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Quanto ao seu objeto – provas diretas e provas indiretas

7.2. Classificação das provas

7.2.1. Quanto ao seu objeto – provas diretas e provas indiretas

Alguns autores costumam classificar as provas, relativamente ao seu objeto, em diretas e indiretas.

De acordo com MOACYR AMARAL SANTOS8, se a prova se refere ao próprio fato probando, é denominada direta. Ex. Quando uma

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“As classificações no sistema jurídico brasileiro”, in Justiça tributária, p. 131.

7

A competência tributária do Estado brasileiro, p. 135.

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testemunha que assistiu ao próprio fato presta depoimento – prova testemunhal.

Se a prova se refere a outro fato que não diretamente o fato que se quer provar, diz-se que é indireta, por meio do qual, por raciocínio lógico, chega-se à conclusão do fato probando (que se objetiva provar). Por exemplo, um testemunho pode referir-se a algum fato que não seja um delito mesmo, mas que se encontre de tal forma ligado a ele, que estabeleça a existência desse delito9. São, portanto, nessa linha de raciocínio, provas indiretas as presunções e os indícios.

Anota MOACYR AMARAL SANTOS10 que

“enquanto na prova direta a conclusão objetiva é conseqüente da afirmação da testemunha ou da atestação da coisa ou documento, sem necessidade maior de raciocínio, na indireta o raciocínio reclama a formulação de hipóteses, sua apreciação, exclusão de umas, aceitação de outras, enfim trabalhos indutivos maiores ou menores, para se atingir a verdade relativa ao fato probando.”

MARIA RITA FERRAGUT11, em função do objeto, também se refere às provas classificado-as em diretas e indiretas. “As diretas são as que representam, de forma imediata, a ocorrência do fato de implicações jurídicas, seu objeto. Não se constituem no próprio evento fenomênico, mas somente na sua versão”. E referindo-se às provas indiretas, assim se pronunciou: “Já a prova indireta representa a ocorrência de fatos secundários ou indiciários, dos quais advirá a implicação legal da existência ou da inexistência do fato principal. É um signo que se refere a f, que por sua vez é índice de f’.” E conclui que a prova indireta ocorre quando refere-se a um fato indiciário,

9

Jeremías Bentham, op. cit., p 22.

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Primeiras linhas de direito processual civil, vol. 2, p. 332. “Forma da prova é a modalidade ou a maneira pela qual se apresenta em juízo.”

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diverso do fato típico, que será considerado juridicamente existente por inferência lógica, constituindo-se as presunções meios indiretos de prova.

MICHELE TARUFFO12 se refere às provas diretas e indiretas da seguinte forma:

“Dicha distinción expressa las dos modalidades fundamentales con las que puede darse la relación entre prueba y el hecho que debe ser probado. También en la doctrina italiana esta distinción está difundida de modo general, habiéndose introducido por derivación de la doctrina alemana.

El hecho de que esa distinción constituya un lugar común no implica, sin embargo, que su significado sea claro y uniforme; es más, precisamente en la doctrina italiana la definiciones de prueba directa y de prueba indirecta son particularmente inciertas y poco perspicuas.”

E, continuando, o mencionado autor diz que o problema consiste em um critério obscuro para traçar a distinção, porquanto, citando CARNELUTTI, assinala que a questão foi colocada em face da percepção do juiz em relação ao fato a provar. Portanto, sobre as bases desse critério refuta a distinção e define a prova em função da relação entre o fato a provar (objeto da prova) e o fato prova, ou melhor: na relação entre as enunciações – fato a provar e fato prova, daí as provas serem diretas ou indiretas.

Para TARUFFO a prova direta é aquela que versa diretamente sobre o fato a provar (fato principal) e a prova é indireta quando o objeto da prova está constituído por um fato distinto daquele que deve ser provado (fato secundário) por ser juridicamente relevante para os efeitos da decisão. Afirma, contudo, que as provas não são, a priori, diretas ou indiretas, podendo quase

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todas assumir a forma direta ou indireta, dependendo do fato a provar, daí escapando poucos casos, por exemplo, as presunções, como típicas provas indiretas. 13

Porém, já anotamos no item 6.6 deste trabalho que a prova é um indício, ou seja, na linha de raciocínio desenvolvida neste trabalho a verificação dos fatos pelo direito sempre se dará pelo tangenciamento da realidade, circunstanciando o evento. O direito nunca atingirá propriamente a realidade. Vislumbramos a composição do fato jurídico como um puzzle (quebra-cabeça), onde os fatos diversos (F1.F2.F3.F4....) são suas peças, e o aplicador do direito deverá juntar as peças a fim de ‘montar’ o fato jurídico tributário. Como no quebra-cabeça, devem existir no mínimo duas peças, pois senão, teremos um outro objeto. Do mesmo modo, a constituição do fato jurídico sempre se dará por relato de outros fatos, desses, por raciocínios, se concluirá o fato que se quer provar. Se assim não fosse, estaríamos diante do próprio evento (realidade), o que já vimos, não acontece.14

Portanto, concluímos que a prova será sempre indiciária, entretanto, reconhecemos que há diversos graus de aceitabilidade da prova acerca das hipóteses sobre a constituição do fato. Há fatos mais relevantes do que outros. Há fatos que demonstram com mais exatidão e certeza do que outros a ocorrência do fato jurídico.

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Op. cit., p. 455.

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Maria Rita Ferragut, ao tratar das presunções no direito tributário, também reconhece que “tanto elas quanto as provas diretas (perícias, documentos, depoimentos pessoais etc.) apenas ‘presumem’. Só a manifestação do evento é atingida pelo direito e, portanto, o real não há como ser alcançado de forma objetiva: independentemente da prova ser direta ou indireta, o fato que se quer provar será ao máximo juridicamente certo e fenomenicamente provável.” (Op. cit., p. 63).

7.2.2. Quanto à sua preparação – prova por escritos casuais e