• Nenhum resultado encontrado

Quase a terminar este “curto” estágio em creche, é importante refletir sobre o papel do educador no desenvolvimento harmonioso da criança. Durante esta semana reparei que uma das crianças da nossa sala, a que mais recentemente se juntou ao grupo, andava mais alegre, mais sociável, interagia mais com os colegas do que em todas as semanas anteriores. Antes, a criança procurava sempre o colo e raramente brincava, (quando as estagiárias a incentivavam a ir brincar, em vez de estar constantemente sentada aos nossos colos), ela começava a chorar “vigorosamente” e não ia ter com os colegas. Mas esta semana, embora procurasse o colo, isso aconteceu menos vezes e, quando as estagiárias a incentivavam a ir brincar, ela ia e sorria com mais facilidade, falava mais e estava muito bem-disposta. Foi uma mudança notável.

A alteração no comportamento desta criança fez-me refletir sobre o que teria acontecido para que aquela criança mudasse tanto. Talvez a fase mais difícil da sua adaptação já tivesse sido ultrapassada, (já passou um mês desde que entrou no grupo) e neste momento, pode estar a sentir-se mais estável e segura. Por outro lado, penso que a boa elação que se foi desenvolvendo entre as estagiárias e a criança também lhe foi dando maior confiança e segurança.

Esta criança mostrava-se frágil e pareceu-nos ter défice de atenção, e, nestas circunstâncias achámos importante confortá-la e também apoiá-la nos seus medos para que ela ganhasse confiança a fim de explorar o que a rodeia. Isto está intimamente relacionado com o vínculo entre criança e o cuidador, ela precisa de segurança e confiança para avançar sem receios, em vez de estar sempre refugiada nos colos dos adultos. Em relação à adaptação e insegurança da criança, Equipa Pim e Tito (2011: 24) afirma “O educador constituirá um pilar básico no êxito da adaptação, pois tornar-se-á o modelo adulto que irá substituir os pais neste contexto de creche. Assim sendo, devemos tentar criar um vínculo afetivo com a criança, que a ajudará a sentir-se segura e confiante.”

Há ainda outra criança que tem demonstrado comportamentos mais agressivos para com os colegas. Ora puxa os cabelos, ora bate com objetos que tenha à mão, ora morde. Esta

78 criança também tem vindo a mudar o seu comportamento, mas de uma maneira negativa. No início era a criança mais calma do grupo e pouco se incomodava quando os colegas se metiam com ela. Pensamos que talvez isto se relacione com fases do desenvolvimento da própria criança. Esta criança passa por fases em que não consegue gerir os seus sentimentos, sendo a agressividade a maneira “escolhida” para se exprimir, libertando assim as suas “frustrações”. Perante estas situações menos positivas, procuro alertar a criança através do diálogo, mostrando-lhe que não foi correto e que o colega não gostou. É importante que o educador mostre à criança os seus sentimentos e que não os omita ou os finja, pois a criança deve perceber que uma pessoa verdadeira tem inúmeros sentimentos, zanga-se, alegra-se, irrita-se, entristece-se, etc. No entanto, é fundamental ter em conta que tudo o que se transmite deve ser de um modo equilibrado para que a criança perceba os seus limites e regras. Calegari citada por Brandão (2011) refere “A criança pequena não tem competência cognitiva para trabalhar a frustração. Ela agride para se defender do que sente e não entende aquilo como uma agressão. É instintivo”. Brandão (2011) prossegue afirmando “Com o tempo e a educação que recebe, a criança aprende a transformar essa raiva em um comportamento aceite pela sociedade. Descobre uma maneira, uma válvula de escape para lidar com as frustrações, assim como nós adultos fazemos na maioria das vezes.”

No que respeita às atividades de expressão plástica esta semana pude constatar que as crianças reagiram melhor às atividades relacionadas com estampagens ou contornos (das mãos, por exemplo), do que às atividades de cariz sensorial, (como a que envolveu a exploração da espuma de barbear). Três das seis crianças presentes nessa atividade rejeitaram fazê-la, tendo esta que ser adaptada. Ao invés das crianças explorarem a espuma com as mãos, as crianças preferiram fazê-lo com o pincel quando este lhes foi oferecido, pois foram incentivados a começar a atividade sem ele estar à sua vista. Contudo, uma vez que não estavam a querer desenvolver a atividade, tomei a decisão de os motivar com a utilização do pincel.

No que toca aos momentos da rotina noto grande evolução na autonomia das crianças, sobretudo no que toca às refeições (ao comerem sozinhos) e mesmo na higiene, ao tentarem lavar as mãos esfregando uma na outra, observando as bolhas do sabão nas mãos. Tivemos oportunidade de verificar que ao longo de todas estas semanas, a evolução nas crianças foi muito grande. Praticamente nenhuma criança no grupo andava e agora já todos o fazem, conseguem segurar com alguma destreza os copos da água,

79 conseguem fazer jogos de encaixe, conseguem produzir alguns vocábulos como “dá” ou “papá”. Porém, este é o campo em que a maioria das crianças apresenta menos evolução, a nível linguístico apenas uma criança fala de modo percetível e responde às questões dos adultos. De acordo com Cordeiro (2012, p.315) “Como são muitos os mecanismos envolvidos na fala: audição, processamento cerebral, funções neurológicas, funcionamento dos músculos, articulações, laringe e faringe, língua, dentes, etc., pode haver diversas razões para uma criança não falar. A estes fatores acresce a necessidade de um ambiente afetivo.”

Esta semana resolvemos aplicar modificações na avaliação. Estruturámos de modo diferente as nossas perguntas para que não fossem tão fechadas e passassem a ser mais abertas devido ao facto de acharmos que não estávamos a avaliar do melhor modo. Esta mudança possibilitou a descrição das várias ações das crianças. No entanto, sentimos que estamos a regredir, no que toca ao modo de avaliar, pois sentimos que estamos a descrever e a tornar maçador o texto para quem lê e para quem escreve. Fico assim, um pouco periclitante perante os modos de avaliar, não me sentido satisfeita neste aspeto tão importante para a educação.

Referências bibliográficas:

Brandão, M. (2011). Como lidar com a agressividade infantil. http://bebe.abril.com.br/materia/como-lidar-com-a-agressividade-infantil (Acedido em 19/12/2014). 2011.

Tito, E. P. (2011). Projeto criativo para creche. São Domingos de Rana: Mundicultura LDA.p. 24.

Cordeiro, M. (2012). O livro da criança do 1 aos 5 anos. (6.ª ed.) Lisboa: A esfera dos livros. p. 315.

80

ANEXO 3 – 7.ª REFLEXÃO – JARDIM-DE-INFÂNCIA