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3.2 A PRÁTICA DA TUTORIA DO C URSO S UPERIOR DE T ECNOLOGIA EM G ESTÃO P ÚBLICA

3.2.1 O tutor como profissional docente

Conforme mencionado no tópico 2.5.1 deste trabalho, as exigências para ser

um tutor partem da premissa de no mínimo ser graduado, graduando ou possuir no

mínimo um ano de docência, inicialmente a equipe de tutoria foi formada conforme

os critérios pré-estabelecidos pelo MEC e elencado no PPC do CSTGP, pois dos

tutores que não eram pós-graduandos ou pós-graduados, possuíam tempo de

docência igual ou maior ao tempo determinado em lei. No decorrer do curso, pela

alta rotatividade de tutores, encontrou-se dificuldades em contratação de tutores com

tais requisitos, e com isto, verifica-se que na prática, nem todos os tutores

contemplam as exigências mínimas para atuação na tutoria, ou seja, dos doze

tutores à distância contratados atualmente sob a forma de bolsistas, quatro deles

não atendem à premissa inicial de possuir no mínimo especialização na área do

curso. Este fator torna-se relevante visto que em 05 de junho de 2009, o Fundo

Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), através da resolução nº 26, estabelece diretrizes e orientações para o pagamento de bolsas de estudo e de pesquisa, mediante ao cumprimento de alguns critérios, dentre eles, ter formação em nível superior e experiência mínima de um (1) ano do magistério do ensino básico ou superior, ou ter formação pós-graduada, ou estar vinculado a programa de pós-graduação. Diante desta realidade, há a necessidade de adequação e/ou substituição destes profissionais.

Ao adentrar nesta celeuma, verifica-se um grande debate entre muitos pesquisadores que reforçam a importância do tutor enquanto profissional docente, e, no entanto ainda há uma enorme lacuna no reconhecimento deste profissional (ABREU-E-LIMA et.al., 2009; MOORE, KEARSLEY, 2008; OLIVEIRA et.al., 2009).

Neves e Fidalgo (2009) problematizam sobre as condições de trabalho do docente virtual no ensino superior privado. Diante das explanações dos autores, cabe mencionar que os mesmos enfatizam que o trabalho docente na EAD, que tem suas atividades mediadas pelas tecnologias digitais, tem sido tomado num contexto de exploração da mais-valia pelo capital no âmbito educacional.

Essa realidade se reafirma diante do cenário encontrado na realidade do trabalho docente na EAD, realidade que não ocorre somente nas instituições privadas de ensino, pois é possível aludir que existe também precarização do trabalho docente em muitas das universidades públicas brasileiras que estão estruturando seus cursos de EAD e estabelecendo estratégias empregatícias que não fogem muito as utilizadas pelas instituições privadas (NEVES; FIDALGO, 2009, p. 4).

O posicionamento dos autores enquadra-se perfeitamente à realidade das IES públicas brasileiras que ofertam cursos na modalidade à distância.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96 no artigo 67

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, há a ênfase de que os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação, conforme o exposto:

I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos;

II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado para esse fim;

III - piso salarial profissional;

IV - progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na avaliação do desempenho;

V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho;

VI - condições adequadas de trabalho. (BRASIL, 1996, p. 1).

6 Vide anexo 5 deste trabalho a LDB/9394/96.

As premissas constantes no referido artigo não se constatam no cenário brasileiro na modalidade de educação à distância. A inexistência de ordenamentos jurídicos claros que regulam a atividade do docente virtual remete a se pensar em que medida as questões relativas aos direitos e deveres desse profissional podem se consolidar (NEVES; FIDALGO, 2009). A legislação não estabelece a regulamentação da profissão tutor, desta forma, não existem garantias neste sentido.

Ao entrar neste debate, pode-se afirmar que as incertezas e desestabilidade no âmbito do reconhecimento profissional, podem acarretar na perda da qualidade dos cursos na modalidade à distância ofertados pelas instituições de ensino.

Diante da perspectiva motivacional, Soares (2007) enfatiza que Motivação é o conjunto de fatores psicológicos (conscientes ou inconscientes) de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, os quais agem entre si e determinam a conduta de um indivíduo, despertando sua vontade e interesse para uma tarefa ou ação conjunta. A autora menciona que A psicologia já explica que a motivação é um fator de muita importância nas atividades que o ser humano desempenha e em seu desenvolvimento.

Ainda acerca da motivação, pode-se destacar Abraham H. Maslow, psicólogo,

que estabeleceu a teoria da motivação de modo que é preciso entender das

necessidades humanas, para isso hierarquizou estas necessidades em uma

pirâmide para que ficasse clara a hierarquia, as necessidades mais básicas estão na

base sendo que as mais elevadas aparecem no topo, conforme pirâmide abaixo:

Figura 5: Pirâmide de Maslow Fonte: Finkelstein, 2009.

Na base da pirâmide estariam as necessidades mais baixas e recorrentes, enquanto que no topo estariam as mais sofisticadas e intelectualizadas: 1.

Necessidades fisiológicas – também denominadas biológicas ou básicas.

Elas orientam a vida humana desde o momento do nascimento. São as necessidades relacionadas com a própria subsistência e existência do indivíduo. Primeiro nível das necessidades e devem ser satisfeitas em primeiro lugar. 2. Necessidades de segurança – surgem no comportamento humano quando as necessidades fisiológicas estão relativamente satisfeitas. Estão vinculadas a assuntos como segurança no trabalho, auxílio-doença, etc. 3. Necessidades sociais – são as necessidades de associação, de participação, de aceitação por parte dos colegas. Surgem quando as necessidades mais baixas (fisiológicas e de segurança) se encontram relativamente satisfeitas. A frustração dessas necessidades conduzem geralmente à falta de adaptação social e à solidão. 4.

Necessidades de auto-estima – estão relacionadas com a maneira pela qual o indivíduo se vê e se avalia. Envolvem auto-apreciação, autoconfiança, necessidade de aprovação social, de reconhecimento, de status, prestígio e de consideração. A frustração dessas necessidades produz sentimentos de inferioridade, fraqueza, dependência e desânimo. 5. Necessidades de auto-realização – estão no topo da hierarquia. Podem ser atingidas quando se proporcionam trabalhos gratificantes e interessantes, através dos quais o indivíduo possa se auto-desenvolver (SOARES, 2007, p. 1).

Dois outros autores que enfatizam a teoria motivacional de maneira

reconhecida no campo da administração são: Vroom e Hezberg. O primeiro aborda a

teoria da expectativa, conforme descreve Soares (2007), baseia-se em que o esforço

realizado para conseguir um alto desempenho deve ser recompensado com

resultados que façam com que o esforço tenha valido a pena. O segundo aborda a

teoria dos dois fatores, ou teoria dos fatores higiênicos e motivacionais, de acordo com a autora, Hezberg concluiu que:

Dois fatores diferentes influenciam a motivação. Contradizendo a visão tradicional, afirmou que certos fatores têm o poder principal de insatisfazer o funcionário quando certas condições se acham ausentes. São os chamados fatores de higiene, ou higiênicos, ou de manutenção, ou ainda, extrínsecos.

Esses fatores podem ser considerados como fortemente motivadores. Estão relacionados ao contexto de trabalho, ou seja, estão ligados com o ambiente que envolve o trabalho, como por exemplo, o salário, benefícios sociais, condições físicas e ambientais de trabalho, etc. (SOARES, 2007, p. 1).

De acordo com as perspectivas motivacionais elencadas acima, pode-se

observar que os indivíduos têm a necessidade de se sentirem seguros, completos e

motivados. Convém esclarecer, que a partir da literatura consultada, praticamente

não existe uma discussão precisa sobre as condições de trabalho na docência na

EAD, a relevância na abordagem desta temática se dá à medida que a realidade da

tutoria do CSTGP não contempla alguns dos anseios da equipe, conforme

explanação e análise dos dados das entrevistas realizadas com estes agentes no

capítulo a seguir.

4 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS:

ENTREVISTAS, QUESTIONÁRIOS E OUTROS DADOS

Este capítulo apresenta as informações obtidas junto aos gestores do curso

pesquisado através de entrevistas, bem como a análise dos dados levantados sob a

forma de aplicação de questionários junto aos tutores presenciais e à distância, no

período de 01 de novembro a 15 de dezembro de 2009, com o objetivo de identificar

e analisar suas reais necessidades.