• Nenhum resultado encontrado

TEXTUAIS QUESTIONÁRIOS 335

2. O USO DA TIC NO CENÁRIO DA EDUCAÇÃO

2.5 EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS NO USO DA TIC EM SALA DE AULA

2.5.3 Os Relatórios TIMSS 2007 e o EURYDICE

Nesta sessão, são apresentados os relatórios internacionais Números-chave Sobre a Aprendizagem e a Inovação Através da TIC nas Escolas da Europa 2011 – EURYDICE – e o TIMSS 2007 Technical Report que trazem dados e avaliações sobre o uso da TIC em escolas da Comunidade Européia – CE.

O relatório EURYDICE examina a evolução das infraestruturas nas escolas em termos de redes, hardware, software e implantação.

O documento traz uma análise sobre como as TIC estão sendo inseridas no processo educativo e incorporadas no currículo bem como as possibilidades existentes no desenvolvimento de competências por meio destas (EURYDICE, 2011, p.7, tradução nossa).

O relatório apresenta informações que compreendem os anos de 2009-2010 sobre os 31 países membros, abrangendo o Ensino Básico e o Ensino Secundário. Dos 31 países, somente 24 apresentam a supervisão das estratégias centrais para a TIC na Educação.

A recomendação sobre sua utilização em documentos orientadores ressalva ser a TIC um instrumento de estímulo aos alunos no desenvolvimento de competências interdisciplinares relacionadas com a comunicação e com o espírito crítico (EURYDICE, 2011, tradução nossa). Importante salientar que o relatório faz uso, em algumas de suas análises, de dados coletados pela investigação TIMSS 2007.

O TIMSS 2007 foi uma investigação realizada pelo IEA Data Processing and Research Center – IEA DPC –, que envolveu 59 países e 8 entidades de benchmarking. Foram investigadas as tendências no ensino de Matemática e de Ciências. O estudo foi realizado em turmas de quarto e oitavo ano a partir do contexto educacional das escolas, professores e estudantes (OLSON et al., 2009, tradução nossa).

Na investigação do ambiente escolar, o relatório aponta que alunos do quarto ano tem em média um computador para cada quatro alunos. Os alunos que frequentam o oitavo ano apresentam em média um computador para cada dois alunos. Esta média não se apresenta uniforme para todos os países, é o caso da Itália (oitavo ano), Áustria e Turquia que apresentam uma media de seis alunos por computador, enquanto, na Dinamarca e Reino Unido, a média é de pelo menos um computador disponível por aluno (EURYDICE, 2011, tradução nossa).

Quando analisado o acesso à internet e a infraestrutura adequada de hardware, tem-se uma disponibilidade para 55% dos alunos do quarto ano e 45% dos alunos do oitavo ano. Infelizmente, essas médias não apresentam consistência na distribuição para todos os países da CE. A Dinamarca, por exemplo, apresenta um índice de 95% no quarto ano, enquanto no Chipre esse índice cai para 10% no oitavo ano. Na Alemanha, 53,6% dos alunos do quarto ano possuem infraestrutura adequada, já, na Itália, o percentual fica em 30,8% (EURYDICE, 2011, tradução nossa).

Embora a disponibilidade de computadores interfira diretamente no sucesso do uso da TIC em sala de aula e seu progresso, observou-se na pesquisa que somente a disponibilidade do computador não é capaz de garantir sua implementação no processo de ensino-aprendizagem.

Essa afirmação se materializa quando analisados os dados sobre o real uso do computador em sala de aula. Ao analisar as médias gerais, 60% dos alunos do quarto ano e 68% dos alunos do oitavo ano relatam fazer uso do computador na escola, mas, em uma análise individual por país, é possível perceber grandes diferenças entre estes (EURYDICE, 2011, tradução nossa).

Segundo Eurydice (2011, tradução nossa), metade dos países da CE, implementam regulamentações e políticas públicas que inserem a TIC na formação inicial dos professores, a prática dessa, no entanto, difere em termos de implementação. De forma geral, o uso de abordagens pedagógicas que insiram o uso da TIC no apoio ao processo de ensino-aprendizagem é recomendado pela maioria dos países pertencentes a CE. Escolas e professores são apoiados na sua implementação e na utilização das ferramentas. Nas escolas, são utilizados softwares educativos, planilhas eletrônicas, editores de texto, aplicativos multimídia, jogos digitais para aprendizagem, ferramentas de e-mail, chat ou fóruns de discussão e recursos digitais como enciclopédias e dicionários.

Apesar de todas as iniciativas, os resultados apresentados no relatório indicam que a implementação bem-sucedida da TIC no ensino

não é uma realidade, necessariamente, generalizada. Dos alunos entrevistados, 44% afirmam que os professores de Matemática nunca solicitaram o uso do computador em práticas relacionadas ao desenvolvimento de competências e procedimentos, apesar da disponibilidade física para uso dos mesmos. Esse percentual não melhora nas aulas de Ciências em que 46% dos alunos dizem nunca terem sido solicitados para o uso do computador durante as aulas. Os índices mais baixos na CE pertencem a Alemanha, Áustria, Suécia e Noruega (EURYDICE, 2011, tradução nossa).

Na investigação, os professores foram questionados sobre o uso do computador para o estudo de fenômenos naturais por meio de simulações. O percentual médio da CE de alunos que nunca usaram o computador para esta ação foi de 59,8% para as turmas do quarto ano e de 50,3% para o oitavo ano. Quando questionados sobre seu uso em procedimentos e experiências científicas, o percentual médio da CE foi de 50,7% para as turmas do quarto ano e de 46,7% para o oitavo ano. O que aponta para a baixa adesão por parte dos professores para esse tipo de atividade.

A integração da TIC no ensino de Matemática e de Ciências é tema de formação em serviço dos docentes para a maioria dos países da CE. Nos últimos dois anos no ensino de Matemática, para o quarto ano, os professores capacitados alcançam em torno de 25% dos alunos da rede para o quarto ano 51% para o oitavo ano. No ensino de Ciências, foram atingidos em torno de 16% dos alunos, para o quarto ano e no oitavo ano 41% (EURYDICE, 2011, p.76, tradução nossa).

Tabela 2. Percentagem de alunos do quarto e do oitavo ano cujos professores participaram de ações de desenvolvimento profissional contínuo sobre a integração da TIC

País

Quarto Ano Oitavo Ano

Matemática Ciências Matemática Ciências

Média CE 25% 16% 51% 41%

Alemanha 6.9% 6.7% - -

Itália 33.8% 16.9% 42.9% 24.9%

Inglaterra 44.3% 27.9% 62.4% 44%

Fonte: Adaptação EURYDICE (2011, p.124).

Os estados membros da União Europeia reconhecem a importância da formação de professores, e, portanto, comprometem-se

no desenvolvimento das competências necessárias para que estes desempenhem suas atividades fazendo uso da TIC em sala de aula.

O Learnovation Consortium (2008, apud Eurydice, 2011, p. 130, tradução nossa) define ser “o docente o principal ator em termos de melhorar e potencializar o novo ambiente digital nas escolas”. Para a CE ter professores bem formados e capazes de incorporar as novas tecnologias na educação de uma forma que conduza a uma mudança dos antigos para os novos paradigmas de aprendizagem, muito mais centrados no aluno que anteriormente é vista como uma estratégia:

Os países Europeus têm estratégias nacionais que visam a acelerar a utilização das TIC na educação. Em muitos casos, estas estratégias têm como objetivo fornecer as necessárias competências TIC aos alunos assim como fornecer formação na área das TIC para professores. Os grupos alvo para as medidas em todos os países são os professores/formadores e as atividades focadas no ensino básico e secundário. As TIC passam a ser vistas como um contributo para a aquisição de competências, tanto para competências básicas e específicas a determinadas disciplinas como para competências transversais ao currículo, tendo por isso de ser adquiridas ao longo de todo o processo educativo (EURYDICE, 2011, p.26 , tradução nossa).

Na análise sobre a provisão de pessoal de apoio para auxiliar os professores no uso da TIC no ensino-aprendizagem, os resultados revelam uma boa disponibilidade, sendo que uma média de 73,1 % dos alunos do quarto ano têm uma direção escolar que afirmou existir pessoal de apoio pedagógico disponível na sua escola. Nesse quesito, países como a Noruega e Eslovênia chegam a 100 % na investigação (EURYDICE, 2011, tradução nossa).