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A Escola de Logosofia se caracteriza e distingue pela qualidade dos ensi- namentos que ministra. Eles são únicos em sua essência e oferecem, às gerações atuais e do futuro, possibilidades incalculáveis de superação. Atualmente, não existe no mundo nenhuma outra escola similar a esta. Pela índole dos conhecimentos que difunde, de tão vital importância para a vida, o ensinamento é ativo e requer uma constante atenção docente. Não se reduz a uma mera aprendizagem especulativa, nem é possível, com uma simples leitura dos textos publicados ou dos que venham a sê- lo, compreender e assimilar o conteúdo específico de tais conhecimentos.

O investigador logosófico, cujo labor principal deve ser o aproveita- mento total da substância mental viva desse conteúdo, não pode por si só, sem o auxílio da palavra mestra que guia o entendimento, absorver esse saber profundo, cuja força extraordinária tantos já experimenta- ram, sobretudo quanto à sua virtude de ampliar a vida em direção a horizontes tão vastos e que tanta atração exercem na natureza psi- cológica de todos os que sentiram sua realidade imanente.

Muitas vezes já dissemos o seguinte: a Escola de Logosofia é emi- nentemente experimental, pois leva a experiência a todos os campos da atividade humana. Isso quer dizer que o pensamento-mãe, cuja po- tencialidade e fecundidade germinativa se manifesta numa exuberante proliferação de pensamentos, não corre o perigo de se extinguir no es- téril campo teórico ou especulativo. O conhecimento logosófico é es- sencialmente prático, e cada um deve aplicá-lo à própria vida e, por lógica conseqüência, a toda e qualquer atividade que diariamente de- senvolva. Entretanto, antes deve realizar uma sólida preparação, em- pregando em prol do melhoramento individual todos os elementos propiciados por este saber.

A Logosofia utiliza com freqüência, como um de seus mais eficazes meios pedagógicos, a apresentação de imagens mentais - claras, pene- trantes, de um grande valor didático. Essas imagens facilitam em sumo grau a compreensão de temas de observação e estudo, permitindo uma rápida absorção do conhecimento. Vamos apresentar a seguir uma delas, para melhor ilustração, a fim de que o investigador logosófico extraia a parte vital de seu conteúdo.

A psicologia humana é semelhante a um desses relógios ordinários que não chegam a funcionar bem dois dias, que se atrasam, se adiantam ou param, a corda salta fora ou as engrenagens se desregulam.

Fácil é perceber em muitos seres, ao começarem sua preparação logosó- fica, a série de imperfeições que aparecem no mecanismo desse reló- gio. O curioso é que seus donos não demonstram notar isso, e até pen- sam que ele funciona com toda a perfeição. Só mesmo quando se lhes mostra o estado em que se acham, bem como as irregularidades de seu funcionamento, é que parecem despertar para a realidade. Esqueceram, e nisto toda a humanidade se inclui, que, quando o homem foi criado, se fez necessário engastar em seu ser um magnífico maquinismo, uma espécie, digamos, de relógio psicológico, e, quando isso se consumou, foi-lhe dito que ele marcaria todas as horas de sua existência, contro- laria todos os seus pensamentos e atos e, resumindo, registraria tudo o que ocorresse no curso de sua vida.

O homem reproduziu-se no mundo, não passando muito tempo para aquele pronunciamento se apagar de sua memória, e ele chegou até a ig- norar, quase que completamente, a existência dentro de si de semelhante mecanismo. Houve os que conservaram por mais tempo a regularidade de seu funcionamento, mas depois, atiçados pela curiosidade, começaram a trocar as diferentes peças de sua engrenagem, até avariá-lo. A que correspon- dia à reflexão foi trocada pela da imaginação; a do entendimento, pela da intuição; e esta, pela do instinto. Desengrenou-se a vontade, deixada a funcionar ao sabor das circunstâncias, e houve também os que fizeram saltar a corda do relógio, representada pela razão.

Por isso se compreenderá que, deixando o relógio de andar por causa dos defeitos, não podia registrar as horas, as quais continham

implicitamente o resumo de todas as atuações. Acontecia, então, que uma grande parte da vida ficava apagada, com sua conseqüente desvalo- rização. Não é isso o que ocorre, porventura, com quem passa a maior parte do tempo sem fazer nada? Que fatos importantes ficam registra- dos durante esse período de inércia? A vida se torna vegetativa e es- téril, e, a menos que necessidades imperiosas obriguem a pôr o relógio psicológico em movimento, ele não andará.

Entretanto, assim como não se pode pensar que o simples fato de pôr a funcionar o relógio que ficou defeituoso seja suficiente para as- segurar a continuidade desse funcionamento, tampouco se pode ad- mitir que o fato de que um ser nessas condições se decida a trabalhar dê segurança sobre a continuação do trabalho.

O relógio em questão marcará as horas com bastante atraso, mesmo que muitos providenciem para que as horas do lanche, do almoço e do jantar sejam marcadas com toda a precisão, o que não é muito difícil, pois os que fazem isso vêem bem nítidas essas horas, estejam os pon- teiros juntos, separados ou andando em sentido contrário.

Outra coisa é quando se quer realmente encaminhar a vida rumo a horizontes mais amplos. Não é possível encarar o problema da superação integral de si mesmo se não se começa por estudar, até conhecê-las bem a fundo, as minúsculas peças que compõem esse admirável mecanismo que condiciona o tempo ao serviço da inteligência. Isso, naturalmente, requer um alto grau de cultivo da paciência, enquanto se pratica e adquire o domínio sobre o hábito de concentrar a atenção no objetivo que a solicita de modo preferencial.

Dissemos que a corda se chama razão; por conseguinte, é necessário não esquecer de dar corda ao relógio todos os dias; noutras palavras, fazer a razão andar no horário, sincronizando-a com os movimentos da inteligên- cia. Se ela se atrasa, de que servirá levar o relógio na mão, no bolso, ou dentro da mente? É justamente a razão que impulsiona toda a engrena- gem e que deve manter uma coordenação perfeita do mecanismo, e é tam- bém ela que determina a verdade do tempo na esfera mental, na qual se verifica o registro das ações e dos pensamentos que documentam a vida.

relógio psicológico e ainda conseguir que lhe seja possível transformá- lo totalmente. Então se terá um cronômetro de alta precisão, e bem sa- bemos quanto vale um e quão poucos o possuem.

Quem conhecer o mecanismo do relógio em questão poderá detectar de imediato qualquer deficiência em seu funcionamento, estando, por- tanto, facultado para corrigi-la. Esse conhecimento lhe conferirá, por seu turno, o dom de penetração suficiente para conhecer como funcio- nam os relógios dos demais e para perceber, sem nenhuma dificul- dade, o estado mental de seus donos.