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A Escola B está situada na região central de um bairro de periferia, na praça principal, próxima de uma Unidade de Saúde e de um Posto Policial.

O bairro é residencial e apresenta um comércio local para atender a demanda (padaria, bares, mercadinhos, farmácia e banco). Entretanto, as condições sociais dos moradores, em alguns casos, são precárias. Por apresentar muitos conflitos em decorrência de problemas diversos, o bairro é considerado uma região de vulnerabilidade socioeconômica.

A estrutura do prédio da escola possui quinze salas de aula, sendo onze salas com capacidade para 45 estudantes cada e quatro salas que ficam em salas anexas ao prédio com capacidade de 35 estudantes cada, possibilitando que a escola ofereça até 635 vagas em cada turno de funcionamento. Além disso, possui: um laboratório de informática; uma sala de educação especial (antigo laboratório de ciências que funcionava como depósito); uma sala de vídeo e som; uma sala de professores; uma sala de coordenação; uma sala direção; uma secretaria; uma sala de recursos; um almoxarifado; uma cozinha/dispensa; área de circulação; um refeitório; banheiros; um pátio interno e um grande pátio externo onde estão localizadas quatro salas de aula e havia uma quadra poliesportiva coberta (foi desativada devido à reforma em andamento). Os estudantes realizam atividades físicas no ginásio poliesportivo do bairro ou nas dependências do prédio da escola.

A Escola atende as modalidades de Ensino Fundamental (8º e 9º anos), Ensino Médio Regular e educação profissional. Os estudantes são de variadas faixas etárias: no turno diurno os estudantes no Ensino Fundamental (8º a 9º anos) apresentam idades entre 13 e 15 anos, no Ensino Médio Regular apresentam idades entre 15 e 21 anos e no noturno, funcionam o Ensino Médio Regular e a Educação Profissional e Tecnológica por meio do curso técnico de Administração, atendendo pessoas das mais variadas idades.

A escola possuiu algumas atividades, dentre outros projetos, tais como: Família Presente na Escola, Mostra Cultural e Científica com o intuito de aproximar a comunidade local e de divulgar as atividades realizadas pelos estudantes, Manhã e

Tarde Espanhola20, além de outros projetos que surgem através da iniciativa dos professores, como literatura de cordel, fotografia etc.

3.2.1. Percurso de investigação na escola B

O contato com direção e professores desta escola foi feito no final do ano de 2014. Devido ao fato de eu conhecer parte da equipe da escola, com exceção dos professores de Química, História e Arte, permitiu-me estar na escola algumas vezes para conversar com estes professores e participar de algumas atividades da escola, como da Manhã Espanhola e da palestra de um ex-prisioneiro durante o período da ditadura militar do nosso país.

A professora de Arte, do quadro permanente da escola, aceitou de imediato trabalhar a temática na escola e já tinha algum conhecimento sobre o tema por ter se formado na Universidade Federal do Espírito Santo com alguns dos profissionais do Núcleo de Conservação e Restauração.

Havia dois professores contratados na escola para a disciplina de Química, um para as turmas de primeira série e outro para as de segunda e terceira. Nenhum deles conhecia a temática, mas o professor das turmas de segunda e terceira séries do ensino médio mostrou interesse em participar da pesquisa, enquanto o outro professor ficou receoso, afirmando não saber se estaria nesta mesma escola no ano seguinte, entre outros motivos.

O convite para participar da pesquisa também foi feito ao professor de História das turmas de primeira série, quadro permanente, e apesar deste relatar que não conhecia a temática, disse que poderia trabalhar “alguma coisa” com os estudantes.

Dos demais professores de diferentes áreas de conhecimento, alguns se mostraram dispostos a trabalhar a temática. Um deles sugeriu que as atividades fossem construídas coletivamente, que a participação dos professores da escola não se restringisse a execução da minha proposta, sugestão que eu já tinha colocado anteriormente. A escola tinha alguns projetos mantidos pelo governo federal e houve a intenção de colocar a temática dentro de um projeto, mas não se concretizou.

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No início do ano de 2015, voltei à escola para planejar as atividades com os professores, mas o cenário encontrado foi outro. Os professores de Química não eram os mesmos do ano de 2014 e o professor de História havia saído da escola devido à nomeação em outro concurso. Além disso, a mudança no cenário político trouxe mudanças na escola no início do primeiro semestre, com fechamento de turmas, cessação de contratos de professores e finalização de projetos. Além disso, no início do segundo semestre houve um concurso de remoção de professores. Em virtude destas mudanças na organização da escola, os professores que anteriormente aceitaram trabalhar a temática não puderam mais, com exceção da professora de Arte. Apresentei a proposta para o novo professor de Química, que inicialmente ficou receoso em participar face às incertezas do novo cenário educacional do estado, mas posteriormente aceitou mesmo as atividades não sendo realizadas com todas as turmas de primeira série. A definição das turmas de trabalho deu-se a partir dos dias de aula do professor nas turmas, que deveriam coincidir com os dois dias da semana que eu podia estar na escola.

No período de reorganização da escola, reuni-me com a professora de Arte, que me apresentou alguns dos seus projetos e de seus colegas, como o projeto de elaboração de cordéis sobre a história do bairro proposto por ela com colaboração dos professores de Português, além do projeto Roda de leitura, realizado durante o recreio, baseado na literatura capixaba. Além destes, havia a proposição de realização de concurso entre os estudantes para elaboração da bandeira da escola com o intuito de lhe dar uma identidade. A partir destas reuniões, do contexto e projetos da escola e do tema desta pesquisa, propomos atividades com o objetivo de conhecer e/ou (re) construir a identidade cultural dos estudantes, da escola. Estas consistiram de oficinas temáticas, a saber: oficina sobre patrimônio cultural com aplicação de ficha de percepção acerca do patrimônio local; oficina de fotografia; oficina de tintas e oficina de conservação de papel, além de aula expositiva e dialogada sobre o tema e aula de campo no Centro Histórico de Vitória.

As atividades foram iniciadas a partir de junho de 2015 e realizadas com duas turmas de primeira série do ensino médio (aproximadamente 60 alunos), no turno matutino.

A primeira aula consistiu na minha apresentação como pesquisadora aos estudantes e distribuição do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO 1) para os seus responsáveis assinarem, caso concordassem com a participação

dos mesmos nas atividades. O professor das turmas e eu deixamos claro que: a) a colaboração com a pesquisa era voluntária; b) não assinar o termo de consentimento não significaria estar dispensado de realizar as atividades; c) só utilizaria como material de pesquisa as falas e respostas daqueles estudantes cujos responsáveis assinassem o termo; d) eles poderiam desistir da participação a qualquer momento; e) eu me comprometia a enviar aos interessados o trabalho final. Com o incentivo do professor, a maioria dos estudantes optou por participar. Conforme item b, os estudantes que não quiseram participar da pesquisa não foram dispensados das atividades, porém suas falas e respostas não foram utilizadas como material de pesquisa.

As oficinas foram realizadas em uma das aulas semanais de Química, conforme foi aberto espaço pelo professor e de acordo com a programação da escola, entre eventos, semanas de provas, recuperação trimestral e feriados. Na semana posterior à realização de cada oficina (em alguns casos, duas ou três semanas depois), foi aplicado questionário sobre questões discutidas durante a mesma.