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Representação esquemática dos temas essenciais da narrativa da participante Raquel (N5)

Encontramo-nos através da experiência vivida

Esquema 6 Representação esquemática dos temas essenciais da narrativa da participante Raquel (N5)

Experiência vivida da transição para o papel maternal de mulheres com problemas de adição a

substâncias psicoativas no momento da gravidez O Situar-se no seu Passado

Variações no Tema

- A Presença de um Companheiro Desviante

O Situar-se no Projeto de maternidade

Variações no Tema - O Sentir Ambivalência

- O Sentir Felicidade - A Gravidez Não Planeada e Não Desejada

O Situar-se na Díade Mãe-Filho

Variações no Tema - A Ligação/Vinculação ao Bebé - O Sentir Medo de Alterações/Malformações no Bebe

O Sentir-se Investida/Cuidada

Variações no Tema - O Sentir Apoio Formal e/ou Informal - As (os) Enfermeiras (os) que Cuidam

Experiência vivida da transição para o papel maternal de mulheres com problemas de adição a substâncias psicoativas no momento pós parto (até

aos 30 dias após o nascimento da criança)

O Valorizar o Presente e Projetar o Futuro

Variações no Tema

- O Sentir Necessidade de Cortar com o Passado - A Oportunidade de Mudança

O Situar-se no Projeto de maternidade

Variações no Tema - O Sentir Orgulho

O Situar-se na Díade Mãe-Filho

Variações no Tema - O Sentir-se Capaz de Cuidar do Filho

- A Importância da Amamentação - A Ligação/Vinculação ao Bebé - O Sentir-se Vigiada Por Outros

O Sentir-se Investida/Cuidada

Variações no Tema - As (os) Enfermeiras (os) que Cuidam

Experiência vivida da transição para o papel maternal de mulheres com problemas de adição a substâncias psicoativas após o primeiro ano de vida

do filho

O Valorizar o Presente e Projetar o Futuro

Variações no Tema

- O Sentir Medo de Deixar o Programa Terapêutico - A Busca de Sentido Positivo para a Vida

(Espiritualidade)

O Situar-se no Projeto de maternidade

Variações no Tema - O Sentir-se Mãe - O Sentir Orgulho

O Situar-se na Díade Mãe-Filho

Variações no Tema - O Sentir-se Capaz de Cuidar do Filho

Experiência vivida da transição para o papel maternal de mulheres com problemas de adição a

substâncias psicoativas no momento do trabalho de parto e parto

O Situar-se no Trabalho de Parto e Parto

Variações no Tema - O Sentir Felicidade

O Situar-se na Díade Mãe-Filho

Variações no Tema

- O Sentir Medo de Alterações/Malformações no Bebé

- O Sentir Amor - A Ligação/Vinculação ao Bebé

O Sentir-se Investida/Cuidada

Variações no Tema - As (os) Enfermeiras (os) que Cuidam

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Sandra (N6)

Sandra possui quatro filhos, três raparigas e um rapaz, tendo o ultimo dois anos de idade. Todos os seus filhos são do mesmo progenitor, também este toxicodependente em processo de recuperação. Neste momento, encontra-se separada, habitando num apartamento com os quatro filhos.

Com o intuito de compreender a experiência vivida da transição para o papel maternal no momento da gravidez de Sandra, situamo-nos numa Gravidez Não Planeada e Não Desejada, “Esta gravidez não foi planeada, mas eu aceitei-a muito bem (…). Foi um acidente, como eu costumo dizer, mas foi um acidente bom!”, em que O Sentir Ambivalência, “No início, no primeiro mês, eu pensei muito e pensei muito sozinha! Ponderei se ia ter o filho ou não, daí só ter dito à minha família mais tarde.”, esteve presente numa fase inicial da sua gravidez, já que a mesma surge com A Presença de um Companheiro Desviante, “(…) o meu marido não é aquela pessoa que a gente pode contar e isso preocupava-me (…).”.

Acreditando que a mesma pudesse constituir A Oportunidade de Mudança, “(…) acho que esta gravidez foi a minha salvação. (…) mas foi esta gravidez que me salvou. (…) Apesar de ele ir ter mais dificuldades que os outros, porque tem nanismo, acho que ele veio mudar a minha vida!”, Raquel Procura Modificar a História de Consumos, “(…) mas realmente foi nesta gravidez e com este filho que se deu o clique, foi com este meu menino que eu consegui organizar algumas coisas na minha vida. (…) eu consumi durante um ano e pouco, e depois entrei para o programa da metadona e estava quase a deixar porque já estava a fazer uma dose mínima.”, norteada pela Busca de Sentido Positivo para a Vida (Espiritualidade), ”Deus me dê saúde que vou criar este filho! (…) mas enquanto Deus Nosso Senhor me der saúde as coisas vão.”. Apesar de Sentir Medo de Alterações/Malformações no Bebé, “Vivi com muita ansiedade as ecografias, porque na primeira estava tudo bem, mas quando fui fazer a segunda ecografia detetaram uma alteração no tamanho dos membros e ficámos muito preocupados. Era só médicos a entrarem! Entrei em pânico! (…) Sentia muita vezes medo, muito medo e sentia algumas vezes peso na consciência, porque tinha medo de ter sido eu a causadora do problema. Esse sofrimento ninguém nos tira. É só nosso! É muito angustiante!”, Raquel estabeleceu Ligação/Vinculação ao Bebé, “Eu vivi esta gravidez sempre muito bem, acariciava muito a barriga, falava com ele, queria-o muito e depois quando soube que era um rapaz, ui, fui ao céu! (…) Entrei em pânico, porque eu já tinha visto o meu filho, já tinha ouvido o seu coração! (…) Claro que fiquei muito nervosa e questionei muito o médico se era por causa das drogas (…). (…) porque eu já tinha amor pelo meu filho, não podia ficar sem ele!”, referindo- nos ainda Sentir Apoio Formal e/ou Informal, “Eu era seguida em Coimbra e todos

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(profissionais de saúde) foram maravilhosos para mim, cuidavam muito bem de mim e do meu filho. (…) Como eu não andava bem, os meus filhos ajudavam-me e fui muito apaparicada.”.

Retornando ao momento do trabalho de parto e parto, Raquel recorda O Sentir Dores, “Nesse dia o meu marido saiu para ir trabalhar de manhã, e eu logo a seguir comecei a sentir as dores.”. Tal como aconteceu durante a sua gravidez, Raquel dá especial importância à

Ligação/Vinculação ao seu Bebé, “(…) mas eu gostava tanto que na maternidade dormiu sempre comigo e ainda hoje vai ter comigo à cama.”, tal como expressa o Sentir Medo de

Alterações/Malformações no Bebé, “Quando ele saiu, eu examinei-o dos pés à cabeça, passei- o a pente fino. Não se notava nenhuma alteração, nada!”. Relativamente a este momento, Raquel remete-nos ainda para O Sentir a Diferença no Cuidar, por parte de alguns profissionais de saúde,“(…) eu cheguei à maternidade, expliquei a situação toda e veio de lá uma besta-quadrada, que não tem outro nome, que me insultou e disse-me “você está a gozar com a minha cara! Não pode estar com contrações!”, eu disse-lhe “quer que eu me ponha aqui a gritar, se quiser eu grito, mas não me adianta nada!”. A mulher (enfermeira) lá me foi revistar toda por baixo e lá me pediu desculpa (…). (…) Elas (as enfermeiras) até ralhavam comigo porque ele dormia comigo (…).”.

No pós parto (até aos primeiros 30 dias após o nascimento da criança), Raquel sente-se Culpada por uma Historia de Vida Passada, “(…) mas neste, como estava muito preocupada, às vezes ficava ansiosa (…).”, e com Necessidade de Cortar com o Passado, “(…) porque se antes estávamos zangadas porque ela não foi a melhor mãe para mim, fizemos as pazes no dia em que este bebé nasceu (…).”.

Raquel recorda o Sentir-se Capaz de Cuidar do Filho, “Não senti dificuldades nenhumas, porque já tinha cuidado dos meus outros filhos (…).” e a Sentir-se Mãe “(…) adorei o primeiro mês, porque tínhamos o nosso menino lá em casa.”, tal como uma Igual a Outras Mães, “Não precisamos de muita coisa, mas só que tenhamos as mesmas oportunidades que os outros já é muito bom!”, Raquel salienta o Sentir Apoio Formal e/ou Informal, “(…) com a ajuda dos meus filhos e das minhas vizinhas, lá fui andando. A minha mãe também me ajudou (…). Eu tive muito apoio durante este período da minha vida, quer da médica de família, quer de pediatras, quer de vários médicos e isso tranquilizava-me e ajudava-me a andar para a frente. (…) Nunca senti que quer durante o tempo que estive na maternidade e depois cá fora, que me olhassem de lado por ser ex-toxicodependente e estar a fazer a metadona, pelo contrário, sempre me ajudaram e apoiaram e sabe, isso é muito importante para nós!”.

Ao longo do primeiro ano de vida do filho, Raquel enuncia o Sentir-se Capaz de Cuidar do Filho, “Sempre procurei cuidar o melhor possível dos meus filhos e acho que nunca lhes faltou nada. (…) Quando lhe dava a papa, quando lhe mudava a fralda, a minha preocupação era ver

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todo o corpo dele até ao dedinho do pé.” e o Sentir-se Mãe, “Deste meu filho em particular, acho que fui a melhor mãe possível. Dediquei-me a ele de coração e alma! (…) Uma das coisas que faço é por os meus filhos sempre em primeiro lugar, sempre!”.

Embora contando com a Presença de um Companheiro Desviante, “Tive muita turbulência na minha vida, porque infelizmente acabei de pôr o meu marido na rua, porque eu aguentei tanto, tanto, estes dezanove anos que precisava de pôr um ponto final e de ter paz na minha vida. (…) Quem me traz dificuldades e chatices e quem estragou a minha vida foi o meu marido e eu agora tive coragem e coloquei-o na rua! (…) Ele causa-me stress, chateia-me, não tem responsabilidades nenhumas! (…) Pelos meus filhos, mandei-o embora! Ele estava a destabilizar-nos e isso influenciava a forma como eu estava em casa e decidi livrar-me dele!”, Raquel enuncia o Sentir Orgulho, “Trabalho para que nada falte aos meus filhos!”, procurando o Sentido Positivo para a Vida (Espiritualidade), “Só peço a Deus que dê saúde, porque com saúde eu cuido dele e das irmãs.” e Projetando-se no Futuro, “Portanto, eu agora quero continuar a trabalhar e ter saúde para estar sempre com os meus filhos.”.

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Esquema 7 – Representação esquemática dos temas essenciais da narrativa da