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PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

No documento Dissertação de Tânia Mara dos Santos Bassi (páginas 169-173)

Plano de formação continuada/ em serviço na perspectiva da inclusão dos alunos público alvo da Educação Especial no ensino comum

Período de desenvolvimento: ano de 2019.

Duração: ações contínuas no primeiro e no segundo semestres de 2019.

Local: SEMED/ espaço do Centro de Formação para a Educação ( CEFOR) e unidades

escolares da REME, sede do NUMAPS - Polos de I a VI.

JUSTIFICATIVA:

A Constituição Federal (1988) define a educação como um direito de todos e estabelece igualdade de condições de acesso e permanência na escola. Na perspectiva da inclusão, entre outros, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394/1996 define Educação Especial como modalidade oferecida preferencialmente na rede comum de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. A LDBN nº 9394/1996, no artigo 59, orienta que os sistemas de ensino devem assegurar: currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; professores especializados, para atendimento especializado, bem como professores do ensino comum capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns.

Chama-se a atenção para a aplicabilidade do imperativo legal contidos nos documentos, ao contexto educacional. As determinações oficiais desde a CF/1988, da LDBN 9394/96, Parecer nº 17/2001, Resolução nº 02/2001, PNEEPI/ 2008 e demais documentos como Plano Nacional de Educação, Lei nº 13.005/2014, Plano Estadual de Educação, Lei n. 4.621/2014, e o Plano Municipal de Educação Campo Grande /MS, Lei nº 5.565/2015, respectivamente no tocante ao município a Deliberação CME/MS nº 1.380/2012, Resolução SEMED nº184/2018 no âmbito da inclusão escolar, definem as formas desse atendimento e insistem na adequação de recursos e metodologias de ensino que considerem as especificidades desses educandos, em que o PEI se encontra refletido. Ignorar suas especificidades seria conforme Goes e Laplane (2013) implementar a inclusão, por meio de, simplesmente, da matrícula na classe comum.

Ainda que pesem os direitos assegurados a esse alunado, constitui-se um desafio aos sistemas de ensino traduzir a inclusão escolar dos preceitos que constam nas leis, planos à realidade nas unidades escolares, nas salas de aula do ensino comum. Demanda entre outros,

o poder público admitir a formação continuada/ em serviço como pilar, principalmente aos professores regentes, elementos-chave na escolarização desse alunado.

Não obstante, nos preceitos da educação inclusiva, no âmbito da REME, tem-se uma diversidade de especificidades como os próprios dados oficiais demonstram:

Tabela 4 – Dados de Atendimento a Alunos com Deficiências– Rede Municipal de Campo Grande-MS – 2018. Especificação Quantidade Deficiência Física 100 Paralisia Cerebral 368 Cegueira 21 Baixa Visão 51 Deficiência Auditiva 45 Surdez 100 Altas Habilidades 27 Deficiência Intelectual 774 Síndrome de Down 84

Transtorno do Espectro Autista 385

Transtornos Globais do Desenvolvimento 31

Deficiências Múltiplas 174

Total 2.133

Fonte: PMCG/SEMED/DEE/2018.

Os dados acima indicam o quantitativo de alunos matriculados nas salas comuns, nas unidades escolares que compõem a rede pública municipal, de cujas especificidades são variadas, tendo nesse montante o maior quantitativo aqueles com Deficiência Intelectual que representam 36 %. do total. Corrobora Souza e Neres (2014) ao evidenciar que as trajetórias de alunos com Deficiência Intelectual ainda são marcadas por uma cultura de descrédito sobre os mesmos, que pela barreira na assimilação dos conteúdos, estão fadados ao fracasso uma vez que não conseguem se ajustar ao sistema escolar homogeneizador, que tende a igualar todos os alunos, desconsiderando suas singularidades. Glat e Plestch (2012) ao aludir sobre a escolarização do aluno com Deficência Intelectual, dizem que por não atender às necessidades educacionais especiais desses alunos, a escola contribui para uma maior cristalização da deficiência ao invés da sua superação. De modo que as políticas de inclusão ainda que avançadas no enfoque de concepções teóricas, na realidade não se traduzem na superação de práticas homogeneizadoras de ensino e organização do espaço escolar respondendo à diversidade que se apresenta.

Assim, destacado o numerário de alunos, suas especificidades, tem-se que retomar a posição do professor regente diante das demandas atuais emergentes no ensino comum, como

elemento-chave na escolarização de todos os alunos, nesse bojo aqueles com necessidades educacionais especiais e o fato desse não ter conhecimentos científicos aprofundados na sua experiência formativa que lhe dê fundamentação suficiente para o trabalho pedagógico na diversidade, consonante com os preceitos inclusivos.

Nesse caminho, o Programa de Mestrado Profissional da UEMS tem como requisito para a sua conclusão, a elaboração de uma proposta de intervenção que contribua de maneira efetiva para os problemas detectados na pesquisa. Assim, os resultados coletados sinalizam como proposta de intervenção a proposição de um plano de formação continuada e em serviço, a ser ministrada, entre outros, pela equipe da DEE/SEMED aos profissionais da educação, especificamente ao professor regente, qualificando-o para o trabalho pedagógico diante da demanda inclusiva. A referida formação visa promover conhecimentos acerca das especificidades, mais propriamente da Deficiência Intelectual e contribuir de maneira significativa para elaboração e operacionalização do PEI junto a esse alunado. Ademais, deve possibilitar ao professor a reflexão sobre sua prática pedagógica que exerce junto a esse educando, bem como auxiliá-lo nas dificuldades do cotidiano de sala de aula, no âmbito do ensino comum.

Por meio da presente pesquisa se depreendeu que embora ocorram formações continuadas oferecidas pela DEE/ SEMED, essas formações sobre temáticas relativas à Educação Especial se voltam à capacitação continuada dos próprios profissionais especializados, também a estagiários e assistentes de inclusão. Certamente que tais formações devem ter continuidade, porém conforme revelado nas entrevistas com profissionais da área, a maioria dos temas propostos para estudo não abarcam de fato a Deficiência Intelectual, sendo necessário promover estudos mais aprofundados sobre essa especificidade, como também dar mais fundamentação científica para o desenvolvimento do PEI ao DI.

Esclarece-se que essa proposta formativa tem origem na análise de dados advindos das entrevistas com os sujeitos de duas escolas da REME, de diferentes regiões urbanas, em que se expressou claramente essa necessidade mútua. Por conseguinte, se tem aqui o propósito de estimular a DEE/SEMED a desenvolver e implantar um plano de formação continuada, o qual seja planificado e empreendido como uma política pública municipal, suplantadas as descontinuidades consequentes de planos de governo se efetivando como necessidade formativa relevante para o trabalho pedagógico na perspectiva inclusiva.

Segundo Saviani (2011) “Uma boa formação se constitui em premissa necessária para o desenvolvimento de um trabalho docente qualitativamente satisfatório.” (SAVIANI,

2011 p.16). Portanto, infere-se sobre a relevância da formação a qual repercute diretamente no resultado, isto é, na qualidade do trabalho docente.

Feldman (2009) advoga sobre a necessidade de repensar a formação como um todo. Acerca da formação continuada a autora coloca:

[...] Deve ainda instrumentalizá-los com conhecimentos especializados e didáticos para relacionar conteúdos, recriar procedimentos que favoreçam a ruptura da organização curricular trilhada irrefletidamente no caminho da formação da prática pedagógica flexíveis e adequadas às necessidades reais de todos os alunos, com necessidades educacionais ou não. (FELDMAN, 2009, p.217).

A partir do que diz Feldman (2009), vê-se a necessidade de pensar o processo de ensino-aprendizagem de modo a respeitar a diversidade. A partir de práticas pedagógicas que sejam flexíveis e adequadas aos alunos público alvo da Educação Especial, consideradas suas particularidades. Possibilitar a aprendizagem de todos, no ensino comum, demanda conhecimentos científicos advindos da formação, sem os quais a inclusão desse alunado se resume a meramente física no contexto escolar. Posto que consoante Glat (2013) a inclusão escolar pressupõe: a presença do aluno no espaço escolar comum, que implica em superar o isolamento e incluí- lo no espaço público de socialização e aprendizagem; a participação que implica nas condições necessárias para que esse interaja com o meio e participe das atividades escolares; a construção do conhecimento pelo aluno sem a qual os aspectos anteriores têm pouco proveito.

Assim, diante das considerações gerais apresentadas se justifica a proposta de intervenção em que por meio de implantação e implementação de um programa de formação continuada/ em serviço aos profissionais da educação, principalmente professores regentes, componentes do quadro de pessoal da Secretaria Municipal de Educação (SEMED) de Campo Grande, MS vem se desenvolver conhecimentos teóricos e práticos que subsidiem a organização do trabalho didático na perspectiva inclusiva. Tem-se que a qualificação docente, remete à legislação quando orienta se ter no ensino comum professores especializados e capacitados, de modo que melhor favoreça a organização do trabalhão didático, nas classes comuns.

Implantar um plano de formação continuada/em serviço na REME, significa institucionalizar uma política de recursos humanos tendo por objetivo a qualificação do corpo docente, entre outros, para um trabalho escolar que responda a demanda inclusiva. Por meio do plano aqui apresentado se busca o progresso científico e pedagógico dos docentes a fim de

que desenvolvam capacidades necessárias para esse afazer pedagógico na Educação Básica, no ensino comum dadas as demandas da atualidade.

ESTRATÉGIAS

Aos profissionais da educação, especificamente o professor regente será oportunizado o progresso no conhecimento científico pedagógico por meio da formação e qualificação profissional. Nesse intuito, promovido o apoio a participação em eventos científicos sobre temáticas relativas à Educação Especial na perspectiva inclusiva, bem como oportunizados por meio da SEMED/ CEFOR formação continuada/em serviço geral, no espaço de formação da SEMED. Tal formação realizar-se á na modalidade semipresencial, tendo em vista que prevê etapas presenciais e à distância, as quais serão subsidiadas por formadores das universidades envolvidas neste plano e, do outro, as equipes de tutores. Ainda, a formação continuada/em serviço pelo DEE/NUMAPS nas unidades escolares sede dos Polos do NUMAPS de I ao VI, que abrangem as escolas por regiões.

I- FORMAÇÃO CONTINUADA/EM SERVIÇO- SEMED/ COORDENADORIA DO CENTRO DE FORMAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO ( CEFOR)

No documento Dissertação de Tânia Mara dos Santos Bassi (páginas 169-173)