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CAPÍTULO III:POR DENTRO DA TEMPORADA DO AÇÚCAR

3.3. Descrição, análise dos programas e comentários dos internautas

3.3.3. Programa 3 (08/04/2016): Francine come bolo?

a) Conteúdo (Tema) e cenário;

O vídeo “Francine come bolo? ”, possui duração de 19 segundos, sendo o vídeo mais curto, menos curtido, menos visualizado e com menos comentários. Foi gravado fora do cenário tradicional do canal, em uma mesa de restaurante. No cenário temos a Francine um prato com bolo, uma colher e um copo. O vídeo mostra que é importante ter controle sobre a ingestão

diária de açúcar e quando for ingerir, optar por alimentos de qualidade tanto no aspecto nutricional quanto no sabor. Essa ideia é transmitida no Guia Alimentar para a População Brasileira 2014, quando fala que comer não é um ato meramente nutricional, mas também um ato social e de prazer, razão pela qual deve ser valorizado. Por ser um vídeo muito curto, são poucos os aspectos a serem analisados e debatidos neste caso.

b) Condução dos programas (linguagem: clara, simples, didática, sofisticada, agressiva, etc.);

Foi utilizada uma linguagem clara e informal, coloquial. O conteúdo foi transmitido no estilo mais descontraído possível, mostrando a Francine comendo um bolo no restaurante, passando um tom de intimidade, pois mostra um momento particular vivenciado por ela.

c) Abordagem (predomínio: política, social, econômica, científica, educativa...);

O conteúdo deste utilizou uma abordagem educativa e social, transmitindo a ideia de que é possível comer doce, desde que sejam consumidos dentro dos limites saudáveis e dando preferência por doces de qualidade, ou seja, que possuam valores nutricionais. No vídeo, a Francine está comendo um bolo de coco gelado não-industrial.

d) Recursos visuais (infográficos, imagens);

O enquadramento é médio e o ângulo de câmera é baixo posicionado a direita da interlocutora. O vídeo foi gravado por meio de celular na vertical e por isso temos barras pretas laterais a imagem central. Estas barras pretas foram preenchidas do lado esquerdo pelo texto “Ajude a construir a educação do futuro, agora”. Do lado direito com o logotipo do Instituto Airton Senna (Figura 83) e o texto “Doe este espaço em doeasbarras.com.br. A inserção destes conteúdos, ocorreu devido o projeto ter aderido a esta campanha e assim mostrar apoio aos dois projetos sociais.

Figura 83: Francine comendo bolo

Fonte: Print screen do vídeo “Francine come bolo?”

e) Participação do público (Internautas);

A participação do público neste vídeo foi mais descontraída. Algumas pessoas ficaram surpresas pelo fato da Francine comer açúcar e glúten, outros sugeriram que fossem elaborados futuros vídeos sobre esses dois ingredientes.

f) Interação entre os internautas: Concordando um com o outro, respondendo a debates ou respondendo diretamente para a Francine.

Fonte: Print screen dos comentários do vídeo “Fracine come bolo?”

Nos comentários acima solicitam vídeos futuros que falem sobre produtos com glúten e os malefícios que eles causam à saúde. Francine esclarece que não evita consumi-los e que não pretende falar sobre esse assunto e sim de fermentação natural. Não explica, porém, não esclarece a decisão. De fato, o consumo ou não de glúten na dieta é objeto de controvérsias entre os consumidores. Pimenta explica a função do glúten:

O glúten é a principal proteína presente no trigo, aveia, centeio, cevada e no malte, sendo composto por gliadinas e gluteninas. Essas duas frações juntas é que conferem a capacidade absortiva em água, viscosidade e elasticidade às massas preparadas com esses cereais (PIMENTA et al., 2013).

Os portadores da doença Celíaca, possuem uma deficiência no sistema digestivo que os impossibilitam digerir o glúten, por este motivo, passam a evitar o consumo de alimentos com este componente na fórmula. Como alternativa, a indústria desenvolveu alguns produtos sem glúten, como, pães, bolos, massas, etc. Nos últimos anos, muitas pessoas vêm compartilhando a ideia de que o glúten “faz mal” para as pessoas. Segundo Valmorbida & Depin (2018, p.20)

essa ideia fui difundida pela sociedade e pela mídia a partir de livros sobre alimentação, como exemplo, “Barriga de Trigo” e “A Dieta da Mente”, que apontam o glúten causador de “várias condições como a deposição de gordura abdominal, picos de glicemia, aumento das mamas em homens, aumento do apetite, além de doenças graves, como problemas cardíacos e Alzheimer.”. As autoras Valmorbida & Depin, no artigo A “vilanização” do glúten de 2015, p. 20, faz referências a vários outros autores sobre o consumo do glúten:

Por exemplo, não é certeza que alguém irá perder peso em uma dieta sem glúten, na verdade, acontece muitas vezes o oposto para os pacientes com doença celíaca (CHANG, 2013). Logo, a exclusão do glúten pode levar ao consumo de uma alimentação hipercalórica, e, em consequência, ao sobrepeso secundário (HOLMES et al., 1989; ANDREOLI et al., 2013). Há também uma noção de que os alimentos sem glúten são mais saudáveis, mas isso não é necessariamente uma verdade. Os produtos de panificação sem glúten geralmente contém menos fibra do que um à base de trigo e ainda contém a gordura e o açúcar que estão presentes também na versão convencional (CHANG, 2013). Além disso, alimentos sem glúten também são menos propensos a ser enriquecidos com nutrientes porque as farinhas utilizadas nem sempre possuem a adição destes como a farinha de trigo – que geralmente é enriquecida com ferro e ácido fólico (BRASIL, 2002).

A propagação desta ideia contribuiu para que a indústria de alimentos “saudáveis” obtivesse mais lucro à medida que mais pessoas adotavam a mudança de habito de consumo alimentar. Porém não existem evidências científicas que a população em geral poderá se beneficiar com a retirada do glúten da dieta. (GAESSER & ANGADI, 2012).

O consumo de adoçantes é novamente questionado pelos internautas neste vídeo e Francine reafirma sua opinião de que devemos ter receio em consumi-los, sem, no entanto, explicar o porquê.