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A Logosofia desde o princípio tem afirmado que todo conhecimento adquirido, quando não é usado com freqüência, perde pouco a pouco a força de seu poder construtivo. Em geral, esse conhecimento é es- quecido, e todo conhecimento que se esquece é como o capital que se gasta sem utilidade alguma. Ao contrário, quando o conhecimento é utilizado assiduamente, chega-se a ter dele um domínio tal que per- mite aumentar as possibilidades de influência pessoal nos campos em que se atue. E não há dúvida que quanto melhor for o uso que dele se fizer e mais elevados e nobres os fins a que seja destinado, tanto maior será o volume em capacidade de inteligência, discrição e sensatez de quem souber manejá-lo.

Se levarmos nossa observação ao campo mais comum das atividades humanas, o econômico, no qual é necessário que todos façam uso freqüente dos números para poderem desenvolver-se com alguma eficácia em suas ocupações habituais, veremos que a utilização do cálculo aritmético se torna sumamente difícil se não é exercitado amiúde, pelas mil combinações que se devem fazer para encontrar a solução conveniente a todas as operações de números que se queira efetuar, as quais alcançam desde a mais simples, de uso cor- rente, até aquelas que dizem respeito às mais altas finanças, passan- do por toda a escala de atividades em que os números ocupam uma posição predominante. A esse respeito, a Logosofia expressa que os números são como os animais selvagens, aos quais é necessário amansar para que prestem docilmente todo serviço útil e todo auxílio que deles cabe esperar, tal como se consegue fazer em relação aos animais domésticos, dos quais o homem se serve para satisfazer muitas exigências da vida.

Pois bem; como podemos dominar os números? De uma forma sim- ples, tal como dominamos os animais; e, depois do primeiro esforço realizado para conquistá-los, devemos trazê-los sempre sob vigilância, ao nosso lado, ou seja, sujeitos a constante cuidado. Quanto ao cão, por exemplo, que ontem era um animal temível e que hoje, já dócil a seu dono, faz a guarda da casa, deve-se acariciá-lo com freqüência e brincar diariamente com ele por alguns instantes, para que, ao ver que lhe dispensam cuidados e festas, seja cada dia mais fiel. Do contrário, haverá perigo de que o animal, atraído pelo bom trato que lhe poderi- am dar pessoas alheias à casa, diminuísse sua lealdade ao amo, pois o cachorro, que não tem discernimento, apreciaria mais, como é natural, as manifestações de carinho dos estranhos que a indiferença de seu dono. Portanto, a carícia do patrão é indispensável para que o reconheci- mento do animal seja efetivo e, por instinto, compreenda que deve a ele todos os cuidados que recebe na casa, inclusive a alimentação, que, por certo, não lhe é dada por estranhos.

Se, deixando de lado o cão, observamos o cavalo, vemos que este se ressente quando seu dono, por alguma circunstância, deixa de atendê- lo como de costume. De muitas maneiras dá a entender isso, e muito rapidamente se dissipa sua contrariedade se percebe que as mesmas manifestações de carinho de antes voltam a ser-lhe dispensadas.

No caso dos números, será necessário termos isso presente e dedicar- lhes uma constante atenção, a fim de que se familiarizem com as nos- sas necessidades e preocupações. Assim, a dedicação de um pequeno espaço de tempo diário ao treinamento matemático, efetuando cálcu- los mentais, operações de porcentagem e equações aritméticas de toda espécie, dará por resultado o automatismo mental, que se produz pela repetição assídua, que fixa o conhecimento dos números e permite manejá-los com facilidade e rapidez.

Este princípio, ou lei, pode logicamente ser aplicado a todos os conheci- mentos, já que leva a manter vivo e ativo o domínio sobre eles, sejam de que índole forem. A todos se deve oferecer o carinho que requerem, para que eles, por sua vez, se ofereçam sem esquivança à recordação. Não basta servir-se deles uma vez e depois pô-los a um canto da

mente, pois se corre o risco de esquecê-los por completo. Se de um conhecimento, qualquer que seja, extraímos um bem, o menos que podemos fazer em retribuição será conservá-lo na memória, como um ato de gratidão a esse conhecimento, ao que ele significou para nós, quando o adquirimos, e a tudo que contribuiu para que ele viesse a fazer parte de nosso domínio mental.

Com freqüência se ouve dizer: “Eu ando muito esquecido disso ou daquilo”, quer se trate de idiomas, de música, quer de qualquer outra atividade que a inteligência desenvolva. De que serve então o que se aprendeu, se logo será olvidado? Por acaso se abandona o cultivo da terra pelo fato de se haver feito a primeira colheita? Não, porque o campo se encherá de plantas daninhas, que depois custará muito extir- par, caso se queira obter dele o que antes se obteve. Assim, pois, no campo mental deveremos proceder tendo isso em conta, sem esquecer o que ele pode produzir se não nos descuidamos um só instante da atenção aos cultivos que a inteligência pode nele realizar.

Esta técnica sugere a cada um a conveniência de promover em si mesmo uma revisão constante do próprio saber, a fim de conhecer até onde este se estende, e quem aspire a mais deverá proceder à ampli- ação do limite de seus domínios, por meio do cultivo de suas facul- dades e da maior potência de seu entendimento.

A SUPERAÇÃO

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