77 Patrícia (N7)
Esquema 12 Representação esquemática dos temas essenciais da narrativa da participante Inês (N11)
Experiência vivida da transição para o papel maternal de mulheres com problemas de adição a substâncias
psicoativas no momento da gravidez O Situar-se no seu Passado
Variações no Tema
- A Presença de um Companheiro Desviante
O Situar-se no Projeto de maternidade
Variações no Tema - O Sentir Ambivalência - A Gravidez Não Planeada e Não Desejada
O Situar-se na Díade Mãe-Filho
Variações no Tema - A Ligação/Vinculação ao Bebé
O Sentir-se Desinvestida/Não Cuidada
Variações no Tema - O Sentir-se uma Mãe Diferente - O Sentir a Diferença no Cuidar
- O Sentir Estigma Social em relação à Capacidade em Ser Mãe
Experiência vivida da transição para o papel maternal de mulheres com problemas de adição a substâncias psicoativas no momento pós parto (até
aos 30 dias após o nascimento da criança)
O Situar-se na Díade Mãe-Filho
Variações no Tema - O Sentir-se Capaz de Cuidar do Filho
O Sentir-se Desinvestida/Não Cuidada
Variações no Tema
- O Sentir Falta de Apoio Formal e/ou Informal
Experiência vivida da transição para o papel maternal de mulheres com problemas de adição a substâncias
psicoativas após o primeiro ano de vida do filho O Situar-se no seu Passado
Variações no Tema
- A Presença de um Companheiro Desviante - O Retorno aos Consumos
O Valorizar o Presente e Projetar o Futuro
Variações no Tema
- A Revolta face às exigências de um Futuro
O Situar-se na Díade Mãe-Filho
Variações no Tema
- O Sentir-se Revoltada perante a (Possibilidade de) Institucionalização do Filho - Sentir-se Triste pela Perda do Poder Parental
Experiência vivida da transição para o papel maternal de mulheres com problemas de adição a substâncias psicoativas no momento do trabalho de parto e parto
O Situar-se no Trabalho de Parto e Parto
Variações no Tema - O Sentir Dores
O Situar-se na Díade Mãe-Filho
Variações no Tema
96
Paula (N12)
Há cerca de vinte anos atrás Paula teve o seu primeiro filho de uma anterior relação. Já em processo de recuperação da sua adição, Paula encontrou o seu atual companheiro de quem teve um filho com cerca de um ano de idade.
Face ao momento da gravidez, Paula remete-nos para uma A Gravidez Planeada e Desejada, “Este filho foi muito planeado e desejado (…).”, em que a mesma constitui A Oportunidade de Mudança, “Quando penso na minha gravidez, penso e lembro-me só de coisas boas, de afeto, de amor e da possibilidade que tive em mudar a minha vida junto de uma pessoa que me queria bem.”. Com um forte Ligação/Vinculação ao Bebé, “Eu estava muito ligada a este bebé tal como o meu marido e ainda hoje continuamos. (…) Eu na gravidez e o meu marido falávamos muito para ele, dávamos festas à barriga, tudo o que víamos era para o menino.”, Paula refere-nos O Sentir Felicidade “Foi uma gravidez cinco estrelas e de sonho, não teve nada a ver com a minha anterior. (…) Pronto foi assim, foi uma gravidez muito feliz!” e O Sentir Apoio Formal e/ou Informal, “Lembro-me de na altura em Coimbra a equipa de doutores ser fantástica, tratavam-me muito bem e gostei muito.”.
O Surgimento de um Companheiro Terapêutico, “(…) conheci o meu atual companheiro que não tinha filhos e com o passar do tempo decidimos ter um filho. Ele ficou radiante e foi tudo muito bom! (…) Ele acompanhou-me sempre e ajudou-me muito. (…) Derivado ao mundo das drogas e isso assim, ele ajudou-me bastante.”, permitiu a Paula
Modificar a História de Consumos, “Eu nessa altura já fazia metadona e nunca deixei (…).”. Focando-nos na experiência vivida da transição para o papel maternal face ao momento do trabalho de parto e parto de Paula, emerge da sua narrativa O Sentir Dores associadas ao trabalho de parto, “Onze horas ali e amargá-las.”, a Ligação/Vinculação ao Bebé, “O meu desejo era que o bebé viesse para fora com toda a saúde do mundo e foi exatamente isso que aconteceu.” e O Sentir Tristeza da Separação Mãe/Filho, “(…) o bebé quando nasceu vinha bem, mas por causa de eu ter feito sempre a metadona, o bebé ia ressacar e por isso internaram-no na unidade de cuidados intensivos lá do hospital.”.
Recuando ao momento pós parto (até aos primeiros 30 dias após o nascimento da criança) Paula enfatiza mais uma vez na sua narrativa A Ligação/Vinculação ao Bebé, “Ele foi internado e eu ficava lá de dia e de noite.”, exprimindo Sentir-se Culpada por uma Historia de
Vida Passada, “O bebé nasceu bem, mas teve um mês e quatro dias internado na unidade por causa da metadona. (…) Infelizmente por minha causa e por minha culpa o nosso filho teve de ficar internado naquele primeiro mês. (…) Muitas vezes chorei porque me sentia culpada e triste, porque afinal de contas a culpa era minha, mas pronto, o que é que eu havia de fazer,
97
era a minha história de vida.”, o que determina uma Necessidade de Cortar com o Passado, “Já não podia corrigir o passado, só o futuro!”. Evidenciando Sentir-se Capaz de Cuidar do
Filho, “Era eu e o pai que cuidávamos dele! Fazíamos-lhe tudo, trocávamos a fralda, dávamos o leite, fazíamos tudo, tudo, dávamos o banhinho, era tudo!”, Paula sente Desilusão por Não
Amamentar, “Eu não pude amamentar com muita pena minha, mas por causa de eu estar a fazer a metadona, eles (os profissionais de saúde) não me deixaram.”.
Levando Paula a situar-se no primeiro ano de vida do filho, emerge do seu discurso O Sentir-se Mãe, “Eu adoro dizer que sou mãe e sinto-me muito feliz no papel de mãe! Adorei e adoro ficar com ele, fazer as coisinhas para ele, olhe dedicar-me a ele, é a minha luz!” e O
Sentir-se Capaz de Cuidar do Filho, “Nós cuidamos do nosso filho com muito amor e carinho e hoje eu sinto-me mais mãe, mais capaz! (…) Durante este ano que passou, adorava passear com ele no carrinho de bebé, andar com ele na rua. Adorei aquelas fases todas de dar a comida, das papas, das sopas, foi muito bom!”.
Embora Paula sinta Apoio Formal e/ou Informal, “O menino tem sido seguido no hospital e até fazer os dois anos vai de três em três meses ao hospital por causa de todo o historial. Os médicos dizem sempre “Ai que menino tão lindo e tão simpático!”, da narrativa de Paula denota-se ainda O Sentir Estigma Social em Relação à Capacidade em Ser Mãe, “Eu acho que as pessoas até têm inveja da minha vida, veja lá! Inveja de mim, como é que é possível? Mas é!”.
98
Esquema 13 – Representação esquemática dos temas essenciais da narrativa da