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Redes Sociais: A construção discursiva através do Facebook e do Twitter

TIPO DE CONTRATO SOCIAL

4 UM PROCESSO CHAMADO COMUNICAÇÃO

4.7 Redes Sociais: A construção discursiva através do Facebook e do Twitter

As transformações profundas que as TICs têm experimentado não afetam apenas questões de velocidade de transmissão de dados ou de abertura de novos canais de expressão, elas “introduzem mudançasqualitativas nas formas sócio-produtivas e da comunicação” (QUINTAR, 2007, p. 72). Na realidade das tecnologias atuais de informação e comunicação encontram-se como meras protagonistas as mídias sociais, que,nas palavras de Recuero (2011, p.14),

compreende um fenômeno complexo, que abarca o conjunto de novas tecnologias de comunicação mais participativas, mais rápidas e mais populares e as apropriações sociais que foram e que são geradas em torno dessas ferramentas.

A emergência de novas questões – como a inter-relação difusa entre as esferas pública e o privada, o surgimento de novas práticas sociais decorrentes desse “álter ego” virtual, formas alternativas de se estabelecer relações individuais e coletivas, construções identitárias a partir de redes de relacionamento, e, ao mesmo tempo, inovadoras formas de dominação – redesenham o cenário dos modelos tradicionais das estruturas sociais e geram instabilidade nos modos já conhecidos de interação social. Segundo Recuero (2011), destacada pesquisadora na área das transformações geradas pelas novas Tecnologias de Informação e Comunicação, a verdadeira mudança com a chegada das mídias sociais “está na

horizontalização do processo de constituição damídia que, ao contrário da chamada mídia de massa,distribuiu o poder de distribuição da mensagem” (RECUERO, 2011,p.15).

As redes sociais iniciaram novas formas de apropriação, circulação e organização da informação, “redes sociais tornaram‐se a novamídia, em cima da qual informação circula, é filtrada erepassada; conectada à conversação, onde é debatida,discutida e, assim, gera a possibilidade de novas formasde organização social baseadas em interesses dascoletividades” (RECUERO, 2011,p.16).

As novas tecnologias têm oferecido, além de novos canais de comunicação, a portabilidade e a mobilidade de acesso à informação e ao entretenimento. Smartphones, que tudo disponibilizam, acompanham-nos 24 horas por dia, dando acesso ilimitado às mídias (às velhas e às novas) e às redes sociais, outorgando a possibilidade de acesso à informação em tempo real e contribuindo para a consolidação do usuário como ele mesmo produtor de conteúdo ao ter em suas mãos um aparelho que lhe permite registrar e divulgar eventos a qualquer hora. Nunca as mídias estiveram tão onipresentes no lugar dos fatos. Se antes era preciso enviar alguém para fazer a cobertura de qualquer acontecimento, hoje todos os que estão por perto se transformam potencialmente em produtores e divulgadores de informação.

Como tem sido apresentado, nesta investigação nos ocuparemos de duas redes sociais: o Twitter e o Facebook, que foram as apostas fortes do movimento Vem pra rua nos trinta dias prévios à votação pelo impeachment na câmara de deputados, com o intuito de mobilizar as pessoas e pressionar os legisladores na votação.

4.7.1 O Twitter

O Twitter é um microblog, um espaço de comunicação onde o usuário pode se expressar em até 140 caracteres34, entrar em comunicação direta com outros usuários, compartilhar links de várias plataformas diferentes, retuitar postagens de outros, manter uma rede de seguidores e seguir outros tuiteiros do seu interesse. Por meio do Twitter também é possível transmitir vídeos ao vivo.

Essa ferramenta, alternativa aos meios de comunicação tradicionais, tem permitido que pessoas “inacessíveis”, como artistas, políticos e outros atores sociais de influencia, estejam de forma quase permanente se posicionando sobre diversos assuntos do acontecer cotidiano.

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Em 2015 a rede social do passarinho permitiu que no caso de mensagens diretas entre usuários possam se usar mais de 140 caracteres com o objetivo de que o Twitter possa concorrer com outras plataformas de troca de mensagens como Whatsapp.

Além de ser um espaço de expressão que permite que os seguidores enviem mensagens para esses “detentores privilegiados dos discursos”, por de alguns recursos próprios da ferramenta. A rede social Twitter não supera em quantidade outras plataformas, como Facebook ou Whatsapp, mas ela tem se destacado em alguns sentidos. O Twitter tem sido uma efetiva ferramenta de articulação de movimentos sociais em várias partes do mundo e continua a ser o caminho “oficial” de comunicação, em comparação a outras mídias sociais, dos detentores do poder na sociedade. As contas pessoais de figuras públicas costumam também ser o canal de comunicação para posicionamentos “oficiais”.

O Twitter foi fundado em 2006, nos Estados Unidos, por Jack Dorsey, Evan Williams e Biz Stone, como um projeto paralelo da Odeo (primeiro projeto de grupo com uma proposta de podcasting que não trouxe os resultados esperados). “A ideia surgiu de Dorsey durante uma reunião de discussão de ideias (brainstorming) em que ele falava sobre um serviço de troca de status, como um SMS”35. O Twitter rapidamente se espalhou para fora do solo americano. O Brasil é o terceiro “maior tuitador” do mundo, depois dos Estados Unidos e da Inglaterra, e o português a segunda língua mais falada na rede.36

A “rede do passarinho” investe em mudanças que ajudam a ferramenta a oferecer melhores serviços aos seus usuários. Em 2014, ficou disponível a consulta de estatísticas para todos os tuiteiros interessados, essa possibilidade só estava habilitada para algumas contas verificadas e para alguns anunciantes. As estatísticas contêm dados sobre atividade de um perfil e de seus seguidores, além de informações importantes sobrerelevância e alcance das postagens. O uso das hashtags facilita a medição dos assuntos mais comentados, além da realização de medições qualitativas e quantitativas sobre os discursos que giram em torno dos temas que ganham interesse coletivo.

4.7.2 Facebook: rede das redes

O Facebook é atualmente a rede social mais popular do planeta, só no Brasil, como mencionamos, 83% dos usuários de internet usam essa rede social37, representando

35

Disponível em: <http://www.tecmundo.com.br/rede-social/3667-a-historia-do-twitter.htm>. Acessado em: 3 jul. 2015.

36 Disponível em: <http://www.tecmundo.com.br/rede-social/3667-a-historia-do-twitter.htm>. Acessado em: 3

jul. 2014.

37 Disponível em: <http://www.secom.gov.br/atuacao/pesquisa/lista-de-pesquisas-quantitativas-e-qualitativas-de-

111.000.000 (cento e onze milhões) de brasileiros38. A rede surgiu em 2004, nos Estados Unidos, como uma rede interna da universidade de Harvard, com o objetivo de colocar as fotos dos estudantes e socializar entre eles. Criada por Marc Zuckerberg, rapidamente se estendeu a outras universidades e pouco tempo depois foi liberada a criação de contas para o público geral. O crescimento tem sido exponencial e os lucros bilionários. A equipe de Zuckenberg não para de inovar e criar aplicativos e ferramentas que mantenham os usuários cada vez mais tempo navegando. Os usuários de facebook criam seu perfil pessoal e, a partir dele, podem compartilhar informações nos mais diversos formatos, assim como visitar outros perfis e interagir neles. O Facebook tem demonstrado também ser uma excelente ferramenta de marketing, utilizada por empresas e instituições das mais diversas índoles. No caso do grupo Vem pra rua, tem sido uma das apostas mais fortes, permanecendo sempre atualizada e com uma comunicação estrategicamente planejada. Sobre as estratégicas discursivas nos estenderemos no capítulo de análise (cf. capítulo V).

38 Fonte: Owloo, ferramenta de análise e estatística de redes sociais. Disponível em:

5 ACONSTRUÇÃO DE SENTIDO NAS MÍDIAS E REDES SOCIAIS DO