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Quanto aos dados sócio-demográficos dos enfermeiros chefes

3. D ISCUSSÃO DOS R ESULTADOS

3.1. Quanto aos dados sócio-demográficos dos enfermeiros chefes

Neste estudo, verificamos que a amostra relativa aos enfermeiros chefes é composta por 12 (35,3%) enfermeiros do sexo masculino e 22 (64,7%) enfermeiros do sexo feminino, o que perfaz um total de 34 enfermeiros chefes. Existe, pois, um predomínio do sexo feminino, que é já referenciado por Collière (1989), salientando que a prática dos cuidados esteve associado à mulher desde a idade média até à actualidade, o que também vai de encontro a outras pesquisas na área de enfermagem sobre liderança (Dias, 2005; Loureiro et al., 2007; Patrício, Júnior, Guterres, Almeida & Cunha, 2009). Relativamente à idade, aproximadamente metade dos enfermeiros (55,9%) tem idade inferior a 51 anos e 44,1% tinha idade superior a 51 anos. É de salientar que estamos perante um grupo de enfermeiros chefes com um nível etário elevado, com idades compreendidas entre 40 anos (mínima) e 57 anos (máxima), e com uma média de 49,2 anos e desvio padrão 4,0 anos. Pressupomos que sejam enfermeiros com relativa experiência de vida e maturidade, reflectindo-se numa maior tranquilidade na tomada de decisões no trabalho.

Quanto à variável estado civil, cerca de 91,2% de enfermeiros encontram-se casados/união de facto, 5,9% solteiros e 2,9% são separados/divorciados. Possuem o grau de licenciatura ou equivalente legal 85,3% dos enfermeiros, seguido de 14,7% que possui o Mestrado. Dos quatro enfermeiros que possuíam o Mestrado, 11,8% são na área de Ciências de Enfermagem e 2,9% na área de Saúde Mental e Psiquiátrica, e nenhum possuía um doutoramento. Ressalta dos dados colhidos, por exemplo, que nenhum enfermeiro chefe tinha o Mestrado em Gestão/Gestão de Serviços de Saúde, apesar de se encontrarem na área da gestão. Quanto aos anos de exercício profissional, o

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grupo apresenta uma variação que vai 18 anos (mínima) e 34 anos (máxima) com uma média de 26,8 anos e desvio padrão de 4,1 anos, pelo que 58,8% exercem funções na classe compreendida dos “18-26 anos”.

Relativamente à categoria profissional, 73,5% são enfermeiros chefes e 26,5% são enfermeiros especialistas, o que vai ao encontro da Carreira de Enfermagem, uma vez que a posição de chefia era adquirida por Concurso Público, ou em substituição por nomeação do Conselho de Administração das organizações, o que se verifica actualmente.

Também, em relação ao tempo de serviço na actual categoria, 73,5% tem “> 11 anos” de serviço e 26,5% com “ <11 anos”, apresentando uma mínima de 3 anos, uma máxima de 21 anos, uma média de 13,1 anos e um desvio padrão de 4,3 anos, o que sobressai que os enfermeiros chefes têm já considerado tempo de serviço na actual categoria. O que vai de encontro um pouco aos resultados encontrados por Dias (2005) os enfermeiros encontram-se na sua maioria no segundo triénio, quer do exercício profissional, quer chefiando o mesmo serviço.

Procurámos identificar se existia uma relação entre as variáveis sócio-demográficas com o tipo de liderança, com as relações com os membros da equipa, com a estrutura dos cuidados, com a escala de poder e controlo e influência situacional dos enfermeiros chefes do CHTMAD, EPE, e verificámos que:

- A nível das variáveis sócio-demográficas com o estilo de liderança (orientação para as relações humanas, ou para as tarefas), não existe um a relação estatística significativa. Estes resultados vão de encontro aos obtidos por Loureiro (2005), em que na sua amostra 62,3% apresentava uma orientação para as relações humanas, 24,6% apresentava uma orientação para a tarefa e apenas 15 enfermeiros chefes (13,2%) eram considerados líderes intermédios. Também, quando analisou a variável orientação do líder em função do sexo e idade, não se verificou diferenças estatísticas significativas; - A nível das variáveis sócio-demográficas com as relações com os membros da equipa, não se verificou uma relação estatística significativa. Jesuíno (2005), destaca que as relações entre o líder e os seus elementos, constitui um factor de crucial importância na influência do líder sobre a situação. Dias e cols. (2005), mencionam que no mundo do trabalho, o superior hierárquico é um ponto de referência importante, assim como as

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relações com o superior podem contribuir para a satisfação do trabalho e bem-estar psicológico ou ser uma fonte de tensão e ansiedade.

- A nível das variáveis sócio-demográficas com a estrutura dos cuidados também não se verificou uma relação estatística significativa em nenhuma variável.

- A nível das variáveis sócio-demográficas com o poder formal, não se obtiveram diferenças estatisticamente significativas. Contudo a nível da variável idade, verificou- se diferenças estatísticas marginalmente significativas (p=0,067), sendo que os indivíduos do grupo etário dos “>50 anos” (40,0%), consideravam ter um poder formal “Baixo”, em contrapartida, os enfermeiros chefes do grupo etário dos “<50 anos” (57,9%), consideravam ter um poder formal “Alto”.

Não se confirmou o que Loureiro e cols. (2007) obtiveram ao analisar o poder formal em função da variável sexo, onde foi verificado que esta era estatisticamente significativa e eram os homens que referiam ter maior poder formal (p=0,039). Também, ao analisar a variável categoria profissional com o tipo de liderança, apuraram que as relações com os membros da equipa, com a estrutura dos cuidados, com a escala de poder e controlo e influência situacional, era estatisticamente significativa com a orientação do líder (p=0,010) e com o poder formal (p=0,000), com a variável tempo de chefia no serviço (p=0,001) sendo que os que se encontravam na classe dos 3-5 anos, consideravam ter um “Alto” poder formal (p=0,000). No seu estudo, Dias (2005) verificou que o poder formal se classificava como “Elevado”, advertindo para o facto de na resposta número 5 da escala do Poder Formal, que refere “Tem o Enfermeiro-Chefe algum título oficial dado pela organização?”, 75% da população dos enfermeiros chefes consideraram que “Não”, considerando, por isso, que devia corresponder a um sentimento em virtude de este cargo ser alcançado por Concurso Público.

- A nível das variáveis sócio-demográficas com o controlo e influência situacional, não se verificou uma relação estatística significativa em nenhuma variável, o que não vai de encontro com o que obteve Loureiro e cols. (2007) no seu estudo, quando relacionaram o controlo situacional do líder com o sexo e verificaram diferenças estatísticas significativas (p=0,042), onde os enfermeiros chefes do sexo masculino (77,8%) consideravam ter um controlo situacional “Alto” no seu serviço, sendo superior à percentagem de enfermeiros chefes do sexo feminino (60,3%). Jesuíno (2005), ressalta

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que posteriormente às primeiras formulações do modelo de contingência de Fiedler, o mesmo tem vindo, progressivamente, a interessar-se por outros factores que possam afectar no controlo situacional, como a experiência e o treino do líder enquanto moderadores do controlo situacional.

3.2. Quanto aos dados relacionados com o contexto de trabalho dos