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CAPÍTULO 3 – O CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA DA UNEB

3.3 PARECERES E RESOLUÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES

3.3.6 Resolução CNE/CES 15, de 2 de fevereiro de 2005

Publicada três anos após a homologação das resoluções CNE/CP 1 e 2/2002, as dúvidas sobre o entendimento da prática como componente curricular permanecem.

O objetivo deste documento é promover esclarecimentos sobre a compreensão com relação à distinção entre prática como componente curricular e práticas de ensino. Para responder a essa questão, o documento apresenta alguns trechos dos pareceres CNE/CP 9 e 28/2001, que fundamentam as resoluções CNE/CP 1 e 2/2002.

O parecer CNE/CP 9/2001, apresenta a “concepção restrita de prática”, como uma das questões a ser enfrentadas na formação de professores para a educação básica. No item 3.2.5 consta o seguinte entendimento:

Uma concepção de prática mais como componente curricular implica vê-la como uma dimensão do conhecimento que tanto está presente nos cursos de formação, nos momentos em que se trabalha a reflexão sobre a atividade profissional, como durante o estágio, nos momentos em que se exercita a atividade profissional (BRASIL, 2001a, p. 23).

Partindo desse pressuposto, a ideia a ser superada é a de que o estágio é o espaço destinado à prática, enquanto na sala de aula, se desenvolve a teoria. Então da mesma forma que “uma concepção restrita de prática contribui para dissociá-la da teoria, a visão excessivamente acadêmica da pesquisa, tende a ignorá-la como componente constitutivo tanto da teoria como da prática” (BRASIL, 2001a, p. 23).

O mesmo parecer ao tratar do eixo articulador das dimensões teóricas e práticas afirma no item 3.6:

Assim, a prática na matriz curricular dos cursos de formação não pode ficar reduzida a um espaço isolado, que a reduza ao estágio como algo fechado em si mesmo e desarticulado do restante do curso [...]. Nessa perspectiva, o planejamento dos cursos de formação deve prever situações didáticas em que os futuros professores coloquem em uso os conhecimentos que aprenderem, ao mesmo tempo em que possam mobilizar outros, de diferentes naturezas e oriundos de diferentes experiências, em diferentes tempos e espaços curriculares [...]. (BRASIL, 2001a, p. 57)

Para o atendimento dessa necessidade, uma exigência se mostrava imperiosa, ou seja, uma ampliação da carga horária da prática de ensino em número superior ao que foi prescrito pela lei 9394/96. Assim, o parecer CNE/CP 28/2001 estabelece que as 300 h dedicadas à prática de ensino não seriam suficientes para atender a tantas exigências da formação, em especial a articulação entre teoria e prática. Assentado nessa prerrogativa, o parecer anuncia:

Assim, há de se distinguir, de um lado, a prática como componente curricular e, de outro, a prática de ensino e o estágio obrigatório definidos em lei. A primeira é mais abrangente: contempla os dispositivos legais e vai além deles. A prática como

componente curricular é pois, uma prática que produz algo no âmbito do ensino [...]

É fundamental que haja tempo e espaço para a prática, como componente curricular, desde o início do curso [...]. (BRASIL, 2001b, p. 9, grifo do autor)

Assim, a distinção entre prática como componente curricular e prática de ensino traz os seguintes entendimentos:

Portanto, a prática como componente curricular é o conjunto de atividades formativas que proporcionam experiências de aplicação de conhecimentos ou de desenvolvimento de procedimentos próprios ao exercício da docência. Por meio destas atividades, são colocados em uso, no âmbito do ensino, os conhecimentos, as competências e as habilidades adquiridas nas diversas atividades formativas que compõem o currículo do curso. As atividades caracterizadas como prática como componente curricular podem ser desenvolvidas como núcleo ou como parte de disciplinas ou de outras atividades formativas. Isto inclui as disciplinas de caráter prático relacionadas à formação pedagógica, mas não aquelas relacionadas aos fundamentos técnico-científicos correspondentes a uma determinada área do conhecimento. (BRASIL, 2001b, p. 5)

O documento prossegue nos esclarecimentos, agora voltado para as disciplinas de educação, como se segue:

As disciplinas relacionadas com a educação que incluem atividades de caráter prático podem ser computadas na carga horária classificada como prática como componente curricular, mas o mesmo não ocorre com as disciplinas relacionadas aos conhecimentos técnico-científicos próprios da área de conhecimento para o qual se faz a formação. (BRASIL, 2001b, p. 5)

Sabemos que o processo de reformulação dos projetos pedagógicos dos cursos de licenciatura visa a orientar o processo de ensino-aprendizagem e a formação de professores. Neles é possível encontrar inúmeras propostas de inovação capazes de provocar mudanças e reformulações em diversas áreas. No entanto, podemos perceber que o entendimento quanto à prática como componente curricular, é uma questão que se apresenta sob uma nova perspectiva e que, portanto, ainda se encontra marcada por dúvidas e dificuldades no momento de sua implantação no PPP e implementação na sua execução no processo de formação.

Outro ponto a ser considerado é que as normativas para os cursos de formação de professores estão sempre em constante movimento, visto que em junho de 2015 foram

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publicadas novas diretrizes8 para a formação inicial e continuada de professores, que poderão interferir nos PPP dos cursos de Licenciaturas no Brasil.

Entendemos que esses esclarecimentos podem contribuir para o processo de análise do PPP, no sentido de clarificar a inserção dessa prática e como ela se revela nos elementos constitutivos do projeto e no entendimento dos estudantes da licenciatura.

8 “Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial e Continuada dos Professores do Magistério da

Educação Básica”, PARECER CNE/CP Nº; 2/2015, APROVADO EM: 9/6/2015. Disponível em:http://portal.mec.gov.br/index.php?option=comdocman&view=download&alias=17625-parecer-cne-cp- 2-2015-aprovado-9-junho-2015&categorry slug=junho-2015-pdf&Itemid=30192