• Nenhum resultado encontrado

Quanto aos dados relacionadas com a satisfação com a supervisão e com o

3. D ISCUSSÃO DOS R ESULTADOS

3.6. Quanto aos dados relacionadas com a satisfação com a supervisão e com o

Neste subcapítulo, pretendemos avaliar o grau de satisfação com a supervisão e satisfação profissional dos enfermeiros da amostra em estudo.

- Relativamente à variável dependente satisfação com a supervisão, verificámos que 41,6% dos enfermeiros considerava como “Alta”, seguido de 39,0% que considerava como “Muito elevada”. Também a nível da variável dependente satisfação no trabalho, aproximadamente metade (47,2%) dos enfermeiros considerava-a como “Alta” e 40,9% considerava-a como “Moderada”. Podemos, então, dizer que na nossa amostra os enfermeiros se encontravam bastante satisfeitos com o trabalho e com a supervisão, com 47,2% e 41,6%, respectivamente.

Estes dados diferem dos alcançados por Loureiro e cols. (2007), no estudo realizado com 114 enfermeiros chefes e 1434 enfermeiros dos Hospitais, EPE da zona Centro, onde concluíram que 60% dos enfermeiros se encontravam satisfeitos profissionalmente e 80% satisfeitos com a supervisão. A insatisfação foi sentida na remuneração, na organização como um todo e nas expectativas de promoção.

Também, num estudo sobre liderança em enfermagem em contexto hospitalar, realizado com 342 enfermeiros, Patrício e cols. (2009) observaram que 44,7% dos enfermeiros se encontravam satisfeitos com a supervisão e 36,0% muito satisfeitos. Matsuda e Evora (2005, como cit. em Scorsin et al., 2008), salientam a importância da satisfação no trabalho, a qual se tem destacado no mundo do trabalho como uma ferramenta crucial na busca de qualidade e produtividade, em oposição com o pensamento empresarial de algumas décadas atrás em que se considerava que o trabalhador era apenas movido pelas recompensas monetárias.

É de salientar que a avaliação da satisfação com o trabalho com maior nível de concordância ocorreu ao nível da satisfação com a “relação com os colegas do seu nível” (5,20), seguida do “das amizades muito duradouras entre os meus colegas”(4,77) e “ o meu chefe directo dá-me sugestões para eu fazer o meu trabalho”(4,09);

Na análise da relação entre as variáveis do contexto de trabalho com a satisfação com o trabalho dos enfermeiros do CHTMAD, EPE, verificámos que:

- 132 -

- A nível das variáveis do contexto de trabalho com a satisfação com o trabalho dos enfermeiros existe uma relação estatisticamente significativa nas variáveis Unidade Hospitalar, gosto pelo serviço onde trabalha, tipo de horário e método de trabalho. Assim, 48,4% dos enfermeiros da Unidade de Vila Real encontram-se satisfeitos com o trabalho, 42,9% dos enfermeiros que exerce funções a nível da Unidade da Régua estão pouco satisfeitos, ao passo que os enfermeiros das Unidades de Lamego e Chaves estão bastante satisfeitos, com 61,4% e 54,0%, respectivamente. Pensamos que esta discrepância a nível da Unidade da Régua se deve ao número reduzido de participantes a nível da nossa amostra, comparativamente com as outras unidades e, por isso, não ser significativo, contudo, pode ser um indicador de insatisfação no trabalho, uma vez que esta unidade com o processo de reestruturação sofreu transformações apresentando certas especificidades comparativamente com as outras unidades. Tal como na pesquisa realizada por Delgado e cols. (2009), sobre satisfação profissional a 63 enfermeiros especialistas em Saúde Materna e Obstétrica, onde foi verificado existir uma relação estatisticamente significativa entre a satisfação profissional, o tipo de instituição, a relação com a chefia, a relação com os colegas e a equipa multidisciplinar, sendo que a satisfação global dos enfermeiros é significativamente diferente e inferior no hospital em relação ao centro de saúde. A nível do relacionamento, os enfermeiros que têm pior relacionamento com a chefia, com os colegas e com a equipa multidisciplinar, têm menor satisfação global. Contrariamente, Dias e cols. (2005), numa pesquisa realizada com enfermeiros hospitalares, verificaram que estes apresentavam um índice alarmante de insatisfação, porém, não pensavam mudar de profissão.

André e Neves (2001), num estudo efectuado com 117 enfermeiros com a finalidade de comparar níveis satisfação em contextos de trabalho diferentes, verificaram que, no que respeita a níveis de satisfação, o estatuto profissional e as relações interpessoais parecem factores mais consistentes, visto apresentarem-se independentes do sexo, idade, categoria profissional, tempo de serviço e contextos diferentes de trabalho.

Relativamente à variável se gosta do serviço onde trabalha, 57,0% dos enfermeiros respondeu que “Não” gostava do serviço onde trabalhava, contudo, encontravam-se moderadamente satisfeitos com o trabalho; 52% dos enfermeiros respondeu que “Sim”, gostavam do serviço onde trabalhavam e encontram-se com uma “Alta” satisfação no trabalho. No estudo de Amaro (2006), com 239 enfermeiros que exerciam funções em

- 133 -

instituições de saúde públicas do Algarve, o autor concluiu que a escolha do serviço relaciona-se positivamente com a satisfação profissional, tendo verificado uma relação negativa entre as condições de trabalho, a satisfação profissional e o burnout.

Quanto à variável tipo de turno, os enfermeiros que só fazem manhãs e tardes (64,8%) encontram-se bastantes satisfeitos com o trabalho, assim como os que fazem “todos os turnos” encontram-se bastantes satisfeitos (47,7%), resultados que não vão de encontro aos do estudo de Dias e cols. (2005). No estudo de Amaro (2006), foi observado que os enfermeiros que desempenham a sua actividade profissional por turnos apresentavam níveis de despersonalização mais elevados. Hrumm (2005), ressalta a rotação de turno e suas implicações nos ritmos circadianos, e ainda que os turnos fixos “propiciam oportunidades mais consistentes para a socialização fora do trabalho” (p. 269).

Na variável método de trabalho, sobressai que os enfermeiros apresentavam uma satisfação “Alta” a nível do “Método de equipa” 60,0%, “Método responsável” 52,0% e “Método Individual” 45,6%, também 55,7% apresentava uma satisfação “Moderada” a nível do “Método misto”. Pereira (1996), ao identificar o grau e os factores de satisfação profissional, concluiu que os 73 enfermeiros do IPOFG-COC se encontravam bastante motivados e satisfeitos, sendo mais significativo os do sexo feminino, e onde também existia uma correlação positiva entre a idade e o tempo de serviço dos enfermeiros e o grau de satisfação. Este autor destaca igualmente que existem diferenças significativas no nível de satisfação, consoante a natureza do vínculo à instituição, onde os enfermeiros em regime de CAP e “Recibo Verde” apresentam índices de satisfação inferiores aos enfermeiros que pertencem ao “quadro”. Este facto foi igualmente constatado por Ferreira (2001), num estudo com 107 enfermeiros do Centro Regional de Oncologia de Coimbra (CROC), em que concluiu que, de facto, o que mais parece influenciar a satisfação profissional são factores exteriores ao indivíduo, como sejam a remuneração e o tipo de contrato (se existe vínculo à função pública ou não), sobressaindo que os enfermeiros que pertencem ao “quadro” apresentam-se mais satisfeitos.

Também num estudo realizado por Cura e Rodrigues (1999) com 91 enfermeiros do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, verificou-se que os enfermeiros estavam satisfeitos nos aspectos intrínsecos (acompanhamento, reconhecimento e autonomia) e que os enfermeiros que trabalhavam no serviço de

- 134 -

psiquiatria eram mais maduros, mais experientes e com mais alto nível de satisfação, enquanto que os enfermeiros que trabalhavam no serviço de pediatria eram mais jovens, menos experientes, apresentando nível de insatisfação mais alto.

3.7. Quanto aos dados relacionadas com o estilo de liderança e o