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Um dos ensinamentos logosóficos que assumem extraordinário valor para a vida humana é o que trata da estratégia mental. Seu enunciado basta para deduzir a importância de que se reveste tão original conhecimento.

Uma vez que o mundo é um imenso campo destinado à vida do homem, e uma vez que esta vida, ao ingressar nele, se converte numa constante luta, nada mais oportuno se pode aconselhar que o concer- nente à estratégia mental, para que cada um, ao praticá-la num severo e constante treinamento, possa triunfar sem nenhum tipo de dúvida.

Situando-se no ângulo mais lógico das próprias perspectivas, e fa- zendo um cômputo do que já se tenha realizado, cada um poderá ver o que, nesse momento, abarca sua capacidade de empresa no plano ime- diato e nos subseqüentes do seu porvir.

Como consideramos que esta concepção é totalmente nova para a maioria, vamos dizer em que ela consiste, mas antes devemos convir que é geral e - até nos atreveríamos a dizer - quase absoluta a desori- entação que existe na esfera humana com respeito a como haverão de ser encarados e resolvidos os problemas que continuamente sur- gem na vida de relação, com os quais sucede o mesmo que aos resfri- ados e à gripe: cada vez que estes nos visitam, com seus conse- qüentes incômodos, perguntamos como devem ser curados, ainda que centenas de vezes se tenham hospedado em nosso corpo e os tenhamos expulsado.

Em tais condições, a mente é incapaz de esboçar planejamentos que abarquem zonas de projeção propícias para o desenvolvimento de atividades que, ao convergirem, encontrem assegurada a culminação feliz dos movimentos que a inteligência deverá efetuar para levar a cabo os objetivos que o homem se propôs atingir.

Devemos expressar que a estratégia mental abarca todo o conjunto das atividades humanas. A estratégia militar, por exemplo, teve sua origem num setor da mente, aquele em que tiveram de ser elaborados os planos específicos das armas, o que ocorre, digamos, primeiro na mente do Estado Maior, sendo esses planos depois trasladados à mente do Chefe de Estado, que, por sua vez, deve combiná-los com a estraté- gia que concebeu no campo diplomático e, também, no terreno da economia e da política.

Disso claramente se deduz que, enquanto uns limitam a estratégia mental a uma só especialidade, ocupando com ela toda a mente, outros só distraem a atenção de uma parte dela, deixando livre a zona mental restante, para que seja utilizada em preocupações que podem ser múl- tiplas, segundo seja o grau de capacidade.

Para o profissional, o comerciante, o industrial, etc., cujas ocupações constituem o grande objetivo da vida, é natural que a órbita mental se reduza a satisfazer esse único objetivo. E, apesar de não existir neles o menor sinal de conhecimento sobre o verdadeiro conteúdo da estraté- gia mental, observa-se um acentuado esforço para se colocarem no ter- reno das melhores probabilidades de êxito, o que significa que a ex- periência, com o conjunto de reações que ela traz consigo, os move por meio das contínuas fases que apresenta na luta para fazer a re- flexão intervir mais amiúde e corrigir, enquanto se consolidam e am- pliam os acertos, tudo quanto constitui motivo de dificuldade.

Isso quer dizer que, nesse caso, tiveram de intervir múltiplos fatores para fazer com que as pessoas do exemplo dado se decidissem a modi- ficar uma e mais vezes seus projetos, já que, mesmo que tivessem estudado e analisado as variadas formas de sua realização, ao levá-los à prática haveriam de ver que existia uma distância apreciável entre aqueles e a realidade. Contudo, dentro de tal limitação, e até sem saber disso, aplicaram, muito deficientemente por certo, algumas normas da estratégia mental.

Para conceber uma estratégia que abarque os múltiplos movimentos inteligentes requeridos por toda uma vida de consagração ao bem e ao cultivo das faculdades para alcançar altos ideais, será sempre

necessário, em princípio, ser um bom estrategista, e, para isso, a própria importância do fato que apontamos exige um lógico processo de adestramento e capacitação, que deverá ser realizado progressiva- mente, à semelhança do que ocorre na carreira militar.

O homem e a mulher que, inconformados com as perspectivas que a vida lhes apresenta, aspiram a dilatar o estreito horizonte de seu fu- turo, devem começar por ordenar seus pensamentos e disciplinar-se no sentido mais amplo da palavra. As oportunidades não podiam ser maiores, mais variadas e numerosas do que são para aqueles que preferem o caminho do esforço inteligente, útil e construtivo. De cada um de- pende, pois, a escolha de seu futuro.

A Logosofia, ao descobrir ao entendimento do homem chaves total- mente ignoradas por ele, proporciona originais e extraordinários meios de ilustração para conduzir a vida rumo a horizontes mais amplos e dignos do gênero humano.

Vamos apresentar, agora, algumas imagens curiosas, que deverão ser tomadas como figuras de alto sentido e valor pedagógico, já que sua fi- nalidade é facilitar, para o entendimento, uma rápida compreensão do conteúdo que encerram.

É muito comum o encontro de um logósofo com pessoas de certa cul- tura que, quando se lhes fala desses conhecimentos, ainda que a origi- nalidade e a força sugestiva deles não escapem à sua perspicácia, põem de lado seu interesse e manifestam que estão satisfeitas com o que já puderam admitir de tudo o que deu motivo à sua especulação intelectu- al. Do ponto de vista do logósofo, essas pessoas podem figurar, no quadro dos estudos psicológicos, como as de posições já tomadas e de caráter visivelmente dogmático, que dão a sensação de estarem en- trincheiradas nos respectivos pontos fortes. Aqui, o logósofo inteligente deve atuar com a maior prudência, evidenciando uma grande habilidade no manejo dos conhecimentos com os quais pensa despertar o interesse de tais pessoas, sem expor esses pensamentos ao massacre sob o fogo cerrado que elas haverão de abrir de suas trincheiras.

As circunstâncias exigem que o logósofo seja cientista no campo da ciência, filósofo no da filosofia, político no da política, e assim, suces-

sivamente, nos demais ramos do saber humano, já que primeiramente deve demonstrar a igualdade de condições nos nobres duelos que as situações haverão de deparar-lhe, em sua árdua luta para fazer valer, com todo o vigor da lógica e do acerto, suas profundas convicções. É ali, precisamente, durante essas ações de alta difusão dos conhecimentos logosóficos, que ele terá de demonstrar sua perícia e sua idoneidade, a fim de provar seus elevados propósitos de bem. O empenho inteligente, perseverante, discreto, e o uso de uma paciência construtiva e benigna sempre haverão de ser fatores determinantes de seus triunfos

É indubitável que tão generosa expansão do espírito não deve em momento algum ser atraiçoada pela menor ostentação de suficiência ou superioridade. A excessiva estimação de si mesmo perturba a in- teireza, muitas vezes em prejuízo da própria dignidade, e a Logosofia observa que, sob o influxo dessa espécie de embriaguez moral e psíquica, sem querer se pervertem os melhores sentimentos.

Pois bem; se conceituamos a mente como a cidadela principal de nosso mundo microcósmico, deveremos optar por estabelecer uma es- pécie de pequeno campo de manobras, onde um grande número de pensamentos deverá se alistar, os quais, por obra de nossa vontade no exercício das faculdades que a inteligência lhe concede, se transfor- marão em verdadeiros soldados da mente. E lógico é pensar que estes deverão ser incorporados a diversos regimentos, tal como nas institu- ições militares. Assim, uns pertencerão à atividade científica, outros à social, à política, à industrial, etc., ordenados de forma tal que não haja mútuas interferências.

Sendo isso parte da estratégia mental, cada um efetuará rápidas manobras de adestramento, seja neste ou naquele setor em que, por preferência ou por obrigação, deva fazer incursões. Tal sistema de ca- pacitação permitirá intervir com vantagens e acertos em qualquer dos campos em que cada um atue.

Quantas vezes já se pôde observar - é bom ressaltar - que, no terreno da discussão franca e amiga, aparecem deficiências que provam a falta de preparação. Por tal causa é que insistimos em manter, dentro da mente - sempre que for possível, é claro -, exércitos disciplinados de

pensamentos que estejam a todo o momento prontos para entrar em ação. As vantagens que essa disciplina oferece não tardam muito a se manifestar na consciência do ser. Entretanto, como se pode conseguir um pleno domínio de si mesmo, se antes não foram dominados, no campo mental e psicológico, os pensamentos rebeldes que atentam constantemente contra o equilíbrio do próprio juízo e da própria con- duta? Vejam-se as inestimáveis prerrogativas que se abrem à alma hu- mana ao contato com estes conhecimentos que fluem, com força in- contível, de princípios que têm sua sede nas mais fecundas con- cepções da inteligência. O homem em plena evolução consciente pode, pois, fazer de sua mente um campo fértil para as altas mani- festações da inteligência no plano da estratégia mental.

Estamos vivendo uma época em que se haverão de experimentar no mundo mudanças fundamentais em todas as ordens da vida humana.* A Logosofia é, precisamente, uma nova concepção para a vida do fu- turo, e os conhecimentos que ela contém servirão, sem lugar a dúvida, aos homens chamados a reconstruir o mundo, como auxiliares pre- eminentes e necessários ao cumprimento de tão alto e humanitário labor.