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Resoluções CONAMA: a regulamentação do EIA e do licenciamento ambiental

2 ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS E URBANÍSTICOS:

2.3. Considerações sobre a legislação brasileira: as perspectivas do licenciamento ambiental e

2.3.2 Resoluções CONAMA: a regulamentação do EIA e do licenciamento ambiental

A regulamentação das competências relacionadas pela PNMA ocorreu em 1986 com a Resolução CONAMA 001/86 que, dentre outras providências, definiu “critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental” (CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE, 1986). O artigo 2.º da Resolução

determina a necessidade de apresentação de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA) para atividades modificadoras do meio ambiente, relacionadas nos incisos I a XVI do mesmo artigo.

As diretrizes gerais para a elaboração do EIA/RIMA estão relacionadas no artigo 5.º onde se lê que o estudo deve considerar as alternativas de localização do empreendimento, inclusive prevendo a hipótese de não execução do mesmo. Além disso, deve-se identificar e avaliar os impactos gerados em todas as fases da atividade (prévia, de implantação e operação); definir os limites da área afetada direta ou indiretamente por esses impactos, a área de influência do projeto, considerando, para qualquer caso a bacia hidrográfica em que se pretende instalar. Deve-se, ainda, compatibilizar o projeto a eventuais planos e programas de iniciativa do poder público previstos para a área de influência (CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE, 1986).

Os artigos 6.º e 9.º, respectivamente, relacionam o conteúdo mínimo do EIA e do RIMA, salvo maiores exigências das entidades licenciadoras em relação a projetos especiais. O EIA deve conter um diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, caracterizando os meios físico, biológico e sócio econômico, onde se incluam os reflexos sobre o uso e a ocupação do solo; análise dos impactos ambientais do projeto e das alternativas de locação do mesmo; definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos a serem causados pelo empreendimento proposto e, por fim, apresentação de um programa de acompanhamento e monitoramento (CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE, 1986).

Segundo Sánchez (2006, p. 161) o EIA “é o documento mais importante de todo o processo de avaliação de impacto ambiental. É com base nele que serão tomadas as principais decisões quanto à viabilidade ambiental de um projeto” e com base nele poderá se estabelecer as negociações entre empreendedor, poder público e demais partes interessadas. Partindo da importância e finalidade do documento, o autor aponta que a concepção dos estudos deve valorizar a análise aprofundada dos possíveis impactos a serem gerados pela intervenção, não sendo necessário, em muitos casos, o diagnóstico minucioso dos dados relativos ao meio em que será inserida. Sánchez destaca, também, que os esforços deverão ser dedicados à reunião dos “dados necessários para analisar os impactos do empreendimento” (SÁNCHEZ, 2006, p. 163).

Quanto ao RIMA, além de estabelecer o conteúdo mínimo, similar ao previsto para o EIA, a Resolução CONAMA 001/86 determina que

deve ser apresentado de forma objetiva e adequada a sua compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo que se possam entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as conseqüências ambientais de sua implementação (CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE, 1986).

Em 1997, buscando regulamentar os procedimentos de licenciamento por parte dos órgãos integrantes do SISNAMA, o Conselho Nacional de Meio Ambiente estabeleceu, através da Resolução 237/97, além dos conceitos atinentes à matéria, a obrigatoriedade de licença prévia pelas instâncias técnicas competentes para

a localização, construção, instalação, ampliação, modificação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como os empreendimentos capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental (CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE, 1997).

Além disso, a Resolução determina que a emissão de licenças para esses empreendimentos, conforme relacionados em seu anexo I, dependerá da apresentação prévia do EIA/RIMA. Apesar de definir as atividades sujeitas à exigência, o CONAMA delega aos órgãos ambientais responsáveis pelo licenciamento nas esferas estadual e municipal, através de convênio ou outro instrumento legal, a tarefa de detalhar e complementar a lista, considerando “as especificidades, os riscos ambientais, o porte e outras características do empreendimento ou atividade” (CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE, 1997). Além disso, a resolução instrui que a instância responsável pela análise e expedição das licenças deve criar procedimentos específicos, inclusive simplificando as rotinas e trâmites nos casos em que os efeitos do empreendimento proposto tenham repercussão local.

No caso do Estado de Minas Gerais, para efeitos de licenciamento ambiental, a Deliberação Normativa COPAM n.° 74/04 classifica os empreendimentos sujeitos à obtenção de licença em seis classes baseadas no porte e potencial poluidor ou de degradação do meio ambiente. Com isso, aquelas intervenções que compõem as classes 1 e 2 são dispensadas da análise pelo Estado e as demais podem ser delegadas aos órgãos municipais através de convênio firmado entre as partes (MINAS GERAIS, 2004). Regulamentos desse tipo podem garantir maior agilidade aos processos, tanto pela redução de atividades a serem analisadas quanto pela possibilidade de licenciamento na esfera local.

Apesar de algumas experiências estaduais12 datarem da década de 1970, o

licenciamento ambiental foi incorporado à legislação federal brasileira, como um dos instrumentos da PNMA, na Lei Federal n.º 6.938/81. No que se refere à sua regulamentação, pode-se dizer, sem desconsiderar a importância de outras leis e decretos aprovados anteriormente, que a Resolução n.º 237/97 do CONAMA consiste em importante instrumento normativo/regulador desta prática no Brasil. Além de definir conceitos relativos à matéria, o instrumento estabelece as competências do poder público, inclusive dos municípios, quanto ao dever de licenciar as atividades que afetem o meio ambiente local (SÁNCHEZ, 2006, p. 84).

2.3.3 Aproximação das políticas ambientais e urbanísticas: os avanços da legislação

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