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4.1 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1.3 Questão 3

Você aprendeu a tomar decisões através da experiência do dia-a-dia?

Constata-se nesta questão a preponderância absoluta da tomada de decisão pautada na experiência diária das atividades de liderança, pois 88% dos entrevistados aprenderam a tomar decisões somente a partir das experiências diárias no ambiente de trabalho, sem nenhum conhecimento cientificamente estruturado. A falta de fundamentação teórica nos aspectos de tomada de decisão é aqui, no caso deste estudo de caso na EMPRESA, plenamente confirmada. De forma pautada somente na experiência, constata-se ainda que apenas 12% dos gestores envolvidos na pesquisa aprenderam e aperfeiçoaram os processos de tomada de decisão com seus superiores hierárquicos, conforme dados do gráfico sobre esta questão, a seguir.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 Com gestores/observação (12%)

Experiência do dia-a-dia (88%)

Gráfico 3 – Forma de aprendizado sobre tomada de decisão Fonte: Desenvolvido pelo pesquisador

Mister se faz, neste item, refletir-se sobre algumas questões importantes como: Até que ponto e durante quanto tempo essa forma empírica e tácita de tomada de decisão, parcialmente fundamentada de forma científica, poderá ser suportada pela EMPRESA? Em que grau, se possível for dimensionar-se, essa forma de atuação gerencial poderá trazer conseqüências aos resultados financeiros e sustentáveis da EMPRESA a curto, médio e a longo prazos?

4.1.4 Questão 4

Você toma decisões de forma sistemática, seguindo etapas estruturadas, como por exemplo, reconhecer e definir o problema; colher dados; analisar os dados; fixar extensão e causas do problema; elaborar possíveis soluções; avaliar possíveis soluções; tomar a decisão; executá-la e monitorá-la periodicamente, quando necessário?

A tabulação dos resultados desta questão indica que apenas 18% dos gestores entrevistados da EMPRESA seguem etapas estruturadas e sistematizadas nos processos de tomada de decisão. No quesito frequentemente, identifica-se que 64% desses entrevistados seguem a conhecida prática do bom senso, seguindo etapas estruturadas e sistematizadas para tomada de decisão. Fechando esta

questão, verifica-se que 18% dos pesquisados somente às vezes seguem preceitos de estruturação lógica para tomada de decisão. A síntese do resultado está representada na tabela a seguir.

Tabela 5 – Graduação de tomada de decisão

Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre

- - 3 11 3

A pesquisa indica enorme variabilidade nas formas estruturadas de tomada de decisões. Falta de conhecimento científico sobre o tema, dispersão no foco e enorme diversidade de procedimentos e abordagens sobre a matéria. Assim, a inexistência de uma unidade de ensino curricular regular nos cursos de formação acadêmica e falta de uma abordagem prática e cultural dentro do cenário organizacional na EMPRESA pesquisada são os principais fatores.

Decorre, neste importante ponto de reflexão, que a diversidade de formatos adotados e seguidos nos processos de tomada de decisão, demonstram com clareza uma preponderância de ações que se pautam e se amparam de forma sistemática na experiência, na observação de gestores ocupantes de postos de liderança hierárquica em escalões superiores de comando, além de muitas decisões ancoradas no empirismo, intuição e bom senso.

Assim, denota-se dos fatos identificados, que mais de 50% da diversidade de abordagens decisórias praticadas não se respaldam em modelos e ferramentas destinadas a prática eficaz de importantes processos metodizados, recomendados pelos diversos autores citados na literatura pesquisada e neste trabalho indicadas.

4.1.5 Questão 5

Indique, nas situações a seguir, a graduação mais apropriada de tomada de decisão praticada.

Nas diversas situações abaixo indicadas, sobre as práticas mais apropriadas de tomada de decisão, obteve-se, a cada sub-grupo questionado, as seguintes configurações, respectivamente comentadas em cada seqüência.

Tabela 6 – Decisões totalmente fundamentadas

Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre

- - 1 12 4

Constata-se neste item, novamente a preponderância do bom senso dos gestores, representada por 71% das decisões tomadas frequentemente de forma fundamentada.

Tabela 7 – Decisões intuitivas

Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre

1 4 9 3 -

Nas decisões baseadas na intuição, 71% consideram aspectos intuitivos, significando com esta identificação uma tendência perigosa, segundo a ótica de alguns especialistas citados no referencial teórico, a exemplo de Clancy (2002), guru de marketing, no artigo “Abaixo a Intuição”.

Tabela 8 – Decisões políticas

Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre

6 8 1 2

Identifica-se nesta tabulação, que 65% dos entrevistados se defrontam com a necessidade de tomar decisões que consideram aspectos políticos como base estrutural de seus trabalhos, implicando que muitas dessas ações não se fundamentam, necessariamente, na estruturação lógica e necessária da validação de dados e informações coletadas, via de regra indispensáveis à decisões de qualidade.

Tabela 9 – Decisões emocionais

Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre

Neste tópico, identifica-se a preponderância do uso da razão, representando 71% das respostas, um percentual bastante considerável na consolidação das decisões tomadas.

Assim, à luz dos resultados obtidos na pesquisa, comprova-se, de forma inexorável, a falta de uma estruturação sistemática, lógica, fundamentada na literatura, que venha facilitar e organizar a aplicabilidade de conhecimentos melhor metodizados, com foco conseqüente na contribuição mais eficiente e eficaz dos resultados esperados nos processos de tomada de decisão.

4.1.6 Questão 6

Quando Você toma uma decisão que depende do posicionamento de sua equipe de trabalho, com que freqüência Você utiliza as ferramentas de apoio a seguir?

Observa-se, nesta questão, um baixo índice de utilização de algumas ferramentas de apoio, tão básicas e importantes, a exemplo do brainwriting e fraco envolvimento das equipes de trabalho nos processos de tomada de decisão.

Tabela 10 – Brainstorming

Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre

- 2 4 8 3

Tabela 11 – Brainwriting

Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre

1 6 7 3 -

Tabela 12 – Entrevistas

Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre

- 3 5 6 3

Este questionamento, respaldado nas respostas obtidas, demonstra claramente que a liderança da EMPRESA, ainda envolve de maneira acanhada a equipe de trabalho nos processos de tomada decisão.

4.1.7 Questão 7

Indique o grau de conhecimento que Você possui sobre os métodos de tomada de decisão a seguir, indicando, caso positivo, a frequência que Você os utiliza nas suas atividades:

a) Teoria da Utilidade Multiatributo – MAUT (Multi-Atribute Utility Theory)

Apenas 2 entrevistados responderam conhecer e utilizar este método (12%), enquanto 15 responderam não conhecê-lo (88%), identificando-se baixíssimo nível de conhecimento dessa teoria.

b) Método de Análise Hierárquica – AHP (Analytic Hierarchy Process)

Apenas 4 entrevistados (24%) responderam conhecer este método, dos quais 2 (12%) o utilizam às vezes; 1 (6%) o utiliza frequentemente e 1 (6%) sempre o utiliza. Os demais entrevistados, 13 (76%), responderam não conhecê-lo, índice considerado absolutamente alto, tratando-se de gestores em posições de comando e todos com formação superior completa, incluindo cursos de especialização e quatro deles com mestrado concluído.

c) Método Electre (Elimination et Choix Traduisant la Réalité)

Todos os entrevistados (100%) responderam não conhecer esse método.

d) Método PROMÉTHÉE (Preference Ranking Organization Method for

Apenas 2 (12%) dos entrevistados responderam conhecer esse método e utilizá-lo às vezes. Os outros 15 entrevistados (88%) responderam não conhecer esse método.

e) Método TODIM (Tomada de Decisão Interativa e Multicritério)

Cinco (30%) dos entrevistados responderam conhecer esse método, sendo que 4 (24%) o utilizam às vezes e apenas 1 (6%) o utiliza com frequência. Assim, 12 (70%) dos entrevistados responderam não conhecê-lo.

f) Método MACBETH (Measuring Attractiveness by a Categorical Based

Evaluation Technique)

Dos entrevistados, apenas 2 (12%) conhecem o método, sendo que 1 (6%) o utiliza com freqüência e 1 (6%) raramente o utiliza. Os demais entrevistados num total de 15 (88%) responderam não conhecê-lo.

A luz desses resultados, fica o seguinte questionamento: Como implementar tanto a nível acadêmico quanto a nível empresarial unidades de ensino que supram essa lacuna de conhecimento?

4.1.8 Questão 8

Para facilitar os processos decisórios Você se vale, quando aplicável, de ferramentas de apoio como:

Tabela 13 – Construção de uma árvore de valor

Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre

Verifica-se que 71% dos gestores nunca, raramente ou às vezes se valem dessa importante ferramenta de auxílio aos processos decisórios, índice significativo na busca de uma composição de melhoria da qualidade das decisões, amplamente referenciada e recomendada no embasamento teórico.

Tabela 14 – Construção do gráfico espinha de peixe

Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre

1 5 5 5 1

Por ser esta ferramenta amplamente difundida e largamente ensinada nos programas de formação acadêmica e treinamentos empresariais, o índice de freqüência e plena prática de utilização da mesma representou apenas 35% dos executivos questionados, o que significa neste estudo de caso, um indicador muito baixo.

Tabela 15 – Elaboração de tabelas com ordem de prioridades de atributos Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre

1 1 5 8 2

Esta questão sobre elaboração de tabelas com ordem de prioridades dos atributos do problema atribuindo peso a cada um de acordo com a importância, já apresentou uma preocupação maior por parte dos gestores, significando 59% de utilização dessas tabelas com freqüência e como rotina de aplicação.

Tabela 16 – Elaboração de uma escala nominal predefinida

Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre

4 2 9 2

Esta ferramenta indicou que 88% dos entrevistados se valem vagamente de sua utilização. Com freqüência somente 12% dos envolvidos na pesquisa se valem da aplicação desta ferramenta de apoio à decisão.

Assim, os resultados apontam para uma grande preocupação gerencial, pois até mesmo uma das mais usuais e elementares ferramentas amplamente difundidas, como a construção do gráfico de espinha de peixe, o índice de freqüência e plena prática de utilização ficou muito aquém do esperado. Esse fato remete, novamente, à grande preocupação das práticas gerenciais quando o assunto é tomada de decisão com qualidade, ou seja aquelas em que os autores buscam de forma estruturada, maximizar resultados eficientes e eficazes. Analogamente, neste ponto, verifica-se enorme caminho a ser ainda percorrido na disseminação cultural de utilização prática de tantas e importantes ferramentas de apoio aos processos decisórios nas organizações.

4.1.9 Questão 9

O que você recomendaria para melhorar os resultados dos processos de tomada de decisão nas organizações?

Esta última questão proposta aos entrevistados da EMPRESA foi elaborada de forma livre para recomendações, visando melhorar os resultados dos processos de tomada de decisão nas organizações.

As seguintes contribuições foram oferecidas:

“É fundamental a existência de métodos / aplicação destes processos; o que se nota ainda é a utilização do bom senso e experiência, mas isso não basta, sob o risco de mantermos mentalidades retrógradas. Assim, recomenda-se investimento contínuo em desenvolvimento dos processos para tomada de decisão em todos os níveis de liderança.”

“Que as decisões não precisassem ser políticas, mas que levassem em consideração os valores da empresa e nem sempre os valores de seus funcionários.”

“Processo de qualificação e de estudo de casos.”

“O conhecimento ao máximo possível de metodologias de tomada de decisão, porém o mais importante é ter a flexibilidade e competência para a escolha do método a ser aplicado com ênfase no conhecimento de cada situação.”

“Envolvimento dos diferentes níveis hierárquicos, sempre que possível. Transparência e agilidade na tomada de decisão.”

“Transparência da hierarquia superior. Objetivo comum para todas as áreas.”

“Preparação teórica dos gestores iniciantes, pois dentro de um prazo médio, todos estariam utilizando pelo menos um dos métodos citados no questionário. Praticar a gestão por exemplo ‘top-down’”

“Transparência na colocação dos fatos, compartilhando a decisão com os demais gestores e tanto quanto possível com os afetados pela decisão.”

“Sistematização para utilização da espinha de peixe, bem como da análise multicritério de decisão.”

“Definir um padrão, como deve ser o processo de decisão e qual método deve ser utilizado.”

“Nivelamento do problema; definir a causa; determinar os riscos assumidos; determinar responsáveis e datas; realmente trabalhar em equipe.”

“Que as decisões sejam tomadas exclusivamente pelas pessoas competentes.”

“Um fator a ser ponderado nas metodologias de tomada de decisão é o tempo disponível. A disponibilidade de informações e análises que permitam a precisão necessária na tomada de decisão depende da disponibilidade de tempo. O gestor sempre tentará minimizar o risco dentro do tempo de análise disponível. É provável que quanto maior o tempo disponível para análise e obtenção de informações menor é o risco na tomada de decisão. Uma metodologia que permita a otimização do tempo envolvido na tomada de decisão poderá auxiliar no trabalho dos executivos.”

“Creio que os modelos teóricos deveriam levar em consideração a dinâmica envolvida na rotina da tomada de decisões! Diante das inúmeras situações, muitas das quais urgentes, a aplicação de modelos torna-se inviável. Adicionalmente, o fator político muitas vezes induz à distorções nas decisões não previstas ou sustentadas por modelos. Uma boa saída está na transparência do planejamento dos trabalhos de rotina, estudos específicos, projetos, etc., pois limita a tomada de decisões mais corretas.”

“Cursos/ workshops/ seminários a respeito do tema.”

Confrontando-se todos os resultados obtidos na pesquisa, tabulados nas 9 questões respondidas por 75% dos executivos da EMPRESA e por 94% dos entrevistados, ficam algumas indagações: Em que grau de satisfação gerencial os atuais índices de acerto nos processos decisórios poderiam estar melhor contribuindo com a qualidade das decisões tomadas pelos gestores? De que forma e com que intensidade, o treinamento sistêmico nos processos de tomada de decisão poderia evitar desperdícios e outros fatos que não agregam valor ao negócio? Constata-se, entretanto, grande lacuna a ser percorrida pela EMPRESA neste importante campo do conhecimento.

Enfim, denota-se a partir de importantes contribuições, a realidade preconizada neste estudo, da necessidade de considerar-se tanto em nível de formação acadêmica de todos os segmentos educacionais quanto em nível de preocupação por parte das organizações, da estruturação sistemática de unidade de

ensino focada nos processos, técnicas e princípios científicos e fundamentados, voltados a auxiliar as empresas em todos os níveis de tomada de decisões mais eficientes e eficazes.

4.2 RECOMENDAÇÕES