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4.2 A NÁLISE GERAL DOS DADOS

4.2.1 Resultados obtidos junto aos gestores

Pretendeu-se investigar a gestão do curso, das suas próprias significações, a respeito de suas experiências, visto que em pesquisa qualitativa o objeto de estudos são as pessoas em sua fala, em seu comportamento, em seu setting natural, conforme aponta Turato (2003). Os gestores entrevistados apresentam características diferenciadas entre si, sendo que cada um dos membros exerce uma função diferenciada dentro do CSTGP. No caso destes entrevistados optou-se por utilizar como instrumento de coleta de dados perguntas abertas. Nesta situação, ambos os integrantes da relação (entrevistado e entrevistador) podem, em determinados momentos, dirigir o rumo da conversa, de modo que o participante ganha maior liberdade para expor e articular seu pensamento. Através das entrevistas, pretendeu-se obter dados de natureza subjetiva que se referem diretamente ao indivíduo entrevistado: suas atitudes, valores e opiniões.

Uma vez identificadas as literaturas e as características do CSTGP, a pesquisa realizada indicou que todas as características apontadas pelos gestores tem um grau de importância muito significativo para o exercício das atividades do referido curso.

Em relação à primeira pergunta realizada – Como você vê o CSTGP na modalidade EAD do IFSC em parceria com a UAB – pode-se destacar os comentários dos gestores participantes:

Já existem outros cursos superiores na escola, mas o CSTGP ele é diferente em função de ser oferecido na modalidade EAD, então ele é visto de forma diferente pela grande maioria dos servidores da escola, e esse é um desafio na escola e em qualquer outra instituição, acho que é um desafio, fazer com que a EAD tenha a mesma visibilidade que os demais cursos, temos um problema ainda de capilaridade dos cursos, do CSTGP seria um deles, de ser encarado, visto, como os demais cursos dentro da escola. Isso com o tempo vai sendo absorvido dentro da Instituição se ela realmente quiser manter a EAD como uma das outras modalidades de educação (gestor 4)

Primeiro como oportunidade para o IFSC através do programa UAB, participar de uma oferta pública a distancia, consolidar o modelo de trabalho de oferta da educação na modalidade EAD com um curso que se constitui para os municípios onde está havendo a inserção desse curso, uma oportunidade de acesso ao ensino publico e gratuito, por parte da comunidade, então eu vejo como uma oportunidade para a instituição, para a comunidade, eu vejo como oportunidade de capacitação e de reformulação e revisão do modelo pedagógico. A oferta da modalidade EAD, ela pressupõe a necessidade de uma estruturação preliminar de todas

as fases que o curso vai acontecer, de todas as atividades, de todo material de suporte didático pedagógico e das estratégias que vão ser utilizadas para a aplicação deste material. Para uma instituição centenária como é o IFSC, ter a oportunidade de sair deste lócus comum, que é a modalidade presencial e poder experenciar uma modalidade com esta perspectiva de reformulação é muito importante. Então o programa UAB ele traz, a par das dificuldades da sua implementação, para a Instituição este espaço (gestor 2).

Ele foi a primeira experiência que nós tivemos num curso superior vinculado a um programa federal, então como todo curso pioneiro na modalidade, dentro deste programa, porque nós já tivemos outros cursos dentro da instituição, acredito que foi muito exitoso pelos índices que ele teve em termos de permanência e êxito dos alunos, atribuo a isso grande parte aos municípios onde ele esteve colocado, ou seja, a própria configuração local educacional dos municípios e algumas peculiaridades como o desenho pedagógico do curso focado em duas disciplinas concomitantes a cada vez, o uso da interação através da videoconferência supera somente a questão do material impresso e ambiente virtual, então eu acho que foi uma experiência muito exitosa, haja visto que nós tivemos ele do zero, nós tivemos que construir toda esta metodologia que não existia dentro dos moldes propagados pelo programa Universidade Aberta (gestor 1).

Dentro do formato dos cursos que o IFSC oferece, eu acho que ele se adéqua plenamente porque é um curso de tecnologia nos moldes do que é praticado na linha presencial, a possibilidade de ampliar esta quantidade de vagas e interiorizar abrindo as possibilidades para outros polos de ensino é que é a grande vantagem, a grande jogada do curso. (...) Acho que é um ganho que o IFSC tem oferecendo ele na modalidade EAD e contando com os recursos que o governo federal disponibiliza a partir da UAB (ex-gestora).

Como uma grande possibilidade, principalmente, de interiorização do ensino superior público, gratuito e de qualidade (gestor 3).

Estes depoimentos ilustram que o projeto piloto do IFSC em parceria com a UAB é visto pelos gestores como um desafio a ser encarado dentro da própria instituição, mas também se apresenta como uma experiência pioneira, positiva, exitosa e que viabiliza a inclusão, proporcionando um ensino de nível superior público, gratuito e de qualidade.

Na seqüência das entrevistas, questionou-se aos gestores, quais os avanços apresentados pelo curso. Diante do questionamento obteve-se as seguintes respostas:

Os principais avanços, primeiro, o programa UAB antes de ser um programa de ofertas de cursos, ele é um programa de formação de pessoal especializado em EAD, então essa é uma meta, meta, do programa universidade aberta, ou seja, é fazer com que os professores que estão acostumados com a modalidade presencial façam uso das tecnologias e das práticas da educação a distância. Esse é o primeiro grande objetivo, isso com certeza foi feito, visto que hoje em dia nós temos aí pelo menos 25 professores capacitados, que são os professores atuais. Segundo, o corpo técnico fixo que nós temos, hoje em dia nós temos 6 servidores fixos da instituição totalmente voltados para as várias áreas relacionadas a EAD,

pedagogia, material impresso, videoaula, design, então, isso é um grande avanço pois você começou a ter um embrião do corpo técnico a parte do programa de bolsas, que é um programa perene, os tutores enfim, eles passam pela instituição mas este corpo técnico que vai fazer com que a gente alavanque nos próximos projetos. Neste aspecto, houve um avanço institucional pela capacitação do corpo técnico e pela permanência do próprio corpo técnico (gestor 1).

Bom, na época em que ingressei no grupo, já havia uma pré-proposta de plano de curso, entretanto não se tinha claro a forma como seria operacionalizado, então eu já tinha alguma experiência em EAD e comecei a conversar com os colegas algumas alternativas, e na medida em que fomos pensando na execução e cronograma de execução do curso começamos a estruturar a maneira como a equipe multidisciplinar ia ser composta e a forma que ela ia trabalhar, desde o início fomos experimentando alternativas, vivenciando o que estava funcionando bem, o que não estava e fazendo os ajustes necessários para que pudéssemos oportunizar a viabilização ao acesso das várias mídias. Para que tudo isto pudesse ser ofertado tinha que ter o suporte de uma equipe técnica de acompanhamento grande, isto tudo foi sendo aprimorado ao longo do tempo (gestor 2).

De maneira geral sempre ocorrem avanços, mas os mais vistoso é indubitavelmente a gestão pedagógica do curso e a consolidação do modelo de EAD para os cursos superiores de graduação (gestor 3).

Com certeza, graças ao próprio apoio que o MEC faz, o curso começou com pouco aporte tecnológico, com grandes problemas de carga horária de professor, uma demanda exagerada, com um contingente grande de alunos, diferente do presencial, e com o passar do tempo nós fomos vencendo algumas barreiras, o sistema de avaliação, que é diferente pois o aluno não está perto da gente, então o passar dos dias fez com que nós entendêssemos e absorvêssemos as diferenças e imprimíssemos uma melhoria para garantir realmente a qualidade ou melhorar a qualidade do processo ensino x aprendizagem que não é igual ao ensino presencial, mas houve avanços, a gente nota claramente os avanços em termos de aporte tecnológicos, em termos de capacidade de identificar problemas antes deles acontecerem, porque já vivemos os problemas e agora a gente consegue com o know-how adquirido antever problemas, porque antes a gente tinha que viver (gestor 4).

Eu participei até o primeiro ano, eu não acompanhei esse processo de validação e avaliação como uma forma geral do curso, o que eu consegui identificar que o formato que foi instituído e formatado para oferecer este curso na graduação do CSTGP na modalidade EAD, é que o índice de desistência até a metade do curso foi baixo, é um ponto positivo. (...) Acho que esse é um indicador importante que precisa ser levado em consideração na EAD, até aonde eu permaneci no grupo, este era um fator que preponderava, que era uma forma de acompanhar simultaneamente, você conseguia avaliar até onde os alunos estavam presentes ou não nesse processo. Essa é uma forma de avanço (ex-gestora).

Destaca-se nestes depoimentos que o CSTGP apresenta sim avanços desde

sua implementação até os dias atuais. De acordo com os relatos, ao iniciar o

programa existiam problemas de cunho operacional e pedagógicos, com as

experiências adquiridas, o perfil do curso foi se modificando e já apresenta pontos

positivos, como por exemplo, o baixo índice de evasão escolar. A possibilidade de antever os problemas e não deixar que se repitam, com certeza é um grande ganho para o curso. Outro aspecto extremamente importante para o futuro dos profissionais envolvidos no CSTGP é a colocação do gestor 1, onde ele aponta hoje em dia o curso possui 6 servidores fixos da instituição totalmente voltados para as várias áreas relacionadas a EAD, com certeza isso é um grande avanço pois, como afirma o gestor, começa-se a ter um embrião do corpo técnico, situação esta, que tende a viabilizar outros projetos com este formato de contratação.

Os retrocessos também foram abordados nesta entrevista. Pertinente a esta abordagem os gestores potuaram seus posicionamentos da seguinte forma:

Não sei se é possível enquadrar como retrocesso, já que nunca houve. De toda sorte havia e ainda há, penso uma predisposição em consolidar a EAD no âmbito do IFSC. A falta de políticas e diretrizes em EAD, considero um grande retrocesso para a instituição (gestor 3).

Não consigo identificar retrocessos, devido ao tempo em que estive no projeto, pois ele estava no início, como ele era um piloto eu acho que ele tem todo um processo de avaliação que ele vai estar concentrado agora com atualização, formação, erros e acertos, indicadores que serão identificados pela coordenação do curso. (ex-gestora).

Não consigo enxergar, retrocesso a primeira vista não vejo nada. (gestor 1).

Retrocesso? Deixa eu pensar um pouco, eu não vejo como retrocesso, eu vejo que nós temos muita lentidão em progredir, eu posso encarar isto como um certo retrocesso, porque pela nossa experiência nós poderíamos ter avançado mais, mas a gente não consegue por causa dos trâmites, das barreiras a serem vencidas, então em vez de darmos três passos, damos um. Em algumas situações ainda não demos o primeiro, ainda estamos tentando dar o passo, então às vezes um relacionamento que a gente precisa com outros departamentos dentro da escola, ainda existe uma barreira muito grande a ser vencida. Isso é um retrocesso de não termos avançado na realidade (gestor 4).

Na verdade eu percebo que há um problema ainda por resolver desde o início que é a indefinição de políticas e diretrizes de onde se quer chegar com este programa dentro da instituição. Eu acho que esse é um grande entrave que fez com que as coisas evoluíssem de maneira muito lenta, a gente já poderia estar, com a equipe que tem trabalhado, com a experiência acumulada, a gente poderia já estar num grau de avanço em relação a oferta na modalidade EAD muito maior na instituição, ela ainda carece de uma orientação mais clara de onde se quer chegar com este programa (gestor 2).

Diante dos relatos expostos, ressalta-se que as disparidades nas respostas

ocorrem pela diferenciação dos papéis atribuídos a cada gestor. De certa forma, os

depoimentos iniciam apontando que não há, particularmente, um retrocesso e sim

uma lentidão em progredir. Este questionamento, levou diretamente às respostas da próxima pergunta, onde indagou-se sobre qual seria o posicionamento do gestor no que se refere à institucionalização da EAD no IFSC, obteve-se as seguintes

respostas:

Eu percebo que nós precisamos sair da condição de projeto e entrar na condição de programa. Então, a UAB e o CSTGP iniciou como um projeto e ainda está no projeto por parte de quem organiza o processo dentro da instituição, o departamento, as áreas envolvidas, enfim, então é necessário que haja uma diretriz mais clara onde se quer chegar com o programa de oferta na modalidade EAD, que envolva a UAB como um elemento catalisador, mas há várias outras fontes de apoio dentro do MEC, e a própria instituição pode criar na relação dos vários campi (gestor 2).

É um divisor de água a existência ou não de políticas e diretrizes na instituição, assim como o estabelecimento de marcos regulatório. O Programa UAB quando da sua implantação em 2006, confundia-se com a própria EAD. No ano seguinte foi criada a Coordenação de EAD, vinculada a Diretoria de Ensino que em 2008, transformou-se em Departamento de Educação a Distância. O Depto. De EAD não fez o que deveria ter realizado, ou seja, estabelecer marcos regulatório, políticas e diretrizes em EAD. Em contra partida o Programa UAB, desde 2006, pela inexistência de políticas e diretrizes, tomou para si todas as atividades de um Campus administrativas e pedagógicas no que se refere a implementação dessa modalidade de ensino. Infelizmente essa situação ou conflito ainda se perpetua gerando inúmeros inconvenientes e inconsistências, quer seja no âmbito administrativo ou pedagógico, para a modalidade EAD como um todo (gestor 3).

Nós temos uma estrutura que é muito sui generis no Brasil inteiro, que eu tenha notícia, o nosso quadro de profissionais permanentes é o maior de todos, nenhum outro instituto federal tem essa estrutura que a gente tem, onde a gente tem servidores permanentes do quadro. (...). Como a gente imagina que um dia os programas devem acabar e as bolsas devem acabar, e a tendência é que isto se institucionalize, ou seja, que esses cursos sejam financiados pelo orçamento federal, assim como os cursos presenciais, então as bolsas vão acabar. Então a gente precisa manter este know-how na instituição, então hoje em dia essa institucionalização está sendo feita porque o know-how está sendo preservado, ou seja, os professores estão capacitados, e se tem um quadro técnico permanente. O MEC está repondo o quadro, está para ser aberto um concurso para cerca de 600 servidores, especificamente para EAD, as universidades federais já conseguiram quadros de vagas específicas, mas curiosamente, estes professores vão parar nos departamentos comuns presenciais. Mas as vagas em teses são vagas de EAD. (gestor 1).

É um processo de ganhos e perdas, estou na modalidade de EAD desde 2002, então participei deste processo de institucionalização aqui na UFSC, o ver dos profissionais que se envolviam era sempre uma construção desta competência porque a EAD nunca foi muito bem vista diante dos olhos dos profissionais da modalidade presencial, eu acho que de 2005 com a intervenção do projeto UAB, multiplicando os cursos de administração em muitas IES publicas, o mercado privado entrando neste nicho, e os incentivos do governo federal para a abertura de cursos como uma democratização do ensino, eu acho que está sendo mais acessível, mas eu ainda entendo como uma construção, porque não há uma regra geral para todos, o MEC tem algumas diretrizes que coloca como normatização, mas

também é muito raso, não se consegue um formato único para todas estas instituições. Então eu sempre acho que a institucionalização é um processo de perdas e ganhos e um processo árduo, e aí um pequeno exemplo, quando eu cheguei no IFSC para formatar este curso, formar os profissionais que trabalharam nele, era um processo muito difícil, inclusive para os professores, que não tinham redução de carga horária, que tinham que conciliar a dedicação exclusiva para ministrar as disciplinas presencialmente mais as vinte horas que o curso demandava, e como entender que isto também era um curso da instituição, que os alunos também eram da instituição, então também foi um processo de perdas e ganhos, eu acho que a luta foi árdua destas pessoas que se propuseram a coordenar essas funções, eu acho que já está mais fácil a visualização, o tramitar das coisas, mas aí envolve o governo federal, incentivando, injetando recursos, tentando instrumentalizar o IF para ter equipamentos, pessoal, mas não é fácil institucionalizar, as pessoas tem ranços ainda, acho que é um processo histórico, que hoje é uma modalidade forte, expressiva, institucionalizar a EAD é um processo de construção (ex-gestora).

Esse é o grande desafio, que na minha ótica, ainda não foi vencido, nós temos muita coisa para fazer, precisamos de um apoio maior de instancias maiores, reitoria, direção, departamentos, para que a modalidade EAD seja vista tal como a modalidade presencial dentro da instituição. Esta política interna a gente não consegue fazer de baixo para cima, porque chega em um determinado momento que não temos mais o que fazer, a gente não consegue mais fazer, se a parte a quem nós estamos nos reportando saiba, ou por imposição ou por conscientização, que eles devem nos atender (gestor 4).

Ao adentrar neste debate, verifica-se que a EAD entra no cenário educacional

cada vez mais presente e crescente no Brasil. Dentre todos os questionamentos,

entende-se que este seja crucial para atingirmos nossos objetivos nesta pesquisa,

visto que a necessidade veemente do reconhecimento dos profissionais e a devida

importância que se deve dar a esta modalidade, tem como caminho para sua

viabilização a institucionalização da modalidade dentro das IES públicas. De acordo

com Ribas e Hermenegildo (2009), o IFSC, acompanhando o cenário brasileiro de

EAD, avançou em quantidade e qualidade na oferta de educação de qualidade. Em

contra partida, o autor menciona em seu artigo, que não existe ainda no IFSC uma

política para a EAD. Diante dos relatos descritos sobre o assunto, observa-se que a

ausência da institucionalização da modalidade dentro do IFSC é uma problemática,

visto que nem toda a demanda do curso consegue ser atendida. De acordo com o

posicionamento do gestor 1, há uma perspectiva otimista da situação, o que

difere-se dos outros gestores, que cotidianamente encontram entraves de gestão pelo fato

da ausência de políticas claras em EAD dentro do IFSC. Entende-se que o fato de

termos seis servidores dentro do curso seja uma premissa para alavancarmos

futuramente, mas se observamos que a composição da equipe multidisciplinar do

curso é de oitenta e quatro integrantes (conforme item 2.4.2 desta pesquisa), seis pessoas refletem em um número muito pequeno de conquistas.

Há incertezas pertinentes à falta de políticas claras em EAD por parte do IFSC, conforme mencionado pelos gestores 3 e 4. Acredita-se que certamente há um longo caminho a ser trilhado, de acordo com a colocação da ex-gestora, a institucionalização da modalidade ainda é um grande desafio que está em processo de construção.

Deste ponto em diante da entrevista objetivou-se verificar o reconhecimento do tutor enquanto profissional sob a ótica dos gestores em questão. Os três próximos questionamentos foram abordados apenas aos gestores 2 e 3, visto que estes participaram do desenvolvimento do PPC do CSTGP. Indagou-se sobre o modelo de tutoria adotado pelo CSTGP, quem o adotou, baseado em que necessidades e se houve um suporte literário para a implementação deste modelo, diante destas indagações, seguem os depoimentos:

Não se trata de quem fez ou adotou mais as condições e relevo de implantação do programa. É um modelo adaptativo. Em outros modelos europeus, o tutor (presencial) assiste diretamente ao aluno. Na prática isso não é fatível no Programa UAB, já que é praticamente impossível para diversos conteúdos a existência de um tutor que domine dado conteúdo e faça o seu papel pela retribuição de uma bolsa de valor que não atende a qualidade e volume de trabalho. Houve suporte literário, sim. Diversos professores que atuam no programa tem mestrado ou doutorado na área.

Além disso há um estreito relacionamento entre a coordenação do programa no IF-SC e UFSC, uma referência nacional em EAD (gestor 3).

Esse foi um modelo que foi concebido, idealizado por mim, pois não havia uma equipe de profissionais disponíveis para o desenvolvimento das atividades de tutoria especializada que era o modelo vigente, até então conhecido, a nossa grande dificuldade era a ausência de profissionais capacitados para desenvolver uma tutoria especializada, nós poderíamos ter tutores por disciplina, só que o número de tutores seria enorme, não teríamos condições de bolsa nem ambientes físicos para alocar todo este conjunto de profissionais. (...). Então como na ponta nós também não tínhamos um tutor específico, temos tutores de mediação, a alternativa que encontrei e sugeri ao grupo, foi trabalharmos com uma tutoria de mediação também a distância, onde estaríamos mais ocupados com o movimento das estratégias do professor, ele seria o suporte no desenvolvimento das estratégias do professor, e o acompanhamento do trabalho da tutoria presencial, então este foi o modelo que a gente acabou concebendo.

Quanto à literatura, na verdade existe um trabalho similar a este, mas muito mais na função de monitoria, e não de tutoria, a UNED da Espanha trabalha com monitoria, neste modelo do nosso tutor à distância. Fizemos uma adaptação desta condição de monitor para o tutor, quer dizer, o nosso tutor que seria o monitor, não está apenas preocupado o movimento administrativo do curso, ele está também preocupado com o pedagógico do curso (gestor 2).

Uma vez que o trabalho dos tutores do CSTGP diferenciam-se dos demais apresentados nas literaturas, as indagações anteriores tornavam-se pertinentes e relevantes. Diante das respostas dos gestores, esclareceu-se e concluiu-se que o modelo adotado deu-se pela falta e/ou impossibilidade de contratação de profissionais especializados em cada UC a ser ofertada. Desta forma, direcionou-se o condicionamento do curso onde o feedback de conteúdo deveria ser repassado pelos professores aos alunos. Desta forma, atrelado ao competente suporte dos tutores presenciais e a distância, a qualidade do curso torna-se mais evidente, visto que o próprio professor dará o devido suporte ao aluno, conforme já explanado nesta pesquisa, o CSTGP apresentou um baixo índice de evasão escolar, e com certeza, este é um dos fatores preponderantes para tal fato.

Ainda em se tratando de tutoria, as duas últimas abordagens desta pesquisa qualitativa indagam sobre a relevância do tutor em geral na gestão de um curso na modalidade EAD e se os gestores entendem o tutor como um profissional docente, ou apenas como um suporte de trabalho meramente substituíveis. Neste sentido, obtiveram-se os seguintes relatos:

Ele é fundamental no processo, inclusive contribuindo decisivamente, dependendo de sua atuação para a redução da evasão nesta modalidade.

Ouvi um relato aqui na Espanha (Centro Associado de Lancarote – UNED) que cabe para a pergunta formulada. A teoria é uma coisa, mas a prática é outra. O tutor na UNED (Centros Associados) é de conteúdo, mas na prática ele desempenha parte do papel do docente. De maneira geral, o tutor certamente não é descartável ou substituível (gestor 3).

A presença do tutor é um dos pilares de sustentação da qualidade na modalidade EAD, ele possui um papel crucial, porque a partir do trabalho dele, o primeiro contato direto com o aluno se dá com o tutor presencial especificamente, a partir do acompanhamento das atividades feito pela tutoria que o professor pode tomar conhecimento das coisas que estão acontecendo bem ou não. É a partir do trabalho da tutoria que se pode implementar uma estratégia efetiva de acompanhamento de avaliação de aprendizagem. Entendo que é de fundamental importância, é um dos elementos da equipe multidisciplinar que dá sustentação à qualidade do curso. Bom, qualquer profissional envolvido em uma equipe multidisciplinar é de fundamental importância, então é difícil dizer qual deles é mais importante dentro da equipe, a função do tutor é uma função de docência (gestor 2).

O tutor tem um papel fundamental, Piaget já diria isto, ou seja, não existe aprendizagem se não tem afetividade, o desenvolvimento de laços afetivos entre a tutoria e os alunos, percebe-se isso mais no polo, pois os tutores estão diretamente com os alunos. (...) A substituição por um personagem ou por uma outra pessoa, não cabe nem ao professor nem ao tutor, ou seja, o tutor precisa ser reconhecido, o aluno precisa deste vínculo com ele, se não, não haverá aprendizado (gestor 1).