureza enquanto etapa intermediária entre o Ensino Fundamental e a Educação Superior e a particularidade de atender a adolescentes, jovens e adultos em suas diferentes expectativas frente à escolarização (BRASIL, 2009b, p. 2).

Este parecer do CNE indica uma perspectiva pedagógica do MEC que vai ao encontro de uma formação humana integral, quando relata que o ministério pretende “articular as dimensões trabalho, ciência, tecnologia e cultura, na perspectiva da emancipação humana” (BRASIL, 2009d, p. 2), no currículo, que passa a ser uma inovação para o Ensino Médio, pois ainda vigoravam as diretrizes curriculares vinculadas à pedagogia das competências de 1998. Ramos (2011, p. 777) elucida que estão presentes no ProEMI “vários preceitos da concepção de ensino médio integrado, ainda que não apareçam orientações diretivas quanto aos componentes do currículo”. A inovação da proposta aponta que essa mudança de articulação dar-se-á onde

[...] a nova organização curricular pressupõe uma perspectiva de articulação interdisciplinar. Nesse sentido, propõe estimular novas formas de organização das disciplinas, articuladas com atividades integradoras, a partir das inter-relações existentes entre os eixos constituintes do Ensino Médio, ou seja, o trabalho, a ciência, a tecnologia e a cultura, tendo o trabalho como princípio educativo (BRASIL, 2009d, p. 3).

Essa proposta é formulada e direcionada a ser implantada em regime de cooperação com os sistemas estaduais de ensino, sob a responsabilidade da SEB/MEC (BRASIL, 2009d, p. 1), que propõe mudanças nas escolas a partir do projeto político-pedagógico de cada unidade escolar, com vistas atender à integração curricular a partir da inovação dos eixos constituintes do Ensino Médio, agora propostos, a fim de

Contemplar atividades integradoras de iniciação científica e no campo artístico-cultural; Incorporar nas práticas didáticas, como princípio educativo,

a metodologia da problematização como instrumento de incentivo à pesquisa, à curiosidade pelo inusitado e ao desenvolvimento do espírito inventivo; Promover a aprendizagem criativa como processo de sistematização dos conhecimentos elaborados, como caminho pedagógico de superação da mera memorização; Promover a valorização da leitura em todos os campos do saber, desenvolvendo a capacidade de letramento dos alunos; Fomentar o comportamento ético, como ponto de partida para o reconhecimento dos deveres e direitos da cidadania, praticando um humanismo contemporâneo, pelo reconhecimento, respeito e acolhimento da identidade do outro e pela incorporação da solidariedade; Articular teoria e prática, vinculando o trabalho intelectual com atividades práticas experimentais; Utilizar novas mídias e tecnologias educacionais, como processo de dinamização dos ambientes de aprendizagem; Estimular a capacidade de aprender do aluno, desenvolvendo o autodidatismo e autonomia dos estudantes; Promover atividades sociais que estimulem o convívio humano e interativo do mundo dos jovens; Promover a integração com o mundo do trabalho por meio de estágios direcionados para os estudantes do Ensino Médio; Organizar os tempos e os espaços com ações efetivas de interdisciplinaridade e contextualização dos conhecimentos; Garantir o acompanhamento da vida escolar dos estudantes, desde o diagnóstico preliminar, acompanhamento do desempenho e integração com a família; Ofertar atividades complementares e de reforço da aprendizagem, como meio para elevação das bases para que o aluno tenha sucesso em seus estudos; Ofertar atividades de estudo com utilização de novas tecnologias de comunicação e informação; Avaliar a aprendizagem como processo formativo e permanente de reconhecimento de saberes, competências, habilidades e atitudes (BRASIL, 2009d, p. 4).

Esse conjunto de ações induzidas e incentivadas financeiramente a sua materialização, mesmo indicadas no documento do MEC, são colocadas no contexto do SEE e da escola, que escolhe os mecanismos para o desenvolvimento do currículo a ser formatado com o objetivo de realizar a integração disciplinar. Nesse pretexto, o MEC também inova ao apontar diretrizes curriculares e não curriculares próprias para o Programa voltadas ao desenvolvimento do percurso formativo:

a) Carga horária do curso com, no mínimo, 3.000 (três mil) horas; b) Centralidade na leitura enquanto elemento basilar de todas as disciplinas, com elaboração e utilização de materiais motivadores e orientação docente voltados para esta prática; c) Estímulo às atividades teórico-práticas apoiadas em laboratórios de ciências, matemática e outros que promovam processos de aprendizagem nas diferentes áreas do conhecimento; d) Fomento de atividades de artes de forma que ampliem o universo cultural do aluno; e) O mínimo de 20% da carga horária total do curso em atividades e disciplinas eletivas a serem escolhidas pelos estudantes; f) Atividade docente em tempo integral na escola; g) Projeto Político-Pedagógico implementado com participação efetiva da Comunidade Escolar e organização curricular articulada com os exames do Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Médio (BRASIL, 2009d, p. 5).

O parecer do CNE também deixa claro que o ProEMI (BRASIL, 2009d, p. 7), não tem o alcance de uma diretriz curricular nacional, pois trata-se de um programa experimental, mas aponta a sua condição de influenciar uma concepção de

diretriz de alcançar êxito. Conforme o relator Francisco Aparecido Cordão, o

Programa Ensino Médio Inovador não implica mudança da concepção de Ensino Médio da LDB, nem em formulação de novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Pode, evidentemente, como toda experiência exitosa, vir a induzir ou contribuir para uma atualização das atuais Diretrizes Curriculares Nacionais, até mesmo devido à intenção declarada de estabelecer mudanças significativas no Ensino Médio, com uma nova organização curricular que possa fomentar as bases para uma nova escola dessa etapa da Educação Básica, mais contemporânea e interessante para os seus alunos (BRASIL, 2009d, p. 7).

Aparecem aqui duas contradições: a pré-condição para o surgimento do ProEMI é a aparente mudança de perspectiva pedagógica do MEC e, independentemente do êxito ou não do Programa, ela é colocada em prática e sinaliza sua existência, ou seja, o ProEMI é baseado nessa perspectiva pedagógica. Segunda, não é fato que o ProEMI não provoque uma mudança da concepção de Ensino Médio das DCNEM de 1998, pois acompanha o seu contexto uma mudança ao propor uma matriz curricular integrada com os novos eixos constituintes do Ensino Médio, em outras palavras, “articular as dimensões trabalho, ciência, tecnologia e cultura, na perspectiva da emancipação humana, de forma igualitária para todos os cidadãos” (BRASIL, 2009d, p. 2).

Aprovado o parecer, o MEC publica a Portaria nº 971, de 9 de outubro de 2009 (BRASIL, 2009a), que visa a instituir o ProEMI e é o instrumento legal da cooperação federativa.

O MINISTRO DE ESTADO DA EDUCAÇÃO, no uso de suas atribuições legais que lhe foram conferidas pelo inciso II do parágrafo único do artigo 87 da Constituição Federal, resolve:

Art. 1º Instituir, no âmbito do Ministério da Educação, o Programa Ensino Médio Inovador, com vistas a apoiar e fortalecer o desenvolvimento de propostas curriculares inovadoras nas escolas do ensino médio não profissional.

Art. 2º O Programa visa apoiar as Secretarias Estaduais de Educação e do Distrito Federal no desenvolvimento de ações de melhoria da qualidade do ensino médio não profissionalizante, com ênfase nos projetos pedagógicos que promovam a educação científica e humanística, a valorização da leitura, da cultura, o aprimoramento da relação teoria e prática, da utilização de novas tecnologias e o desenvolvimento de metodologias criativas e emancipadoras. Parágrafo único. São objetivos do Programa Ensino Médio Inovador:

I - expandir o atendimento e melhorar a qualidade do ensino médio;

II - desenvolver e reestruturar o ensino médio não profissionalizante, de forma a combinar formação geral, científica, tecnológica, cultural e conhecimentos técnicos- experimentais;

III - promover e estimular a inovação curricular no ensino médio;

IV - incentivar o retorno de adolescentes e jovens ao sistema escolar e proporcionar a elevação da escolaridade;

V - fomentar o diálogo entre a escola e os sujeitos adolescentes e jovens; VI - promover uma escola média onde os saberes e conhecimentos tenham significado para os estudantes e desenvolvam sua autonomia intelectual; VII - desenvolver a autonomia do estudante por meio do oferecimento de uma aprendizagem significativa.

VIII - criar uma rede nacional de escolas de ensino médio públicas e privadas que possibilite o intercâmbio de projetos pedagógicos inovadores.

IX - promover o intercâmbio dos Colégios de Aplicação das IFES29, dos

Institutos Federais e do Colégio Pedro II com as redes públicas estaduais de ensino médio.

X - incentivar a articulação, por meio de parcerias, do Sistema S com as redes públicas de ensino médio estaduais.

Art. 3º O Programa Ensino Médio Inovador prestará apoio técnico e financeiro a ações de desenvolvimento e estruturação do ensino médio mediante análise, seleção e aprovação de propostas, na forma de plano de trabalho, e posterior celebração de convênio, execução direta ou descentralização de recursos, na forma da legislação aplicável.

Art. 4º Poderão apresentar propostas os Estados que tenham aderido formalmente ao Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, de que trata o Decreto Nº 6.094, de 24 de abril de 2007.

Art. 5º A Secretaria de Educação Básica coordenará a implantação, o acompanhamento, o monitoramento, a supervisão e a avaliação do Programa.

Art. 6º A Secretaria de Educação Básica expedirá normas e diretrizes, fixará critérios de operacionalização e adotará as demais providências necessárias à execução do programa de que trata esta Portaria.

Art. 7º O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP, coordenará avaliação externa que acompanhará o processo de implantação e os impactos na melhoria das escolas participantes do programa.

Art. 8º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. FERNANDO HADDAD (BRASIL, 2009a).

Com o ProEMI, o MEC formaliza uma perspectiva pedagógica para o Ensino Médio, que segue para a Secretaria Estadual de Educação (SED) e para as unidades escolares num processo de adesão, adaptação e implantação. Essa constatação advém do próprio parecer do CNE (BRASIL, 2009d), ao estabelecer que:

Programa Ensino Médio Inovador, o currículo e o decorrente percurso formativo serão organizados pelas unidades escolares envolvidas, apoiando- se na participação coletiva e nas teorias educacionais, seguindo a legislação em vigor, as Diretrizes Curriculares Nacionais e as dos respectivos

sistemas de ensino, bem como as orientações metodológicas estabelecidas

pelo programa (BRASIL, 2009d, p. 4, grifo nosso).

A primeira orientação metodológica, ou “documento orientador” (BRASIL, 2009b), do ProEMI é lançada em setembro de 2009, apresenta as normas gerais para a “formulação de proposta com as diretrizes do programa” e faz o alerta para reconhecer “as especificidades regionais e a diversidade de ideias já

operacionalizadas pelas redes de ensino” (BRASIL, 2009b, p. 2). Valem também para o Programa os documentos formulados nas competências administrativas das SED e dos Conselhos Estaduais de Educação, além da legislação local.

O MEC deixa clara a visão de identidade do Ensino Médio em buscar a superação do dualismo, a recusa a práticas pragmáticas, e que “configure[m] um modelo que ganhe identidade unitária para esta etapa da Educação Básica e que assuma formas diversas e contextualizadas, tendo em vista a realidade brasileira” (BRASIL, 2009b, p. 4). O documento orientador não demonstra a preocupação dos possíveis contornos que o ProEMI pode assumir nos governos estaduais ou nas escolas, dada “garantia da autonomia responsável dos Sistemas de Ensino e das instituições escolares na formulação de seu projeto pedagógico, e de uma proposta consistente de organização curricular” (BRASIL, 2009b, p. 7).

A indução da intervenção inovadora proposta no documento orientador de 2009, do ProEMI, para o currículo tem como pressupostos:

Essa perspectiva de organização curricular pressupõe a possibilidade de articulação interdisciplinar voltada para o desenvolvimento de conhecimentos - saberes, competências, valores e práticas. [...] Propõe-se, dentro de um processo dinâmico, participativo e contínuo, estimular novas formas de organização das disciplinas articuladas com atividades integradoras, a partir das inter-relações existentes entre os eixos constituintes do ensino médio, ou seja, o trabalho, a ciência, a tecnologia e a cultura (BRASIL, 2009b, p. 7). O MEC lançou documentos orientadores em 2009, 2011, 2013 e 2014, que, com algumas variantes metodológicas, estratégias e elementos, propunham reconfigurar o processo de integração curricular. Já em 2009, novas formas de organização das disciplinas articuladas com atividades integradoras e a estratégia inicial de elaboração da proposta curricular inovadora, depois da adesão da SED e da escola, são instrumentalizadas:

O Plano de Ação Pedagógica (PAP) deverá contemplar ações de fortalecimento da Gestão Estadual e de desenvolvimento de propostas curriculares inovadoras das unidades escolares selecionadas pela Secretaria de Educação, como etapa piloto de referência, estabelecendo prioridades para melhoria da qualidade de ensino nesta(s) unidade(s) de ensino (BRASIL, 2009b, p. 13).

O PAP passa a ser o conjunto de informações que resultarão na proposta curricular inovadora, norteada por uma análise situacional, estratégica, e, por fim, uma

sistematização que compõe o conjunto de metas e os impactos desejados. O foco era, no caso das escolas, “ações estratégicas relativas ao fortalecimento da gestão das Unidades Escolares e ao desenvolvimento de propostas curriculares inovadoras” (BRASIL, 2009b, p. 16) construídas pela comunidade escolar.

Em 2011, a configuração da conjuntura da educação é diferenciada da estabelecida em 2009 com a Emenda Constitucional nº 59 (BRASIL, 2009c) e o governo federal já estabelecera suas metas para o Ensino Médio, dispostas no projeto de lei do Plano Nacional da Educação em tramitação no Congresso Nacional. O ProEMI recebe a sua mudança mais significativa do ponto de vista da organização curricular, em que aparecem os conceitos de “Projetos de Reestruturação Curricular” e de “macrocampos” (BRASIL, 2011b), e, ao mesmo tempo, a participação no processo de inovação curricular de um professor de articulação e de uma equipe pedagógica numa posição de supervisão e apoio. A orientação era a seguinte:

A equipe pedagógica da escola deverá participar de todo o processo de organização da reestruturação do currículo em conjunto com o professor(a) articulador(a) e os demais profissionais da escola, acompanhando o desenvolvimento das ações propostas no PRC30 (BRASIL, 2011b, p. 12).

O Projeto de Redesenho Curricular figura como o instrumento de organização da proposta curricular, ainda precedido de análises de contexto do perfil da escola e avaliação estratégica de potencialidades, que culminam com “ações em diferentes formatos (disciplinas, oficinas, projetos interdisciplinares, aquisição de materiais e tecnologias do Guia de Tecnologias atualizado, dentre outros) e poderão incluir formação” (BRASIL, 2011b, p. 14) docente. Os macrocampos deverão ter relação direta com o aluno, dialogar entre si e com o currículo. Foram definidos como

[...] o conjunto de atividades didático-pedagógicas que estão dentro de uma área de conhecimento percebida como um grande campo de ação educacional e interativa, podendo contemplar uma diversidade de ações que qualificam o currículo escolar (BRASIL, 2011b, p. 17).

Em 2011 os macrocampos, acompanhamento pedagógico e iniciação científica e pesquisa eram considerados obrigatórios e também o mínimo para compor um Projeto de Redesenho Curricular, que, somados a mais seis optativos, totalizavam oito macrocampos. Os opcionais poderiam compor ações por interesse da

comunidade escolar e configuravam entre: “Cultura Corporal; Cultura e Artes; Comunicação e uso de mídias; Cultura Digital; Participação Estudantil; Leitura e Letramento” (BRASIL, 2011b, p. 13). Esta é a primeira configuração dos macrocampos cujo foco do Programa era a integração curricular com ações prioritárias de acompanhamento pedagógico em “uma ou mais áreas de conhecimento, disciplinas ou conjunto de componentes curriculares” (BRASIL, 2011b, p. 14) e de atividades de iniciação científica, “que integram teoria e prática, compreendendo a organização e o desenvolvimento de conhecimentos científicos nas áreas das ciências exatas, da natureza e humanas” (BRASIL, 2011b, p. 14). A escola em sua organização do Projeto de Redesenho Curricular poderia destacar os demais macrocampos para a composição da integração curricular. Essa opção nasceu, também, no conjunto das orientações em 2011.

Em 2013 aparece uma mudança na formatação do Projeto de Redesenho Curricular, que passa a configurar com acréscimos, formas de integração, mudando um pouco o seu conceito:

[...] deverá apresentar ações que comporão o currículo e estas poderão ser estruturadas em diferentes formatos tais como disciplinas optativas, oficinas, clubes de interesse, seminários integrados, grupos de pesquisas, trabalhos de campo e demais ações interdisciplinares e, para sua concretização, poderão definir aquisição de materiais e tecnologias educativas e incluir formação específica para os profissionais da educação envolvidos na execução das atividades (BRASIL, 2013c, p. 13, grifo nosso).

As ações ampliam-se e passam a incorporar práticas curriculares e a política educacional criada na SEE, configurando, assim, as primeiras adaptações no Programa frente às realidades regionais, ou seja, ao colocar no contexto do Projeto de Redesenho Curricular “seminários integrados”, o ProEMI adota uma ação de organização da integração curricular do Ensino Médio Politécnico do Rio Grande do Sul (RIO GRANDE DO SUL, 2011a, p. 16). Os Projetos de Redesenho Curricular são reconfigurados e a “escola deverá contemplar os três macrocampos obrigatórios e pelo menos mais dois macrocampos a sua escolha, totalizando ações em no mínimo cinco macrocampos” (BRASIL, 2013c, p. 13). Os macrocampos Acompanhamento Pedagógico nas Linguagens, Matemática, Ciências Humanas e Ciências da Natureza passam a ser evidenciados, e, em conjunto com o macrocampo Iniciação Científica e Pesquisa e o de Leitura e Letramento, passam a ser obrigatórios na composição do Projeto de Redesenho Curricular. Como opção, a escola poderia escolher mais dois

macrocampos entre: Línguas Estrangeiras; Cultura Corporal; Produção e Fruição das Artes; Comunicação, Cultura Digital e uso de Mídias; Participação Estudantil (BRASIL, 2013c, p. 13). Nessa configuração, o macrocampo Leitura e Letramento passa a ser obrigatório, o que não acontecia em 2011, como, também, a introdução dos macrocampos Língua Estrangeira e Produção e Fruição das Artes, com a junção dos macrocampos de 2011 Cultura Digital e Cultura e Artes.

O ProEMI passa a se articular com as novas DCNEM editada pelo CNE, na Resolução nº 2 (BRASIL, 2012), que dispõe as formas de oferta e organização do Ensino Médio, e passa a orientar para uma “formação integral do estudante” e define o “trabalho e pesquisa como princípios educativos e pedagógicos, respectivamente” (BRASIL, 2012), dentre outras definições. A perspectiva pedagógica do MEC concretiza-se agora com as aproximações entre ProEMI e as DCNEM. Os arts. 5º e 6º das DCNEM disciplinam:

Art. 5º O Ensino Médio, em todas as suas formas de oferta e organização, baseia-se em:

I - formação integral do estudante;

II - trabalho e pesquisa como princípios educativos e pedagógicos, respectivamente;

III - educação em direitos humanos como princípio nacional norteador; IV - sustentabilidade ambiental como meta universal;

V - indissociabilidade entre educação e prática social, considerando-se a historicidade dos conhecimentos e dos sujeitos do processo educativo, bem como entre teoria e prática no processo de ensino-aprendizagem;

VI - integração de conhecimentos gerais e, quando for o caso, técnico- profissionais realizada na perspectiva da interdisciplinaridade e da contextualização;

VII - reconhecimento e aceitação da diversidade e da realidade concreta dos sujeitos do processo educativo, das formas de produção, dos processos de trabalho e das culturas a eles subjacentes;

VIII - integração entre educação e as dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular.

§ 1º O trabalho é conceituado na sua perspectiva ontológica de transformação da natureza, como realização inerente ao ser humano e como mediação no processo de produção da sua existência.

§ 2º A ciência é conceituada como o conjunto de conhecimentos sistematizados, produzidos socialmente ao longo da história, na busca da compreensão e transformação da natureza e da sociedade.

§ 3º A tecnologia é conceituada como a transformação da ciência em força produtiva ou mediação do conhecimento científico e a produção, marcada, desde sua origem, pelas relações sociais que a levaram a ser produzida. § 4º A cultura é conceituada como o processo de produção de expressões materiais, símbolos, representações e significados que correspondem a valores éticos, políticos e estéticos que orientam as normas de conduta de uma sociedade.

Art. 6º O currículo é conceituado como a proposta de ação educativa constituída pela seleção de conhecimentos construídos pela sociedade, expressando-se por práticas escolares que se desdobram em torno de

conhecimentos relevantes e pertinentes, permeadas pelas relações sociais, articulando vivências e saberes dos estudantes e contribuindo para o desenvolvimento de suas identidades e condições cognitivas e sócio-afetivas (BRASIL, 2012).

As DCNEM passam a compor, em grau de superioridade, como regramento legal, as orientações para o redesenho curricular na escola e também incorporam a trajetória que o MEC vinha construindo de instituir eixos de princípios para o Ensino Médio. Verifica-se que, no seu conjunto, não incorporou o termo macrocampo para a organização da integração curricular e a fixação de “carga horária mínima de 3.000