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A 13.ª semana de intervenção incluiu as festividades do dia da criança e também a visita de uma apicultora da Associação de Apicultores de Leiria. Foi uma semana um pouco mais curta devido às festividades, mas ainda assim deu para vivenciar novas experiências, retirando sempre aprendizagens das mesmas, umas correram bem, outras menos bem, como vou referindo ao longo da reflexão.

Na terça-feira realizei com as crianças uma experiência, também relacionada com o nosso projeto, pois envolvia mel. A experiência consistia em juntar num só frasco de vidro, vários líquidos com densidades distintas, de modo a verificar se se misturavam ou se formavam camadas distintas, uns sobre os outros. Apresentei às crianças mel, água com corante azul e óleo alimentar. E antes de juntar todos os líquidos ia questionando- as se eles se misturavam, se deixávamos de ver o mel, a água ou o óleo. Praticamente todas me responderam que eles se iam misturar. Foi aí que coloquei sobre o mel, a água com corante e logo ali criaram-se duas camadas distintas. Pedi às crianças que as mexessem com uma colher, para elas verificarem que mesmo ao serem mexidos, os líquidos não se misturavam. De seguida perguntei se ao colocar o óleo ele iria misturar- se ou iria ficar em camada como os anteriores. Aí algumas crianças responderam que se misturavam e outras já disseram que isso não ia acontecer. Ao ser colocado o óleo junto à água e ao mel, as crianças ficaram surpresas e quando voltaram a mexer os líquidos, verificaram de novo que não se misturavam. Perguntei porque é que isso acontecia, porque é que o mel ficava em baixo e água ficava sobre o mel ou o óleo sobre água, e uma das crianças mais velhas logo me disse “O mel fica em baixo porque é mais pesado” (R., 6 anos). Eu corrigi “Sim, é mais denso”. Ao longo da experiência tive a perceção de que as crianças estavam muito interessadas e sobretudo fascinadas com aqueles factos científicos, que por mais que mexessem os líquidos, eles continuavam sempre insolúveis. Após estarem os três líquidos sobrepostos, as crianças iam propondo sugestões, como “então e agora se pusermos mais mel ele fica cá em cima?” ou “Se pusermos mais água ela vai ao fundo?”. E de modo a colaborar na colocação de questões, dúvidas e participações interessadas, dei-lhes a oportunidade de colocarem mais um pouco de mel para elas o verem a passar as duas camadas superiores e a juntar- se ao mel que já se encontrava no fundo do frasco. O mesmo aconteceu com a água, as

87 crianças colocaram um pouco mais de água com corante junto às três camadas e elas verificaram que a água atravessava o óleo e ia juntar-se à restante água. No final, após todas as hipóteses testadas, as crianças registaram sobre a forma de desenho, aquilo que o frasco apresentava, ou seja, as três camadas dos líquidos sobrepostas. Foi visível o interesse e a participação das crianças no decorrer da experiência, o que constituiu um prazer significativo para elas, mas também para mim, transmitindo-me mais confiança naquilo que estava a fazer. De acordo com Zabala e Arnau (2007, citado por Martins et al, 2009) “Assumindo-se que, em idade pré-escolar, as crianças estão predispostas para aprendizagens de ciências, cabe aos(às) educadores(as) conceber e dinamizar actividades promotoras de literacia científica, com vista ao desenvolvimento de cidadãos mais competentes nas suas dimensões pessoal, interpessoal, social e profissional”. Como referem os autores, cabe aos educadores proporcionarem estes momentos científicos às crianças, já que estas têm capacidades para os compreender e demonstram muito interesse neles, como foi o caso da experiência que relatei anteriormente.

Na terça-feira à tarde, após a leitura e exploração da história desse dia, resolvemos ensinar-lhes um excerto da música da abelha Maia. Para que esta lhes fosse mais familiar, sugeri que a adaptássemos e substituíssemos o nome Maia por Mel, que é o nome do nosso fantoche de luva da sala. No entanto, esta proposta não correu tão bem como a anterior referida, pois as crianças não estavam a mostrar entusiasmo nem motivação em aprender a música. E após refletir um pouco sobre a situação, logo concluí que me excedi na exploração da história, levando as crianças a ficarem muito tempo sentadas no tapete, e deste modo já não possuíam atenção nem interesse suficientes para dinamizar a canção. Com esta vivência aprendi que nem sempre é necessário explorar intensamente as histórias, sobretudo se depois existem atividades que implicam continuar no tapete sentadas. Há que ter consciência do tempo que cada proposta implica, para não sujeitar as crianças a estarem muito tempo sentadas, sobretudo nesta altura do ano em que estão excessivamente cansadas.

Na quarta-feira desta semana recebemos na “nossa” sala a visita de uma apicultora pertencente à associação de apicultores de Leiria. Com esta participação, nós e as crianças, ouvimos informações das quais já tínhamos conhecimento, mas sobretudo pudemos ficar a conhecer novos factos sobre as abelhas. Segundo Katz, Ruivo, Silva & Vasconcelos (1998) “O educador pode também alargar a diversidade do processo

88 interativo, apelando para a participação de outros adultos da instituição e da comunidade que possam enriquecer o projecto com as suas contribuições” (p.101). A informação que mais foi ressaltada pelas crianças foi o facto de existirem vários tipos de mel, devido à origem do pólen ser de diferentes flores. A apicultora levou dois frascos de mel, cada uma com um tipo de mel diferente, um com uma tonalidade escura e outro com tonalidade mais clara, e explicou que isto acontecia pois o mel era feito com o pólen de diferentes plantas. Também levou um exemplo de cera e um frasco de pólen que são produzidos por estes insetos e, ficámos a saber que este último, serve para a alimentação dos seres humanos. Também descobrimos que o mel tem um grande efeito de cicatrização sobre várias feridas. Esta partilha de experiências e de conhecimentos foi muito benéfica para as crianças que contactaram com novos saberes adquirindo também novo vocabulário.

Em suma, esta semana foi muito mais positiva para mim, no sentido em que correu significativamente melhor. A minha postura e atitudes são outras e consigo estar mais à vontade e mais segura com as crianças. Agora, que apenas faltam duas semanas do final, já estava a interiorizar este ritmo, contudo entretanto já acaba. Sinto que há muito que aprender e sinto muita necessidade de fazer observação ainda em contexto de jardim-de-infância, pois tivemos muito pouca oportunidade de o fazer neste ano letivo.

Referências bibliográficas:

Katz, L., Ruivo, J., Silva, M. & Vasconcelos, T. (1998). Qualidade e Projecto na Educação Pré-escolar. Lisboa: Ministério da Educação.

Martins, I. et al. (2009). Despertar para a Ciência : actividades dos 3 aos 6. Lisboa: Ministério da Educação.

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