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4. ANÁLISE DAS RESOLUÇÕES NORMATIVAS DA ANEEL SOBRE ENERGIAS

4.1. Principais resoluções normativas da ANEEL que tratam das energias alternativas

4.1.5. Resolução Normativa ANEEL nº 391/2009

Alterada parcialmente pelas Resoluções Normativas nºs 567/2013 e 675/2015, essa resolução foi editada para aprimorar os procedimentos previstos anteriormente na Resolução Normativa nº 112/1999. Nesse sentido, ela estabelece os requisitos necessários à outorga de autorização para exploração e alteração da capacidade instalada de usinas eólicas, bem como os procedimentos para registro de centrais geradoras com capacidade instalada reduzida.357

Embora já tenha sido anteriormente explicitado no presente trabalho no que consistem as usinas eólicas, cumpre esclarecer que, para fins da regulamentação ora analisada, as usinas eólicas com capacidade instalada reduzida são aquelas com potência instalada igual ou inferior a 5.000 kW, conforme preceitua seu artigo 3º, inciso II. Percebe-se, desse modo, que estão diretamente relacionadas com um modelo de produção de energia elétrica de forma distribuída358.

Por meio dessa resolução normativa, a ANEEL reestruturou os mecanismos de requerimento de outorga para exploração de centrais geradoras eólicas, estipulando todos os critérios, requisitos e documentos necessários para tanto. Também, estabeleceu que as outorgas de autorização terão vigência de 35 anos, conforme consta do artigo 28-A. Por outro lado, determinou que, quanto às usinas com capacidade instalada reduzida, embora elas devam cumprir medidas relativas à proteção do meio ambiente e demais exigências requeridas

357 ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. Resolução Normativa nº 391, de 15 de dezembro de 2009.

Disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2009391.pdf>. Acesso em: 29.06.2018.

358 Com base na Nota Técnica nº 0043/2010-SRD/ANEEL, a ser melhor detalhada adiante, a geração

distribuída de energia possui diversas vantagens e desvantagens. Dentre as vantagens, podem ser citados: (i) postergação de investimentos em expansão nos sistemas de distribuição e transmissão (pois a geração e o consumo estão localizados bem próximos); (ii) baixo impacto ambiental; (iii) menor tempo de implantação; (iv) redução das perdas; (v) aumento da confiabilidade do atendimento; e (vi) diversificação da matriz energética. Por sua vez, entre as desvantagens, podem ser citados: (i) aumento da complexidade da rede de distribuição, tendo em vista o fluo bidirecional de energia; (ii) alteração dos níveis de curto-circuito das redes; (iii) intermitência da geração, pois as fontes renováveis em geral dependem de fatores, em certa medida, imprevisíveis quanto à disponibilidade; (iv) alto custo de implantação; e (v) tempo de retorno elevado para o investimento.

por órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, não é necessário o requerimento junto à ANEEL para a obtenção de outorga de exploração ou autorização. É necessário, apenas, comunicação à agência reguladora e cadastramento das informações sobre os empreendimentos.

Ademais, de acordo com o artigo 20, a fim de estimular o desenvolvimento das centrais geradoras com capacidade instalada reduzida, a comercialização de energia e o acesso desses empreendimentos às instalações de distribuição e transmissão são livres, desde que eles estejam registrados na ANEEL.

Observando o histórico que levou à edição da resolução normativa ora analisada, notadamente o processo de realização da Audiência Pública nº 041/2009359 e as notas técnicas elaboradas antes360 e depois361 de referida audiência, é possível perceber que a própria agência afirma que a estipulação de critérios específicos para a outorga dos empreendimentos eólicos ocorreu diante da necessidade advinda de um prévio desenvolvimento do mercado de geração de energia eólica, especialmente a partir da promulgação da Lei nº 10438/2002, que criou o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas – PROINFA.

Outro fator mencionado pela agência foi a preocupação com a emissão de gases de efeito estufa, o que alterou as perspectivas para a produção de energias alternativas, e, mais especificamente, a implantação de usinas eólicas, no Brasil e no mundo.

Sendo assim, de forma a trazer maior agilidade para uma transição energética em direção à maior participação de energias alternativas, a outorga de autorização de exploração

359 ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. Audiências públicas: audiência 041/2009. Disponível em:

<http://www.aneel.gov.br/audiencias-

publicas?p_auth=77Wayisi&p_p_id=audienciaspublicasvisualizacao_WAR_AudienciasConsultasPortletportl et&p_p_lifecycle=1&p_p_state=normal&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-

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360 ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. Nota técnica nº /2009-SCG/ANEEL. Disponível em:

<http://www.aneel.gov.br/audiencias- publicas?p_p_id=audienciaspublicasvisualizacao_WAR_AudienciasConsultasPortletportlet&p_p_lifecycle= 2&p_p_state=normal&p_p_mode=view&p_p_cacheability=cacheLevelPage&p_p_col_id=column- 2&p_p_col_count=1&_audienciaspublicasvisualizacao_WAR_AudienciasConsultasPortletportlet_document oId=2572&_audienciaspublicasvisualizacao_WAR_AudienciasConsultasPortletportlet_tipoFaseReuniao=fas e&_audienciaspublicasvisualizacao_WAR_AudienciasConsultasPortletportlet_jspPage=%2Fhtml%2Faudien cias-publicas-visualizacao%2Fvisualizar.jsp>. Acesso em: 29.06.2018.

361 ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. Nota técnica nº 480/2009-SCG/ANEEL. Disponível em:

<http://www.aneel.gov.br/audiencias- publicas?p_p_id=audienciaspublicasvisualizacao_WAR_AudienciasConsultasPortletportlet&p_p_lifecycle= 2&p_p_state=normal&p_p_mode=view&p_p_cacheability=cacheLevelPage&p_p_col_id=column- 2&p_p_col_count=1&_audienciaspublicasvisualizacao_WAR_AudienciasConsultasPortletportlet_document oId=27353&_audienciaspublicasvisualizacao_WAR_AudienciasConsultasPortletportlet_tipoFaseReuniao=f ase&_audienciaspublicasvisualizacao_WAR_AudienciasConsultasPortletportlet_jspPage=%2Fhtml%2Faudi encias-publicas-visualizacao%2Fvisualizar.jsp>. Acesso em: 29.06.2018.

dos potenciais eólicos deixou de ser o primeiro passo para a implantação dos empreendimentos, para só então serem cumpridas exigências de proteção ambiental e aquelas feitas por outros órgãos públicos. Agora, a outorga depende da comprovação de cumprimento dessas exigências, o que, em última instância, já permite a sua instalação, para posterior autorização para que passe efetivamente a funcionar.

É importante mencionar que, durante a audiência pública – que contou com a participação de várias empresas e associações do setor, bem como de pessoas físicas na qualidade de consumidoras –, chegou a ser sugerida à agência a retirada, do processo de concessão de outorgas, critérios de licenciamento ambiental e de outorga de uso de recursos hídricos. Contudo, a ANEEL manteve tais critérios, tendo em vista que eles possuem coerência com outros processos de outorga, além de estarem intimamente ligados à própria preocupação ambiental subjacente à edição da norma.