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DESENVOLVIMENTO LOCAL NAS ACTIVIDADES DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS – AVALIAÇÃO E FUNÇÕES: O CASO DA

4.4. Recolha de dados

O desenvolvimento de um trabalho da natureza do que nos encontramos a realizar implica, como primeira operação, “conceber um instrumento capaz de produzir todas as informações adequadas e necessárias para testar as hipóteses enunciadas” (Quivy & Campenhoudt, 1992:165). Para se abordar a realidade social e recolher determinadas informações, é necessário recorrer ao uso de determinadas técnicas, que dependem do objecto de estudo, dos objectivos e dos recursos existentes. Segundo Quivy, a escolha das técnicas de observação deve ter em conta os objectivos da investigação, as características do campo de análise e a unidade de análise. (Quivy, 2003)

O presente estudo desenvolveu-se em duas fases que se complementam. Uma primeira de natureza mais exploratória e qualitativa e uma segunda, de natureza também qualitativa, mas com objectivos distintos.

A primeira fase da pesquisa consistiu, fundamentalmente, na análise documental, revisão bibliográfica, e entrevistas exploratórias semi-directivas. Este procedimento permitiu identificar, seleccionar e sistematizar a informação existente sobre a temática em estudo referente ao período em análise, quer do ponto de vista qualitativo, quer quantitativo (tendo em conta os dados estatísticos das actividades de EFA então realizadas pela ADPM). Esta fase foi essencial para definir o quadro conceptual de partida e reorienta-lo no sentido pretendido.

Em síntese, quer a análise documental (qualitativa e quantitativa) quer as entrevistas exploratórias, tiveram como objectivos: a) avaliar a pertinência do estudo; b) conhecer mais a fundo o objecto de estudo e aferir melhor as actividades de formação que a ADPM desenvolve e que poderá vir a desenvolver; c) desenvolver um trabalho exploratório com perguntas abertas, de forma a tomar as respostas obtidas como base para a construção de um sistema de opções de resposta mais pertinente quando da aplicação da entrevista definitiva, e planificar as fases seguintes.

122 A segunda fase, de carácter extensivo, foi suportada pelo trabalho desenvolvido na primeira. Ou seja, foi feito o aprofundamento teórico da problemática em estudo pelo confronto com o “real”, constituído pela análise documental e pelas entrevistas realizadas, que proporcionaram elementos fundamentais para a condução do estudo, para a construção e selecção da amostra e para a elaboração de um Guião de entrevista aplicado à mesma. A construção da entrevista não resultou da adaptação à problemática de qualquer um dos instrumentos consultado, sendo sim resultado de um processo de reflexão teórica. A sua estruturação fez-se de acordo com os objectivos específicos deste estudo, já apresentados.

4.4.1.Análise documental

Os espaços inicialmente previstos para efectuar a recolha de dados foram:

 Biblioteca José Saramago – Beja;

 Biblioteca da Escola Superior de Educação – Beja;

 Biblioteca do Instituto Politécnico de Beja;

 Biblioteca on-line;

 Biblioteca da Universidade do Algarve;

 Biblioteca Municipal de Mértola;

 Sede da ADPM – Mértola.

Temporalmente, a recolha de dados decorreu entre Novembro de 2008 e Abril de 2009, com uma actualização levada a cabo em Outubro de 2010.

4.4.2. As entrevistas exploratórias

Para melhor definir a problemática, sentiu-se a necessidade de efectuar entrevistas exploratórias, que “contribuem para descobrir os aspectos a ter em conta e alargam ou rectificam o campo de investigação das leituras” (Quivy e Campenhoudt, 1998:69), sendo estabelecida “uma verdadeira troca, durante a qual o interlocutor do investigador exprime as suas percepções de um acontecimento ou de uma situação, as suas interpretações ou as suas experiências” (Quivy, 2003:192), permitindo estabelecer um contacto directo entre o investigador e os entrevistados e recolher informações e componentes de reflexão que podem representar uma mais-valia para o estudo.

123 Segundo Quivy (2003b), cabe ao investigador a elaboração de perguntas abertas, bem como facilitar o diálogo, de modo a que o interlocutor não se disperse e se afaste dos objectivos da investigação. Utilizando esta metodologia, é possível recolher informação em profundidade e com a máxima validação (Quivy, 2003c).

No desenvolvimento do presente estudo, realizaram-se entrevistas a vários informantes- chave, de modo a compreender os objectivos a que o estudo se propõe, utilizando-se a entrevista semi-directiva. A escolha da entrevista semi-directiva prende-se com o facto de esta permitir obter profundidade no que concerne aos elementos de análise recolhidos, respeitando, simultaneamente os entrevistados, “os próprios quadros de referência – a sua linguagem e as suas categorias mentais” (Quivy, 2003:194).

Tendo em consideração todas estas premissas, iniciou-se a procura e identificação, no parque profissional, de indivíduos que reunissem as características necessárias para a obtenção da informação requerida e que demonstrassem disponibilidade para serem sujeitos à entrevista.

O único critério de escolha foi o facto de terem, de forma directa ou indirecta, participado/colaborado nas acções de carácter formativo promovidas pela ADPM. Assim, entrevistámos um membro de uma Junta de Freguesia, um professor ligado às questões da formação, um formando de uma outra entidade formadora (mas que também já tinha sido formando da ADPM), um dirigente associativo de uma entidade não formadora e um coordenador pedagógico de uma instituição de ensino superior ligado às questões da educação.

Para a realização da entrevista procedeu-se à elaboração de um guião95, que foi aplicado utilizando o comportamento sugerido por Quivy e Campenhoudt (1998). Procurando efectuar o menor número possível de perguntas, a formulação das intervenções do entrevistador foi efectuada da forma mais aberta possível, verificando-se o cuidado de facilitar a livre expressão do entrevistado:

“ (…) O investigador esforçar-se-á simplesmente por reencaminhar a entrevista para os objectivos cada vez que o entrevistado deles se afastar e por colocar as

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perguntas às quais o entrevistado não chega por si próprio no momento mais apropriado e de forma tão natural quanto possível (…) ” (Quivy, 2003:193).

As entrevistas foram previamente acordadas quanto à hora e ao local, desenrolando-se num ambiente e contexto adequados. Foram apresentados aos entrevistados os objectivos da entrevista, tendo os mesmos sido informados da duração provável e solicitado consentimento para gravar a entrevista em suporte “áudio”. Após o registo, foram colocados à disposição dos entrevistados todos os elementos colhidos ao longo da entrevista.

Com o objectivo de melhor conhecer a entidade, foi elaborado um Guião de Entrevista96, aplicado, de acordo com os procedimentos já referidos, ao “Responsável de Formação” da ADPM que é, simultaneamente, membro da Direcção e o elemento técnico com mais antiguidade na instituição.

As entrevistas permitiram delimitar o campo de acção, dando especial enfoque ao trabalho desenvolvido pela ADPM enquanto entidade formadora, observando o seu papel e funções. Permitiram ainda a constatação de que os profissionais de formação detêm – também eles – um manancial de informação relativamente à forma de actuação, funções e papéis da entidade.

4.4.3.As entrevistas

Na segunda fase de desenvolvimento do estudo, foi elaborado um Guião de Entrevista97, aplicado aos elementos da amostra.

O mesmo foi construído e aplicado de acordo com os procedimentos utilizados e referidos para as entrevistas exploratórias.