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2.2 A DECLARAÇÃO DO MILÊNIO E OS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO

2.2.4 Quarto objetivo: reduzir a mortalidade na infância

A relação entre o desenvolvimento econômico de uma nação e o estado de saúde de seu povo remonta a ligação entre melhorias nas condições de saúde da população e a elevação equivalente de seu padrão de vida. Trata-se, portanto, da premência da ampliação de ações preventivas e de práticas sanitárias aliadas a inovações tecnológicas e ao desenvolvimento socioeconômico de um país como fatores determinantes para a redução da mortalidade em seu território (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2014). Dentre as questões concernentes à saúde pública, a morte por si só é um acontecimento indesejável. O óbito infantil é, por sua vez, uma ocorrência que foge ao clico da vida, visto que as vidas ceifadas são levadas de forma extemporânea e, em grande parte, são ocorrências evitáveis. Internacionalmente, a taxa de mortalidade infantil caracteriza- se pelo número de óbitos de crianças com idade inferior a um ano de vida sobre o número de nascidos vivos, multiplicado por mil. A mortalidade na infância, por sua vez, caracteriza-se pelo número de óbitos registrados em menores de cinco anos de idade, também multiplicado por mil. Estes cálculos indicam o risco de um nascido vivo vir a falecer e é um parâmetro utilizado para definir políticas públicas direcionadas à saúde infantil (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 2000).

Reflexo da efetividade da ação governamental em questões concernentes à saúde pública, a mortalidade infantil reverbera diretamente o modelo socioeconômico em vigência dentro de um país. Enquanto parâmetro para a avaliação da eficiência do poder público neste aspecto, este índice torna-se um

indicador para verificar as condições de saúde, nível de desenvolvimento e qualidade de vida da população. Deste modo, as taxas de mortalidade infantil e na infância são norteadoras para o planejamento e execução de políticas públicas em saúde, bem como corroboram para a criação de programas em prol da prevenção e promoção da saúde infantil. Destarte, a análise das variações temporais destes dados em cada nação pode representar um relevante recurso para o acompanhamento da evolução qualitativa dos serviços da saúde em um país (SANTOS; ANDRADE; BIROLIM; CARVALHO; SILVA, 2010).

O desenvolvimento de ações preventivas no campo da saúde infantil evidencia o cuidado e o compromisso das Nações Unidas em promover a qualidade de vida das crianças. Garantir a promoção da saúde integral dos pequenos visa adequar os serviços das redes de saúde em prol de assegurar o desenvolvimento sadio destes. Deste modo, o funcionamento adequado dos serviços de saúde objetiva, outrossim, o pleno exercício do potencial das crianças, com o desenvolvimento de suas capacidades e habilidades, comumente reprimidos devido à privação ao acesso a saúde e bem-estar (BRASIL, 2004). Sob esta perspectiva, as Nações Unidas reiteram seu compromisso com o crescimento salutar com o objetivo de “reduzir, até essa data [2015], a mortalidade materna em três quartos e a mortalidade de crianças com menos de 5 anos em dois terços, em relação às taxas atuais” (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 2000, p.9).

Neste quarto objetivo, foi estabelecida uma meta e foram definidos três indicadores como parâmetro de análise das ações para reduzir a mortalidade infantil e na infância até 2015. Interseccionados, os indicadores e a meta configuram o Quarto Objetivo de Desenvolvimento do Milênio. Assim sendo, a meta e os indicadores deste objetivo são:

Reduzir em dois terços, entre 1990 e 2015, a mortalidade de crianças menores de 5 anos.

 Taxa de mortalidade de crianças menores de 5 anos

 Taxa de mortalidade infantil

 Proporção de crianças de 1 anos vacinadas contra o sarampo7 (UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME, 2015, tradução nossa)

7

Reduce by two thirds the mortality rate among children under five

 Under-five mortality rate

 Infant mortality rate

As taxas de mortalidade infantil e na infância atribuem-se a fatores variados, tais como socioeconômicos, assistenciais e culturais. Deste modo, a ingerência de um serviço de saúde qualificado com atendimento eficaz à criança, bem como a intervenção sanitária contribuem para atenuar as causas associadas à mortalidade e, por conseguinte, reduzir o número de mortes, tendo em vista que estes óbitos são, em grande maioria, evitáveis (FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA, 2012). Neste aspecto:

As doenças terminais – como problemas perinatais ou diarreia – constituem as causas imediatas (ou proximais) do óbito. Sua ocorrência é determinada, em última instância, por fatores sociais, econômicos e culturais – como renda, educação e posse de terra – que constituem os determinantes distais. Tais fatores influenciam a ocorrência das causas imediatas de morte através de determinantes de nível intermediário, que incluem tanto a exposição a fatores de risco (por exemplo condições inadequadas de nutrição, saneamento, aglomeração, etc.) quanto a falta de acesso a fatores de proteção (por exemplo vacinas, manejo adequado das doenças infecciosas, atenção pré-natal etc.) (VICTORA, 2001, p.4).

Com este objetivo visa-se, portanto, a perquirição da causalidade destes óbitos para direcionar as políticas de saúde em prol de minimizar seus efeitos sobre as taxas de mortalidade infantil e na infância. Posto que as causas perinatais incorrem nestes óbitos, expandir qualitativamente a cobertura ao atendimento pré- natal e ao parto, bem como o manejo de doenças infecciosas e de deficiências nutricionais são fatores que auxiliam na redução da mortalidade infantil (BRASIL, 2004).

A reformulação das políticas de saúde infantil, com o enfoque na redução da mortalidade infantil e na infância norteia a ação das Nações Unidas neste quarto objetivo. Atitudes consistentes com vias de garantir a ampliação do acesso à prevenção das causas dos óbitos são o principal norte neste aspecto e o apoio à saúde materna é um fator de relevância ímpar na consecução deste objetivo. Deste modo, a atuação na prevenção das mazelas que ceifam a vida das nossas crianças e o pleno funcionamento dos serviços de saúde são um meio eficiente para assegurar as crianças o crescimento saudável e o desenvolvimento de suas capacidades e habilidades.