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Relação entre as Representações de Vinculação, o Desenvolvimento, as Competências Sociais, o Comportamento, o Mau-Trato/Negligência e

PARTE II ESTUDO EMPÍRICO

7. Objectivos e Hipóteses do Estudo

9.4 Relação entre as Representações de Vinculação, o Desenvolvimento, as Competências Sociais, o Comportamento, o Mau-Trato/Negligência e

Variáveis Relativas ao Acolhimento Institucional

Neste ponto ir-se-á analisar a relação entre as representações de vinculação, o desenvolvimento, as competências sociais, o comportamento, o mau-trato/negligência e variáveis relacionadas com o acolhimento institucional. No que se refere a estas últimas, seleccionaram-se variáveis correspondentes a itens da Ficha de Caracterização da Criança - Meio Institucional (ver Anexo 1), especificamente dos pontos 3 - situação de acolhimento institucional (em particular no que diz respeito à admissão na SCML, à situação jurídica e ao contacto com familiares, sub-pontos 3.1, 3.2 e 3.3 respectivamente) e 4 - adaptação da criança ao Lar Residencial.

Relativamente ao ponto 3 da Ficha de Caracterização da Criança (ver Anexo 1) seleccionaram-se as seguintes variáveis: sub-oonto 3.1 - Data de Admissão na SCML, Idade da Criança à Entrada na SCML, Acolhimento no CAOT Sta. Joaná, Data da Admissão no Lar Residencial, Tipo de Lar, Outros Acolhimentos fora da SCML, Acolhimento de Irmãos na SCML em conjunto com a criança, Números de Irmãos Acolhidos e Episódios de Separação face às figuras parentais; sub-r?onto 3.2 - Outras Medidas de Protecção e Processo de Regulação do Poder Paternal; sub-ponto 3.3 - Contacto com os Familiares, Frequência dos Contactos com Familiares, Regime de Visitas Acordado, Relação Figura de Referência (na família)-Criança, Relação Criança-Figura de Referência (na família), Saídas da Criança com Familiares e Reacção da Criança às Saídas.

No que respeita ao ponto 4 da mesma Ficha (ver Anexo 1) foram seleccionadas as variáveis que se seguem: Adaptação da Criança ao Lar Residencial, Relação Criança- Companheiros, Relação Criariça-Técnicos, Relação Criança-Companheiros ao Longo do

Crianças Acolhidas cm Lar Resdeocial: Representações de Vinculação, Desenvolvimento, Competências Sociais e Comportamento

Tempo, Relação Criança-Técnicos ao Longo do Tempo, Relações Preferenciais na Instituição e Adultos de Referência na Instituição.

As variáveis seleccionadas remetem maioritariamente para questões fechadas (dicotômicas ou com escalas de resposta de 5 pontos). Subjacente à selecção das variáveis esteve também presente a preocupação de incluir apenas aquelas que não contribuíssem para a redução do número de sujeitos.

No estudo correlacionai utilizou-se o coeficiente de correlação de Pearson, o coeficiente de Spearman e a correlação bisserial por pontos consoante o tipo de variáveis.

No Quadro 28 são apresentadas as correlações entre Competências Sociais, Comportamento, Representações de Vinculação, Mau-Trato/Negligência, Desenvolvimento, e as variáveis do Acolhimento Institucional.

Observa-se que ao nível da dimensão Competências Sociais ocorrem correlações significativas e negativas entre Actividades da Vida Diária e Relação que a Figura de Referência (familiar) Estabelece com a Criança, Relação que a Criança Estabelece com a Figura de Referência (familiar), Saídas do Lar e Reacção da Criança às Saídas (níveis mais elevados de actividades da vida diária associam-se com uma pior avaliação da relação estabelecida quer entre a figura de referência e a criança, quer entre esta e a figura de referência, e ainda com a criança não ter saídas e com a reacção mais negativa da criança às saídas, no caso daquelas que as têm).

São também significativas e negativas as correlações entre Interacções Sociais e Relação Criança-Companheiros e Relação Criança-Técnicos (resultados mais elevados ao nível das interacções sociais associam-se com uma avaliação mais negativa da relação que a criança estabelece quer com os companheiros quer com os técnicos).

Por seu turno, o Quociente Geral de Desenvolvimento correlaciona-se positivamente com o Número de Irmãos Acolhidos e com Adultos de Referência na Instituição (resultados mais elevados no Quociente Geral de Desenvolvimento associam-se com haver um maior número de irmãos acolhidos na SCML, juntamente com a criança, e com ter figuras de referência na instituição).

Por sua vez, as Representações de Vinculação correlacionam-se positivamente com Outras Medidas de Protecção e negativamente com a Relação Criança-Técnicos, ainda que este último resultado seja marginalmente significativo (resultados mais elevados nas representações de vinculação, indicativos de um padrão de vinculação insegura, associam-se com a existência de outras medidas de protecção e com a pior relação da criança com os técnicos).

Crianças Acolhidas em Lar Residencial: Representações de Vinculaçfio, Desenvolvimento, Comprtências Sociais e Comportamento

No que se refere ao Mau-Trato/Negligência, constata-se que o Mau-Trato Psicológico se correlaciona negativamente com a Data de Admissão no Lar, sendo este resultado marginalmente significativo, mas próximo da significância estatística (as crianças que foram admitidas no Lar Residencial há mais tempo são as que apresentavam níveis mais elevados de mau-trato psicológico).

Face ao Mau-Trato Físico observa-se uma correlação positiva com a Relação Criança- Companheiros e correlações negativas com Irmãos Acolhidos na SCML, Número de Irmãos Acolhidos com a Criança e Relação Figura de Referência (família)-Criança (níveis mais elevados de mau-trato físico associam-se com a avaliação mais positiva da relação da criança com os companheiros e com a avaliação mais negativa da relação da figura de referência (família) com a criança e ainda com o não terem sido acolhidos irmãos com a criança - quando da.admissão na SÇML - ou, no caso de o terem sido, este número ser mais reduzido).

Por último, a Negligência Física correlaciona-se negativamente com Episódios de Separação (níveis mais elevados de negligência física associam-se com o facto de a criança nunca ter estado separada dos pais).

No Quadro 29 figuram as correlações entre o Comportamento (escalas), as Áreas do Desenvolvimento e variáveis relativas ao Acolhimento Institucional. Da análise deste Quadro observa-se que, começando pelas variáveis de Admissão na SCML, a Data de Admissão na SCML se relaciona negativamente com os Problemas de Pensamento (as crianças com resultados mais elevados em problemas de pensamento são as que foram admitidas mais recentemente na SCML), e que a Idade da Criança quando da Admissão na SCML se correlaciona positivamente com o Comportamento Agressivo (apesar do resultado ser marginalmente significativo) e negativamente com a Realização (a criança ser mais velha aquando da sua admissão na SCML associa-se a resultados mais elevados de comportamento agressivo e resultados mais baixos de realização).

Por sua vez, a Data de Admissão no Lar Residencial correlaciona-se negativamente com os Problemas de Pensamento (resultados mais elevados ao nível dos problemas de pensamento associam-se com a criança ter sido admitida no Lar Residencial há menos tempo).

Relativamente ao número de irmãos acolhidos conjuntamente com a criança, ocorre uma correlação negativa entre esta variável e a escala Ansiedade/Depressão (ainda que o resultado seja marginalmente significativo), e correlações positivas com as sub-escalas de desenvolvimento Audição/Linguagem e Coordenação Olho/Mão (as crianças que foram

Crianças Acolhidas em Lar Residencial: Representações de Viocolaçlo, Desenvolvimento, Competências Sociais e Comportamento

acolhidas com mais irmãos tendem a apresentar níveis mais baixos de ansiedade/depressão e resultados mais elevados nas áreas da Audição/Linguagem e Coordenação Olho/Mão).

No que respeita à situação jurídica, a existência de um Processo de Regulação de Poder Paternal correlaciona-se significativa e negativamente com a Hiperactividade e com a área Pessoal/Social do desenvolvimento (as crianças que não têm um processo de regulação do poder paternal são as que apresentam resultados mais elevados ao nível da hiperactividade e da área pessoal/social).

Face às variáveis relacionadas com o contacto com os familiares, ocorrem correlações positivas entre a Relação Figura de Referência (família)-Criança e a área da Audição/Linguagem e entre as Saídas da Criança com Familiares e o Comportamento Delinquente (uma avaliação mais positiva da relação da figura de referência com a criança associa-se a resultados mais elevados ao nível da área Audição/Linguagem, e a existência de saídas da criança com familiares relaciona-se com níveis mais altos de comportamento delinquente).

Por último, no que diz respeito às variáveis que remetem para a Adaptação ao Lar Residencial, destaca-se que a variável Relações Preferências da criança na instituição se correlaciona positivamente com as áreas de desenvolvimento Coordenação Olho/Mão, Realização e Raciocínio Prático (ter relações preferenciais no lar residencial associa-se com resultados mais elevados ao nível da coordenação olho/mão, realização e raciocínio prático); é também significativa e positiva a correlação entre Adultos de Referência na instituição e a área do Raciocínio Prático (as crianças que têm adultos de referência na instituição apresentam resultados mais elevados ao nível do raciocínio prático).

A da pta f* « La r R cs id ea d al C o st a« « com F am ilia re s Jg ri ãf eí A d m b iio aa S C M L

Crianças Acolhidas em Lar Residencial: Representações de Vioculaçâo. Desenvolvimento, Competfacias Sociais e Comportamento

Q u a d r o 28 . C o rr e la ç õ e s e n tr e C o m p e tê n c ia s S o cia is, C o m p o rta m e n to , R e p re s e n ta ç õ e s d e V in cu la çâo, M a u -T ra to /N e g lig ê n c ia , D e s e n v o lv im e n to , e V a riá v e is R e la tiv a s a o A c o lh im e n to In s titu c io n a l

D ita de A d am ie (SCML) Idade da Criança aa

A dsibsSe (SCML) A colhi B esta CAOT Data de A ta s d a m U r Tip« de Lar O utro Acotbimeslo trm im Acolhido , sa SCML N ín e r, de I n s k i Acolhido, Epáddie, dc Scpançá« O o trt, M edida, de h e u c t i e Poder Piterual Ceotacto FunSiarej Fieqoéot i i C eetactoi FamiSarej R cgiae VMw R d iti* F tgen Rcfertoáa-Criaaça RdaçSo Criaaça- Flgora RiAiCixia Saida, Reaeçi« á* Saida, Conpetêacias Sociais Aetfcridade, da Vida Diária [ateraeçdes Sedai, A diptaçio m Lar Reiaçáo Criança- Comptabeiro* R riaçáe Crtaoça- Tácaieoi CvelocS« Retaçáo Críaafa* Coiapaa beiro, tvotoçto RrfaçSo Crtaaçe-Técsiee, Retaçtea Preferencia i, Adoltoa de Hrferêncta • p<.0$; pc.01 * p<.0S2 (marginalmente «ignificativo) b «<.06S (margim! mente sgmfieativo)

Con poi Reproealaçdea deV -Bcm iacSo M ao-Tnto Frieot&gico Mae- T n u Fisico NegUgtocii FUea Qoedeate Geral do DeacavoM aeste o r • J l * 148

Crianças Acolhidas em Lar Residencial: Representações de Vioculaçâo, Desenvolvimento, Competências Sociais e Comportamento

Q u a d r o 29 . C o rre la ç õ e s e n t r e o C o m p o rta m e n to (esc ala s), a s Á re a s d o D e se n v o lv im e n to e V a riá v e is R e la tiv a s a o A c o lh im e n to In s titu c io n a l

Comportamento DcscavoM aesto

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Crianças Acolhidas em Lar Residencial: Representações de Vinculaçõo, Desenvolvimento, Competências Sociais e Comportamento

10. Discussão

Neste capítulo irá proceder-se à discussão dos resultados, tendo-se optado por o organizar em quatro pontos: situação de acolhimento institucional; mau-trato e negligência; representações de vinculação, desenvolvimento, competências sociais e comportamento; no último ponto do capítulo será analisada a relação entre estas variáveis e variáveis relativas à situação de acolhimento institucional.